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No último Salão do Automóvel dois carros me chamaram a atenção no estande da JAC. Um, pequeno, estiloso, o
J2. Fiquei satisfeito que seu motor fosse o do J3, um 1.332-cm³ de 108 cv. Outro, o já conhecido J3, com a letra "S" acrescida no emblema, significando que saía o motor 1,33-litro e entrava um 1,5-L cheio, 1.499 cm³ e 127 cv, 2 cv mais que o
J5 por conta de ser flex. Fiquei curioso de saber como andaria, o que aconteceu agora
Esse J3, de nome completo JAC J3 S 1.5 Jet Flex, tem a receita para ser um hot hatch de preço acessível, pois custa R$ 37.450 e poderia alegrar a muitos autoentusiastas, embora tenha quatro portas. O motor gera a potência máxima a 6.000 rpm e empurra bem os somente 1.070 kg de peso em ordem de marcha. Isso dá uma relação peso-potência de 8,4 kg/cv e o resultado disso é uma boa aceleração de 9,7 segundos de 0 a 100 km/h, segundo a JAC.
O motor é valoroso. Bloco e cabeçote de alumínio, duplo comando de válvulas acionado por corrente, variador de fase no comando de admissão, quatro 4 válvulas por cilindro. Só lhe falta injeção direta, que é no duto, para ser um motor como tantos na Europa hoje. Seu torque é de 15,7 m·kgf a 4.000 rpm, 10,5 m·kgf por litro, e. sua potência específica é das mais altas no cenário brasileiro de motores de aspiração natural: 84,7 cv/litro, e com grande elasticidade. Como se vê, motor não lhe falta.
Seus freios são a disco ventilado na dianteira e a tambor na traseira, com ABS de 8ª geração e a inseparável distribuição eletrônica das forças de frenagem. A suspensão dianteira é McPherson, sem subchassi, e a traseira é independente McPheson também, com dois braços transversais e um longitudinal, incomum num carro dessa faixa de preço. Os pneus 185/60R15 do J3 foram mantidos no "S".
Com motor maior num carro mais leve, o diferencial foi alongado de 4,294:1 no transeixo do J3 e do J5 para 4,056:1, 5,5% mais longo. A v/1000 em 5ª é de 32,5 km/h para 120 km/h a 3.700 rpm e 6.000 rpm à velocidade anunciada de 196 km/h.
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De chinês o estilo não tem nada, pois o desenho coube a Pininfarina |
Andando com o J3 S percebe-se logo o efeito da relacão peso-potência baixa, a disposição para andar é notada de imediato, nos primeiros quilômetros. Posição de dirigir correta, boa direção, rápida e com assistência hidráulica bem dosada (o volante poderia ser um pouco menor, mede 380 mm de diâmetro), câmbio preciso e leve (comando a cabo), pedais bem posicionados para o
punta-tacco.
Mas percebe-se logo também que a altura de rodagem é muito alta, igual à do J3, que o
Bob já havia comentado à época do lançamento, embora a JAC afirme que não especificou altura diferente da usada na China. Ela alega que lá há "maus caminhos" também, embora eu aposte que lá não existe a praga nacional chamada lombada, responsável pelo carros nacionais de altura elevada.
Olhando o J3 S por baixo, nota-se o braço de suspensão em ângulo com a horizontal, denotando que a altura de rodagem está maior do muito provavelmente foi projetada, o que estraga o comportamento em curva de qualquer carro. Aliás, o vão entre as rodas e os arcos do pára-lamas, como pode ser visto na foto de abertura deste post, indica claramente que o carro está mais alto do que deveria para um carro "S", estando mais para um carro "X", para rodar fora da estrada.
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Notar a inclinação excessiva do braço de suspensão e da semi-árvore |
Além do efeito maléficos da altura de rodagem excessiva, há outro, colateral: o carro roda normalmente com a suspensão toda distendida. Por isso, à menor curva feita em velocidade um pouco acima do normal, a rolagem natural da carroceria leva a roda interna à curva a querer deixar o chão e, no caso da roda motriz dianteira, levá-la a patinar com imediata perda de tração. Ou seja, querer andar mais rápido fica desagradável, embora sem ameaça à segurança
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Boa suspensão traseira, porém erguida demais, como a dianteira |
Outro ponto que merece atenção da JAC são os amortcedores, que demonstram estar com pouca carga de distensão. A suspensão está com pouco controle de amortecimento, o que não é uma sensação agradável e requer certa atenção nas curvas de piso irregular feitas em maior velocidade, por exemplo, em 4ª marcha.
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Interior é agradável, mas o volante de direção poderia ser um pouco menor |
Senti um pouco de falta de apoio lombar após dirigir algumas horas, mesmo que os bancos sejam de qualidade, provindos de um fornecedor mundial de bancos, a Johnson Controls. Mais uma para a JAC anotar.
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Bom motor: 84,7 cv/L é ótima potência específica |
Quanto ao consumo, não tive oportunidade de medi-lo tanque a tanque e o carro não tem computador de bordo. Mas pelas características do motor e peso do veículo provavelmente está na média do segmento. Sua taxa de compressão (10,5:1) é baixa para o uso do álcool e boa para o uso da gasolina, daí se supõe que sua adaptação para o uso também do álcool tenha sido feita mais na área de calibração e pouco na parte física, tanto que a potência pouco varia quando com um ou outro combustível, sinal que aproveita mal o álcool. Isso nos faz supor que ele tenha consumo baixo quando com gasolina, mas relativamente alto quando com álcool.
Mas a boa notícia é que se trata de mais um carro flex sem sistema auxiliar de partida a frio por injeção de gasolina, ao lado do Polo 1,6 BlueMotion, dos Peugeot 1,6 308 e 208, Citroën C3 1,6 e Honda Civic. No JAC o sistema é Delphi.
A iluminação dos instrumentos é vermelha, e não azul, como no J3, e ele não tem controle de intensidade da luz, que é forte, e isso incomoda bastante em viagens noturnas. Os faróis iluminam bem.
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Grafismo: os traços poderiam ser mais finos para leitura mais fácil |
Na cidade, como carro urbano, vai muito bem, pois roda macio, silencioso, é espaçoso (porta-malas de 350 litros), tem bom ar-condicionado e seu motor é potente e elástico, requer poucas trocas de marcha. Mas para a estrada poderia ser melhor com uma suspensão mais acertada
Com pequenos ajustes o o J3 S poderá ser um hot hatch divertido para a moçada, e, pelo preço, até que acessível quando comparado às opções do mercado. Não tenho dúvida.
Segue vídeo onde primeiramente o Bob dirige na cidade e depois eu o dirijo na estrada.
AK
(Atualizado em 17/04/13 às 22h20, correção de informação, o veículo não tem subchassi dianteiro)