google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 dezembro 2009 - AUTOentusiastas Classic (2008-2014)
Fonte: CREA/RS


Em silêncio, quase sem ninguém perceber, foi aprovada em outubro a resolução 418/09 do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambeinte), extendendo a obrigatoriedade da inspeção veicular para todo território nacional, com amplo apoio da Prefeitura de São Paulo.
Em 2009, a Prefeitura de São Paulo tornou obrigatória a inspeção veicular somente para a frota metropolitana fabricada de 2003 em diante e de qualquer combustível -- no ano anterior já começara com os veículos a diesel --, através da lei municipal 14.717/08. Na mesma lei era estipulado o reembolso da taxa de inspeção.
Agora, sob as condições da obrigatoriedade da vistoria em nível nacional, dos custos do subsídio e da extensão da obrigatoriedade à toda frota, o prefeito Gilberto Kassab não só pode determinar o fim da devolução da taxa, dentro da prerrogativa já estabelecida dentro da a lei municipal 14.717/08, como estabeleceu um aumento no preço da taxa acima da inflação no período para as inspeções em 2010.
Colocando os devidos pontos nos "is", 2009 foi um ano de experiência.
Se, como tanto foi comentado na época, a Prefeitura tivesse determinado que os carros mais velhos fossem vistoriados, carros estes muito mais propensos a serem reprovados, de menor valor de revenda e com proprietários com menor poder aquisitivo, o índice de adesão seria significativamente menor.
Se não houvesse a devolução da taxa, a adesão seria ainda menor, e o risco da medida se tornar inócua seria enorme.
Para os donos dos carros seminovos o risco de reprovação era baixo e não representava mais uma conta a pagar, já que ele seria reembolsado.
Mas, apesar dos avisos dos problemas com o licenciamento em 2010 para quem não fizesse a inspeção em 2009, 22% da frota-alvo não fez a vistoria. Entre as motos, a grande maioria até 150 cm³, o índice é muito maior: 72% até o dia 30 de novembro.
E pagar para depois ser restituído era evidentemente uma armadilha. Se o prefeito tivesse determinado a gratuidade do serviço, seria diícil cobrar por ele agora. Do jeito como foi feito, basta agora suspender a devolução para instituir mais uma mordida no bolso do cidadão de São Paulo.
2009 foi um ano de calibração do sistema. A coisa fica séria a partir do ano que entra em menos de 24 horas.
Não é suficiente?
Pois já foi anunciado que o Big Brother das câmeras leitoras de placas usadas para multas automáticas de trânsito serão usadas também para multar aqueles que não fizerem a vistoria dentro do prazo.
É bom que se tenha em mente que o Brasil será sede de uma Copa do Mundo daqui a 4 anos e meio, e de uma Olimpíada em 6 anos e meio. Por obrigações assumidas, governos federal, estaduais e municipais investirão bilhões em obras para reestrutrar várias cidades importantes, e a fome arrecadatória estará mais voraz do que nunca.
São Paulo, além das obras em estádios e hotelaria, a locomoção pela cidade deverá ser facilitada. Porém, ao invés de investir em uma extensa reforma viária, será mais fácil solucionar o problema na base da canetada.
Assuntos esquecidos pelo público como a ampliação do rodízio municipal e pedágio urbano continuam mais vivos do que nunca na pauta dos políticos.
Agregue a isto a leitura automática de placas e a obrigatoriedade de ostentar um transponder para identificação automática de veículos, e teremos um sistema de arrecadação de multas em massa.
As medidas gradativamente estão inviabilizando o automóvel dentro de São Paulo.
Mas há um risco muito grande nesta estratégia.

Fonte: Pesquisa de imagens na internet

Entre os automóveis houve a não adesão à inspeção de 22% da frota mais nova e 78% da frota de motocicletas (que poluem muito mais que os automóveis).
Estas percentagens significativas, em sua maioria, são daqueles que não acreditaram na medida e deixaram seus veículos à margem da legalidade. Outros, porque modificaram seus carros a uma condição técnica e financeira irreversível para atender os requsitos exigidos durante a inspeção.
Isto considerando que são os veículos mais novos e com o reembolso da taxa, significa que algo entre 1 veículo a cada 4 da cidade de São Paulo não será licenciado.
Com as condições agora impostas, sem o reembolso da taxa e sobre a frota mais velha, estes números deverão piorar ainda mais. Talvez para 1 a cada 3.
Se tais números se realizarem, a medida pode se mostrar inválida.
Não há local suficiente para o estacionamento da terça parte da frota que seja apreendida. Se os veículos não forem apreendidos, circularão acumulando mais e mais multas, até que o valor seja inviável para pagamento diante do valor do automóvel.
Com a carteira de habilitação estourada em pontos e o veículo acumulando mais dívidas em multas do que seu valor, não haverá mais barreiras para que o motorista se mantenha sob a lei. Ao invés de um pesado sistema arrecadatório, teremos uma sistemática desobediência civil.
Este cenário abrirá a possibilidade real para uma ideia hipotética sobre a qual escrevo há 10 anos, a que chamei de "Chevelho".

Fonte: Pesquisa de imagens na internet

O "Chevelho" é aquele carro velho (não me refiro ao antigo, bem preservado), de baixíssimo valor de compra (há várias opções abaixo dos R$ 5.000,00), mas que pode ser posto para rodar diariamente sem grandes investimentos, e que deixará de pagar IPVA, seguro obrigatório, licenciamento, inspeção, multas, e quaisquer outros custos, além de não ter de respeitar rodízios e afim de não chamar a atenção de ladrões e assaltantes.
Esta prática pode se tornar vantajosa para muitos motoristas, já que o risco de ter o carro apreendido é mínimo, e mesmo que ele seja, o prejuízo diante do montante de multas será compensador.
Para evitar os pontos na carteira, há brechas legais que os despachantes conhecem muito bem para aplicar aos "Chevelhos".
Porém o prejuízo que o "Chevelho" trás para a cidade é líquido e certo.
Como ficou patente no México, lá se compram carros velhos dos Estados Unidos com dinheiro trocado, estes "Chevelhos" são os que quebram nas ruas e o dono simplesmente o abandona ali mesmo, pois consertá-lo sai mais caro que comprar outro. Também são os carros que mais poluem, os que mais causam acidentes e os que as autoridades mais tem problemas de fiscalizar, já que o preço deles é tão baixo que não compensa para o motorista legalizar sua propriedade. Estes carros se encontram no limbo que a própria lei criou.
Este é o possível caos que nossas autoridades podem estar preparando para o ano novo.
Ao Prefeito Kassab desejo um ano novo tão cheio de surpresas e de sorte quanto ele e seu secretariado está nos presenteando no momento.
E, dentro do possível, um Feliz Ano Novo aos demais leitores.
Caros e assíduos leitores,

O ano de 2009 foi um ano legal mesmo. Acho que conseguimos consolidar o AUTOentusiastas e essa foi, junto com todos os outros incríveis colunistas, minha principal realização pessoal.
Acredito que todos os colunistas também tenham se divertido e aprendido muito fazendo este blog.
O tempo talvez seja um dos recursos próprios mais escassos. Temos que dividi-lo em frações e equilibrar vários "pratos" ao mesmo tempo: família, profissão, educação, lazer, descanso e outros. Nossa sorte é que o AUTOentusiastas está na parte do lazer! Fazemos simplesmente porque gostamos.
Trocamos muitas ideias entre nós colunistas e todos temos vontade de apresentar novidades. Por isso acredito que 2010 será ainda melhor.
Eu adoro o AE, mas sabemos que aqui é um lugar para apaixonados por carros e não queremos mudar isso. Para aqueles que além de carros gostam de fotografia, mesmo que apenas como observadores, informo que montei um novo espaço onde posso ir um pouco além do assunto automóveis. Mas é claro que o meu foco principal continua no AE.
Desejo a todos que visitam o AUTOentusiastas que 2010 seja realmente um ano especial, com muito autoentusiasmo e muita luz!

PK
Para acabar de vez com esse ano absurdo, cheio de crise no mundo e euforia de um mercado artificial (o brasileiro), me deparo com uma hipotética lista de compras para se gastar o prêmio da Mega Sena que será sorteada hoje, com prêmio estimado de R$ 140 milhões.
Há dois carros na lista, um Porsche Panamera Turbo de R$ 749 mil e um Ferrari 599 Fiorano, a R$ 2,5 milhões. Esta lista está em matéria do jornal O Estado se São Paulo, e inclui vários itens fúteis.
Apesar das diferenças óbvias entre os carros, fico imaginando em qual lugar da galáxia pode-se imaginar que um 599 Fiorano valha 3,3 vezes mais que um Panamera.
Tem gente ganhando muito dinheiro com esses carros italianos. Mais do que o decentemente necessário.
Que 2010 traga mais equilíbrio para o Brasil.
Um bom ano a todos.
JJ



SP-150, Via Anchieta, São Paulo. A foto mostra como era assim que foi inaugurada, em 1947. Pista dupla, duas faixas cada, como manda o figurino.
Mas o Estado cresceu, o país cresceu e o tráfego aumentou, era inevitável. Aconteceu aqui e no resto do mundo.
Claro, a Anchieta precisou ser ampliada para poder, ao mesmo tempo, continuar a servir de ligação entre a capital paulitsta e o litoral e acolher e distribuir o tráfego para as vias e edificações que foram construídas ao longo dos anos.
A lógica diz que seriam necessárias pistas laterais em complemento às principais. E isso foi feito:

Ficou perfeito, certo? É o que mostra o trecho próximo do viaduto que leva a São Bernardo do Campo e Piraporinha.. Só que continuando a viagem rumo sul, o ou a motorista se depara com um desvio:


Continuando, ele ou ela é jogado para a pista lateral, sem alternativa:


E a Via Anchieta, de pistas centrais e laterais, passa a ter só uma para quem segue no rumo sul.
Digam-me: o que se pode esperar que aconteça no momento em que a frota brasileira cresce a passos longos? Congestionamento, seguido da esfarrapada e propalada desculpa "excesso de veículos".
Não é o único caso. O trecho inicial da BR-116 Rodovia Presidente Dutra, na região de Guarulhos, tem o mesmo problema de desvios em sucessão. Não por acaso é um dos trecho sempre presente nas rádios que falam de trânsito, notadamente a Sulamérica, pelos constantes engarrafamentos.
Já passou da hora de o Brasil rever seu sistema viário e as pessoas designadas a cuidar dessa parte fundamental da infra-estrutura, só que acho que essas pessoas ainda não nasceram.
BS

SP-160, Rodovia dos Imigrantes, trecho do planalto paulista, penúltimo dia de 2009. Fora a retenção causada pelo pedágio, passando por ele, tudo parado. Viagem de 1 hora feita em 4. Por que será?
Porque uma mente doentia qualquer imaginou que de 120 km/h a velocidade cair para 80 km/h, caso da descida da serra (projetada para 110 km/h), nada de anormal iria acontecer, que a fluidez seria assegurada de qualquer jeito.
Mas o caos não é para todos. Pelo menos é o que mostram as reportagens televisivas, motoristas e passageiros presos nos carros, mas felizes da vida com a ida ao litoral. Isso é que é mais triste, a passividade exacerbada do brasileiro.
BS

Parte 1 > aqui
Parte 2 > aqui
Parte final dos carros que considero mais bonitos.
Um livro que li, cujo autor começou a escrever tarde na vida, explica que ele foi aconselhado a não descrever algo como "bonito" ou "feio", e todas as suas variações. Isso porque é uma opinião pessoal, e não explica nada na verdade. O que é bonito para alguns, é horrível para outros.
Tomem essas listas apenas como pessoal de fato, recheadas de carros que mexem com meu desejo de ao menos olhar fotos deles quando não há mais nada para se fazer, algo difícil hoje em dia.
21- Bugatti Type 57 Atlantic
Um dos grandes desenhos da história, raro, caríssimo, pequeno e impressionante. Estive em uma exposição em 1995 e puder vê-lo bem de perto. Havia um silêncio inacreditável na sala do Museu de Belas Artes de Montreal, onde havia apenas esse carro, e nada mais. É inesquecível a sensação de estar na presença de uma obra dessa categoria.


22 - Jaguar XJ13
Apenas um exemplar construído. Destruído em acidente e reconstruído. Impossivelmente baixo, parecendo uma barata pisada, mas maravilhoso, agressivo sem ser grotesco.


23- Ferrari 250LM 1964
Pouco a ser dito, é o melhor da marca italiana, até a chegada do F40, que é de outra época.



24- Porsche 962
Iria fazer uma outra lista só com carros de corrida, mas esse Porsche é tão incrível que eu usaria um na rua, para ir até no supermercado, murchando as flores pelo caminho a arrepiando a todos com a imagem de uma espaçonave do planeta Germânia (como diria MAO).


25- Chevrolet Bel Air 1957
O melhor da linhagem 55/56/57. Daquele tempo bom em que um Chevrolet era mais do que transporte.


26- Jaguar E-Type
Já foi considerado mais de uma vez como o carro mais belo de todos os tempos. Não sei se concordo, mas passo perto. Quase não precisava nem andar, de tão perfeito nas linhas externas.


27- Ford Torino Talladega 1969
Aerodinamizado para vencer os Plymouth Superbird e Dodge Daytona, conseguiu dar uma canseira neles na temporada de 1970 da Nascar, mas não foi campeão, pois os guerreiros alados eram algo mais. Ford na sua melhor forma, pois era mais equilibrado que os Mopar na questão estilo.


28- Mustang Shelby GT350 1965
Coisa linda, não tenho palavras, é um carro para se ter na garagem para toda vida, e deixar como herança.


29- TVR Sagaris
Um monstro da lagoa negra, nascido em Blackpool (nome de acordo com o filhote). Aguardamos a ressurreição da TVR, morta por um moleque russo abobado e irresponsável.

30- Corvette Stingray 1959
Me contento com uma miniatura 1:18, já que há poucos dele, valendo alguns milhões de dinheiros, isso quando algum louco se dispõe a vender. Agressividade e beleza ímpares, fruto de uma GM rica e criativa.

JJ

Faz muito tempo que não publico uma foto de Corvair no Blog, e por causa disto achei oportuno colocar aqui esta agradável imagem automobilística. Uma companhia agradável encostada ("squeezing left") , um tranquilo conversível de 1965, e uma estrada cheia de possibilidades.

Espero que o ano de 2010 seja algo exatamente assim para vocês: uma interminável estrada lisa e perfeita, uma companhia agradável e carinhosa, um grande carro deslizando sem capota por um cenário de sonho, toda a gasolina do mundo e nenhum celular para interromper a viagem. Todas as possibilidades abertas à sua frente.

Juízo no Réveillon, e um Feliz 2010 a todos!

MAO
Outro dia fiz o levantamento das matérias da Car and Driver que participei com o Arnaldo e que saíram no site da revista e ficou faltando essa do Fiat 509A.

Um exemplar impecável restaurado pelo Oppi (veja na penúltima foto). Essa matéria foi muito difícil de fazer. O motivo é que um carro de 1927 não se locomove com muita facilidade nas ruas de São Paulo. Foi muito difícil achar uma locação legal. Sempre tenho receio de andar percursos longos e ficar manobrando muitas vezes esses clássicos, que por melhor que sejam cuidados sempre tem algum probleminha de combustível, arrefecimento e etc.

O que acho mais legal nesse caro é a baixa altura da carroceria. Isso o deixa mais esportivo principalmente quando comparado a um Ford T ou A. Não deu para dirigi-lo, mas ao seguir o Oppi ao volante com o Arnaldo sentado no banco traseiro eu podia vê-lo sendo castigado pela suspensão com feixe de molas e amortecedores de cinta, estes quase inoperantes.

Matéria feita em dezembro de 2008: FIAT 509 A



Outro fato interessante é que esse 509 foi feito na "Officine Lingotto". Uma fábrica da Fiat onde havia uma pista de testes na cobertura do prédio. Veja o post do Carlos Zilveti sobre ela - Lingotto.



Essa é uma das grandes armadilhas aprontadas pela "brilhante" engenharia rodoviária do Brasil-sil-sil: que vem do aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo, e deseja pegar a SP-070 rodovia Ayrton Senna rumo leste (no lado direito da foto do Google Earth), tem de pegar uma alça de acesso cujo engenheiro que a desenhou deveria ser preso e condenado a no mínimo 20 anos de prisão em regime fechado.
Notem que a alça tem três raios: grande no início, diminui bem no meio e abre ligeiramente no fim.
Sem querer dar uma de Rede Globo e não dar o nome, um colega pegou um Audi A3 Sportback no Hotel Caesar Park ali perto, evento de lançamento, e ficou na curva, lambendo todo o lado esquerdo do carro no guard-rail. Foi traído bonito pela curva defeituosa.
Portanto, autoentusiastas, olho vivo nessa alça.
BS




Richard Buckminster Fuller (1895-1983), americano, conhecido arquiteto cuja mais popular contribuição foi a concepção prática do domo geodésico. Mas Fuller foi também futurólogo misturado com inventor, designer e autor de mais de 30 livros.
Quando sua irmã morreu em 1922, vítima de poliomielite, ele passou um bom tempo em má situação pessoal, e decidiu que deveria seguir sua vontade de criar sempre visando melhorar a vida das pessoas.
O domo geodésico apareceu como uma estrutura com a característica principal de poder ser construída em qualquer tamanho, sempre com o mesmo conceito, desde uma casa pequena até a cobertura de uma cidade. O domo foi inventado teoricamente antes de Fuller, mas apenas ele conseguiu construí-lo para uso prático.
Sua missão levou-o a conceber o termo Dymaxion, que pode ser entendido como o aproveitamento máximo da tecnologia corrente. Utilizou esse termo para uma casa, também com estrutura geodésica, um novo modelo de mapa, uma tenda abrigo metálica de 6 m de diâmetro encomendada pelo Exército dos EUA, e para esse estranho carro, com 3 rodas, motor e direção traseiros e tração dianteira, que ficou pronto em 1933.
Havia também o modo Dymaxion de sono, mas esse assunto também não é para nosso blog.

Aerodinamicamente muito avançado, conseguiu chegar a 190 km/h, com apenas 85 cv de um motor Ford V-8 de válvulas laterais, velocidade obtida no campo de provas da Locomobile, não documentada. Na verdade, 140 km/h eram atingidos facilmente, mas a direção era bastante sensível, não sendo de fácil condução em altas velocidades. Para manobras, porém, o ângulo de esterçamento era ótimo, e o Dymaxion podia girar quase no seu próprio comprimento, 6,1 m.
A capacidade era de 11 passageiros, com visibilidade ótima para frente e para os lados, mas nula na traseira.
A estrutura da carroceria era de madeira, com revestimento de alumínio e o teto em latão. Muito provavelmente devido a esse material muito pouco resistente, um acidente com o primeiro Dymaxion provocou a morte de seu condutor, após a capotagem. Aqui há informações desencontradas, pois diz-se também que essa primeira unidade tinha teto em lona.

De qualquer forma, o acidente ocorreu logo após a exposição do carro em Chicago, no evento conhecido como Século do Progresso. A imprensa divulgou muito o ocorrido, e os investidores do projeto desistiram, com medo da imagem negativa e claro, de não obterem retorno financeiro.
Dos 3 carros Dymaxion construídos, apenas o número 2 sobrevive, tendo ficado exposto no National Automobile Museum de Reno, e a partir de setembro passado, está sendo restaurado para a condição original, inclusive do interior que estava apenas parcial durante os anos de exposição.
Se não foi um sucesso, ao menos deixou materializada a ideia de um transportador de pessoas com grande espaço interno, nas dimensões de um carro normal.
JJ


A relação de potência específica, cv/litro, ainda é reconhecida pela maioria das pessoas como a principal medição da eficiência de um motor. É totalmente válida, mas apesar do que pensam muitos, é apenas orientativa.
Veja bem, a finalidade principal de sua existência tem a ver com uma medição de potência relativa ao tamanho do motor, o tamanho neste caso medido por deslocamento volumétrico. Desta forma, esta relação considera que o tamanho (e por tabela o consumo de combustível) é similar entre motores diferentes, e portanto um motor de um litro com 100 cv seria melhor que outro de 50 cv de igual deslocamento.
Eu sempre considerei esta relação enganadora. Um motor ocupa um espaço no veículo, e tem um peso. Quanto menor este peso, e menor este espaço, melhor. Um motor consome uma certa quantidade de combustível ao propelir o carro, e quanto menos consumir, melhor. Para uma dada potência, estes devem ser os parâmetros de comparação. O que interessa o deslocamento volumétrico dos pistões?
Consumo específico de combustível, peso do motor e seu tamanho físico, para uma dada potência, é que é a medição correta de eficiência. Medida esta básica, comparativa, pois outras existem: complexidade mecânica (quanto menor, melhor; ligada a durabilidade e perdas por atrito, além do importantíssimo custo de produção), distribuição de torque em toda a faixa de uso do motor, e a posição do CG deste motor (quanto mais baixo, melhor).
O cv/litro funciona como uma aproximação disso, mas falha porque considera que um motor de maior deslocamento é maior fisicamente sempre. Isto, apesar de muitas vezes ser verdade, não é um fato incontestável.

Um exemplo prático e fácil é o motor V-8 do Corvette Z06 (acima e abaixo): pesa apenas 200 kg e é minúsculo para seu enorme deslocamento de sete litros. De construção simples, CG baixo e uma curva de torque plana, é um motor sensacional, apesar de muita gente (inclusive "especialistas" como Jeremy Clarkson) considerá-lo ultrapassado por causa de seu comando único no bloco acionando as válvulas no cabeçote por meio de varetas. Sua potência de 512 cv resulta em 73 cv/litro, o que é respeitável, mas longe dos 100 cv/litro considerados ótimos para um motor sem sobrealimentação de ar.
Mas nomeie para mim um motor de 500 cv menor, mais leve, e de consumo específico realmente menor que o deste. Difícil, né? Na verdade, é impossível; tal coisa não existe. No máximo, igual, como o V-10 do Lexus LFA, mas com o ônus da complexidade exponencialmente maior, e um CG ligeiramente mais alto que o do V-8 Chevrolet.



E complexidade maior é ligada ao preço do motor: um LS7 da Corvette Z06 pode ser comprado em uma concessionária Chevrolet por 12 mil dólares. Uma versão mais mansa, de 6,3 litros e 436 cv, é quase a metade do preço. Tentem comprar um V-10 de LFA...
Temos que comparar sempre o que é o motor, para uma dada potência, para se ter a real medida da eficiência dele. Uma construção ultra-sofisticada pode ser apenas masturbação tecnológica, se não atrelada a resultados realmente melhores.
Mas isto tudo nem é o que realmente interessa para mim. Eu acredito que um motor é mais do que uma tabela cheia de números, mais que os frios e inertes dados. Um motor é excepcional quando gira fácil e solto, quando emite sons que acionam os centros de prazer em nossos cérebros, quando entusiasmam e são entusiasmados, quando agradecem se usados como se deve. Quando é quase algo vivo e cheio de personalidade, algo que torna o carro que propulsiona em uma vibrante máquina de prazer disfarçada em meio de transporte.
E já encontrei isso em coisas tão mundanas e desprezíveis quanto um Palio 1.0 Fiasa, com míseros 61 cv tirados de seu ínfimo litro de deslocamento. Olhando a sua ficha técnica, nada de mais. Mas andando, todos os 61 cavalos estão tão vivos e presentes, que sentia vontade de dar nome a cada um deles, só por consideração os excelentes trabalhos prestados, pela bravura acima e muito além do dever.


Um carro, bem como um motor, é mais do que a soma de suas partes, e muito, mas muito mais do que uma pilha de números.

MAO
Para quem não sabe, o Bob Sharp é um dos meus mentores.

Quando eu o conheci ele era um dos caras mais turrões do mundo. Mas sempre com um embasamento muito sólido a todas suas argumentações. Eu disse era porque acho que ele está mais maleável, mas sem perder o espírito questionador das inadequações de muitas situações que dificultam nossa cidadania.

Durante os últimos anos de convívio com ele pude perceber que ele tem uma grande alma e um coração generoso. Sempre prestativo e pronto para ajudar, ensinar e compartilhar todo seu conhecimento e sua experiência. Tenho aprendido muito com ele sobre automóveis e sobre como ser uma pessoa autêntica.

Desde quando eu era aspirante a fotógrafo ele sempre me incentivou muito. Chegou até a escrever uma linda visão do meu futuro que está muito bem guardada num lugar especial.

Sua biografia ainda não foi escrita, mas considerando a legião de fãs que ele tem no Brasil e exterior, tenho certeza que quando for publicada será um grande sucesso. A riqueza de realizações do Bob impressiona a todos.


Tenho muito orgulho de trabalhar ao seu lado fazendo o blog AUTOentusiastas, junto com todos os outros colunistas, onde sempre quis que ele fosse o editor, mas ele nunca me permitiu sair dessa função. Toda vez que faço um post legal recebo uma ligação do Bob! Isso é demais.

Outro dia recebi um link para uma breve, porém rica biografia do Bob que saiu em novembro desse ano na revista Brasileiros. Muito dessa história eu mesmo não conhecia.

"Bob Sharp, volante polivalente"


Bob, não te consultei sobre esse post. Ele simplesmente saiu quando vi sua biografia. Acho que fez parte das reflexões de final de ano.


PK
Só para descontrair...

Um vídeo espetacular em stop-motion. Repare no sincronismo do som, principalemente no som dos motores do Trans-Am, do Fairlady 280Z e do Skyline. Coisa fina.

Para quem é quarentão: repare nas explosões ao estilo do seriado Ultraman.
Talvez a inspiração tenha vindo do filme Ronin.

Seguindo a linha dos companheiros, aqui vai uma Wish List com meus favoritos carros de corrida. Não entraram os Fórmulas nem os Dragsters, só carros de circuito. Também tentei não repetir o fabricante, e a ordem é aleatória.

Espero que gostem.


- Jaguar XJR-12: O último Jag a vencer Le Mans. O poderoso V-12 de 7-litros superou os Porsche, Toyota e Nissan turboalimentados, fechando com dobradinha histórica.



- Porsche 917K: O começo da saga do 917, nas cores praticamente pornográficas da equipe Gulf.



- Mercedes-Benz 190E Evo: O eterno rival do M3 nas provas do Turismo Alemão em seus tempos áureos.



- Lancia 037: Nas cores da Martini Racing, um dos mais fantásticos carros de rali de todos os tempos.



- Cobra Daytona: A solução para a desvantagem aerodinâmica dos Cobra veio em uma das formas mais harmoniosas possíveis.



- Bentley EXP Speed 8: O último Bentley a vencer em Le Mans, que na verdade era quase que a equipe do Audi R8 com as cores da Inglaterra. Mas o carro não é um Audi, como dizem por aí.



- Audi R10: Esse sim é um Audi, e dos melhores. O carro que fez história vencendo a maior corrida de endurance do mundo com um motor Diesel.



- Ferrari 330 P4: O mais belo carro de corrida de todos os tempos?



- Alfa Romeo 155 V6 Ti: Talvez o mais moderno carro de turismo já feito, com tecnologias e eletrônica embarcada que deixam o ônibus espacial Discovery com vergonha.



- Chaparral 2J: A engenhosidade em nome da velocidade.

Depois da Wish List, que é de ter, eis outra, de dirigir apenas. São carros que sempre quis dar uma guiada, mas nunca houve oportunidade. Como não é para ter, é bem possível que um dia consiga.
São eles, em ordem aleatória desta vez:

É incrível, estive perto do Jaguar XK 120 inúmeras vezes na adolescência e na juventude, mas nunca tive oportunidade de dirigir um. Sempre me foi um objeto de desejo.




Sempre tive a maior vontade de dirigir o Saab 93. Deve ser uma experiência única, sentir o 3-cilindros 2-tempos de 750 cm³ num envelope peculiar, que não teve nada parecido no mundo. Quanto mais eu, que tive uma ligação muito forte com o DKW.


O Jaguar Tipo D é  para ser guiado num estradinha rural inglesa, numa manhã de primavera ou de outono, temperatura ambiente uns 15 °C. Mais ou menos como a estrada no filme "Grand Prix", quando o Stoddard vai dirigir o Lotus 16 de F-1 do falecido irmão (foi o AK que me lembrou, outro dia, este trecho fantástico do filme).
 
Parece mentira, mas nunca dirigi um Porsche 356.  Já o 911, perdi a conta, até o 912 de motor boxer 1,6 Super 90 (que com mãos experientes dava pau no primeiro 911 2-litros de 130 cv, dizem). Teve um dia que ia guiar um 1500 Super 1951 de um amigo, mas no dia anterior o motor se foi. Mas esse dia vai chegar, tenho certeza.


Prosseguindo com a marca de Zuffenhausen, sou louco para dar uma andada no Porsche 550 Spyder. Há alguns anos um amigo, o Fernando Calmon, conheceu o Museu da Porsche e a área da imprensa disponibilizou um 550 para os jornalistas darem uma volta. Que pena que não estava nessa.  Mas um dia ando. Tive o aperitivo no Chamonix 550 há muitos anos, teste para a revista Oficina Mecânica. Dá para imaginar o que é original com motor Fuhrmann 1500 de 110 cv e pesando nada.

Se o Mazda Miata/MX-5 é o meu #1 da minha Wish List, o #1 dos que faltam dirigir é o Lotus Elite Type 14,  fabricado de 1958 a 1963. No meio, 1960, o ano em que tiirei carteira. Portanto, no auge de minha idade de empolgação aparece esta incrível obra de Colin Chapman:  Cx 0,29,  peso de  503 kg, entre-eixos 2.240 mm,  coluna McPherson atrás (primeira vez no mundo), motor Conventry-Climax de 1.216 cm³ e 75 cv. Deve ser a coisa mais gostosa desse mundo para se brincar. Esse tenho certeza de que não passo para o lado de lá sem dirigi-lo.


Se eu fosse a Ferrari  faria uma réplica do 166 MM, a barchetta (barquinho) mais linda de todas. Vi esses carros correndo no Circuito da Gávea, eu tinha 11 anos, fiquei maluco. Se pudessse dar uma voltinha no quarteirão num, ficaria muito contente.


Não, a foto do Ford modelo T não está aí por engano, não. Tenho imensa curiosidade de ver, sentir, como anda, conhecer a operação do câmbio epicicloidal pelos três pedais, sentir o que milhões sentiram entre 1908 e 1927.


Outra "estranheza", pode o leitor pensar, mas explico. Esse é o primeiro carro a diesel do mundo, o Mercedes-Benz 260 D, de 1936.  Tenho curiosidade também, como no modelo T aí acima. Ouvir o motor ruidoso e vibrador, o cheiro do  diesel dentro do carro. O começo.


Para mim, o Maserati 300/S (ou o 450/S, só muda o motor) é o carro de corrida mais bonito que existe, nada lhe chega perto. Vi o Fangio dirigir um 300/S no Circuito da Quinta da Boa Vista, no Rio, e uma semana ou quinze dias depois, em Interlagos. Claro, papou as duas. Isso foi em 1957. Havia um 450/S no Rio, do Henrique Casini. Ainda me lembro do berro do motor. Esse tenho de dirigir um dia.
Já disse em outra ocasião (no Best Cars) que é decepcionante dirigir carros antigos do ponto de vista de comportamento, que não guarda qualquer relação com os carros de hoje, mesmo os mais baratos. Mas mesmo assim, nos antigos aqui mostrados, faço questão de pegar o volante deles e dar uma saída.
Fará bem ao coração...
BS

(Atualizado em 29.12, 10h40, tópico Jaguar D, observação do leitor Roberto Zulino. O carro do filme Grand Prix citado é um Lotus 16, não um Vanwall -- BS)