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Começando pelo fim.
Já na hora de irmos embora, mais para o final da tarde – após ter guiado a carretera que foi do Vitório Andreatta, o Karmann-Ghia-Porsche da Dacon que foi do Wilsinho Fittipaldi, e um Fórmula Vee que é do Rodrigo Rosset, o atual campeão da nova categoria –, o Bob me perguntou:
— E aí, Naldo? Já podemos ir embora? Já está purificado?
Mas que coisa! Ele sacou exatamente o que eu estava sentindo e soube exprimi-lo à perfeição. Devo mais essa a ele, essa de eu mesmo sacar direito o que tinha acontecido comigo. Eu me sentia purificado, limpo.
Há pouco, aqui no blog, me queixei dos carros modernos por serem perfeitinhos demais, comportados demais. Sinto que, tal como pessoas, algo comportado demais e politicamente correto demais acaba nos enchendo o saco. Só serve pra servir, tal qual servirá passivamente a todos que nele se aboletarem. Não nos dão o prazer da conquista, o mérito dela. Não nos apaixonam; são só convenientes.
Acho que pra gente gostar mesmo de um carro temos que ter dado duro para conquistá-lo. O escalador sobe montanhas traiçoeiras, o surfista surfa ondas difíceis, o esquiador despenca pirambeiras e eu gosto de carros casca grossa.
É que nem mulher; muita moleza não tem graça.
O I Fórmula Vee Track Day, promovido pela organização da Copa Mobil de Fórmula Vee – leia-se Roberto Zullino e Mestre Joca, o Joaquim Lopes Filho – neste domingo (11/12) não poderia ter sido melhor para os amantes do automobilismo-raiz: um domingo na pista do Campo de Provas da Pirelli, em Sumaré, SP, carros de corrida liberados pra gente pilotar, um bom almoço e muita gente boa, divertida e interessante falando só de carro com alma.