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Pouco relacionado com sua utilidade ou funcionalidade, que serão exploradas ao extremo pelos vendedores da marca, o motivo maior para essas portas invertidas é fazer a Meriva se destacar dos concorrentes em pelo menos um argumento de vendas. Ter um argumento de vendas exclusivo, unique selling point/proposition no mundo dos marqueteiros, é fundamental para chamar a atenção para um novo modelo que faz exatamente o mesmo que todos os outros concorrentes.
Seja por conservadorismo dos consumidores, medo dos fabricantes de arriscar ou regulamentações a serem cumpridas, todos os carros dos grandes fabircantes, em um mesmo segmento, são muito parecidos com diferenças sutis em performance, dirigibilidade, conforto e segurança. Ou seja, não há grandes saltos que tornem um modelo super cobiçado. Não existem iPhones no mundo dos automóveis.
E assim a evolução do automóvel caminha a passos pequenos, sem grandes saltos, com fabricantes tateando pouco a pouco novas tendências e inovações que não desafiam muito os conceitos atuais. Tudo com muita cautela.
Outro exemplo de argumento de vendas exclusivo é o vidro dianteiro do novo Citroen C3, já usado em carros de outros segmentos, mas pela primeira vez em carros compactos.
Ao meu ver, nem sempre esses argumentos de vendas exclusivos tem uma grande utilidade, porém atuam muito bem no emocional das pessoas.
Um de suas criações mais famosas e originais foi o Moal Torpedo, acima, encomendado por Eric Zausner, e seguindo uma ideia fantástica: Um hot-rod com forte influência e sotaque italianos. O desenho da frente evoca os Alfa de competição dos anos 30 e tem uma tomada de ar sobre o capô que se sentiria em casa em um Siata. O motor é o V-12 do Ferrari Maranello, e o interior....volante perfeito para o tema, instrumentos idem, acabamento de sonho, e tudo revestido em fino couro de avestruz. Só há uma palavra para isto tudo, e é no idioma inglês: Awesome!
E todas as peças são únicas e exclusivas do modelo, do chassi e suspensão ao volante e os instrumentos. Tudo criado especialmente para ele. Incrível.
Outro famoso carro de Moal, e meu preferido, é uma cruza de carro esporte inglês, Ford roadster, dirt tracker e Kurtis, com uma pitada de Cobra para temperar, que vocês podem ver acima. Fruto da imaginação do famoso comediante da Disney Tim Allen (inspirado por outro carro de Moal, o California V8 special), é chamado de Licorice Streak special, em honra de sua cor externa, um profundo e lascivo negro não metálico, aplicado em 6 ricas camadas, chamado de Licorice Black.
Não seja enganado pela suspensão dianteira de eixo rígido, tradicional em hot-rods. O carro é todo feito sob encomenda, nos mínimos detalhes. Allen, ao contrário de outros donos de carros deste tipo, usou-a muito, e adorou todos os aspectos de algo que fez ao seu gosto, sem compromisso. Baixo e com um simples mas eficaz Ford V-8 351 de 400 cv, o carro era tudo que ele sempre sonhou.
A parte que mais gosto é o interior, com magníficos bancos “de bombardeiro” e tudo revestido num magnífico e discreto couro verde bem escuro. De novo, os instrumentos, o volante, o painel, tudo é único e sob encomenda, bespoke. O volante foi feito pelo pai de Steve Moal, George, que fez um aro de madeira belíssimo, que para sua surpresa foi pintado de preto por Steve, para combinar com o tema. É um interior que dá vontade de pular dentro e sair em busca do pôr-do-sol imediatamente, só de olhá-lo. Feito para ser dirigido, é de uma beleza ascética, espartana, mas ao mesmo tempo, de óbvia qualidade.
Conhecendo a história deste carro desde que li sobre ele numa revista Street Rodder de 1999 (10 anos atrás!), vocês podem imaginar a minha surpresa quando soube, via Autoblog, que o carro está a venda no Ebay!
Duas coisas que não entendo: porque Allen ia vender algo tão pessoal? E pior, quem vai comprar algo assim? O carro sempre será “o carro de Tim Allen”, não importa o que aconteça. Mas sabemos que para alguns, ter algo que já foi de uma celebridade, sabe-se lá por que, já é suficiente.
Eu usaria este dinheiro para encomendar algo saído de minha cabeça. Vocês não?
MAO