Este ano começará a ser vendido nos EUA e Japão o modelo Leaf da Nissan. Ele é somente elétrico. Puro, nada de híbrido, nada de motor a combustão para ajudar a tracionar ou trabalhar como gerador de energia elétrica. É só bateria e motor elétrico. Simples.
Não sou engenheiro, mas estou tentando entender o que vem por aí, mesmo que muitos queiram ou não queiram, gostem ou não gostem.
Segundo a Nissan:
A bateria de íon de lítio dá autonomia de 160 km. Ela tem a capacidade de armazenar 24 kW.h. Uma tomada 220 V caseira carrega essa bateria do zero a 100% em 4 a 8 horas.
Estações de carga rápida – que serão instaladas nos Estados americanos onde o Leaf primeiramente será vendido – carregarão do zero a 80% em 25 minutos. Os últimos 20% de carga demoram mais, pois a bateria tem mais trabalho para organizar a carga dentro de si (os engenheiros que desculpem esta explicação simplista). Resumindo: quanto mais carregada, mais demora para socar energia lá dentro.
O Leaf terá ar-condicionado, ar-quente, som bom, vidros elétricos, etc – todas as amenidades de conforto atuais.
Sua aceleração será forte, tal qual um carro com motor V-6, e a velocidade máxima será de 145 km/h. Motor elétrico é assim: 100% de torque logo de cara, e torque mais alto que o motor a combustão quando o relacionamos às suas potências máximas.
Ao frear, o motor vira gerador e aproveita essa energia carregando a bateria.
Parado no trânsito ele não gasta nada – o motor está desligado –, a não ser que o ar-condicionado esteja ligado, o som, luzes, faróis etc.
Preço de venda: US$ 25.280, isso porque lá o governo dará um subsídio de U$ 7.500, senão seria de US$ 32.780.
Mais de 80% dos americanos rodam diariamente bem menos que esses 160 km, que é a autonomia do Leaf.
Bom, à primeira vista o Leaf parece viável, ao menos para o uso urbano diário, ir pro trabalho durante a semana etc. Já viajar para longe a coisa complica e dá margem para muitas discussões de soluções de carga rápida e futuras melhorias na tecnologia das baterias, que são muito promissoras. Para uso urbano acho ótimo. Silencioso, econômico, pouquíssima manutenção.
Nos EUA, com a tarifa da energia elétrica de lá, que em média é de R$ 0,19/kW.h (segundo a Nissan), custará R$ 4,50 carregar os 24 kw.h, ou seja, do zero à carga total. Então, lá nos EUA, com R$ 4,50 o sujeito vai rodar 160 km, o que é baratíssimo.
Já aqui, por incrível que pareça, nossa energia elétrica custa mais que o dobro dos EUA. Em São Paulo, por exemplo, ela custa R$ 0,45/kW.h!!! É revoltante, ainda mais quando sabemos que 85% de nossa geração de energia elétrica provém de hidrelétricas, o modo mais barato de produzi-la, quando nos EUA a base é carvão, óleo e nuclear. Mas brasileiro é mais rico ou mais trouxa que americano – um dos dois (segundo eu, um trouxa, porque mais rico que americano sei que não sou). Então pagamos mais que o dobro do que eles pagam.
Então, aqui esses 24 kWh nos custariam R$ 11,00. Com isso o Leaf roda 160 km. Então, comparando-o a um carro a gasolina que faça 11 km/l – o que é bom para um carro médio com todos os confortos, e em uso misto –, o a gasolina precisaria de 14,5 litros a um custo de pelo menos R$ 36,00.
Já um a álcool, hoje, com o álcool “barato”, R$ 1,30/l, ele gastaria ao redor de R$ 25,00.
Bom, aí estão alguns números para serem estudados e discutidos, porque os elétricos estão chegando e darão o que falar.
Como digo entre meus amigos, pra mim, tudo bem andar com carro elétrico neste trânsito estúpido, desde que eu possa acelerar um bom a combustão, alavanca de câmbio na mão, pedal de embreagem, nos fins de semana.
Este é o site oficial do Leaf: www.nissanusa.com/leaf-electric-car/
AK