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Muita gente já viu algo assim, mas com asas |
Um carro único,
batizado com o nome de Stealth (furtivo, sorrateiro) Tech 1, também conhecido extra- oficialmente por A117, que chega a 230 km/h e tem desenho exclusivo,
apesar de ser claramente uma cópia de algo que quase todo mundo já viu.
Fabricado
próximo de Norfolk, Inglaterra, nos anos
1990 por Jim Router com a ajuda de seu amigo e vizinho, Jerry Booen e equipe de
engenheiros, que estabeleceram a empresa JA&SA Router Automotive. Pelo que
apuramos, as últimas atividades dessa companhia foram em 2009, tendo atuado
também na área de competições, prestando serviços a equipes das diversas
categorias da Inglaterra, o grande ninho e berço do automobilismo de competição.
O grupo tinha grande
vivência em fabricantes de todos os tipos e tamanhos, tanto na terra-mãe quanto
em outros países europeus, e isso os fazia aptos a tentar algo muito diferente
como propaganda móvel de sua empresa.
Juntos, eles tinham
grande experiência em diversas empresas, tendo atuações nos projetos do Lotus
Elan, Jaguar XJR-15, McLaren F1, Aston Martin DB7, Volvo Caminhões, motores de
ultraleves e outros projetos que não foram mencionados a pedido dos clientes,
obviamente empresas que prestaram serviços aos militares do Reino Unido.
Trabalharam na pequena
cidade chamada Wymondham, uma vila inglesa daquelas onde todos se conhecem. Não
dá para ser discreto com ele, já que depois de realizar essa maravilhosa loucura, Jim ficou mais
conhecido ainda na cidade. Mas ele fez o carro não para apenas para aparecer ou
fazer propaganda para si e seus sócios, mas também por ser um absoluto
admirador do Lockheed F-117 Stealth, o caça-bombardeiro de baixa visibilidade
ao radar, tecnologia americana baseada tanto em formas com mudanças abruptas de
direção das linhas e superfícies, quanto em acabamento de áreas, com pintura
absorvedora de ondas eletromagnéticas.
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Aparência de torcer pescoços |
Como se fosse um
Citroën de antigamente, que eram carros de engenheiros para engenheiros, o Tech
I tem a mesma finalidade de não ser estilizado para o prazer dos olhos da
maioria, mas como um produto com uma função antes da aparência.
Se o carro tem
mesmo a capacidade de se camuflar das ondas dos aparelhos de radar, não
sabemos, já que não há informação sobre se algum teste foi feito nesse sentido.
Como no avião, o A117
foi formado por planos angulados, o que pode, teoricamente, absorver ou
refletir as ondas dos radares da polícia rodoviária. Algo que seria inútil no
Brasil, onde a maioria das detecções é feita com base em células fotoelétricas,
que não emitem nenhum tipo de onda para cima dos carros. Até nisso as
autoridades aqui são covardes, já que somos atacados sem chance de defesa com
base em tecnologia.
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Lockheed F-117 Stealth |
A carroceria foi feita
de compósito de fibra de vidro e compensado de madeira, multicamadas. Router
disse na época que não tinha intenção de produzir outra unidade, já que gostara
muito do resultado e da exclusividade que o carro lhe dera, mas que se fosse
fazer outro, seria com carroceria em compósito de fibra de carbono.
A pintura é em tinta
normal, apesar dos criadores se esforçarem para conseguir tinta de uso militar
justamente com característica de absorção de ondas eletromagnéticas. Esbarraram
nos fornecedores de insumos para os militares britânicos, que, como lá ou em
qualquer outro lugar do mundo, precisam seguir normas rígidas a respeito de
quem pode ou não comprar seus produtos.
O motorista enxerga o
caminho por um para brisa e vidros laterais todos planos, emoldurados por colunas
triangulares. A pintura em preto fosco o
faz acreditar que você está num carro atual, submetido a tratamento de loja de
acessórios, “envelopado” como se diz por aí, mas não. O Tech I veio muito antes
dessa moda, em 1993, quando esse carro já estava homologado e emplacado, podendo
rodar livremente nas ruas britânicas.
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Posto de condução só tem o volante lembrando um carro |
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Central elétrica exposta, aparência militar |
Atrás do motorista, um
outro banco, em fila, em tandem como
se usa no jargão aeronáutico. Atrás deste, o motor Isuzu 1,6 litro, quatro
cilindros e 16 válvulas, similar ao que utilizava o Lotus Elan. Montado longitudinalmente, aciona as rodas
traseiras através do transeixo do Renault 25.
Router teve receio de que alguém pudesse fazer um carro
parecido antes, então, com a ajuda dos
amigos, pôs-se a trabalhar de forma rápida, administrando mais uma meia-dúzia
de engenheiros residentes na área. Claro que juntando a fome com a vontade de
comer, diziam serem capazes de fazer protótipos mais rápido que qualquer
fábrica, e o carro servia também como propaganda do trabalho.
O carro é bem acabado seguindo as aparências de aviões militares, com elementos elétricos e mecânicos expostos, bem como elementos de fixação como parafusos, porcas e rebites. Instrumentos e comandos estão posicionados similarmente ao que ocorre na cabine
do avião.
A cobertura do posto de pilotagem (melhor seria chamar de cockpit) se
abre cima e para frente, com um mecanismo bem bolado de abertura, onde as molas
a gás iguais às usadas em tampas traseiras de carros hatch (que não são
amortecedores como muita gente diz) se encarregam de empurrar para cima sem que
o usuário tenha que fazer força. A ergonomia é bastante boa para ambos
ocupantes, com bancos muito confortáveis e cintos de quatro pontos. Os faróis
principais são embutidos, subindo quando ligados e ficam junto das colunas
principais do vidro dianteiro.
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Alavanca de câmbio à esquerda, britânica |
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Farol escamoteável |
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Bela instalação de motor, tubos da estrutura visíveis |
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Vista da traseira |
Todas as exigências
legais do Reino Unido foram atendidas, inclusive de áreas mínimas de vidros e
pontos cegos, melhor que de muitos carros feitos em casa ou por fabricantes
pequenos, conforme atestou um fiscal do órgão de trânsito do país.
O chassis é tubular e
acomoda os elementos mecânicos em suportes soldados aos tubos da estrutura. Um
método simples de fabricação, desde que se tenha um projeto bem detalhado e com
pessoas e equipamentos de boa qualidade para transformá-lo em peças reais.
As suspensões são
independentes, sem maiores informações sobre configuração. O peso em ordem de
marcha é de apenas 650 kg, e acelerações que devem ser, no mínimo, bastante
fortes.
Router queria porém,
colocar uma turbina a gás, para que se parecesse mais ainda com um avião. Mas
sua meta estava cumprida com o Stealth Tech I. Fazer um carro exclusivo e
único, e demonstrar as capacidades dele e de seus associados em construir
protótipos de forma eficiente.
Jim Router e os sócios
diziam que as fábricas de carros fazem muita coisa errada na hora de construir
protótipos. Gastam demais, e na hora que está pronto, muitos detalhes foram
melhorados no projeto, e se tem um carro desatualizado em mãos. Pura verdade. Trabalhando
de forma independente e com suas próprias premissas, entre elas um mínimo de trabalho de escritório, Router,
Booen e os outros engenheiros da equipe não queriam gastar dez horas por dia em
pranchetas, mas sim ver suas idéias se tornarem realidade em pouco tempo.
Booen é apaixonado
pelo que pequenos times independentes conseguem nesse mundo de empresas
enormes. Como ele disse, “Se você tem 200 pessoas numa fábrica, a cauda balança
o cachorro. Você tem que ter gerentes, máquinas de café e férias pagas. Turmas
de poucos homens são auto-administradas com um mínimo de esforço e o máximo de
bom senso de cada um. Eles não sobrevivem se não fizerem bem feito. Estamos
procurando projetos para cair com os dentes, trabalhos que durem de nove meses
a um ano. Acima de tudo, queremos fazer carros que se movam “.
Amém!
JJ
JJ
Fotos: exoticcarspage,
findrarecar.co.cc, Autocar
Que loucura!!!
ResponderExcluirQue bela loucura!!!
Acho que o retrovisor é de Tipo.
Muito interessante JJ!! Outro carro que jamais conheceria não fosse você! Obrigado!
ResponderExcluirSobre autoridades covardes é verdade. Já notaram que elas sempre fazem uso de soluções defensivas ao invés de ofensivas? Isso não é só medinho de peitar contraventores como também dá menos trabalho, né?
ResponderExcluirSim sao covardes mas devemos respeita-lãs
ResponderExcluirTemos que zelar pela manutenção de nossas instituições
Eu confio na policia e estou de mãos dadas com as forcas armada!
Tem que ser assim
Falou tudo: "forcas armadas" (sic)... Para bom entendor...
ExcluirCarro tecnológico. Show de criatividade dos engenheiros!
ResponderExcluirOff-topic tecnológico:
A notícia no canto direito, sobre a Schaeffler e sua propulsão elétrica diretamente nas rodas. Por que não pensaram nisso antes?
Mineirim
ResponderExcluirHouve quem pensasse...em 1901! O Lohner-Porshe mixte hybrid, de Ferdinand Porsche, um motor elétrico em cada roda, tido como o primeiro 4x4 do mundo. Leia a respeito em http://en.wikipedia.org/wiki/Lohner-Porsche. Mas nos tempos atuais demorou até que alguém pensasse nisso.
Bob, uma dúvida. Entendi os beneficios deste sistema, mas e o lado ruim? Todo o conjunto não aumenta muito a massa não suspensa? Na sua opnião você acha que os benefícios superam os maleficios?
ExcluirEduardo
Muito interessante, JJ! Só mesmo aqui no AE vocês mostram coisas tão diferentes, além das excelentes matérias veículos comuns de série.
ResponderExcluirEstes tempos, aproveitando o assunto do Mineirim, estava pesquisando sobre estes motores elétricos "de roda". Os mais baratos que encotrei são chineses. Seria legal trazer cá e fazer experiências adaptando estes motores em automóveis leves, baratos e antigos como o Passat. Pena que em média a potência desenvolvida é pouca, coisa de 20 cv por unidade (vez que são pensados para motocicletas), mas acho que um desses em cada roda daria um resultado excelente para um meio de deslocamento urbano extremamente barato. Aliás, barato se usarmos as pouco eficientes mas baratas baterias de chumbo. Se for para usar íons de lítio, a coisa fica cara!
ResponderExcluirDá uma olhada neste anúncio do Alibaba, além deste existem outros modelos disponíveis para importação, pena que os caras só aceitam encomendas no atacado:
http://www.alibaba.com/product-gs/413536916/KG295_brushless_DC_electric_motor_for.html
Olá Charles,
Excluirexistem no Brasil algumas pouquíssimas iniciativas de conversão de veículos "comuns" para elétricos. O site da Associação Brasileira do Veículo Elétrico você pode encontrar alguns projetos de universitários e engenheiros ( http://www.abve.org.br/links/ListaLinks.asp?classe=5 ). Há inclusive alguns Gurgel e Fuscas devidamente convertidos, muito interessante mesmo e dá para ter ideias bem malucas.
Conversão de veículos antigos para elétrico é comum fora do Brasil.
Abs!
Julio,
ExcluirMuito obrigado pelas informações! Me interessa bastante este tipo de conversão.
Como sempre um interessantissimo artigo, obrigado!
ResponderExcluirA respeito dos nossos ditos "radares" eu não sou especialista, mas acho que cabe uma correção: Com exceção dos tripés sorrateiramente posicionados pela PRF nos acostamentos de algumas autoestradas, a maioria dos registros de infração velocidade feitos no Brasil utiliza dispositivos eletromagnéticos chamados "detector de indução" e não radares propriamente ditos.
A vantagem dos metodos utilizados aqui (pras empresas de radar, comissionadas de acordo com o número de multas, e para os órgãos do executivo, que têm uma fonte de receita líquida e sem qualquer obrigatoriedade de utilização em campanhas educativas ou na melhoria das respectivas vias) é que são IMPOSSÍVEIS de burlar mesmo dirigindo o Stealth A-117.
Tais equipamentos aplicam uma corrente eletrica em duas placas metalicas (espaçadas alguns metros) sob o solo, o que gera um campo magnético - e quando uma grande massa metálica (um veículo) se desloca por cima de ambas, detectam variação nesse campo eletromagnético. Para saber a velocidade dos veículos é só calcular a diferença de tempo entre essa variação.
A "desvantagem" desse tipo de sistema é que veículos rápidos, porém menores (leia-se motos, scooters, bicicletas, skates, patins rs) não costumam possuir massa metálica suficiente para perturbar os referidos campos eletromagnéticos, e portanto avançam sinaleiras e circulam na velocidade que desejarem, sem perigo de serem detectados.
Quem sabe se o Stealth A117 fosse todo de compostos plásticos, aí sim teríamos um verdadeiro "carro invisível"! Mais uma vez, parabéns pelo excelente artigo. Abraços Autoentusiastas.
Você já viram o Praga R1? O carro é de certa forma maravilhoso, é um F-3 de 2 lugares carenado, de 200 cv e 600 kg. Um esportivo puro sangue moderno.
ResponderExcluirPode ser eficiente em todos os sentidos, mas va ser feio assim la longe !!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirRealmente, para um carro, mesmo um puro sangue meio de araque com um motorzinho de 1.6 L., sua forma deixa muito a desejar. Como cabine de avião bombardeio, é um espetáculo, lembrando que não tem armas defensivas, se garantindo apenas pela invisibilidade. Se a motivação é ter um carro "único", cumpriu sua função. Mas é esquisito demais.
ResponderExcluirBatmovel
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