Vender — e comprar — automóveis usados exige mais que interesse, conhecimento, técnica e, às vezes, arte. Há, às vezes, jogos de palavras, descrições imprecisas, verdades e mentiras flexíveis. Também, textos e gentes a arranhar os códigos civil, penal, do consumidor. É mandatório tino para interpretar, competência para aclarar. A internet, com seus portais ganhando espaço como mídia para vendas, e o tradicional anúncio classificado em jornais, têm muitas propostas neste sentido. Se interessado, um pequeno glossário sobre os verbetes e termos mais utilizados para ajudar a entender a hábil terminologia.
Bem calçado – síntese de pneus quase novos ou em bom estado.
Carro de
colecionador – O vendedor não
é do ramo, mas acha ser argumento sensibilizante para gente que também não é,
mas quer ser. Ou seja, o carro pouco importa, e vale o tentar vendê-lo, por valor
superior, ao ligado ao mercado dos usados.
Carro de médico – Rótulo intenta ser interpretada como elogiativo
e valorativo. Entretanto, nunca descobri qual o vínculo entre os profissionais
de branco e quais suas qualidades adicionais podem aspergir sobre um veículo
usado. Tirando automóveis de origem nipônica do Dr. Carlão Freitas, o meu
cardiologista, a conduzir como um canadense — os mais cuidadosos motoristas do
mundo —, o restante trabalha muito, vai de um lado para outro, pula de emprego
em emprego, pára de qualquer maneira; não tem tempo de aquecer motor; muito
menos para manutenção. Para mim o rótulo desmerece e desvaloriza — menos,
claro, os carros do Carlão.
Carro de Mulher – Teoricamente um atributo aplicado como valorizador. Mas sobre a origem feminina há controvérsias e no atual leque de classificação de gêneros abre-se caminho com variáveis que me escapam. O produto original é, no usual, mais cuidadoso que homens para dirigir e manter veículos.
Carro de Mulher – Teoricamente um atributo aplicado como valorizador. Mas sobre a origem feminina há controvérsias e no atual leque de classificação de gêneros abre-se caminho com variáveis que me escapam. O produto original é, no usual, mais cuidadoso que homens para dirigir e manter veículos.
Se a classificação se amplia, o resultado também, e assim as há, e a
elas sempre ligados comportamentos que em nome da paz de convívio são usualmente
olvidados como, por exemplo, o descompromisso com a troca do óleo lubrificante
do motor; rodas desalinhadas de raspar meio-fio; embreagem em fim de vida por
excesso de esquecimento do pé no pedal; inacreditável porcariada sob os
tapetes, entre encosto e assento dos bancos, o motor tem a pior aparência
possível, estas coisas da superioridade feminina.
Completo, full – Entenda como o vendedor não sabe qual a listagem total de opcionais e usa o termo como atrativo. Interessado, informe-se para saber a extensão dos acessórios e equipamentos integrando o veículo para não pagar pelo inexistente. O rótulo full cumpre o mesmo objetivo. E por aí está full de gente sem intimidade sequer tópica com o léxico inglês, jurando estar full o veículo anunciado, sem saber qual a listagem de acessórios originais para aquela marca, modelo, ano.
Completo, full – Entenda como o vendedor não sabe qual a listagem total de opcionais e usa o termo como atrativo. Interessado, informe-se para saber a extensão dos acessórios e equipamentos integrando o veículo para não pagar pelo inexistente. O rótulo full cumpre o mesmo objetivo. E por aí está full de gente sem intimidade sequer tópica com o léxico inglês, jurando estar full o veículo anunciado, sem saber qual a listagem de acessórios originais para aquela marca, modelo, ano.
Consulte – Ao final do anúncio, você interessado procura o preço, e lá encontra – Consulte. Na prática significa dizer o preço varia de acordo com o cliente, e não será dado por telefone, exigindo visita onde, de princípio, o interessado será avaliado. Assim, seja jeitoso, sem roupa de grife, chegue a pé, fale linguagem de Mobral, não se meta a deitar conhecimento no assunto.
Defeitos estão à
vista - Lembre-se da piada —
verdadeira — do capiau vendendo égua de boa aparência e conformação ao citadino
fazendeiro de final de semana: “ – É boa, dotô. Todos us defeitu tá na
vista.“ Claro, o interessado comprou o formoso animal e se tornou proprietário
de égua cega… Em carro usado é a mesma coisa. Só deve ser comprado sob
iluminação intensa da luz do dia, depois de inspeção sob poderosa lupa, porque
pode encobrir caso de duas metades de carro soldadas para virar um; grandes
cacetadas em sólidos e deformantes objetos, carros tortos.
Se você não viu o defeito, azar o seu. Ele existe e foi mencionado. Saia desta. Jornalista Boris Feldman, pelo nome familiar com único n, sabido como todo judeu, recomenda levar um imã e passar pela lataria. Se em algum ponto o artefato magnético deslizar com mais facilidade, será indicativo de haver boa quantidade de massa encobrindo irregularidades não corrigidas.
Se você não viu o defeito, azar o seu. Ele existe e foi mencionado. Saia desta. Jornalista Boris Feldman, pelo nome familiar com único n, sabido como todo judeu, recomenda levar um imã e passar pela lataria. Se em algum ponto o artefato magnético deslizar com mais facilidade, será indicativo de haver boa quantidade de massa encobrindo irregularidades não corrigidas.
Desocupar garagem –
Você vai crente tratar-se de
um veículo bem tratado, o tempo todo protegido das intempéries e agentes
externos, possivelmente com baixa quilometragem e trato proporcional a quem tem
garagem. Nada disto. Você encontra um escombro abandonado, pneus deformados,
motor travado, montes de porcarias em cima, um cachorro de mau relacionamento
social, com domicílio formal no banco traseiro. Ou você encontra um carro
gasto, desalinhado, de uso desidioso, valor inferior ao conserto, permitindo a
dúvida: não foi levado para ali apenas
para ser vendido com uma certa respeitabilidade — algo como nos anúncios de
objetos usados apresentados como Família de Diplomata mudando-se para o
exterior vende...
Dívida no Detran – Usualmente um automóvel pelo qual você pagará
para ter duas dores de cabeça. A primeira com o montante de gastos para
regularizar a situação, com dívidas de desconhecido montante. Outra, a conta do
Detran não tem a obrigatória dignidade no trato com o contribuinte, garantindo
eventual débito até a data — sem compromisso quanto às que podem ser apuradas
depois — depois de fechar o negócio... Em ambos os casos, o caos intencional
dos despachantes, onde para cada uma das infindáveis operações é preciso um jeitinho,
um quebra-galho, um por-fora. Consulte um advogado para saber
quantos pontos negativos irão para o seu prontuário quando você assumir as
infrações.
DUT em branco – Não me ocorre nada mais complicado numa transação
de carros usado, feita entre particulares. Na prática indica a expressão que traz
implícita o seguinte: "– Não conheço o dono anterior; não sei como
achá-lo para reconhecer a firma; nada tenho com isto; azar o seu".
... e sem multas – mesmo que Dívida no Detran.
... e sem multas – mesmo que Dívida no Detran.
Filé – Quer
dizer o melhor — pelo menos a compradores não vegetarianos.
Filmado – Não significa ter sido personagem de algum
filme referencial, mas tão somente possui película nos vidros, gerador de
cuidado adicional, o de saber se tal aposição se enquadra nos parâmetros legais,
e gasto de numerário e tempo para remover este implemento, um atrapalho para
dirigir à noite.
Kit Beleza – Conceito questionável para dizer o dono aplicou alguns penduricalhos
desnecessariamente ociosos, como spoilers, aerofólios, tapetes em
alumínio, imitando piso de ônibus, estas bobagens.
Melhor
oferta – Valor menor ao seu oferecimento. É a dor de cabeça
mais cara e desnecessária. Na lógica de balcão, para o dono, nada vale — e
qualquer oferta será lucro.
Menor
taxa – Diz-se para o
financiamento. Exige tanto um levantamento na praça quanto atenção
na metodologia da conta. Faça simulações pela internet em sítios das fabricantes para ter idéia de quanto representa o financiamento em termos de
valor, prazo, prestações. E, na negociação, peça um espelho da conta, para
saber se os informados 1,99% ao mês, não se transformam, com o erro de
digitação, em 3,99% a.m.!
"Não exijo
transferência" – Ou seja, como
meu nome está sujo na praça, faço qualquer coisa para receber o dinheiro da
venda, mesmo para ter problemas futuros com detrans e secretarias de fazenda.
Nunca viajou – Busca apresentar veículo com rolar exclusivo em
percursos pequenos, como se viagens fosse uso de grande desgaste. Ao contrário.
É fria, pois há a se considerar, mil quilômetros rodados na cidade são muito
mais desgastantes que se percorridos em estrada. Saiba claramente qual é o
percurso habitual do veículo. Se a distância entre a casa e o local de trabalho
for curta, mau sinal: o que o motor sequer esquenta e funciona o tempo todo com
mistura rica, em clima de folgas e desgastes. Carros assim tem motores com alto
desgaste e vida curta.
Pronto para viajar
– Esta temeridade é sempre
anunciada nas proximidades das férias. Sinceramente, você compraria carro usado
e iria direto para a estrada? Se a resposta for positiva, ou és
proibitivamente crédulo, ou perigosamente temerário. Se você tem um bom cheque
especial, pouco amor à vida e espírito de Indiana Jones... Na melhor das
hipóteses deveria ser anunciado na parte de Turismo de Aventura, mas a leitura
correta é a seguinte: pegue o seu sonho e
vá quebrar longe daqui.
Raridade – Entenda mais ou menos como o verbete Carro
de Colecionador. Significa:
não vejo um carro destes há tempos, mas como não entendo de carros antigos, o
rótulo parece bom para enganar incautos;
Relíquia – Mesma coisa até porque o adjetivo é amplo.
Sem detalhes – Terminologia da moda, pretendendo significar
sinteticamente nada há a fazer, sequer um mínimo. Mesmas palavras em outra
vertente, igualmente verdadeira, induz o comprador a achar-se frente ao Rolls,
reserva da Rainha da Inglaterra, quando na verdade se trata de um carro pelado,
sem opcionais, como o mercado exemplifica o Chevrolet Celta em seu estado
máximo de penúria, sem nenhum equipamento.
Traçado – Explicação resumida para dizer ter o veículo
tração nas quatro rodas.
Trio elétrico – indica o veículo possuir espelhos, vidros, e
trancas das portas com acionamento elétrico;
Único no país – 99,99% de chances em
ser informação falsa. Não há controle oficial sobre a frota e seu quantitativo. Às vezes o vendedor é apenas um mal informado querendo valorizar o veículo. Na
maioria, um mentiroso instigando a venda;
Zerado – Outra classificação dúbia, aplicada para
referir o veículo usado como se estivesse em virginal estado de zero-quilômetro. Às vezes pode embutir sentido inverso — e será descrição
honestíssima, o estado é zero — de nada valer.
Este
palavreado flexível, dilatável, de sentidos dúbios, não é peculiaridade do
mercado de antigos ou usados brasileiros. Maior comércio da especialidade em
todo o mundo, graças à sua frota — mais carros nos EUA que gente no Brasil —, e
ao enfoque de vê-la como objeto de mobilidade pessoal e não de investimento,
também comete atrevimentos. O anúncio abaixo, da Craiglist, poderosa listagem
de objetos usados para vender, anda no mesmo caminho. Faço interpretação livre
mais abaixo.
A
Bit Rusty: Ford Fairlane 500
January 2, 2014 by Josh
32 Comments
“bit rusty and needs some tweaks here
And there to be roadworthy, accepting good offer only...no low ballin! OK, OK,
ITS A 59 WHAT DO I KNOW!. Forgot to ad that for the full listing price I will
throw in a bottle of rust mort and a can of turtle wax.”
Ou seja, mais ou menos o
seguinte:
"Um pouco enferrujado e exige uns acertos aqui
e ali para estar pronto para rodar. Só aceito boas ofertas. Sem pechincha. Ok, ok, é um carro de 59 pelo que sei. Esqueci de dizer que pelo preço vou passar um anti-ferrugem e dar um bom polimento nele."
"Você sabe que não é primeiro, mas você realmente se importa?" — Usados Aston Martin |
RN
Muito bom as terminologias populares !
ResponderExcluirE como nos vemos isso todo santo dia, e principalmente que "todos" os carros são ótimos em tudo (de quem vende sempre) e quando chegamos lá dá até dó na maioria dos casos. Muita pena de vários carros por ai...
Valeu !
Duas da coisas que mais me irritam em um anúncio de carro foram citadas neste post: o "consulte", e o "filé". Este último então, sempre me dá vontade de ligar para o anunciante, e dizer que quem vende filé é açougue. E lógico, o tal "filé", na imensa maioria das vezes, não passa de "carne" de terceira.
ResponderExcluirCarne de terceira, não.
ExcluirÉ sebo e osso mesmo!
Essa da Aston é montagem...a BMW fez há uns 4 anos atrás. Tem outro termo...duas cabeças, para o ano e modelo diferentes.
ResponderExcluirPerceba que é uma montagem grosseira - "Pre OWED", ficou até engraçado.
ExcluirAgora fiquei com uma pulga atras da orelha...
ResponderExcluirNo anúncio da Aston Martin está escrito pre-owed.
O correto não seria pre-owned???
Abraços
isso mesmo...
ExcluirEm tempo: este anúncio da Aston Martin faria os politicamente corretos e as feministas de plantão terem chiliques homéricos, he, he, he!
ResponderExcluir...Enquanto que aqui em terras brasilienses até a camiseta com um "coração" usando biquini teve que ser retirada das prateleiras americanas, e com desculpas do fabricante.
ExcluirA moda do politicamente correto é dose...
O termo "carro de mulher", para mim, é um termo desvalorizador desde que passei a prestar atenção nos carros de algumas colegas de trabalho no estacionamento. É de dar dó de alguns carros.
ResponderExcluirE esta imagem resume muita coisa:
http://www.diainfo.com.br/wp-content/uploads/2011/12/Homem-x-Mulher-a-diferen%C3%A7a-do-quarto-e-do-carro-de-ambos.jpg
Carro de médico... Se o médico for o Sergio Minervini, pode confiar na procedencia.
ResponderExcluirMuito bom o texto.
Aquele carro que usado só para ir à padaria, ou levar os meninos no colégio, não chega a rodar 5 Km por dia, na cidade, com motor frio e trânsito truncado... É uma bomba, que tem muito valor... Gosto de carros amaciados na estrada, que andam em velocidade... Já comprei um carro de frota, que trafegava bastante em estrada, e já tinha quilometragem avançada pelo ano.... me chamaram de louco , mas pensa num milzinho esperto, bom de ultrapassagem... foi um dos três Celtas que tive! E a manutenção estava em dia, bem melhor do que se fosse de um particular. Não me deu dor de cabeça... Só manutenção de rotina.
ResponderExcluirConcordo plenamente! Eu e minha esposa pensamos em trocar o nosso ao final deste ano (por questão de espaço), mas confesso que sinto um aperto no coração só de pensar em vender meu fiel companheiro.
ExcluirAndo muito, principalmente em estrada, ele já vai com mais de 102 mil km rodados... mas nem parece, anda macio, liso, sem barulhos, ao ponto de muito carona achar que é carro pouco rodado.
Carro de mulher, em regra, são os mais detonados. Não trocam o óleo e quando trocam deixam à confiança de um frentista. Batem as portas com força, ocasionando barulhos internos. Não desviam de buracos, só visitam a oficina quando o carro não consegue mais sair do lugar, etc.
ResponderExcluir..."não desviam burracos". Já observei muitas mulheres que até dirigem bem, mas passam direto pelos buracos. A minha também era era assim. Agora ela procura desviar, só que é muito distraída e frequentemente acerta algum "dos bons".
ExcluirE o ASTON MARTIN, pelo visto, está novo!!
ResponderExcluirFusca95
Anônimo27/02/14 13:09 Não se engane com o photoshop he he...
ExcluirTenho raiva ao ler em um anúncio a palavra "consulte o preço". Se não tem o preço de venda, eu sequer entro em contato.
ResponderExcluir"COMPLETO" menos ar. Acho este um dos piores.
ResponderExcluirEstou rindo muito he he ,essa foto da mulher fez com que a Aston processasse o brincalhão que "criou' o |"anuncio".
ResponderExcluirAcho engraçado quando vejo: "completo - ar" (ou outro equipamento). Como pode ser completo? ...rs... Quanto a "carro de mulher", em certa ocasião ouvi esta frase, mas em outro sentido: Fui conhecer o então lançamento Peugeot 206 1.0 e o vendedor veio com esta frase. Não deixei de comprar o carro por este motivo, mas ele mostrou total falta de bom senso ao falar isto a um homem.
ResponderExcluirGenial, adorei. Carro de médico é uma classificação curiosa, que parece querer dizer ao comprador que o dono é zeloso pela saúde da máquina, tanto quanto o é pela dos pacientes. E carro de mulher então, bem lembrado, caso em que o óleo do motor pode chegar aos 50.000 km, fácil.
ResponderExcluirCarro de médico, via de regra, apanha mais que gato em desenho animado... apesar que eu tive um cliente no tempo de pós-venda, dr. Gustavo Flores Mazzotti (já falecido, infelizmente, única vítima num capotamento de ambulância... morreu abraçado ao paciente numa tentativa de protegê-lo) que fazia o roteiro Caxias do Sul-Praia Grande com frequência... e seu 206 estava sempre nos trinques.
ResponderExcluirQuanto ao carro de mulher, vou discordar de leve... já entrei e guiei carros de mulheres mais bem cuidados que de muitos homens.
O resto eu assino embaixo... a mãe da minha filha já falava: "Quando o cidadão coloca "consulte" num anúncio, é porque o preço já chegou na Lua."
Diego Mayer,
ResponderExcluirconcordo 100%. Já vi cada coisa !!!!! mecânico de rua consertando carro quebrado, tascando óleo lixo total, verificações de nivel de água com motor quente... afemaria !!!
Mas em tempo, tá cheio de homem que também faz dessas. Ou pelo menos parecem ser do sexo masculino, embora não sejam necessariamente praticantes.
Quando trabalhei em revenda de carros usados, não necessariamente antigos de colecionador (embora lidei com alguns também) e foram uns quantos anos, vi de tudo um pouco.
ResponderExcluirMas nada me irritava mais do que a expressão "lacrado". Referia-se, teoricamente, a um carro que nunca havia sido batido. Mas e esse monte de massa plástica nas laterais? E essas portas que não fecham? Ah, mas o dito-cujo é lacrado "frente-traseira", né doutor, as lateral não conta (sic)... Essa história me rendeu muitas situações engraçadas. Por falar em doutor, o encanto que o ex-carro de médico supostamente traz, é que em geral esse profissional possui boa renda, suficiente para fazer uma manutenção cuidadosa. E costuma trocar de carro dentro de pouco tempo. Também não vejo relação entre a profissão da pessoa e o veículo que possui, mas em geral carro pertencente a caminhoneiro costuma ter bem pouca quilometragem.
Uma vez inventei de ir olhar para comprar um carro que pertencia a uma senhora de 82 anos. Carro com 7 anos de uso, comprado zero quilômetro, marcando uns 16.000 km no hodômetro. Interessou. Só não tinha mais riscos e amassados por falta de espaço. Bancos rasgados por um cachorro nervoso, rodas completamente tortas e pneus que nunca tinham visto calibragem na vida. Óleo dois dedos abaixo do nível. Para-brisa rachado, um pivô de direção à beira da quebra. Jurei para mim mesmo nunca mais me interessar por carro que só vai à missa...
Ano passado ví um anúncio de um Tigra ano 1998 com apenas 40 mil km, tinha várias fotos tiradas de longe e de ângulos repetitivos. Como o carro estava na minha cidade resolvi matar a curiosidade.
ExcluirChegando lá encontrei o Tigra em situação parecida com a que você descreveu com o carro da senhora de 82 anos... O dono desse Tigra tinha problemas com obesidade e era grande demais para o carro, por isso colocou à venda. O interior estava todo destruído, bancos rasgados e deformados, plásticos arranhados, peças faltando. Por fora não tinha nenhum canto sem amassados.
O vendedor ainda teve a cara de pau de dizer que nunca viu um Tigra tão inteiro e o tempo todo dava ênfase à baixa quilometragem.
Incrível como alguns vendedores como esse conseguem enganar algumas pessoas.
Essa do carro de mulher eu já tinha meu preconceito, mas depois da cena que vi em Curitiba tive completa certeza, que quando um vendedor me falar que é carro de mulher viro as costas e vou embora sem dar satisfação.
ResponderExcluirA cena era a seguinte, um CrossFox ano 2010 aproximadamente com rodas visivelmente tortas olhando por trás do carro andando, amassado vertical na tampa do porta-malas e alguns riscos nas laterais, e o mais grave fazia mais fumaça que carros com mais de 20 anos de uso e em péssimo estado de conservação, e claro que não podia faltar os adesivos com florzinhas cor de rosa na tampa traseira e um bichinho de pelúcia pendurado no espelho.
Nesse momento tive certeza que não era hora de vender meu Idea 2008 com quase 100.000 km rodados, sem nenhum barulho, vidros elétricos que sobem que é uma bala, ar condicionado perfeito, manutenção em dia, óleo, água, calibragem, alinhamento e balanceamento frequentes, recém troca da correia dentada, velas e cabos, pneus com 6 meses de uso, estofamento com pouco desgaste, nunca foi batido.Até cheirinho de plástico ainda tem, comprei ele usado de um colega de trabalho do meu pai, que é muito cuidadoso e perfeccionista.
Ou seja só troco esse carrinho em perfeito estado por alguma coisa no mesmo nível de conservação.
Carro de mulher:
ResponderExcluirMinha saudosa, e já falecida Tia Jaiza Lott, comprou uma Brasília 78 verde 0 Km, lá, quase no final de 1979 ela chama meu pai no serviço dele e diz que o carro parou, e não quer pegar. Naquela época não haviam estes serviços de reboque das seguradoras. Resultado: as placas da bateria estavam coladas. Perguntou ao meu pai porque havia acontecido isto, que respondeu que era necessário ter colocado água na bateria. De "bate-pronto" ela falou: mas VW não precisa de água!!!
Em início de 1994 comprei esta Brasília por US$ 2.000,00. Todas as revisões, até aquele momento em concessionaria, todas as NFs de peças arquivadas, e com 54.000 Km rodados, mas o motor estava com apenas 26.000 Km, pois havia sido trocado por um novo devido a uma inundação em 1986.
Carlos, você me deixou curioso. Coom estava a Brasília em termos de lataria e parte elétrica, já que o carro passou por inundação?
ExcluirJoão Paulo
A Brasília estava um "BRINCO" (esta faltou no glossário). A inundação foi na esq. de r. Sergipe com r. Tomé de Souza em BH. Não havia ferrugem, nem mofo, apenas 02 para-lamas re-pintados e o limpador de para-brisa estava um pouco "cansado". Mas herdei, e ainda guardo até hoje 02 volantes "formula 1": um com revestimento de couro e o outro de baquelite imitando madeira.
ExcluirJaiza Lott? Em Belo Horizonte? Coincidência!!! Sobrenome não muito comum, ainda mais em BH....
ExcluirFiquei ainda mais curioso pra um dia conhecer essa Brasília.
Robson Lott... de BH!
acho que essa do carro de médico é porque o automóvel tem que estar sempre 100% mecanicamente, para que, no caso de uma emergência, o salva-vidas não fique na mão.
ResponderExcluir"IPVA pago". Ora, se o prazo já passou, nada mais do que a obrigação...
ResponderExcluir"preço x + IPVAs". Cai fora, o cara não tinha grana para pagar o IPVA, imagina para a manutenção...
Rodo muito pela periferia da grande SP (ou seja: a periferia da periferia) e me distraio nos congestionamentos lendo as "pérolas" escritas nos para brisas nas revendas.
ExcluirDentre os 10 ou 15 carros expostos, essas me levam ao delírio: "Documento OK" ou "Sem débitos".
Qualidade apreciada - nem tanto! - que diferencia e destaca o possante!!!
AE
Sei de um dono de um Versailles que comprou o mesmo de um médico e realmente o carro estava fantástico.
ResponderExcluir"Carro de mulher" = se não tem um marido/namorado cuidadoso por trás...é muito difícil o carro estar em boas condições.
"Carro filé" = carro de mano. Vai por sua conta e risco. Normalmente são rebaixados.
"Dar um talento" = eufemismo! Não há problema do anunciante dizer a verdade que o carro precisa de manutenção em alguma parte.
"Tem ar mas falta gás" = o ar tá tudo fodido!
"Carro lacrado, nunca bateu" - vamos combinar o seguinte: há carros batidos e carros batidos, certo? Na maioria das vezes, se um carro bateu, há conserto e fica 100% e muitas vezes não é motivo pra condená-lo. Tem gente que é neurótica nisso.
João Paulo
Eu concordo, principalmente com essa parte do carro batido, se o carro já tem algum tempo de uso, com certeza, nem que seja um ralado no para-choque ele já sofreu!! se for ficar vaculhando carro que nunca sofreu nenhum retoquezinho de pintura que seja, acaba não comprando nem zero km, até zero km acontece do funcionário da concessionária bater manobrando no pátio da loja, imagine seminovo ou usado rodando na rua!!
ExcluirSó complementando o lance do "tem ar mas falta gás". Significa que o ar está desativado há anos (ou décadas!) e vai ter que praticamente trocar tudo!
ExcluirJoão Paulo
"É completo, dotô!"
ResponderExcluirTraduzindo: Ar, direção e vidro elétrico.
legal.....gostei bastante do FILÉ da propaganda da Aston Martin.....eu tenho uma RARIDADE.....caravan automática 87, 6 a álcool que foi da frota em São Caetano....lataria ALINHADA....motor NOVO.....caixa REVISADA...interior ZERADO....carro de ENTUSIASTA ! ! (eu)
ResponderExcluirm.n.a.
"Pronto para viajar"
ResponderExcluirComprei meu Fusquinha 1970 assim, "pronto pra viajar" e foi o que fiz! Nunca havia dirigido um Fusca na vida e logo de cara, num carro totalmente desconhecido, viajei 535 km entre Itajubá-MG e Aramina-SP. Ainda bem que não deu problema e, hoje depois de exatamente 44 viagens entre essas cidades (estudo em Itajubá e volto pra casa todo feriado "emendado" e nas férias), continuou sem dar um probleminha sequer. Tive sorte?
Sem a menor sombra de dúvida.
ExcluirEssa expressão "completo" devia ser banida dos anúncios. É quase certo entrar numa concessionária e o "completo" do vendedor ou anúncio se resumir a ar, direção, travas e vidros (dianteiros) elétricos - com sorte, também vem vidro elétrico atrás, rodas em liga leve e rádio - , ignorando completamente os opcionais do carro, seja qual for. Para mim, anunciar completo faltando algum item da lista de opcionais de fábrica é propaganda enganosa e ponto. Mas, quem vai entrar numa concessionária e fazer valer seu direito sem correr o risco de ainda ser ridicularizado?
ResponderExcluirRoberto,
ResponderExcluirEsta última foto, se bem me lembro o que o MAO contou, foi utilizado como propaganda dos carros usados da BMW.
Em ambos os casos... realmente não importa quem foi o primeiro, mas quem está no momento, rsrs
KzR
Vendo - Completo!
ResponderExcluirEsse anúncio deveria ser usado em desmanche. Já pensou que não coloca que é completo?
"Ei estou precisando só da tampa do porta malas e a porta direira."
E tem o "chave reserva, manual, estepe nunca rodou"..... ! "Nossa, se o estepe nunca rodou o carro deve estar fantástico".....! rsrs
ResponderExcluirBruno Rezende
Esse do "estepe nunca rodou" é odioso, daí o carro tem 20 anos de uso, o estepe nunca rodou, mas também não serve pra nada, pois já está com a borracha com 15 anos de vencida, o novo comprador invariavelmente vai ter que trocar se for usar o carro no dia-a-dia!! heheh
ExcluirQuando fui comprar meu carro, um Peugeot 206, andei por Maringá inteira. O que tinha de carro sambado, torto, desalinhado, cheguei ao cúmulo de ver um 206, com o farol esquerdo de parábola simples e o direito de dupla parábola... Ah, claro, a regulagem de altura deles não funcionava, e estavam desalinhados, hehehehe...
ResponderExcluirTem muito garagista safado por aí, pessoal tem que cuidar, ficar esperto...
Me lembrei de um Focus XR que está a venda por aqui. Quando olhei, percebi um farol máscara negra e o outro cromado. O vendedor me disse que era assim mesmo por que se trata de uma série especial. É muita cara de pau falar uma coisa dessas.
ResponderExcluirkkkkk aqui na minha cidade todo carro com Ar e vidros frontais elétricos é "completo" kkk
ResponderExcluirCaro Sr Nasser, agradecido por mais este belo e informativo post. Porém permita-me uma breve discordância, com respeito ao termo " carro de medico"; sendo eu pertencente a esta classe, me considero bastante cuidadoso com meus cinco filhos adotivos, nomeadamente meu fusca, que, sendo meu primeiro carro, me acompanha há já 25 anos.... Também recentemente adotado, tenho um Santana GLS 88 completo, a quem muito estimo e cuido, porém sou obrigado a concordar (parcialmente) com o sr, visto que conheço vários colegas sem o mesmo cuidado....
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