Mercedes continua mostrando o caminho
Felipe Nasr é confirmado como piloto-reserva da Williams e a F-1 abre espaço para as mulheres
Nico Rosberg e seu Mercedes na pista do Bahrein (Foto Mercedes-Benz Media) |
Terminada a segunda sessão de treinos de pré-temporada da F-1, os motores
Mercedes continuam mostrando superioridade frente aos rivais Ferrari e Renault
tanto em desempenho quanto em confiabilidade. Dos 24 pilotos que foram à pista
do Bahrein, os motores alemães impulsionaram sete dos dez mais rápidos,
incluindo Felipe Massa (oitavo) e a dupla da equipe de fábrica, com Nico
Rosberg liderando Lewis Hamilton. Esta semana a categoria realiza a sua
terceira e última fase de avaliações, entre os dias 27 de fevereiro e 2
de março, antes do início do campeonato, em 16 de março, na Austrália. Mais
do que experimentar novas soluções de aerodinâmica e suspensão, esses testes vão
definir a especificação dos motores para a toda a temporada, parâmetro que deve
ser apresentado à Federação Internacional do Automóvel (FIA) até o último dia
deste mês.
Ainda que as primeiras conclusões
mais realistas só possam ser esperadas por ocasião da primeira corrida do ano,
quando os carros deverão obrigatoriamente estar de acordo com o regulamento de
2014, os números de Bahrein dão indícios do que cada equipe poderá apresentar
este ano. A confiabilidade e o desempenho dos motores Mercedes, por
exemplo, é visivelmente superior quando se considera o total de quilômetros
percorridos por marca de motor e por cada piloto que a usa.
Nesta tabela o V-6 alemão fabricado em Brixworth (onde funcionava a Ilmor),
Inglaterra, completou 6.207,56 km, somando-se a distância percorrida por cada
um dos nove pilotos que usaram esse equipamento: Nico Rosberg e Lewis
Hamilton (Mercedes), Kevin Magnussen e Jenson Button (McLaren), Felipe Massa,
Valteri Bottas e Felipe Nasr (Williams), e Nico Hulkenberg e Sérgio Pérez
(Force India). Entre estes, Rosberg (941,7), Hamilton (763,1), Button (914,6),
Hulkenberg (741,4) e Bottas (925,5) andaram acima da média percorrida por cada
piloto, exatos 689,73 km. Magnussen (687,3), Massa (351,8), Pérez (411,3)
e Nasr (470,8), ficaram abaixo desse referencial, sendo que o dinamarquês
praticamente igualou esse número.
Pode-se concluir que, além de
resistência, os carros da Mercedes e da McLaren também mostraram velocidade, o
que os destaca em relação aos monopostos da Williams e Force India. Vale
salientar que entre os quatro melhores — Rosberg (1m33s283), Hamilton
(1m34s263), Magnussen (1m34s910) e Button (1m34s957) — apenas o dinamarquês
usava pneus de composto supermacio, o que evidencia o desempenho superior dos
carros alemães frente aos ingleses e a tocada mais eficiente do campeão mundial
de 2009 em relação ao estreante de 2014. Isso deixa claro o melhor
equilíbrio do chassi alemão em comparação ao inglês. Hulkenberg foi o maior
destaque da Sauber: no segundo dia de treinos marcou 1m6s445, com pneus macios
novos, atrás de Magnussen (que usava supermacios) e Alonso (1m36s516) com
pneus macios usados.
Alonso foi um dos que mais treinou: 871 km (foto Ferrari Media) |
No batalhão da Scuderia o desempenho de cada piloto foi bem mais variado, o que demonstra diferentes
especificações dos motores: em termos de quilometragem percorrida apenas Alonso
(871,3 km) e Gutiérrez (817,2) superaram a média da relação piloto-motor,
índice de 691,83 km); uma possível conclusão é que esses pilotos concentraram
seus trabalhos na durabilidade do equipamento. Sutil (481,7 km), Chilton (113, 7
km) e Bianchi (32,5 km) ficaram significativamente abaixo e Räikkönen (681,9
km) só não superou porque bateu forte no último dia de treinos. O melhor
tempo de Gutiérrez foi seis segundos e quatro décimos mais lento que os obtidos pelo
espanhol e pelo finlandês, respectivamente, o que indica que a confiabilidade
ainda é um problema para a Sauber: o carro de Sutil teve problemas que
atrapalharam sua agenda de trabalho. Mesmo que não se possa esperar da Marussia
um desempenho sequer próximo à equipe suíça, vale salientar que o software de
seus carros e material de box sofreram com um vírus que atacou o software usado
pela equipe.
No pelotão da Renault ainda não
foram resolvidos os problemas detectados na gestão eletrônica do V-6 francês:
panes que passam pelo gerenciamento eletrônico do software da unidade de
potência (conjunto do motor e dos recuperadores de energia) e pelo arrefecimento desse complexo. Já ficou claro para vários engenheiros e projetistas que além
da gestão criteriosa da quantidade de combustível a bordo (100 kg), a
temperatura nos ambientes de trabalho das unidades de potência será um ponto-chave para se obter bons resultados este ano. Pelotão como maior número de soldados — Pastor Maldonado (1m38s707, 460 km), Dany Kvyat (1m38s974, 460 km),
Daniel Ricciardo (1m39s837, 232,7 km), Kamui Kobayashi (1m39s855, 449,2 km),
Sebastian Vettel (1m40s224, 395,1 km), Jean-Eric Vergne (1m40s472, 416,7
km), Romain Grosjean (1m41s670, 140,7 km), Marcus Ericsson (1m42s130,
530,4 km) e Robert Frijns (1m42s524, 368 km) tiveram dificuldades em conseguir
quilometragem próxima à dos rivais.
A distância média percorrida
pelos carros com motor Renault foi a pior média entre os três motores em ação:
383,65 km, praticamente 55% do índice dos pilotos com carros impulsionados por
motores Ferrari e Mercedes. As declarações de Rob White deixam evidente
que a integração entre chassi e motor é um ponto crucial para a solução dos
males que afligem Lotus, Toro Rosso, Red Bull e Caterham, equipes ligadas à
Renault.
“Após Jerez fizemos inúmeras
modificações no sistema de armazenamento de energia, o que incluiu o hardware,
soluções de engenharia, fornecedores, montagem e logística. Também tivemos dois
níves de gerenciamento das unidades de potência, sendo que o segundo melhorou o
desempenho e a dirigibilidade dos carros e uma melhor integração de todos os
sistemas ligados a essa unidade”, admitiu White, ainda no Bahrein.
Os carros voltam à pista na próxima quinta-feira para uma nova sessão de quatro dias de testes e a McLaren já informou que a especificação dos carros de Button e Magnussen será a mesma que será usada em Melbourne, na abertura do campeonato.
Felipe Nasr na Williams
A chegada do Banco do Brasil como
um dos patrocinadores da equipe Williams ajudou a pavimentar o caminho do
brasileiro Felipe Nasr ao posto de piloto-reserva e de testes da organização
fundada por Frank Williams, reforçando os laços com o País já conhecidos
através da presença de Felipe Massa e da Petrobrás. Nasr, que vem de uma
família com boas referências no automobilismo nacional — seu pai Samir e seu
tio Amir gerenciam a Amir Nasr Racing, equipe com sede no Autódromo de Brasília —, tem um bom retrospecto no kart brasileiro e nas categorias européias de
F-BMW, F-3 e GP2. Pelo acordo, Nasr terá participação em três sessões de
testes e cinco sessões matinais às sextas-feiras em etapas (ainda não definidas)
do Mundial de F-1. Não foi informado a extensão do contrato entre o brasileiro
e a equipe Williams, todavia a condição de piloto-reserva é um facilitador para
substituir Felipe Massa ou Valteri Bottas caso um deles fique impossibilitado
de disputar um GP este ano.
Felipe Nasr em sua estréia na Williams (Foto Williams) |
Resultados dos testes no Bahrein
Posição/Piloto/País/Chassi-Motor/Melhor
tempo/Total de voltas/Dia do melhor tempo
1) Nico Rosberg,
Alemanha, Mercedes AMG W05-Mercedes, 1m33s283, 174 voltas, sábado
2) Lewis
Hamilton, Grã-Bretanha, Mercedes AMG W05-Mercedes, 1m34s263, 141, sexta3) Kevin Magnussen, Dinamarca, McLaren MP4 29-Mercedes, 1m34s910, 127, quinta
4) Jenson Button, Grã-Bretanha, McLaren MP4 29-Mercedes, 1m34s957, 169, sábado
5) Nico Hulkenberg, Alemanha Force India VJM07-Mercedes, 1m36s445, 137,quinta
6) Fernando
Alonso, Espanha, Ferrari F14T, 1m36s516, 160, quinta
7) Kimi
Räikkönen, Finlândia, Ferrari F14T, 1m36s718, 125, sábado
8) Felipe Massa,
Brasil, Williams FW36-Mercedes, 1m37s066, 65, quinta
9) Estebán
Gutiérrez, México, Sauber C33-Ferrari,1m37s180, 151, quinta
10) Valtteri
Bottas, Finlândia, Williams FW36-Mercedes, 1m37s328, 171, quinta
11) Sergio
Perez, México, Force India-Mercedes, 1m37s.367, 76, sexta
12) Felipe Nasr,
Brasil, Williams FW36-Mercedes, 1m37s569, 87, sábado
13) Pastor Maldonado,
Venezuela, Lotus E22-Renault, 1m38s707, 85, sábado
14) Daniil
Kvyat, Rússia, STR 9-Renault, 1m38s974, 62, sexta
15) Daniel
Ricciardo, Austrália, Red Bull RB10-Renault, 1m39s837, 43, sábado
16) Kamui
Kobayashi, Japão, Caterham CT 05-Renault, 1m39s855, 83, quinta
17) Sebastian
Vettel, Alemanha, Red Bull RB10-Renault, 1m40s224, 73, quarta
18) Adrian
Sutil, Alemanha, Sauber C33-Ferrari, 1m40s443, 89, quarta
19) Jean-Eric
Vergne, França, STR9-Renault, 1m40s472, 77, sábado
20) Romain Grosjean,
França, Lotus E22-Renault, 1m41s670, 26, quinta
21) Marcus
Ericsson, Suécia, Caterham CT 05-Renault 1m42s.130, 102, sexta
22) Max Chilton,
Grã-Bretanha, Marussia MTR03-Ferrari, 1m42s511, 21, quinta
23) Robin
Frijns, Holanda, Caterham CT 05-Renault, 1m42s534, 68, quarta
24) Jules
Bianchi, França, Marussia MR03-Ferrari, sem tempo, 6
Mulheres à vista
Por enquanto as novidades podem
indicar mais uma jogada de marketing do que outra coisa, mas parece haver algo
mais no ar do que aviões de carreira. Nas últimas semanas as equipes Sauber e
Williams anunciaram programas de apoio e testes para a suíça Simona De
Silvestro e para a inglesa Susie Wolff, respectivamente, sendo que a primeira
já deixou claro que espera conseguir a superlicença para a temporada de 2015.
Até hoje a italiana Lella Lombardi é a única mulher a ter marcado ponto — na
realidade meio ponto, pois o GP da Espanha de 1975 foi interrompido antes de
chegar a 75% de seu percurso previsto —, e sua compatriota Giovanna Amati a
última a tentar disputar um GP, algo que não conseguiu em três tentativas na
temporada de 1992 (África do Sul, México e Brasil). A Williams informou que não
tem planos mais ambiciosos do que permitir a participação de Wolff em duas
sessões de treinos livres de sexta-feira, GPs ainda a definir.
Já De Silvestro
foi anunciada pela Sauber como “piloto afiliada”, termo inédito no meio e que
não esclarece se a ex-competidora da F-Indy irá realmente acelerar em algum
evento oficial desta temporada.
Susan Wolff em foto de 2013 (Wolff Twitter) |
Dois pontos devem ser lembrados neste panorama: De Silvestro é suíça e
já tem boa experiência na F-Indy, enquanto Wolff é esposa do principal diretor
do programa de F-1 da Mercedes e ex-diretor da Williams. Não é demais lembrar
que no final do ano passado anunciou a troca dos motores Renault pelos novos
V-6 da marca alemã e abriu espaço para a inglesa pilotar um dos seus carros em
uma sessão de testes. A recente proposta da FIA em abrir espaço para mais uma
ou duas equipes de F-1 no futuro próximo e a necessidade de reverter a queda de
audiência que a F-1 sofre no mundo inteiro mais do que justificam esses programas. Não será surpresa se, em breve, mais mulheres forem anunciadas em programas semelhantes em outras escuderias.
WG
A coluna "Conversa de pista" é de total responsabilidade do seu autor e não reflete necessariamente a opinião do AUTOentusiastas.
WG
ResponderExcluirPor que a F1 sempre foi uma categoria masculina?
Nunca entendi porque pouquíssimas mulheres pilotaram um F1
Ja passou da hora de isso mudar... acho que atualmente o esforco fisico nao e tao grande como no passado.
Poderia-se criar uma calssificacao so para elas. O que voce acha?
Anônimo,
ExcluirComo assim, esforço físico, coisa do passado? O que falar de acelerações laterais de 4G, esforço para pressionar freio acima de 100kg, etc?
Francamente!
é uma questão de apitidão e gosto. Existem várias diferençar biológicas entre homens e mulheres, assim um genero tem aptidão para certa função, outro para as demais.
ExcluirAnonimo das 10:46 (uma maneira sutil e, espero, aceitável, de identificar os anonimos que aparecem por aqui,
ExcluirHá situações nas quais é melhor ver a possibilidade que se abre do que as chances que não se abriram. A cada ano cresce o número de meninas que praticam o kartismo, que andam de skate e, acredite, jogam futebol em nível competitivo. Uma classificação em separado seria algo rejeitado pelas próprias mulheres, eu creio. Em breve isso vai mudar, não tenho dúvidas.
Abraço,
WG
Marcus Lahoz e Rodolfo Flesch,
ExcluirA chegada de mulheres ao circo da F-1 é questão de tempo, marketing e aptidão. Vai acontecer, mais volta, menos volta...
Abraços,
WG
Sinceramente esta regra e economia de combustível é ridícula, eu sou a favor da volta do reabastecimento. De qualquer forma, a mercedes parece que vai nadar de braçada, isso se não for puramente marketing. Mas acho que a ferrari não esta tão morta assim. Se a Renault não melhorar este motor a Red Bull pode ir para a Honda ano que vem.
ResponderExcluirMarcus Lahoz,
ExcluirAs regras de 2014 levam em conta o apelo que os grandes fabricantes querem para desenvolver seus produtos e justificar seus investimentos na categoria. Certamente trará consequências às linhas de produção, ainda que a um preço que nós, auto-entusiastas de carteirinha, não queiramos pagar.
Abraço,
WG
Ainda temos a regra dos 107% para a classificação? Tô achando que esse ano podemos ter disparidades enormes no grid. Principalmente no início do campeonato.
ResponderExcluirPara o bem da Red Bull e de Sebastian Vettel, tomara que essa anemia dos motores Renault sejam somente estratégia para surpreender os adversários na primeira prova de F1. Agora, se ficar comprovado que o franceses fizeram escargot e o Seb virar no tempo das Mercedes vai calar a boca de muito "entendido" na competição.
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