Coluna 0814 19.fev.2014 rnasser@autoentusiastas.com.br
De Fiat, Jeep e Alfa_________________________________________________
Alfista Casé me ligou: o 4C está no autódromo! Fui
tomar chuva na tarde de domingo. Lá, um comboio no circuito brasiliense:
Freemonts, Iveco RAM, caminhão tanque para combustível, três protótipos como os
mostrados pela Coluna 0514. Dois engenheiros da Fiat Brasil,
técnicos e mão de obra local, e o Alfa 4C. Este, projeto de brilho desenvolvido em
tempo recorde, aqui já explicado, é esportivo, motor entre eixos traseiro, 1,8
turbo, 240 cv, câmbio robotizado de duas
embreagens e seis marchas.
Muda tudo
A camuflagem mascarava os carros para testes. O grande furgão
azul é da nova geração de Ducatos para o mercado americano, lá vendidos como
Ram – marca Dodge. Entre os produtos, o conhecido Alfa 4C e os demais com base no Fiat
500 e plataforma maior, a L, que no México dá base ao 500 4-portas. Um deles
será produzido como Jeep em Goiana, PE, pequeno utilitário esportivo.
Protótipos estrangeiros, porém com intervenções da Fiat Brasil em traços,
adequações e acertos para enfrentar mercados agrestes. O know-how da
Fiat Brasil é invejável neste quesito.
Os veículos rodavam em constância, sem emoção. Disse-me uma
das fontes incomodadas no domingo, não era teste dinâmico, mas de resistência,
para somar quilometragem. Com equipe italiana, carros têm rodado nas estradas
brasileiras e seus motores exudam três vibrações diferentes, de 1,6, 1,8, e
pequeno Diesel. Outro incomodado dominical lembrou, os carros serão feitos em
Goiana e em Melfi, na Itália.
Diesel, aqui?
Outro consultado escorregou na resposta quando indaguei se,
pelo fato de a legislação brasileira permitir o uso de motor diesel em veículos
com tração nas quatro rodas, o teste no Brasil do futuro Jeep com
pequeno motor Diesel, significaria tê-lo em nosso mercado. Contestou com fraca
veemência, permitindo imaginar sua produção — além das unidades para exportação
à América Latina, pois a usina brasileira será pólo de remessa a outros países.
Curiosidade na avaliação do Alfa 4C, produto promocional, feito
para manter a marca Alfa Romeo no noticiário, enquanto a Fiat não apresenta um
plano para a marca, hoje restrita aos modelos MiTo e Giulietta — de vendas em
queda.
Série inicial, definida em 500 unidades, o interesse logo
ampliou-a a 1.000, limite para encerrar, como ocorreu com outros Alfa
promocionais, os 8C
e 8C
Cabrio.
O 4C
foi apresentado no Salão de Genebra, 2011, e provocou celeumas e encomendas,
muitas. Em 28 meses o grupo Fiat viabilizou produção na fábrica Maserati,
mesclando o fornecimento externo do chassi em compósito de fibra de carbono e
construção doméstica do motor 1.750 de quatro cilindros, injeção direta, turbo,
fazendo quase 250 cv movendo peso de 900 kg, e da caixa robotizada.
Fatores exógenos mudaram os planos. A inimaginada demanda,
demonstração de apreço e interesse pela marca, o adiamento de anúncio sobre os
planos de negócios para a marca Alfa Romeo, o rendimento, a condução sangüínea,
sem frescuras freando a esportividade — e o preço, igual ao de Toyota/Subaru e
Porsche Boxster —, aceleraram as encomendas, elevando produção
a 3.500 unidades anuais, capacidade da fornecedora dos chassis.
A curiosidade do teste de resistência é o novo motor,
quatro cilindros, 2,0, 16 válvulas, injeção direta e turbocompressor, gerando
320 cv, de possível anúncio no mesmo Salão de Genebra, próximo mês, junto com
as boas notícias da ampliação da capacidade produtiva dos fornecedores.
O piloto italiano aos comandos não dirigia
competitivamente, fazia-o com cuidado e afastando riscos. Ao seu lado, outro, online com a fábrica transmitia dados de
reação do automóvel quanto a pressão atmosférica, umidade do ar, rugosidade do
asfalto, irregularidades. No 4C,
além do motor mais sonoro, chamava atenção a rapidez na troca de marchas.
Sem papo, o comboio deixou Brasília e, segundo fonte
qualificada, média na hierarquia do transporte manual de malas em hotel, foi-se
à beirada mineira do Rio São Francisco. Após, Betim e porto.
Jeep pernambucano terá versão Diesel (foto do autor)
Alfa 4C testa motor 2,0, 320 cv (foto do autor) |
Mercado, novidades
Ano atípico: fevereiro pleno, Carnaval em março, Copa do
Mundo em junho, eleições e Salão do Automóvel em outubro, eventos suspendem
lançamentos e detêm o mercado. Assim não se podem esperar vendas recordistas —
exceto carros comprados com recursos de caixa dois aplicados em campanhas eleitorais,
e os caminhões, ônibus, tratores, motoniveladoras oferecidos pelo governo
federal como mimos a prefeitos. Resultado, lançamentos se agruparão em
abril/maio e julho/outubro, limite ao Salão do Automóvel —, e todas as
novidades surgirão antes da mostra. Parte do que vem por aí:
Linea 2014 ½
Quem não tem produto novo, faz festa com versão. Líder há 12 anos, a Fiat encara
grande desafio: manter posição, vendas e lucros para reforçar o caixa da matriz
italiana e criar atrações sem ter produtos novos — hoje, tempos, recursos,
talentos, totalmente dedicados aos produtos a ser feitos no condomínio
industrial em implantação em Goiana, PE.
Sem produtos novos, a Fiat mostrará o Linea 2014 ½.
Mudanças na dianteira, interior, painel — e motorização contida no 1,8.
Maior novidade, mudança de posicionamento do mercado.
Deixará de apontar para o Honda Civic — sem chances pela menor distância entre
eixos. E focará sobre outro Honda, menor, o City. Dimensões atualmente
assemelhadas. Neste, 4,40 m
em comprimento e 2,55 m
entre eixos, mas a próxima geração, a surgir até o final do ano, a medida
crescerá 6 cm.
No Fiat, respectivos 4,56 m
e 2,60 m.
A alteração deve reduzir preço. O City, motor 1.600 cm³, 115 cv, câmbio
automático de cinco marchas, topo da lista, sugeridos R$ 64.000. Versão
inicial, caixa manual, R$ 50.000.
Linea 2014 ½ será assim – como o modelo turco |
Renault Sandero
Mudanças prontas para renovar o modelo. Alterações usuais,
frente, traseira, grupos ópticos. Para contemporizar despede-se com a Série
Tweed. Em abril.
Lentoster, o fim
Indica o Hyundai Veloster. Linhas polêmicas, talvez
provindas de pesadelo em estudante não aprovado em vestibular de design.
Não é veloz, como sugere o nome e mentiam anúncios de lançamento atribuindo-lhe
140 cv de potência — tinha 122 cv. Agrada ao mundo funk, mas sem futuro na vida
real. Fim de importação anunciada por Antônio Maciel, presidente da
distribuidora CAOA, executivo provado e festejado, hábil em fazer limonadas.
Importação parou.
Corolla, careta
Na alternância de liderar vendas no segmento, a Toyota, em
segundo lugar, quer assumir a frente do Honda Civic com o novo Corolla.
Perdeu a ocasião de impor ritmo no setor, ao optar pelo
modelo europeu, desenho morno, sem personalidade, sugerindo simbiose entre
Hyundai e Honda Accord. Versão EUA, marcante, tem mais estilo, coragem,
atrevimento. Logo pós Carnaval.
Pimenta
Fiat importará versão Abarth do
500. Atrevido, estrutura mecânica — freios, direção, suspensão — adequada ao desempenho
obtido no combinar veículo leve com 160 cv, gerados pelo motor T-Jet 1,4, o
1.400-cm³ turbo. Câmbio Aisin. Abril. (não é mineira, e Aisin num é fio do
Aí, dono de ficina grande.)
Fords
Três novidades básicas: Ka Concept hatch e sedan,
em maio e julho. E jipe Troller totalmente mudado, desenvolvido sobre
plataforma de picape Ranger. Início de produção em abril e vendas em julho.
Bons
resultados e próximos carros da Renault
Balanço mundial da Renault e início do fim do ciclo “Mude
a Direção”, mostra surpresa: superou o fluxo de caixa acumulado,
entesourando € 2,5B. Cresceu a internacionalização vendendo 50% de sua produção
fora da Europa — em 2010 eram 38%. Brasil é seu segundo mercado, Rússia
terceiro.
Metas para 2017 – faturar € 50B; margem operacional de 5%;
fluxo de caixa livre positivo a cada ano. Resultados atestam foco acertado,
incluindo produtos: o novo Clio — três gerações à frente do aqui vendido —,
número 1 da França e 3º. na Europa; pequeno utilitário esportivo Captur, mais
vendido na França e 1º. no segmento na Europa. E cumpriu a promessa de ser bom
partícipe do mercado de carros elétricos.
De produtos, sucessores para a van Espace;
Scénic; Mégane, todos em plataformas a servir à Renault e à Nissan. Na América
Latina, o SUV Captur; carro menor, de entrada — no espaço do
Clio —; picape sobre o Duster — aqui anunciado antecipadamente. E picape
concorrente à Toyota HiLux, GM S10, Ford Ranger, VW Amarok — um Nissan Frontier
com cara Renault. Na Europa, pretensões: ser segunda mais vendida, fazer
submarca Dacia liderar sua classe.
Roda-a-Roda
Mais – Em projeto de crescer nas vendas mundiais, e tendo os EUA como
escada necessária, Hyundai anunciou criar nova marca de luxo. Motor dianteiro e
tração traseira, concorrendo com BMW, Mercedes, Cadillac ATS.
Idem – Como Hyundai novo utilitário esportivo, pequeno, abaixo
do Tucson — no Brasil dito i35 —, concorrente de Honda Vezel — aqui antecipado
mundialmente, será o EcoSport da Honda, sobre plataforma do novo Honda Fit.
Fundo – Montevidéu é o cenário utilizado para as tomadas do divertido
filme de apresentação do up!
Como cá – Ante a consciência da incapacidade da estrutura oficial em
remover toda a neve entupindo ruas e impedindo circulação, a população dos EUA
quer colaborar. Nova geração do picape F-150 terá opcional para remover até 220 kg de neve em cada
arrastada.
Dúvidas – A adesão da chinesa Donfeng e do estado francês ao leque de
acionistas da PSA Peugeot Citroën, em finalização, preocupa segmentos da
economia francesa. Alegam, os freios estatais tendem a imobilizar a companhia.
Além do governo francês, o chinês controla a Dongfeng.
Questão – Balanço da AvtoVAZ, maior fabricante russo, registra perda de
US$ 196M e queda de vendas em 19%. Com a união Renault-Nissan assumindo o
controle, haverá o nunca visto em empresa quando estatal: 2.500 demissões.
Evidência – Início de vendas da sino-uruguaia Geely no Brasil
faz-se por pequena rede, maioria dividindo espaços nas revendas Volvo.
Opção - A Geely é dona da marca sueca, automóveis, e a postura alivia
os concessionários. Sem fábrica no Brasil os Volvo sofrem imposição de
adicionais 30% de impostos, declinando vendas, nublando o futuro.
Gato – Quem não tem cão, caça com gato. Sem rede de
postos de combustível, francesa Total criou a Troca de Óleo Rápida. Opera em
centros automotivos e, na troca, conferem 15 itens dos veículos. Líquidos,
palhetas do limpador de pára-brisa e extintor.
Visão – Patrocínio de escola de samba não é novidade. Mas a Nissan
inovou em seu apoio à carioca e famosa Salgueiro. Quer mesclar e trocar
conhecimentos de design, projeto, logística, entre a preparação de
uma Escola e de um automóvel.
Identidade - Levou carnavalescos à área de projetos, na
Califórnia, e trouxe de lá designers para se enturmar na
escola de samba. Diz, todos têm a ganhar. Quatro filmetes no
A Nissan, aquecendo a produção, quer ser a maior japonesa
no país.
Solução? – Francisco Nicolas Lopes Filho, engenheirando de produção
da Faculdade Anhangüera, criou vaporizador elétrico para combustível. Diz capaz
de reduzir consumo e emissões em números fantásticos — entre 20% e 30%. Permite
o aumento da taxa de compressão a 20:1, otimizando o ciclo, resultados,
cilindrada e volume do motor. Em processo de patenteamento.
Ocasião – Presidente do Sest/Senat, senador Clésio Andrade mandou
desenvolver projeto para formar 50 mil novos motoristas para caminhões e
ônibus. Inclui despesas para obter a Carteira Nacional de Habilitação. A jovens
com renda familiar de até três salários mínimos. Mais? www.sestsenat.org.br ou
pelo 0800 728 2891.
Antigos – Mais divertido, familiar e nivelado evento antigomobilístico,
o Pé Na Tábua — o piso dos carros antigos era em madeira ... —
realizado em Franca, SP, último final de semana, reuniu recordistas 65
automóveis e motocicletas. Uma alegria, dois dos veículos — Fords T 1909 e 1913
— tinham mais de um século ...
Tri – Tricampeão mundial de Fórmula 1, Nélson Piquet, sempre
focado, preparou-se para vencer, e o fez pela terceira vez a bordo em baquet Lincoln
de 1927. Conduz com elegância aos concorrentes, sem disparar na frente. Tentar
bater Piquet provoca grandes preparações e desenvolvimentos de tecnologia por
outros concorrentes.
Família – Mais novo Piquet nas pistas, Pedro Estácio, 15, foi de Ford
Roadster e motor Ford V-8. Ganhou na categoria Modificados —
em tempo melhor ao do pai tricampeão: 37s29,100s x 39s42,100s no circuito de 1.400 m.
Pedro, mais jovem dos Piquet, recordista no Pé na Tábua |
Devagar – Equipe Uai, de Uberaba, vitoriou na prova da Marcha
Lenta – anti-corrida, ganha o mais lento para percorrer 100 m. No caso, 1min18s — uns
4,6 km/h.
Gente - Adriano Resende, marqueteiro, mais trabalho. OOOO
Além de diretor da marca Jeep para a América Latina, será diretor de marketing
do Chrysler Group do Brasil. OOOO Negócios de Chrysler, todos
sabem, é com sua controladora integral, a Fiat. E lá se trabalha — muito. OOOO Carlos Tavares, português,
executivo, desafio — grande, enorme. OOOO Deixou
a segunda posição na rentável Renault e assume a primeira na crítica PSA
Peugeot Citroën. OOOO Deve localizar e
comandar o porto de vitória, cruzando mar proceloso entre o vermelho atual, a
sociedade com direito estatal da Dongfeng chinesa e o governo francês, e
empréstimos bancários. OOOO A
PSA tem bons produtos, bons planos e precisa de bom comandante para chegar a
bom porto. OOOO Tavares
nasceu em Lisboa, correu em automóveis, formou-se na França, fala quatro
idiomas, conduziu a Renault e a Nissan nos EUA. OOOO Dizem
velhos conhecidos que ele, como vitoriosos navegadores e conquistadores
portugueses, em caso de dúvida tomam ares na corrente fria e úmida do Cabo da
Roca, o ponto mais ocidental da Europa. OOOO
Cabral e Vasco da Gama turbinavam-se assim. OOOO Camões
dizia ser o ponto onde acabava a terra e começava o mar — nada como visão
poética. Netuno certamente diria o contrário. OOOO Imagem proposital, Tavares tem oceanos de
problemas e desafios à frente. OOOO Sucesso, ó pá. Que o novo emprego lhe seja porreiro. OOOO
RN
A coluna "De carro por aí" é de total responsabilidade do seu autor e não reflete necessariamente a opinião do AUTOentusiastas.
Que bons ventos tragam o Alfa 4C para "terras-brasilis"..
ResponderExcluirHá uma pontinha de esperança.
Sr. Nasser really true gentleman !
Ah, então eu não sou o único a achar que esse "Lentoster" também é muito do "feioster".
ResponderExcluirEssa ideia de vaporizar o combustível é antiga, isso é roubo de idéia. A diferença que o vaporizador do Francisco Nicolas Lopes Filho é elétrico.
ResponderExcluirOs verdadeiros inventores da ideia estão no link abaixo.
http://www.redetec.org.br/inventabrasil/malcpre.htm
TT
Lembrei "na hora" deste artigo.
ExcluirQue resolvam logo qualquer "pendenga" tecnológica e jurídica, e que esta tecnologia logo torne-se realidade a ser utilizada pelo mercado.
Eu ainda não entendi os testes do 4c, existe intensão de importar oficialmente o modelo 2.0 pra cá?
ResponderExcluirO 4C tem um motor de 1750cc turbo
ExcluirAparentemente existe a intencao de importar
O carro seria uma especie de referencia em padrao e imagem para o grupo Fiat.