Lendo um excelente livro emprestado por meu amigo JJ esta semana (“Life is a Highway” – A Vida é Uma Estrada, uma coletânea de grandes textos sobre automóvel), achei um ótimo exemplo de algo que sempre tive para mim como uma verdade absoluta. E esta é o fato de que tudo que se vale a pena saber está escrito em algum lugar.
O exemplo foi dado pelo grande Peter Brock, um hot-rodder californiano que trabalhou como desenhista nos famosos estúdios de Design da GM no final dos anos 50, e ficou famoso depois por ser o desenhista responsável pelo Shelby Cobra Daytona. Se você não conhece a história deste carro, recomendo um texto em português escrito por um amigo, que pode ser acessado clicando aqui.
O Cobra Daytona sempre me fascinou, primeiro porque é um exemplo claro e irrefutável de como a aerodinâmica influencia o desempenho de um carro. O Cobra roadster, equipado com o V-8 Ford de bloco pequeno e 289 pol³ (4.735 cm³), chegava à velocidade máxima ao redor de 230 km/h. Mudando apenas a carroceria, Brock fez o carro atingir 300 km/h!
Mas isso não seria importante se não soubéssemos que o jovem Brock, sem ajuda de túneis de vento ou experiência anterior neste tipo de coisa, desenhou e criou o carro sozinho. E no seu primeiro teste, já mostrou a que veio, alcançando velocidades muito maiores que as do roadster, e ainda assim consumindo menos combustível. Como ele fez isso? Sorte? Ou era Brock um gênio autodidata?
Que ele tinha um dom genial para o desenho de automóveis, eu não tenho dúvida, mas no livro do JJ ele explica de onde teve ajuda. Nas palavras dele:
“Quando trabalhava na GM eu lia muito. A GM tem uma incrível biblioteca, mas fica quase sempre vazia, parecendo uma tumba. Eu passava muito tempo lá, lendo tudo que podia. Certa vez, encontrei um livro de Reinhard Von König-Faschenfeld, um discípulo de Wunibald Kamm, o grande teórico em aerodinâmica alemão. O livro era na língua alemã, e eu não falo alemão, mas eu pude entender os diagramas e fórmulas. Matemática é uma língua universal, afinal de contas. O que eu fiz no Cobra cupê foi usar essas fórmulas à risca. Funcionou perfeitamente...”
MAO
leitura é o que falta nesse país, o pessoal que fazer as coisa só vendo videos de youtube .
ResponderExcluirMAO,
ResponderExcluirFascinante! De 230 para 300, tamanho ganho justificado somente pela aerodinâmica! Caramba! (tendo em vista que o roadster não é nenhuma Sprinter). Será mesmo?
Ééé Boniek, é a tal inclusão digital... Youtube, redes sociais e nada mais!
Sds
Ler, ler e ler. Sempre!
ResponderExcluirA leitura é o berço do saber como dizia minha avó! rs
ResponderExcluirDemais de interessante. Está tudo pronto, só precisamos mesmo achar onde está escrito.
ResponderExcluirHaaa, Eu sou fissurado, maluco por tudo no mundo dos carros ! Suas historias, seus modelos, suas tradições, suas evoluções, seus personagens, suas sortes e seus azares, seus dados técnicos e principalmente e o que mais gosto, de seus desempenhos nas pistas, que para mim nada tem mais valor e seja mais importante que suas evoluções e glorias nas competições, onde lá sim se prova que o carro é um Carro de verdade, e seu piloto, um homem de verdade, com colhões de verdade.
ResponderExcluirCarro tem que ter historia e tem que ter alma, e a leitura um portal dimensional direto a qualquer coisa que existe, e até o que não existe.
Nada melhor que uma boa historia.
Para quem se interessar, seguem duas sugestões de leituras:
ResponderExcluir- "Battle for the Beetle", de Karl Ludvigsen: há muitos livros sobre a história do Volkswagen, mas este e' um dos melhores que conheço.
- "Karmann-Ghia: o design que virou história", de Paulo Cesar Sandler: trabalho primoroso e com muito estilo do dr. Sandler - leitura interessante e agradável sobre um carro memorável.
Lendo a História completa através do link, a gente percebe o quanto o automibilismo daquelas épocas douradas era bem mais empolgante do que hoje em dia.
ResponderExcluirÉpocas de grandes gênios desbravadores...
Eu acredito que que a aerodinamica tenha feito tanta diferença sim.
ResponderExcluirUm dia, alguem aqui no blog, postou sobre um programa que simula (com um nivel de precisão absurda) o desempenho de um carro. Depois de apanhar pra arrumar os dados do meu carro, descobrir o coeficiente aerodinamico, descobrir que eu deveria somar ao peso do carro o meu proprio peso mais o da gasolina no tanque, o programa acertou todos os tempos, de aceleração e velocidade final.
Nesse mesmo programa tem um grafíco que mostra quanta potencia o carro gasta em razão a sua velocidade.
Pasmem, a 190Km/H meu carro, de 106 cv, gasta 80 cv somente com o esforço aerodinamico.
Oque sobra da potencia se divide entre caixa de marchas, pneus e outros atritos.
Aerodinamica faz mais diferença do que 99.999% das pessoas imaginam.
A diferença do produto CX pela área para chegar a tal velocidade teria de ser 60% mais ou menos.
ResponderExcluirConsiderando a aproximação quadrática e desconsiderando a relação da caixa de marchas apropriadas para a velocidade além de desconsiderar os efeitos de sustentação positiva ou negativa.
E bem falam que leitura, conhecimento, é a base de tudo...:)
ResponderExcluirGrande exemplo de como essa máxima é real :D
Sandro
ResponderExcluirEsse "The battle for the Beetle", do Ludvigsen, é mesmo um livro fabuloso. Que outros leitores o comprem. Os livros da Alaúde Editorial sobre automóvel são também excelentes.
A força de um livro, pode ser ateh inconteste, mas a da leitura eh incontestável. No farto universo da literatura automotiva, tbm tem lugar importantíssimo para auto-entusiastas, as revistas, principalmente as d'época. Cumprimentos pq inculcar o ato de ler, como aguça o oportuno título desse post, soh soma.
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