O primeiro carro exposto no museu é o primeiro carro da Toyota, o modelo AA. Será que alguém adivinha qual é o segundo?
Réplica do Benz Patent Motorwagen, de 1886, no Museu Toyota. Note, na traseira, o grande volante do motor horizontal. Era rodado à mão para dar partida |
Isso mesmo! O primeiro automóvel da história, ou o primeiro carro movido a motor, patenteado por Karl Benz (1844-1929) em 29 de janeiro de 1886. Há 125 anos!
Naquela época existiam muitos projetos de motor a combustão de dois e quatro tempos que estavam em pleno desenvolvimento. Karl Benz trabalhava tanto no desenvolvimento do "carro" quanto do motor. Ao mesmo tempo o inventor Nikolaus August Otto também patenteava os princípios do que conhecemos por ciclo Otto de quatro tempos.
Outros personagens dessa história que também desenvolviam motores foram Gottlieb Daimler (1934-1900) e Wilhelm Maybach (1846-1929). Seus motores, na época não conhecidos por Karl Benz, eram tecnicamente superiores.
Entretanto, foi Benz que conseguiu dar um importante passo à frente unindo um motor que funcionasse sem problemas a um carro que fosse propelido por esse motor, ambos desenvolvidos por ele, levando-o assim a ter o título de inventor do automóvel. E esse título é usado com ênfase, o que não é para menos, pela Mercedes-Benz.
Primeira página da patente com a data de 29 de janeiro de 1886 |
Benz Patent Motorwagen, primeiro conjunto funcional de motor e chassi ou automóvel |
É claro que essa história é riquíssima e merece ser contada com mais detalhes. São muitos personagens e um emaranhado de detalhes até a consolidação da empresa e marca Mercedes-Benz.
Mas acho interessante contar mais uma curiosidade dessa história. Uma parte que já li para minha filha dormir quando ela tinha uns cinco anos de idade. E acho que agora, que ela está com10 anos, vou ler de novo.
É óbvio de se imaginar que o nome Mercedes tenha vindo de uma mulher. Mas na verdade veio de uma garota de 10 anos. Mercedes era a filha de Emil Jellinek, um comerciante natural de Leipzig, na ex-Alemanha Oriental, mas que se estabeleceu em Nice, na França. O nome Mercedes, espanhol, era sinônimo de sorte para ele. No entanto o curioso é que Mercedes era nome carinhoso dado pelos pais, pois seu nome era Adriana Manuela Ramona Jellinek.
Mercedes Jellinek, sorte para o pai Emil |
Jellinek era um autoentusiasta e nos anos 1890 conheceu a Daimler, que já fabricava carros. Se tornou revendedor da marca em Nice. Porém, decepcionado com a velocidade máxima de 25 km/h o comerciante queria carros mais velozes, que ultrapassassem 40 km/h. E assim insistiu para que Gottlieb Daimler e o engenheiro Wilheim Maybach melhorassem seus motores.
Mas a dupla relutou dizendo que era impossível ou irresponsável. Porém Jellinek não deu o braço a torcer: "Não me quebrem a cabeça, construam motores mais potentes, façam o que quiserem, é coisa de vocês. Estou encomendando quatro carros e pagarei por eles; o assunto dos 40 km/h é problema meu, vocês não correm risco algum". Então ele recebeu os quatro carros e comunicou: "Vocês estavam enganados ao protestar; eu dirigi a 42 km/h! O carro não se desintegrou e nem eu me volatilizei".
Jellinek e seu Daimler Phoenix, antes de ser chamado de Mercedes |
Mas Mercedes, a filha, não teve muita sorte na vida. Morreu aos 39 anos de câncer ósseo.
Entre o início do século e a década de 20 tem mais uma parte importante dessa história que culminou com a criação da marca Mercedes-Benz em 1926 com a fusão das empresas de Benz e Daimler. Mas fica para outro post.
PK
Nota: Se eu não falasse o Bob com certeza o faria. Apesar de Mercedes ser um nome de mulher os carros Mercedes, como todos, são masculinos. Não tem coisa mais chata que escutar alguém falando "a Mercedes".
Muito legal o post...
ResponderExcluirMas ligando o famoso"chato mode on".
É correto dizer "o mercedes" quando estivermos falando do carro, certo?
Mas também é correto falar " a mercedes" quando estivermos nos referindo à marca, né?
Ou não é?!
PK,
ResponderExcluirBelo post. De fato o início de tudo.
Há ainda outra personagem importante nessa história que faria a primeira "ação de marketing" da empresa.
Bertha Benz - que viria a se casar com Karl Benz - o conheceu justamente pelo interesse no que o até então "inventor" estava planejando.
Ela de família rica decidiu investir no projeto e na manufatura/construção dos primeiros protótipos. No entanto havia uma certa decepção de Karl pois seu projeto pronto era pouco entendido.
Então, contrariando leis e costumes de época, que Bertha Benz decidiu visitar sua mãe regularmente, acompanhada de dois filhos adolescentes. A cena tão provocadora de uma "máquina qualquer" dirigida por uma mulher com família foi despertando o interesse das famílias rurais da época e aos poucos convencendo os benefícios e confortos do novo veículo automotorizado.
Ela fez o trajeto entre Pforzheim e Mannheim no sudoeste alemão (aprox. 100km) em poucas horas por várias vezes para mostrar a utilidade e o quão fácil era operar a nova máquina, ao ponto de uma "do lar" conseguir fazer esse trajeto sem maiores problemas.
Isso havia feito com que Karl Benz retornasse à idéia com força e então o projeto seguisse adiante - já com os primeiros possíveis compradores.
"A Puma", "a Fusca", "a Sinca"; soa muito brega, mas paraas peruas só consigo falar "a Kombi", "a Brasília", "a Belina", "a Caravan" etc..
ResponderExcluirRenato
Pior!!! Quero matar quando falam "A Opala". A???? A??? Deveria ser crime hediondo chamar o opalão de "A"...
ResponderExcluirJuro por Deus que já vi pessoas falando "a Uno" (inclusive uma vez escrito num comentário deste blog), bem como "a Kangoo".
ResponderExcluirSobre o post, ainda bem que existiram essas pessoas geniais e um tanto corajosas. Deve ser realmente empolgante desenvolver algo absolutamente novo - e desacreditado por muita gente da época.
Nikolaus Otto obteve sua patente em 1867. Gottlieb Daimler e Wilhelm Maybach sempre trabalharam juntos; Maybach era o verdadeiro criador mas a capacidade empresarial competia a Daimler. Nenhum dos dois era engenheiro, tinham apenas um curso técnico de mecânica geral. Aliás a maioria dos pioneiros do automóvel carecia de curso superior (Benz,Porsche, Ford, Olds, Renault etc) Emil Jellinek era austríaco, de uma importante família de financistas e intelectuais judeus (na época a nacionalidade era atribuida pela origem paterna e não pelo local de nascimento). Ele dedicou-se a inúmeros negócios, principalmente na África do Norte onde se casou com uma sefaradí. Como este grupo étnico é de origem ibérica, sua filha recebeu o nome de Mercedes (alem dos outros citados). Com seu tino promocional ,ele tornou-se o maior revendedor da Daimler, daí a importância de suas opiniões frente à direção da fábrica. Sem o estímulo de Jellinek, Maybach não teria desenvolvido o Mercedes de 1901, sem dúvida o primeiro automóvel como o conhecemos hoje, abandonando a tecnologia das carruagens motorizadas. AGB
ResponderExcluirAnônimo 7/2 10:54
ResponderExcluirCertamente. O (carro) Mercedes, a (fábrica) Mercedes. O mesmo com Ferrari.
Renato
ResponderExcluirCorreto. A (camioneta) Kombi, a (camioneta) Belina, a (caminhonete) S-10 etc.
"A Uno"? Só se for na Itália, lugar que a macchina é substantivo feminino.
ResponderExcluirPor falar nisto...
http://www.caras.com.br/edicoes/787/textos/ao-compor-do-latim-componere-juntar-com-harmonia-versos-ritmos-e-rimas-cheios/
PK,
ResponderExcluirImagine a minha emoção ao ver lado a lado o Benz e o Daimler num museu em Buenos Aires. Foi um dos dias mais felizes da minha vida.
No Rio eles tem essa mania infeliz de chamar carro pelo feminino. A Uno, a isso, a aquilo....
ResponderExcluirO cagÁgile, a Monstrana, o Monzatech...
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