Já ensinei bastante gente a dirigir. Muito disso se deve a eu ter morado por quase trinta anos na fazenda, e nessa, com toda a segurança que aquele espaço oferece, ficava fácil colocar a molecada pra guiar. Irmã, primos, filhas, sobrinhos, amigos das filhas, peão, filho de peão – quem passava por lá, e não soubesse guiar, eu acabava ensinando.
O bugue Glaspac: com meu tio Roberto |
Cuidei de ensiná-la frear suave, pois tinha medo que numa freada ela metesse a cara no volante – e isso foi fácil, já que o bugue não tem servo-freio. Quando depois de umas voltas vi que tudo ia sob controle, pulei fora. E lá foi ela acelerando devagarinho em 1a marcha e fazendo curvas pra lá e pra cá, emocionada, com medo e êxtase misturados no seu “voo solo”. No começo corri atrás, pra garantir mesmo, até que vi que tudo ia muito bem e parei, só olhando. Depois, como ela não conseguiria apertar o pedal de embreagem, pulei de volta pra dentro e fiz a coisa parar direito.
É claro que houve um preparatório. Há anos que ela e as duas irmãs guiavam direto no meu colo. Há anos que também guiavam um mini-bugue todo estropiado, mini-bugue em que metiam coisa de umas seis crianças amontoadas, fora um ou dois cachorros, e saíam fazenda afora, fazendo curvas onde saíam crianças e cachorros rolando pelas laterais. Criança de fazenda é assim mesmo, graças a Deus, vivem se esfolando.
Com minhas filhas no colo eu só pegava no volante em último caso. E isso desde bem novinhas, tendo uns três ou quatro anos, por aí, pequenas mesmo. Minhas mãos iam por baixo. Uma ficava espalmando o plexo da filha, para o caso de eu ter que frear, enquanto que a outra mão ficava aberta ao redor do aro do volante, onde bastava eu a fechar para ter o volante agarrado. O carro – claro que devagar – ia indo em direção a uma árvore. Minha mulher se arrepiava “Naldo! Olha aí! Você não faz nada! Olha a árvore! Tá maluco?” e eu frio, deixava que fosse, para que minha filha sentisse que a coisa dependia dela mesma, que tinha que ser ela a reagir e não eu, e eu só assumia nas últimas, pra que desse um frio na barriguinha delas.
E elas se viravam, e muito melhor do que a maioria dos adultos pensa.
Estou convicto de que devemos ensinar nossos filhos a guiar o mais cedo possível. E não é só ensinar o basicão e boa. Devemos estar sempre dando dicas, como até hoje faço, mesmo elas tendo mais de vinte anos. São infinitas as dicas, para quem gosta de aprender, e continuo aprendendo.
Devemos ensinar cedo. Primeiro, porque as crianças adoram e é uma diversão ótima, além de uma conquista. Segundo, porque as coisas que aprendemos quando jovens são as mais bem aprendidas. Terceiro, porque sempre procurei fazer com elas um monte de pequenas loucuras que elas inevitavelmente iriam fazer, comigo ou “sem migo”, então é melhor comigo, pois assim elas se satisfariam e teriam segurança, além de aprender a fazer as loucurinhas com segurança e sem bancar o trouxa que se estrepa. Quarto, porque prefiro a mim a ensinar, a deixar que um instrutor de auto-escola o faça (todos aqui sabem que qualquer débil mental obtém a licença neste país).
Fazendo assim, quando atingirem a idade de tirar a habilitação, imediatamente sairão guiando nos trinques.
Honda 750 Four: meus primos na "minha" moto |
Tive alguns amigos cujos pais eram uns que se diziam certinhos e só deixaram que meus amigos guiassem “quando fizessem 18 anos, com o instrutor, a pessoa habilitada para instruir a guiar”. Qual o quê! Pra mim, não ensinaram seus filhos por preguiça. A consequência é que esses tais amigos nunca guiaram bem, nunca guiaram de “forma natural”. Assim é também com qualquer esporte: os bons mesmo aprenderam quando novinhos, quando o cérebro parece uma esponja pra absorver ensinamentos.
Uma esponja, sim, absorvendo ensinamentos, que podem ser bons ou ruins, portanto, ensine direito, não lhes crie vícios errados.
Ensine que quem está dirigindo é o responsável final pela segurança e conforto de quem vai a bordo, além, é claro, da segurança dos que o circundam.
Ensine que nossa obrigação é dar tranquilidade aos passageiros.
Ensine que se um deles se sente inseguro por achar que ele está correndo muito, que ele tenha paciência e trate de maneirar, desde que andar mais devagar não implique em piora da segurança, como ocorre em alguns casos.
Ensine que se acharem que ele anda colado demais nos carros da frente, que ele pode crer que anda colado mesmo, que distancie. Que ele trate de guiar macio. Que ele trate de guiar tranquilo, seguro do que faz – que não passe insegurança, mesmo que a situação do momento seja para tanto.
Ensine que ele antes de correr deve se certificar de que quem vai com ele também está mesmo a fim.
Ensine que não deve se arriscar com crianças a bordo, nunca.
Ensine que se ele quiser arriscar o pescoço, que ele arrisque só o dele e o de mais ninguém.
Ensine que ele não deve ficar mostrando que “é um puta piloto”, e que o mais provável que ele vai provocar é pânico em vez de admiração. Respeito é bom e todos agradecem.
Ensine e ensine, porque também somos responsáveis pelo que nos omitimos de fazer.
AK,
ResponderExcluirTambém já ensinei varios amigos e amigas a dirigir, no meu pequeno ford KA. Pra mim é tipo um hobby! =)
AK
ResponderExcluirBeleza de post, tava fazendo falta por aqui. Esse no guidão da "sete-galo", por acaso é o PK?
Francisco,
ResponderExcluirNão é o PK não. Ele era tão feio que ninguém da família o fotografava. Esse aí é o Kiko.
Paulo Keller, você disse tudo que se devia ensinar à todos que tentam dirigir pela primeira vez. Aliás, você me ensinou novamente, algo que eu já sabia mas andava meio esquecido. Pessoas seguras do correto e de si, não precisam provar nada. Muito obrigado pelo excelente post.
ResponderExcluirRenan Veronezzi
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ResponderExcluirÓtimo, Arnaldo. Belo texto. Aprendi a dirigir aos 11, também numa fazenda, no santana que tínhamos. No ano seguinte, foi a vez das motos. Sinceramente, acho que foi um dos melhores presentes que meus pais podiam me dar. Lembro-me com riqueza de detalhes da paisagem começando a mover em volta do capozão do carro, e a singela XL 125 puxando com gosto. E nisso já se passaram 25 anos...
ResponderExcluirCuriosamente, quando comento a idade que comecei a dirigir, as pessoas acham uma grande irresponsabilidade de meus pais. Tem hora que acho que nossa sociedade caminha a passos largos para uma imbecilização em massa. Eu acho que isso de só encostar no carro depois dos 18 é tirar um dos grandes prazeres da vida do cabra.
Mas, Arnaldo, dirigindo nas ruas desde os 16, já fiz muita caca quando novo, infelizmente. Ninguem nunca se machucou, mas tiveram situações que se batesse, até a minha foto na parede de casa cairia! Pelo menos em BH, nos idos de 90, como era comum a molecada pegar o carro e baixar o pé...
Ah, já ia me esquecendo. Comprei seu livro, mas quem o está curtindo de verdade mesmo é minha mulher! Parabens pela escrita!
Grande abraço
Lucas crf
Meu pai me ensinou a dirigir em uma época em que o trânsito não era tão intenso e com tantos "manetas" e motoboys na rua. Mas "ensinar a dirigir" hoje em dia deve ser em um lugar seguro, não nas ruas, no meio do trânsito, lembremos que existem leis e que estas devem ser respeitadas.
ResponderExcluirCuidado q logo logo a turma do "politicamente correto" vai aparecer aki e dizer q é crime previsto no CTB permitir q um menor de idade dirija.
ResponderExcluirVide os comentários no tópico sobre "Pegas" escrito pelo Bitu.
Tucanaram o AE....rss.
Não tenho vergonha em admitir que aprendi a dirigir com minha mãe, e não com meu pai, que nunca teve paciência para isso, mas fez questão que eu aprendesse num Fusca.
ResponderExcluirAndávamos em estradas vicinais desertas dos canaviais perto de nossa chácara. Depois de algumas aulas, pegava o carro também com meu irmão mais velho. No começo eu tinha mania de fazer tangência nas curvas e ele sempre repetia que não estávamos num circuito de corrida, portanto tínhamos que ficar na nossa faixa.
O lado ruim de chegar na auto-escola sabendo dirigir, é que o delegado percebe seu traquejo. Fui reprovado por causa disso: ele inventou que não dei seta para começar a prova, depois de perguntar se eu já guiava. No mesmo dia ele aprovou uma menina que deixou o carro morrer na prova de rampa...
Não tem problema. 15 dias depois fui aprovado e, na primeira noite dirigindo o carro sozinho, enfrentei chuvas torrenciais numa estrada esburacada e tirei de letra. Detalhe: hoje dou seta até para sair da garagem.
Ainda não tenho filhos, mas farei questão de ensinar eles a guiar, além de fazê-los apreciar Beatles e torcer pelo Palestra.
Anônimo xingador,
ResponderExcluirBurro sou eu, que não sei como tirar seu comentário estúpido a respeito de outro leitor.
Pisca,
ResponderExcluirnas minhas terras mando eu e o meu gerente Carlão. Se aparecer um politicamente correto, tipo Luciano Huck, pra me dar lição de moral, boto pra correr com meu cachorro Tigrão lhe mordendo os fundilhos.
AK,
ResponderExcluirNão vai reclamar que eu tô rasgando seda, heim! Porque não é!
Que baita texto gostoso de ler, heim! Sem contar o quanto agregou pra mim!
Afinal, não vai demorar muito, uma hora dessas eu também contribuo com a perpetuação da espécie... hehehe... Tô pegando coragem!
Eu, como o Lucas, fiz muita cáca quando moleque, acredito que por falta de informação e graças a Deus passei por esta fase ileso e sem lesar ninguém também. Bom, ABC paulista, dispensa comentários, né?
Lucas,
Moto eu não manjo até hoje, mas a primeira que guiei também foi XLinha, em Bragança Paulista, uma delícia aprender naquelas ladeiras, emoção à flor da pele... hehehe
Abs
O que tem a ver lembrar de política numa maravilha de post como este?
ResponderExcluirPisca, perdeu a chance...
Show, AK, meu pai me passou os ensinamentos do volante desde cedo também.
ResponderExcluirMe lembro ainda que no estacionamento do Mineirão, aos domingos, havia uma parte que ficava dedicada a aluguel de mini-bugue para a molecada. Meu pai deixava eu guiar algumas vezes, mas eu sempre fazia um ritual diferente da molecada:
Quando meu tempo acabava, eu fazia questão de parar o bugue, colocar marcha-ré e guardá-lo ao lado da barraca de aluguel. Os outros moleques só pulavam fora do bugue e iam direto no pai pedir mais 15 minutos.
JT, também enfrentei uma situação sinistra, com chuva e caminhões na Régis com a carta quentinha, tinha acabado de ser impressa... hehehe
ResponderExcluirAgora, Palestra JT? Só falta alguém pregar aqui...
Pô! Ajuda aê pessoal!
Abs
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ResponderExcluirEi Fabio, ia pro Cabeça Branca?...rs
ResponderExcluirMais pra Kennedy... rs
ResponderExcluirMas só pra assistir, isso ainda molecote e vc?
Aprendi com 11, também na fazenda, a bordo de uma D-20 diesel azul..
ResponderExcluirUm funcionário precisava jogar peças para a cerca ao longo da estrada de acesso. Meu pai perguntou: quer tocar?
Pulei pro banco do motorista e saí, continuando na primeira em marcha lenta pra que o rapaz lá jogasse as peças.
Quando terminou, aumentei um pouco a velocidade e fui até 2ª ou 3ª até em casa, não me recordo. O mais difícil era calcular a distância pro canto direito da caminonete.
Ao chegar não continha minha felicidade ao contar pra minha mãe, que depois também foi deixando eu dirigir quando tinha uns 14, 15. Isso ajudou muito na hora de tirar habilitação.
Agora é minha vez de ensinar. Peguei minha namorada e fui explicando o que é e como funciona embreagem, como acelerar e frear gradualmente.. 10 minutos depois ela já conseguia operar a pickup.
Faltam mais pais que fazem como os nossos, pois confiar só nas auto-escolas (que ensinam a passar na prova, não a dirigir) estaremos fritos
Viu Arnaldo?
ResponderExcluirBem q te avisei....rss.
Ah fui conhecer SBC só mais agora. Moro mais próximo de SCS.Fui no Cabeça poucas vezes, barbarizava na vila mesmo... Duro de admitir. Mas hoje to mais calminho. Não to velho, mas acalmei.
ResponderExcluirViu Arnaldo?
ResponderExcluirO Pisca bem que te avisou!!!
....Ótimo post!!
parabéns
Onde vamos parar? Esse site vai acabar sendo denunciado ao Ministério Publico.
ResponderExcluirUm dia fazem apologia aos pegas e rachas, no outro estimulam pais a ensinarem os filhos menores de idade e não-habilitados a dirigir!!
Escandalo!!! Chamem a Polícia!!!(ironic mode on)
É, Fábio, o pensamento dominante era outro, era muito na base do `não vai acontecer nada...`. Mas de vez quando acontecia. E casos feios não faltam.
ResponderExcluirA Xiselinha é mesmo uma delícia...
Abraço
Lucas crf
Muito bacana, também aprendi a dirigir numa fazenda, e acho muito legal!
ResponderExcluirSó não pode fazer como uns doidos que querem dar aula no meio de SP!! rs
O tipo de post que eu gostaria de assinar: divertido, emocionante e de uma profundidade e conhecimento ímpar!
ResponderExcluirConcordo com tudo amigo Arnaldo; quanto mais cedo aprender as delícias e mistérios da direção, tanto melhor! A gurizada se diverte, você coloca eles no colo e vai apontando a direção, e eles vão se virando bem, virando o volante com toda a força dos bracinhos, aprendendo a direção a tomar, a desviar dos obstáculos (não, não são gente..são plantas, arbustos...etc) e tendo as primeiras noções espaciais a bordo de um veículo.
O bom da coisa é - mesmo adultos e encardidos de tanto dirigir - continuar aprendendo sempre e sempre!
abraço
Arnaldo, realmente me desculpe. O único nome que eu associo sem dificuldade ao colunista é o do Bob Sharp. Fora essa gafe aqui, eu sempre trocava (não troco mais, graças a Deus) o nome de dois gerentes da firma onde eu trabalho, talvez eu precise tomar umas latinhas de WD-40. E reforço o que disse no comentário anterior: Belo texto!
ResponderExcluirRenan Veronezzi
Com essa onda de CAMBIOS AUTOMÁTICOS e assemelhados, em duas gerações essa "gurizada" não vai mais saber pra que serve um pedal de embreagem.....Tal como nos EUA.
ResponderExcluirTambém comecei a "guiar" apenas na direção. Depois assumi só o câmbio (no banco do passageiro e meu pai dirigindo). Muito depois assumi "geral", com família e bagagem no Monza Classic 91.
ResponderExcluirApesar de saber apreciar o que um carro pode oferecer, aprendi que preciso ser responsável, acima de tudo, e que minha vida vale mais que qualquer prazer. Já guiei carros velozes e motos muito potentes, mas nunca me deixei levar "pela carne".
AK, parabéns pelo texto.
Diego de Sousa
aprender a dirigir com alguém da família é a melhor opção.
ResponderExcluircolocar a criançada o quanto antes no kart tb é excelente.
Excelente texto. Também aprendi cedo, no sítio, aos dez anos numa Rural com 4x4, reduzida, jogo no volante e o escambau...
ResponderExcluirE meu pai/instrutor pensava como vc: "Dentro das minhas divisas mando eu e quem achar ruim vai se entender com a cartucheira..."
Parabéns pelo post.
He he he...
ResponderExcluirEu sou normal, então. Desde bem cedo que boto minha filha no colo para dirigir, ou no banco do acompanhante trocando marcha. Pedaleira, só com o carro parado por enquanto. Ela ainda leva na brincadeira. Isso em Moema/Campo Belo. Já tomei multa, até. Mas prefiro assim. Dia desses um sujeito nos fechou (vá lá, eu não tô "certo"), parou o carro e falou um monte. Aproveitei para ensinar a menina a nunca responder provocação no trânsito.
Irineu
Renan,
ResponderExcluirque bobagem! Não há o que desculpar. Na boa. Também sou péssimo pra guardar nomes e passo apuros por isso.
Irineu,
ResponderExcluirMuito normal você não é não. Essa de criança guiar na rua é encrenca, parece perigoso. Veja lá. Se o seu carro tiver air-bag é perigosíssimo.
Irineu,
ResponderExcluirO mané quis te dar lição de moral?
Diego,
Nunca deixou "se levar pela carne"?
Conhece aquela?
"Não bebo, não fumo, não transo..."
Sds
Ah, sim
ResponderExcluirMeu pai fez a mesma coisa comigo. Mas era outro tempo e não tinha tanto nó cego na rua. Aos 10/11 já dava jeito de pegar um carro na garagem para dar umas voltas nas ruas então tranquilas. Aos 12/13 já engatava a primeira seca na dupla embreagem com aceleração intermitente ao comando do Aero 64. Mas a finesse quem ensinou foi o vô Renato.
Irineu
Bem lembrado AK, taí mais um motivo pra não ter air bag no carro... rsrsrs...
ResponderExcluirArnaldo,
ResponderExcluirNão tem air bag. Nenhum carro meu tem air bag. A gente não passa de 35 km/h. E mesmo que tivesse, seria muito difícil de acionar porque a velocidade de impacto ia ser baixa. Um pé no acelerador e outro no freio, à lá kart. Sempre.
Não se preocupe que sei muito bem o que estou fazendo e como fazê-lo.
Fabio,
Quis sim. Mas não respondí (queria muito pela forma como o cara nos fechou, mas não fiz isso). Em seguida expliquei para a menina que jamais se deve responder a qualquer provocação no trânsito. Aproveitei o espanto dela. Acho que isso ficou bem fixado.
Irineu
O Alan disse aí em cima que é excelente botar as crianças para andar de kart.
ResponderExcluirAté é, desde que se alugue pista e a criançada ande sozinha, sem mais ninguém.
Em bateria de indoor aberta não tem como. Tivemos (eu e amigos) experiências não muito boas com nossas crianças (as maiorzinhas, de 12 até 15 anos).
Se não sou eu a andar na paquera delas, tinham tomado panca.
Kart para criança tem só em alguns poucos lugares com equipamento adequado e equiparação de experiência (das crianças).
Irineu
Ahhh com certeza fixou e esta lição é importantíssima.
ResponderExcluirMeu avô não dirigia e meu pai também não me ensinou nada na prática, mas alguns conselhos que ele me deu enquanto dirigia, a maioria sobre responsabilidade ao volante, ficaram bem guardados.
A prática foi "roubando" o carro em casa, desde os 12 anos, eu pedia a chave do carro para minha mãe, falava que só ía tirar o carro para lavar, nessas fui aumentando o percurso aos poucos, com 14 anos já estava rodando em SBC, em SCS... Minha mãe sabia que não conseguiria conter a minha vontade de dirigir por muito tempo.
Já era maluco por carros quando ainda não sabia falar... hehehe...
Sds
Se chega a acontecer um acidente comigo e o "motorista" do outro carro for um menor....quero ver o pai dele ser "o machão"....em área particular cada um faz o que quer e dá uma de macho, mas na rua...a história é outra.
ResponderExcluirAprendi com 15 anos pois meu pai me ensinou, mas hoje vejo que é um risco desnecessário.
Arnaldo, a descrição que você nos dá de como é guiar bem é exatamente o que meu avô me falou até pouquíssimo antes de falecer.
ResponderExcluirQuando comecei a dirigir no colo dele, por volta dos 4 anos também, ele fazia exatamente o mesmo que você em relação à objetos que se aproximavam demasiado do veículo(no caso, uma F1000 da década de 80).
Aos 11, era comum ver o desespero da minha mãe e do meu pai, que só se conformaram de me ver ao volante depois dos 13, quando eu saía com a caminhonete carregada de picadeiras, roçadeiras, motosserras, bombas-dágua, motores Tobatta e muitos outros e ia fazer a entrega delas nas fazendas dos clientes do meu avô.
Época boa que não volta. Saudades do meu avô, cada segundo mais.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirFabio, quando tinha um ano e seis meses, de acordo com minha mãe, eu reconhecia 14 modelos de veículos diferentes, mesmo eles estando em movimento. "Dôrrei", em referência ao Ford Del Rey que meu avô tinha, foi a quinta palavra de meu vocabulário. Risos.
ResponderExcluirLoucura pouca é bobagem.
AK, vou contar uma coisa aqui bastante inusitada...
ResponderExcluirNo alto dos meus 10-12 anos, meu pai comprou o primeiro carro. Um Niva. E a garagem do nosso prédio (bem) antigo, era bem simples. Os carros ficavam no fundo e havia cerca de 20m de reta até o portão da rua. Tudo plano.
Meu pai empurrava o carro para eu ir dirigindo até o portão. Depois comecei a manobrar (e ele empurrando!) até o dia que ele me ensinou a fazer tudo usando o motor. A regra era sair só na embreagem.
Bem, imagine a disposição do velho pai de empurrar um niva para o filho dirigir. rs :´)
E a regra dele sempre foi dirigir com suavidade, coisa que pratico até hoje.
Pena que o trabalho e o transito atual o deixe tão nervoso que ele tenha perdido toda essa calma que ele me passou há 12 anos atrás e esteja dirigindo muito ofensivamente na ânsia de chegar sempre "em primeiro".
Agora está sendo minha vez de acalmá-lo e lhe passar os valores que ele me ensinou. Não é facil.
Eduardo,
ResponderExcluirNa minha família meu primo mais novo que é lembrado por reconhecer os carros ainda muito pequeno, não sei precisar a idade.
Sou lembrado por ficar com a cabeça entre os bancos, repetindo... "Atrapassa pai, atrapassa!" hahaha
Solicitação essa que quase nunca foi atendida.
Atrapassa! Curti muito essa. Hehehehe. Eu adorava quando meu pai ia comigo ao campo de aviação daqui da cidade, quando ainda era aberto, e fazia manobras mil com o Kadett GS dourado que ele tinha. Pena que ele ficou tiozão quando começou a andar de sedan do ano. Eu tinha uns 3 anos.
ResponderExcluirNessa idade eu tinha um Mercedes amarelo movido à pedal. Pelo que me lembro, meu avô comprava pneus plásticos com enorme frequencia para meu bólido. Cavalos de pau no quintal e no meio da praça se repetiam durante toda a tarde, numa sequencia interminável de expressões positivas ditas em altíssimo e bom som.
Caio Ferrari,
ResponderExcluirpor favor, envie meus cumprimentos ao seu pai. O Niva é pesado pacas pra empurrar. O seu pai é paizão dos bons.
E sobre guiar agressivamente: olha, este fim de semana, indo pro Litoral Norte com a estrada cheia, comentei com minha mulher que acabo dirigindo mais rápido com estrada cheia, certamente porque me enche a paciência as manezadas, gente que não poderia estar pegando uma estrada, gente que roda na Rio-Santos a 50 ou 60 km/h e torram a paciência de uma fila enorme de carros. Eles vão devegarzinho porque têm medo e têm medo porque não sabem o que estão fazendo, não têm treino, jeito, lucidez, etc. Essa gente é perigo ambulante.
Só sei que, quando pego estrada vazia, viajo tranquilo e sem correr.
Conclusão: consegui meter na minha cabeça que não vou mais me enervar nessas situações, pois elas certamente tendem a ser cada vez mais constantes. Passei a maneirar mais, principalmente pra fazer da viagem uma coisa mais agradável para todos.
Fabio,
ResponderExcluirdepois dessa proponho que vc passe a assinar Fabio Atrapassa.
Essa foi demais! hahah!
Gostei. Também boto meu moleque de 3 anos no colo desde os 11 meses. Penso que aprender cedo e com responsabilidade, como meu pai me ensinou à partir dos 8 anos, forma um bom motorista. Concordo plenamente com seu pensamento sobre suas filhas saberem o que o picareta ao volante está fazendo de errado ou certo.
ResponderExcluirArnaldo, excelente texto.
ResponderExcluirAprendi cedo tbem,9 ou 10 anos, na variantona da familia com o meu pai ensinando.
O lugar variava, nas ferias de verão era lá na Ilha Comprida (SP), guiando pela praia deserta. Mas o mais frequente era em Artur Nogueira (perto de Holambra-SP), onde minha vó morava.
Boas lembranças...
Abs,
Roberto.
Eduardo,
ResponderExcluirNa rua de casa, a molecada tinha aqueles buguinhos de fibra com pneus de plástico também. A maioria com o tempo destruiu a carenagem e restou somente aquela estrutura metálica onde improvisávamos um assento com um pedaço de madeira. O carrinho ficava praticamente um kartzinho.
Aquilo era um barato, teve uma época que a principal diversão da molecada era descer a rua "tirando racha"... hehehehe... E eram vários!
AK, Fábio Atrapassa? Será? rs*
Bom, melhor atrapassar do que ser atrapassado... hahaha
Abs
Aprendi cedo tbm... Dirigi muitos tipos de veículos....
ResponderExcluirTrator, caminhões, carros...
De tudo o que aprendi, digo uma coisa: Para aprender Bem é necessário não criar vícios e ter uma dificuldade!
No Trator que meu pai tinha, não tinha freio e escapavam as marchas, então era olho vivo direto hehehe
em um fusca, os pedais "caíam", onde era preciso levantar eles com as pontas dos pés para poder embrear ou frear o carro... fora a caixa de marchas que nunca engatava a segunda marcha eheheh
caminhão com caixa seca, que tive que aprender a fazer marcha em 2 tempos....
Hoje vejo gente só aprendendo a dirigir com 18 anos, pra tirar a carteira mesmo e que tem medo de arrancar com um carro moderno em subida.....
Arnaldo.
ResponderExcluirLegal o post. Vc está cheio de razão quando fala sobre aprender cedo, é muito melhor. As pessoas que conheço e que aprenderam a dirigir adultos, alguns com mais de vinte anos, dificilmente se tornam bons motoristas; dirigem sempre tensos, agarrados ao volante e demoram para tomar as decisões que o trânsito exige.
Não aprendi na fazenda, mas em uma cidade do interior e com um jipe Willys, aos doze anos.
A primeira vez que dirigi foi em fazenda tbm.
ResponderExcluirAcho legal aprender a dirigir desde pequeno, desde que tenha um espaço apropriado. Na rua, é importante lembrar, não tem apenas o perigo de você fazer alguma coisa errada, sempre tem os outros que podem bater em vc. Imagina uma criança no seu colo, e alguém bate com velocidade na sua traseira. Nada bom, né?
Eu também aprendi a dirigir com uns 7 ou 8 anos... Numa praia do RS, deserta no inicio dos anos 90, dava pra andar no opala 75 3 marchas que ele tinha na época... Nunca me esqueço dos socos que eu dei com a embreagem no inicio, e ele só dizia vai com calma e não precisa acelerar que o carro anda... hehehe
ResponderExcluirEra muito divertido. Esse mes faço 10 anos de habilitado, com um acidente não causado por mim e uma vulta por andar a 90 por hora na BR-116 onde a velocidade em Esteio-RS é de 80... E olha que ja fiz muita merda nesses 10 anos.
Mas nunca vi transito tão ruim quanto o de BH, onde moro hoje, parece que todo mundo quer tirar vantagem, como se dirige mal por aqui... Saudades do transito de Porto Alegre, que eu achava muito ruim até conhecer o transito daqui...
AK, muito bom o post mesmo, entro todos os dias aqui esperando ler alguma coisa legal como voces todos postam sempre.
Abraço!
Felipe Sentinger
Excelente post, Arnaldo! Eu já dirijo desde uns 7-8 anos [claro, no colo do meu pai]...a primeira vez que assumi o volante estando apenas eu no banco do motorista foi aos 15 e mesmo assim foi em um local vazio e bem aberto. 1 ano depois, aos 16, eu comecei a guiar mais...aos 17 eu já andava aos montes dentro do condomínio.
ResponderExcluirTirar a carteira foi OK :)
Concordo com tudo o que vc disse e acrescento: a idade que importa não é aquela desde que nascemos, mas a mentalidade que temos...não adianta o cara ter 30 anos de CNH se é inconsequente, irresponsável, etc.
Valeu pelo post :)
Rodrigo
meus filhos mais velhos aprenderam primeiro a manobrar na garagem do prédio. Pra frente, de ré, observando o espelho e não virando a cabeça pra trás. depois o garoto, mais atirado que a irmã começou a dar escapadas meio (será?) inocentes , mas na fazenda eu os soltava com a pickup. Certa vez, deixei o garoto levar da sede até a estrada (7km) e ele ia parando qdo eu disse, vai indo e fiz o garoto dirigie quase 150 km em estrada de chão, ruim de doer. Aprendeu a enfrentar buraco, barro, costela de vaca, ultrapassar quem ia bem mais lento. É um motorista bem cuidadoso e prudente. A menina também aprendeu a reconhecer um bração e mais de uma vez, dispensou possivel pretendente pois dizia que o tal queria era aparecer aprontando pelo transito. O 3. filho nunca foi chegado em automóvel, apesar de habilitado. Só se sente seguro qdo vai pros states e aluga uma van (brrrrrrrrrrrrrrrr) automatica. Por aqui é carona ou busão.Fazer o que? e a rapa do tacho vai mais de kart toda equipada pois não existem mais lugares para a boa prática do ensinamento. A mãe, vez em quando ainda dá uma facilitada pois também sabe ensinar, já que aprendeu com 12 anos num jipe. Eu comecei minhas proezas com uns 15. Bons tempos.
ResponderExcluirArnaldo, esse é o grande mal em saber dirigir e gostar de dirigir. É horrível quando você quer andar numa boa numa pista e tem um roda presa na sua frente, daqueles que inexplicavelmente freiam durante varios pontos de um trajeto.
ResponderExcluirJá andei atrás de vários desses, que andam a 40km/h numa rua de 50-60 e ainda por cima, freiam para fazer curvas de raio enorme. Tem horas que enche mesmo. Mas temos que manter a paciência.
Meu velho ficou com monitor de pressão a uns tempos atrás durante 48hs. Os picos em sua pressão arterial foi justamente quando ele estava dirigindo.
Prejudicar a saúde desse jeito, não pode não.
Aprendi a dirigir no colo do meu pai, rodando em praias do litoral paulista. Mais política e ecológicamente incorreto, impossível. O carro era um Buick 1951, e na época eu devia ter uns nove, dez anos.
ResponderExcluirFora isso, meu pai me deixava tirar o Buicão da garagem e estacioná-lo na frente de casa, o que não era moleza (literalmente) dada a ausência de direção hidráulica.
Lembro que uma das minhas preocupações era a de que, por ter aprendido num carro automático, eu teria dificuldades na hora de guiar um carro mecânico. Mas é claro que isso não aconteceu. Moleque aprende rápido...
Caramba! O que vi de piloto aqui que aprendeu a dirigir com 6, 7 anos ou até menos...
ResponderExcluirVocês começaram a transar com quantos anos?? 9? 10?
Hoje em dia está cada vez mais difícil ensinar a dirigir mais cedo, os pais ensinando os filhos, e mais difícil encontrar bons motoristas que tem capacidad de ensinar e não estragar, visto que a molecada é desmiolada por natureza, então tem que ter as manhas pra não criar um monstro.
ResponderExcluirMeu pai não me ensinou a dirigir, porém me deu um grande apoio enquanto eu fazia as aulas práticas, ele sempre arrumava um tempo pra gente dar umas voltas de carro pelo bairro, pra eu treinar mais e pegar algumas manhas que o instrutor não fazia muita questão de explicar. Se não fosse ele hoje eu seria um péssimo motorista, certeza.
Hoje em dia tá difícil até encontrar pais com vontade de ensinar coisas básicas para os filhos - eles delegam as escolinhas e babás, imagine então educar a consciência no trânsito.
Delícia de texto Arnaldo! Como a maioria aqui, me identifiquei muito com ele.
ResponderExcluirCom 6 anos já andava de moto e aos 10 dominava o Fusquinha da fazenda, onde também dirigi uma D20 e um pequeno caminhão Agrale.
Antes disso lembro de dirigir só no volante no colo de meu pai. Um verdadeiro entusiasta de quem herdei a paixão por tudo que tem motores.
Ele chegou a comprar um chassi DKW na fábrica e montar o carro peça por peça. Anos mais tarde construiu nada menos que um avião com com as próprias mãos.
A quem o criticasse por colocar os filhos para digirir tão cedo tinha a resposta pronta: "Essa é a idade de se aprender as coisas. Quando tirar carta e cair no Mundo não vai ver a menor graça em se exibir ou fazer malabarismos nas ruas."
E ele tem razão.
Minha primeira vez foi aos 11 anos, dirigindo um fusca verde abacate caindo aos pedaços em segunda marcha por uns 2 quilômetros de estrada tortuosa e cascalhada... lembro das minhas mãos suadas, os olhos vidrados, a paisagem passando em câmera lenta, e a tremedeira depois...
ResponderExcluirArnaldo, valeu por me lembrar, foi uma das melhores experiências que já tive (ou talvez a melhor).
Oooolha! Acho que peguei a vizinha com uns 8... hahahaha
ResponderExcluirAss: Transadorzão
A prova que o moleque "pilota" desde os 11 meses: http://www.youtube.com/watch?v=OiMTvKEub9E
ResponderExcluirPrezados,
ResponderExcluirReli o meu próprio comentário e achei que soou um tanto estranho. Quero esclarecer que o relato refere-se exclusivamente à experiência de dirigir um automóvel pela primeira vez, sem nenhuma outra conotação.
Post muito legal, AK!
ResponderExcluirTive minhas primeiras lições de direção num Fusca, eu deveria ter uns 12 anos. Meu tio me deu umas orientações, mas ele não tinha muita paciência e me dava uns socos na perna de vez em quando, rs. Ainda assim, mesmo não praticando com frequência, os principios básicos me foram úteis na época de treinar pra valer para tirar a CNH.
E essa 750! Adoro essa moto, ainda mais assim, com o escape 4x4... Aliás, você tá devendo umas histórias do "Gato Preto" aqui no AE...
Abraço!
Marlos,
ResponderExcluirO Gato Preto era o pseudônimo do meu sogro, pra correr sem a família saber.
Uma hora eu conto, pode deixar.