google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014): Bill Egan
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foto: Paulo Keller/AE

Tudo começou com um e-mail do Bill Egan. O amigo e ex-colaborador deste blog estava maravilhado com o novo carro na sua garagem eclética: um vermelhíssimo Alfa Romeo Duetto 1300 Junior. Queria que a gente o experimentasse, queria conversar sobre ele, queria mais. Pensou até em voltar a escrever para o blog, algo que o incentivei a fazer veementemente. Um talento desperdiçado é um dos maiores pecados que se pode cometer usando roupas, afinal de contas.

Marcamos um dia então, um domingo de manhã em um posto de gasolina no caminho para minha casa, já fora de São Paulo para facilitar para mim, e tirar o trânsito do encontro. Andando por ali acabamos por encontrar, quase por acidente, uma estradinha maravilhosa: longa, mão dupla, vazia, cheia de curvas legais, e belíssima naquele dia de sol. Encontrar algo tão bom de andar tão perto de São Paulo já valeu o dia.

Um monte de amigos resolveu vir junto, o que tornou o encontro ainda mais legal. O Paulo Keller, renovando sua vontade de trabalhar no blog que ele mesmo fundou, apareceu com seu maquinário retratista para registrar tudo. Mas o que Egan não esperava era a horda de viaturas bávaras que apareceu para mudar totalmente o foco do negócio: eu obviamente fui com minha perua 328i de câmbio manual, porque ela é meu carro de uso diário, meu meio de transporte primário. O Rafael Tedesco também veio com o seu E36 de uso diário, um bem surradinho cupê 325i, também com o raro e desejável câmbio manual. Mas a estrela do passeio prometia ser outra: O M3 de primeira geração (E30) de nosso amigo e ex-colaborador VR.


Foto: Paulo Keller/AE

Subida de montanha, como conhecemos aqui. Trepada, ao sul do Rio Grande. Hillclimbing na ilha. Um esporte que fala de definir e vencer limites, e um dos mais antigos entre os esporte-motor. Não farei aqui um tratado sobre o tema, ou contarei sua história, ou a história de inúmeros specials construídos por inúmeros entusiastas para este propósito.

CLIMB ATTACK from Will Roegge on Vimeo.


Esse post é sobre algo mais. Sobre algo que nos move como entusiastas. Sobre algo que não sabemos explicar ao certo, mas está lá. Algo que um dia nos motivará a jogar as cartas do modo certo, para que um dia sejamos ao menos um espectador lá.

Climb dance from Mistnarwhal on Vimeo.


Esse post é na verdade para inspirar alguém, como um texto uma vez me inspirou, em juntar um dinheirinho e um dia ir conhecer um lago de sal. Não um lago de sal qualquer, mas sim, Bonneville Salt Flats. Esse post vai ao ar enquanto eu, o Milton Belli e mais um amigo estamos chegando em Wendover, Utah, a cidade mais próxima do trecho onde as tomadas de tempo e velocidade são feitas. Mas esse post não é sobre minha viagem atual. É sobre a próxima. E a próxima será para Pikes Peak. Or bust.
Aqui vai uma para o meu amigo Juvenal, com quem cruzo por aí às vezes no dia-a-dia, e ele nunca deixa de me cobrar um post, mesmo nesses tempos menos inspirados.
Enjoy!

Sete meses já, e prometi que faria de novo... bom, aí vão algumas, para colorir a mente insone e provocar a mente curiosa:

Não, não é uma garagem perdida no interior da Itália.

Fuselage look, huh?

Sempre adorei o centro de São Paulo. Em cada portaria, em cada fachada, uma surpresa.

Pit Stop para reabastecimento


Yeah, Evil. MOPAR RULEZ!

Nada excepcional nessas duas. Só gosto das cores delas.

Cores, velocidade, um pouco de ação. Eu preciso de uma dose. Rápido, para o Egan-móvel!
Não sei o ano do vídeo, nem quem o fez. Mas não havia CGI então. Enjoy!

Vocês com certeza não sabem disso, mas o nosso Egan é completa e irremediavelmente doente. É proprietário de muito mais veículos do que poderia manter, mas sempre consegue de alguma forma não só mantê-los, como também fazê-lo sem dispensar sua dieta diária de junk-food.

Como se não bastasse, passa todo tempo livre que consegue fuçando novas ofertas na net. Toda vez que acha algo interessante, me manda um link, esperando alguma simpatia desta alma também profundamente perturbada.

Na maioria das vezes esses links revolvem em torno ao lixo europeu cheio de carisma que todos amamos e que tanto apetece meu amigo abilolado: Alfas e qualquer coisa inglesa com alguma vocação esportiva.

Mas ontem me mandou algo que me deixou parado catatônico olhando a tela do micro:



Tudo é perfeito neste carro, o estado, o sofazão com a transmissão automática na coluna, o raro e infelizmente de vida curta seis-em-linha com comando no cabeçote da Pontiac. E esta carroceria é para mim uma das mais belas já criadas.

O Tempest com o seis em linha OHC foi uma tentativa da Pontiac de empurrar a filosofia do "Less is more" nos anos 60; o seis em linha fazia o carro suficientemente veloz, e mais leve, econômico e mais importante: mais equilibrado dinamicamente que os pesadíssimos V-8 então em voga.

Foi um completo fracasso por motivos óbvios: nos anos 60, quanto maior o V-8, melhor para as vendas e imagem do carro. O povo queria mesmo um "little GTO" , com um grande motor.

Mas este carro anunciado é de sonhar acordado: perfeito, inteiro, original, lindo de morrer, e por apenas 13.500 dólares... Algum colecionador com mais dinheiro do que eu quer fazer o favor de comprar isso? No ano em que morre a Pontiac, nada mais emblemático que comprar um Tempest OHC.

Sei que vou sonhar com ele por muito tempo ainda.



Para quem quiser ver o anúncio completo, siga este link: http://seattle.craigslist.org/see/cto/1235639567.html

MAO
Triste com o já esperado grande acontecimento do dia, não vou comentar; só dividir com vocês um vídeozinho que fez meu dia feliz. Enjoy!
Fonte: Jalopnik
Com o frio do inverno se aproximando, inevitavelmente reviramos nossos armários para achar aquela jaqueta quentinha para sair com nossos carros no final de semana; nesse processo, volta e meia vemos aquela blusa velha que já não usamos há tempos e pensamos que é hora de doar algumas roupas...
E que tal doá-las vendo um belo desfile de carros antigos?
Essa é parte da proposta da já famosa "Carreata da Solidariedade" de Moema, organizada por um amigo dos AUTOentusiastas, Alexandre Murad. Já na oitava edição, que ocorrerá no dia 31 de maio próximo, a concentração acontece na Al. Jauaperi, esquina com a Av. dos Eucaliptos, em frente à Igreja Nossa Senhora da Esperança, de onde os carros partem para duas carreatas distintas pelo bairro, uma seguindo pelo lado conhecido como "Pássaros", a outra, pelo lado conhecido como "Índios" da Av. Ibirapuera.
Os carros e os voluntários seguem pelas ruas colhendo doações, sejam entregues pelas pessoas nas ruas, pelos porteiros de prédios que já separaram suas doações, ou até mesmo jogadas pelas janela.
Se você tem um carro antigo, ou simplesmente quer ajudar, encontre-nos lá na concentração, a partir das 9h30 da manhã do dia 31 de maio; Se quiser fazer sua doação de roupas ou de alimentos não perecíveis, vá à concentração, ou nos aguarde pelas ruas do bairro. As entidades ajudadas agradecem.
Participe! Ajude! Leve calor humano a quem precisa!
Post revisto em 19/5/2009, com o panfleto referente ao ano de 2009 cedido pelos organizadores. Os AUTOentusiastas estarão lá. Tente ir você também!

Esse post não será mais uma lista dos 10 mais algo dentre os Pontiacs; nem um "Essa é sua vida" sobre a história dessa marca que nasceu como um modelo da Oakland.

Lembro da primeira vez que o vi, em toda a sua glória, calçando Firestone Redline Wide Ovals. Foi no Campo de Provas de Cruz Alta, da GMB, em Indaiatuba, SP, num evento do Chevrolet Clube do Brasil de Carros Antigos. Parei, respirei fundo, olhei-o de novo, esfreguei os olhos, chamei um amigo para ver. Não acreditava nos meus olhos.


Na segunda vez, um dia úmido, asfalto molhado, uma manhã de domingo no Clube da GM em São Caetano do Sul, noutro evento do "Clube do Chevrolet". Aquela cara de bravo, aquele jeito cool e blasé que poucos carros tem.


Um dia Egan Sr. chegou em casa dizendo que havia feito um negócio com o "Miúdo", que tinha a posse dele à época. Um jovem Bill, à época prestes a fazer 18 anos, teimou em não acreditar. Diriji-o ainda sem carta, trazendo-o do Tatuapé até a nossa casa, no Campo Belo, e me apaixonei. Sim, me apaixonei por algo tão não-feminino quanto um Pontiac GTO. 1965, vermelho, conversível, 389, 4-bbl, four-on-the-floor.


Consegui minha CNH, e o primeiro passeio foi com ele. Fui a Interlagos, onde dirigi pela primeira vez num circuito. O amigo Milton Belli estava lá, e se lembra. Bons anos de juventude, regados a Beach Boys, Jan & Dean, Surfaris e outros.



Sempre tive medo, pavor na verdade, de esticar a quarta marcha depois de deixar borracha no chão nas três marchas anteriores.

Fiquei muito triste quando Egan Sr. o vendeu, num negócio meio volumoso, onde recebeu 3 carros mais uma vultosa quantia de dinheiro à época. Ele não era perfeito, a funilaria era ruim, o interior precisava de carinho, mas ele era o meu GTO.

Em 20 anos nesse meio, tivemos Oldsmobiles (5), Chevrolets (10+), Fords (10+), Alfas (6), VWs (9), you name it. But of all those friends and lovers, there is no one compares with you.

Resquiat in Pace, Pontiac.

Com uma semana de atraso, cansado de protelar o momento de relatar aqui nosso passeio, decidi que era hora de falar sobre o Encontro Paulista de Autos Antigos. Mas sem apelar pro clichê e o jornalismo comum. Esse tipo de coisa você leitor encontra em qualquer outro lugar.

Fizemos um passeio legal, eu e o amigo MAO, saindo de São Paulo com o raiar do sol. A estrada tranquila e vazia, a capota aberta na montaria do dia (uma Alfa - sim, sempre elas - Spider, mas dessa vez uma 96, V-6.) e o Who tocando alto no rádio combinavam como poucas coisas na vida. MAO, velhinho que é, reclamou do frio boa parte da viagem, mas aproveitou o passeio, temendo por sua vida só no trecho final de serra entre Lindóia e Águas de Lindóia.

Chegando à cidade ainda dormindo, vazia, sem trânsito, tranquila, pudemos estacionar o carro numa boa vaga, atrás de um Chevette S/R que deixou MAO pirado. Depois de alguns minutos, seguimos para a praça, onde o mesmo de todos os anos nos aguardava. Nada de excepcional, nada de fenomenal, porém, nesse ano nada de situações ridículas como no ano passado. A média geral dos carros subiu, algumas peças interessantes, mas nada tão digno de nota assim.

Uma bela Corvette de primeira geração e a sombra de nosso intrépido colunista MAO



Como prometido, o troféu AUTOentusiastas para o veículo que mais gostaríamos de dirigir vai para o belo MG TC da foto abaixo, de um colecionador de São Paulo:



Criando um novo troféu, o do veículo que mais gostaríamos de levar para casa e chamar de "meu", vai para o inerentemente cool Chevy 56 abaixo:


Das negativas

Num evento já marcado pela falta de significado e ganância, o desse ano surpreendeu por não ter afundado ainda mais que o anterior. Ponto para a organização, ou para a sorte, ou para a crise, não sei. Só nos resta torcer para que ano que vem o evento talvez volte a ser o que era há 7 ou 8 anos. There´s always next year.
Ontem, na hora do almoço, fui buscar um carro para um amigo; ele mora em outro estado, e tendo comprado à distância um automóvel, não tinha como buscar o carro. Fui recebê-lo, e hoje ele está guardado na garagem secreta dos Egan. O carro? Uma Corvette 1972, amarela, targa.


Um sonho deveras comum é se imaginar num lugar rodeado de pessoas conhecidas, escola, faculdade, trabalho, que seja, porém nú. Posso dizer que ontem tive o equivalente automotivo desse sonho. Cruzar o trânsito da metrópole paulistana, cruzando favelas, bloqueios políciais, túneis, buraqueiras e etc.. a bordo de algo discreto como uma mulher na mais sexy e vulgar lingerie, falando as frases mais indecentes na voz mais alta possível, cruzando uma movimentada rua no centro paulistano é algo que incomoda um pouco. Posição de dirigir OK, peso dos comandos OK, motor meio desregulado, mas OK, mas meu deus, aqueles pára-lamas invadindo a vista, naquele tom de amarelo que queima as retinas... credo!
Um outro amigo contava um "causo" de que uma "amiga", que, tendo visto uma Corvette de terceira geração, como a 72 amarela de meu sonho (ou seria pesadelo?), exclamou: "Uau! Meio que me lembra meias-arrastão... que vulgar!"

Mas, como todo homem que se preze, não vou dizer que não gostei. A little kinky, sexy, in a sick, twisted way, but cool nonetheless.

E por que AMOR E SEXO? Porque ao guardá-la no esconderijo secreto dos Egan, eu precisava de um carro para vir para casa; escolhi a velha companheira Alfa Spider. Leve, ligeira, delicada. Um amor. Para apresentar aos pais. Para levar à missa no domingo. Para levar almoçar na casa da vó no domingo...

Hoje, depois da chuva feia do final de tarde, duas travas foram destravadas e do meu banquinho, travado no meio do trânsito paulistano, joguei o teto para trás e voilá! As estrelas me aguardavam me olhando lá de cima. Lovely. Just Lovely.
P.S.: Vale notar que, procurando fotos para ilustrar o texto, o Google devolveu como resultado da busca de fotos de Corvette 1972 uma mulherzinha bem vulgar em poses idem sobre uma Corvette. Logo, não sou só eu não...
P.S.2: Post devidamente corrigido pelo autor. Aos Pasquales de plantão, o autor recomenda Veríssimo.
P.S.3: Preaching to the wrong choir perhaps, mas aos cricas de plantão, LEIAM o texto. Eu gostei da Corvette. Gosto de Corvettes. Mas essa aí de terceira geração é vulgar demais. Não gostaria de ser pego morto numa. E o texto nem sobre a Corvette era!
Nos meus 20 anos de experiência no meio antigomobilista só posso dizer que acreditei realmente em duas verdades constantes: que automóveis gostam de estradas e que ninguém é realmente dono de um automóvel, sendo apenas seu portador durante algum período. Como todas boas regras, há exceções, automóveis notavelmente desconfortáveis numa estrada e automóveis que são nossos e ninguém realmente pode dizer o contrário.

No último final de semana a família Egan viajou a Curitiba para o casamento do filho de um amigo e para entregar a esse amigo um carro. A viagem não parecia fácil, pois o carro certamente não estaria confortável naquela situação de 400 km de estradas ora boas, ora ruins, que separam São Paulo de Curitiba. O carro? Um Jeep Willys 1964.
Sim, um inadequado Jeep, com seu inadequado Willys BF 161 F-head, com sua inadequada transmissão reduzida, suas inadequadas suspensões rígidas, seus inadequados pneus lameiros e tudo o mais que acompanha o projeto de um Jeep.
A viagem começou cedo, 6h30 da manhã de sábado, num ritmo confortável para as marginais de 60-70 km/h. Ao chegar à estrada, mesmo com a condição impecável do automóvel, não havia muito conforto em viajar muito mais rápido do que isso. O F-head ruge alto demais e há alguma preocupação em se manter regimes elevados em motores de projetos antigos e com muitos anos de bons serviços prestados.
Porém, ao longo da viagem, os inevitáveis revezamentos ao volante entre o carro-madrinha (um reles e desconfortável Corolla) e o Jeep acabaram por realçar grandes características e até um companheirismo impensável do bravo jeepinho. O motor passou a inspirar confiança para manter 80 km/h constantes, com esticadas até 90 km/h; força o suficiente para acelerar em subidas para realizar ultrapassagens; a folga da direção (de projeto - se vocês, leitores, vissem o carrinho, entenderiam o que digo - ele é 0-km, impecável, spotless, perfeito) já não depunha mais contra o carro e ajudava a tornar a condução menos nervosa e cansativa; as suspensões, aliadas aos pneus lameiros, mostraram inacreditável estabilidade para o conjunto, permitindo a tomada até que veloz das várias curvas próximas à divisa de estado.
Digo aqui, sem medo de reprovação, que me diverti, e muito, dirigindo o Jeep numa serra, mantendo velocidades incondizentes e indecentes para o longínquo ano de 1964, quando ele foi fabricado. É parte do prazer indescritível de dirigir um automóvel, qualquer que seja, em perfeitas condições mecânicas. Sem ruídos estranhos, folgas em buchas, sem nada que possa estragar o prazer de dirigir, a não ser o próprio projeto. As suspensões trabalhando suave e indequadamente, os pneus aceitando quase que sem reclamar dos excessos pedidos a eles, o motor se deixando levar pela empolgação, e tudo o mais. Indescritível, e necessário na vida de qualquer entusiasta por automóveis que se preze.
Meninos, ponham em suas wish lists fazer uma viagem dirigindo um veículo, por pior que seja, em suas perfeitas condições mecânicas.

Outra coisa para suas wish lists: viagens de despedida. Sim, essa viagem foi a última do Jeep, pelo menos durante sua estada em nossa posse. Acredito que alguns carros (aqueles que nos tocam de algum jeito, e provavelmente são tocados por nossas atitudes com relação a eles) sabem quando estão para serem vendidos, ou entregues; e nesses momentos se comportam de forma ainda mais surpreendente do que possível. Dirigir pela última vez algo tão "zero", novo, e impecável, em uma bela estrada, levando-o para sua nova morada, é algo realmente especial.

Viagens de despedida devem SEMPRE ser feitas. Quando nosso amigo PH vendeu seu Opala, fui junto na viagem de despedida, quando tirei a foto dele no mesmo local em que a foto de seu avô havia sido tirada 30 anos antes. Essas viagens coroam a estada do carro em nossa posse, tornando a sua memória ainda mais agradável.

Chegando em Curitiba, fomos direto à casa do amigo; amigo de longa data e que hoje tem em sua posse um carro que já esteve em nossas mãos. Um belo, raro, e incomum, por essas bandas, Plymouth Barracuda 1968, conversível. O colega de blog Alexandre Garcia, coisa de 4 ou 5 anos atrás cunhou um apelido para o Barracuda, que nunca abandonou nossas memórias: "Cudavéia", que deixou saudades entre nós, se pelo seu design clean, "fuselage look", classicamente Mopar do final dos anos 60, ou por sua suave combinação do silk-smooth slant 6 e sua transmissão Torque-Flite. Fato é que, ao chegar lá na casa do amigo, me deparo com o velho e saudoso Mopar completamente transformado.


O "Cudavéia" quando estava nas mãos da família Egan
Com o perdão do termo deveras pesado, o amigo estuprou a Cudavéia (ou deveria ser o Cudavéia? Estupraram o Cudavéia!!!), removendo o slant 6 e colocando um reles e comum 318 de um Dart nacional; pintou o carro de branco e revestiu os bancos de vermelho; vendeu o velho slant 6 e transformou aquilo que era um belo e preservado original em algo que qualquer um poderia ter feito ou pago alguém para fazer. Bom? Talvez sim. Mas longe daquilo que o carro um dia foi. Fiquei triste pelo velho companheiro de viagens memoráveis e pensei que nem cheguei a fazer uma viagem de despedida nele.

Ah, se arrependimento matasse...
Sem muitos comentários, visto no sambódromo dias atrás...
Mais uma vez, lembrando de O Radiador:



Nosso intrépido ogro do cerrado, sem mais ideia de onde colocar motores de 8 cilindros, parte para a apelação e resolve instalar um segundo motor no porta-malas. Na foto, o baixinho do cerrado é o facínora à esquerda, o homem ao volante ninguém menos que nosso impaciente piloto de plantão, Arnaldo Keller (em época de vacas e pilotos gordos), e o homem à direita, contemplando o polimento no contato das velas de ignição do motor traseiro e pensando que o material escolhido para o isolamento dos cabos de vela é o menos indicado, já que torna o sistema de ignição propenso a alguma teoria maluca, é nosso prolixo André em dias mais em forma.
No final de semana, aconteceu de novo. Minha sina me alcançou, por mais que eu a evitasse, viajando para um lugar ermo bem acompanhado. Perdido em alguma rua em Itatiaia, RJ, cruzei com mais uma Alfa GTV em busca de um dono. A namorada, já escolada, nem esperou eu pedir:"Pode ir lá ver o carro. Acho que tem um anúncio de vende-se na janela", e lá fui eu.

Prata, rodas de liga-leve, volante de 2300, vidros elétricos, e, segundo o anúncio, com direção hidráulica. Crap! Mexida demais, mas não custava nada ligar. Nada, a não ser o custo de uma ligação DDD de um celular fora de área + impostos. Caixa postal, deixei recado, e segui viagem, obviamente pensando em um donor car para a esquecida neguinha na garagem.

Chegando em São Paulo, o celular toca, um número com prefixo do RJ. Atendo, e obviamente, guio logo a conversa para o preço.

(Interrompo agora para deixar uma nota ligeriamente relacionada: alguém se lembra do Citroën AX GTi que encontrei tempos atrás num passeio de Alfa Spider? Aquele cujo dono ficou com um cartão meu, e disse que entraria em contato quando fosse vender o veículo? Pois é, ele me contatou, perguntando se ainda havia interesse, há cerca de uma semana. Respondi que sim, e ele não respondeu. Flertei com a idéia de um carrinho com a pintura faded com o preço FIPE equivalente ao que pagaria de seguro esse ano no daily-driver mais a franquia, caso eu necessitasse dos serviços, mas como não houve resposta, deixei para lá.)

O dono da Alfa prontamente respondeu, 45 mil reais. Na minha cabeça, pelo estado do carro, 10 mil era muito bem pago. Funilaria porca, nada de original... mas desconversei logo, e falei que nesse preço compraria um carro aqui em SP mesmo, agradecendo o retorno da ligação.

Hoje o dono do Citroën respondeu, 11 mil reais. Por um carro cuja tabela FIPE é 5500 reais, e que necessita de pintura!!! E por que escrevo aqui se achei tudo caro e não vou comprar nada?

Para agradecer, isso sim. Preciso mesmo guardar dinheiro, venho gastando muito. E nem um AX GTi barato, muito menos uma GTV barata poderiam me ajudar agora.

Amor. Estranhamente, esse sentimento nosso por automóveis, claramente compartilhado por leitores e colunistas do AUTOentusiastas, não é uma palavra muito escrita por aqui. Stranger still é o fato de que possamos amar algo que não nos ama de volta. Ou nos ama?

Já escrevi algumas palavras aqui do meu daily-driver. Não ligo muito para ele, é só um meio eficiente e confortável de chegar ao trabalho. Há um ano na minha garagem, acho que só calibrei os pneus umas 3 ou 4 vezes, não faço idéia de onde fica a vareta de óleo, lavo-o uma vez a cada 3 meses (calma, não sou tão porco, o interior é mantido limpo!) e a única coisa que faço para ele é alimentá-lo com boa gasolina. Nada entusiástico sobre ele.

Vejam, isso é uma resposta auto-condicionada minha. Já me apaixonei por daily-drivers antes. Bom, na verdade, tentei transformar paixões em daily-drivers. Custou caro. Dores de cabeça frequentes. Preocupações diversas e coisas e tal, mas can you blame me? Quem nunca raciocinou tentanto por lógica na idéia de usar um hot rod francês no dia-a-dia? Afinal, o que são 70 km diários de trânsito e uns buracos? Fato é que cresci, passei dessa fase, e comprei algo comum. Com alguns luxos e certo potencial (boa relação peso-potência, freio a disco nas 4 rodas, e coisa e tal...), mas algo comum. Ferchristsake, eu comprei-o de uma prima minha!!! Chick-car, I know. O que é uma coisa boa, eu não poderia querer inventar nada com algo comum assim.

Mas depois de um ano, aquilo que nunca foi uma paixão tornou-se um amor. Daqueles duráveis, estáveis, confortáveis. Viajei no final de semana, viagenzinha romântica, com a namorada, para um hotelzinho encravado no topo de uma montanha silenciosa no interior de MG, feita a dois, uma comemoração. Perfeito para ir com a Alfa, ou descolar um conversivelzinho. Mas fui com o daily-driver, para viajar bem tranquilo. De novo, nem calibrei os pneus. Enchi o tanque, o porta-malas e fui. Estradas perfeitas (Ayrton Senna, Dutra), estradas nem tão perfeitas (BR-354) e estrada inexistente (uma estradinha sem nome que cruza o Parque Nacional de Itatiaia). O final de semana perfeito foi coroado com a viagem de volta. Na busca de um atalho, confiei no GPS e segui pela estrada que cruza o Parque Nacional. Inacreditável. Asfalto quase inexistente, buracos imensos, pedras, lama, valas, tudo. E o danado lá, me levando e pedindo mais. Desisti a uns 2.200 m de altitude, quando as pedras se tornaram maiores que os pneus do carro e retornei, descendo uns 10 ou 15 km de estrada esburacada e sem calçamento, em alta (60+km/h) velocidade, num rallye pessoal.

Depois, voltando à BR-354, desci a deliciosa estrada como se não houvesse amanhã, without breaking a sweat. Turn-in imediato, frente colada, sem empurrar, traseira pendurando na medida certa, equilíbrio perfeito. Irregularidades na pista, mesmo em curvas, eram muito bem controladas. Feedback do volante perfeito, em sintonia com tudo. Perfeito. E para coroar, 6,8 l/100 km de consumo. E eu nunca fiz nada por ele. Nunca. Só gasolina. E troquei o óleo uma vez! Makes you think, esse carrinho deve ter algo de especial.

Sim, piegas. Mas acredito que pela primeira vez retribuo o amor de um carro, ao contrário de esperar por retribuição. E com um carro normal!


Será a alma que todo carro tem? Anyway, o ponto é: posso responder o comercial abaixo do belo Caddy CTS.



Sim, ele retribui.
Parodiando O Radiador, o tradicional jornalzinho do Veteran Car Club do Brasil do Rio de Janeiro:
Nosso intrépido Marco Antônio Oliveira, alterado emocionalmente por acusações anônimas de que é um retrógrado ultrapassado, resolve vestir suas luvas de couro de canguru selvagem da Austrália (que LJK recomendava como sendo as melhores) e partir à procura do acusador com seu multicarburado Opala (1 carburador no motor, 2 guardadinhos em suas caixas no porta-malas) e, em suas palavras, "fazer o maldito comer minha poeira retrógrada".

Em segundos a poeira levantava debaixo de seus diagonais Firestone Wide Ovals e nosso Marco sumia no horizonte! Pobre anônimo....
Nesses tempos de férias e distância do meio automotivo em geral, minha insaciável sede pelo saber automotivo foi preenchido por 3 sites que devem fazer parte do passeio diário pela rede de qualquer entusiasta que se preze.

1- Autoblog - notícias o tempo todo, quase um CNN online automotiva. Bom humor da equipe e obsessão por notícias. Pra manter-se atualizado em novidades, mas sem exagero.

2- Jalopnik - Bom humor, enquetes, projetos automotivos e notícias. Cobre de tudo, antigos, novos, aberrações e piadas do meio automotivo.

3- Hemmings Blog - Carros antigos e conhecimento, o tempo todo. Muito bom. Uma das coisas que te fazem pensar "Meu deus, eu queria fazer parte disso."

Indispensáveis. Enjoy.
Ok, não é o único. Mas é o que mais me anima nessa volta ao cotidiano pós-férias.

Vi no blog do Hemmings, no Autoblog, não deu pra evitar. Antigos leitores sabem que sonho com Spridgets, e não é segredo que faço planos mirabolantes para ter um Spritezinho, especialmente se for um MkI. Mas vamos ao assunto, inspirado na lista aí do Marco Antônio (na verdade, inspirado na discussão pré-post dele), preciso dizer pra vocês porque tenho esperança no futuro:

A British Motor Heritage Ltd. lá da ilha onde se bebe boa cerveja quente (afinal, a geladeira é Lucas!) estampa e fecha bodyshells completos de MGBs, MGB-GTs, Spridgets (pena que só MkII em diante, aparentemente) e Minis (esse é pro nosso leitor Gustavo - não deixem de checar o blog dele sobre Minis), perfeitos, de moldes originais, e com qualidade de 0km (ok, a BMC nunca fez nada direito, mas pelo menos essas carrocerias AINDA não começaram a enferrujar!).

English car worshippers of the world, rejoice! Pena que é meio caro, mas seria o project car perfeito. Imaginem só, desembrulhar uma carroceria completa e nova????

http://icarros.uol.com.br/noticias/mercado/deputado-quer-limitar-redesenhos-no-brasil/5492.html/

Unfuckingbelievable. Desculpem o termo, mas é verdade.

"O fabricante reserva o direito de fazer modificações sem aviso prévio". Precisa dizer mais? E coisas pra entender, né, aí embaixo tem gente reclamando que o Mille não muda. E tem gente reclamando que o Palio muda demais!

Será que não há nada de mais importante pra esse inútil ir atrás?

Ainda estou meio atrasado das férias, mas voltei. Desabafo aqui sobre essa baboseira, mas vou tentar postar o texto que tenho na mente (e não tá indo tão fácil assim pro computador) até o final de semana. Efeitos daquela preguiça típica de começo de ano, onde não nos esquecemos das férias nem de IPVAs e outras contas...