google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014): citroën
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Fotos: autor



O meu andar é erótico
Com movimentos atômicos
Sou um amante robótico
Com direito a replay

Eu sempre me considerei um fã dos carros da marca francesa Citroën. Como já contei aqui, a marca tem uma longa tradição de pensamento independente que sempre admirei. Sim, depois que se tornou parte menor da Peugeot, esse pensamento independente foi podado, ajustado e reduzido a um tamanho mais agradável a seus novos donos. Mas ainda assim existe uma vontade, um desejo de ser diferente que é claramente visível a todos. Algo muito louvável, principalmente hoje em dia, onde a originalidade fica mais rara, pela simples razão de que a evolução do estado da arte automobilístico torna tudo similar.

Me peguei pensando nisso ao dirigir um dos mais interessantes carros da marca hoje em dia: o DS3. Por uma dessas agradáveis coincidências da vida, pouco depois de comprar meu primeiro Citroën (um Berlingo verde), acabei fazendo um passeio com um DS3 novinho, numa estradinha belíssima, truncada, mas de pouquíssimo tráfego.  Para você que acabou de voltar de uma viagem de dez anos a Urano, e portanto não sabe o que é um Citroën DS3, sugiro ler os posts do Bob a respeito, clicando aqui e aqui.

Mas o que significa a sigla DS3? O prefixo DS, herdado do mais revolucionário veículo dessa empresa acostumada a revoluções (o DS19/20/21/23 de 1955 a 1975), é uma recente novidade na marca, uma sub-linha diferenciada e mais cara que a linha “normal” da marca, esta facilmente identificada pelo prefixo “C”. Existe então um Citroën C3, um quatro portas familiar normal, e um Citroën DS3, um duas-portas de acabamento superior, decoração esmerada, e mais potente. Uma idéia original, sem dúvida alguma, mesmo que a pífia utilização do prefixo DS tente uma ligação que não existe com um carro do passado. O DS original era um carro do futuro, visto de 1955, e os DS de hoje são apenas carros do presente, sem nenhuma pretensão de mudar em nada o estado da arte do automóvel atual.

Mas de qualquer forma, como já disse, é uma boa idéia para os de nosso credo. Sim, preferia a criação de um novo nome no lugar do uso profano de um ícone sagrado como o DS, mas, tudo bem. Se é para trazer alguma pimenta ao árido panorama dos carros produzidos em massa, que assim seja.
Fotos não creditadas: divulgação
Wikipedia


Esta lista apareceu naturalmente depois daquela da semana passada, a de Os 10 mais lendários motores de todos os tempos. Aquela lista era na verdade uma de motores que valem por eles mesmos, independentemente de onde estejam montados. Um carro equipado com qualquer um deles se torna imediatamente algo de interesse, não importando o quão ruim seja o resto dele. O oposto exato disso é esta lista, uma de carros que, mesmo com motores que não são lá grande coisa, ainda assim são interessantes e desejáveis.

Mesmo não sendo bons, os motores dos carros abaixo ainda assim são parte indelével de sua personalidade; intimamente ligados aos carros que movem, para o bem ou para o mal.

Talvez seja uma lista para provar que não existem verdades absolutas; um motor bom faz qualquer carro melhor, sim, mas não é condição imprescindível para a excelência.

A lista é só de coisa antiga, não de forma proposital, mas sim porque um motor ruim é algo do passado. Por mais que coçasse a cabeça tentando colocar algo moderno, nenhum motor moderno chega aos pés desses 10 aí embaixo... Até a Citroën, marca que tradicionalmente é emblemática deste tipo de carro, hoje usa motores desenvolvidos em conjunto com a BMW, que são simplesmente brilhantes.

E falando em Citroën, tive que limitar os modelos da marca a dois apenas, porque se poderia facilmente fazer uma lista apenas de Citroëns aqui. Antes de 1975, praticamente todo modelo da marca poderia entrar aqui. A exceção seria apenas o SM, que, claro, tinha motor Maserati.

Em ordem cronológica, são eles então:

Fotos: autor



Novembro, outono na Europa. Cai a temperatura, caem as folhas das árvores, cai muita chuva e caiu meu queixo também: um conversível para mim?. Sim. Na concessionária da marca em Milão, na Itália, o funcionário me entrega de um DS3 Cabrio 1.6 THP 155 com um risinho no canto da boca, observando minhas malas. Logo entendi. O pequeno Citroën não tem uma tampa de porta-malas real, é uma escotilha. Nem a pau a malona vermelha tamanho plus passará ali, e o jeito foi uma rápida aula grátis de jeitinho brasileiro ao “Giovanni” de plantão, embarcando a malvada pela porta do passageiro, rebatendo o encosto do banco traseiro.1x0 para mim.


Cabrio, tampa do porta-malas pequena

Mas, um conversível em novembro? Ah, se fosse julho, agosto ou até setembro, no reluzente verão italiano! O queixo também cairia só de me imaginar rodando, teto aberto, pela estradinhas que levam à elegante Porto Fino ou na costiera amalfitana, caçando herdeiras de Sofia Loren e Gina Lollobrigida em Positano ou alhures. Mas em novembro, a trabalho na cinzenta Milão, o teto ficaria eternamente fechado. Em vez de beldades, quem logo ocuparia os lugares restantes no carrinho seriam colegas de trabalho, o suíço Marc com seus dois metros e três dígitos de peso, Gabriel, o argentino, e Arthur, o lusitano, todos gente boa, mas a anos-luz das polpudas filhas do “bel paese” esteticamente falando.

Muito agradável. Por que não tê-lo no Brasil?



Uma das coisas mais legais de trabalhar neste blog é conviver com a turma que o faz. Este convívio pode ser eminentemente virtual, mas ainda assim é dos mais ricos. Um assunto sempre puxa outro, e os posts aparecem como uma conversa bem elaborada entre amigos que dedicam a vida em dissecar esta máquina hoje maldita chamada de automóvel. O leitor poderia imaginar que um dia acabariam os assuntos, mas depois de oito anos de conversas diárias, posso garantir que deste problema nunca vamos sofrer...


No final de semana, aconteceu de novo. Minha sina me alcançou, por mais que eu a evitasse, viajando para um lugar ermo bem acompanhado. Perdido em alguma rua em Itatiaia, RJ, cruzei com mais uma Alfa GTV em busca de um dono. A namorada, já escolada, nem esperou eu pedir:"Pode ir lá ver o carro. Acho que tem um anúncio de vende-se na janela", e lá fui eu.

Prata, rodas de liga-leve, volante de 2300, vidros elétricos, e, segundo o anúncio, com direção hidráulica. Crap! Mexida demais, mas não custava nada ligar. Nada, a não ser o custo de uma ligação DDD de um celular fora de área + impostos. Caixa postal, deixei recado, e segui viagem, obviamente pensando em um donor car para a esquecida neguinha na garagem.

Chegando em São Paulo, o celular toca, um número com prefixo do RJ. Atendo, e obviamente, guio logo a conversa para o preço.

(Interrompo agora para deixar uma nota ligeriamente relacionada: alguém se lembra do Citroën AX GTi que encontrei tempos atrás num passeio de Alfa Spider? Aquele cujo dono ficou com um cartão meu, e disse que entraria em contato quando fosse vender o veículo? Pois é, ele me contatou, perguntando se ainda havia interesse, há cerca de uma semana. Respondi que sim, e ele não respondeu. Flertei com a idéia de um carrinho com a pintura faded com o preço FIPE equivalente ao que pagaria de seguro esse ano no daily-driver mais a franquia, caso eu necessitasse dos serviços, mas como não houve resposta, deixei para lá.)

O dono da Alfa prontamente respondeu, 45 mil reais. Na minha cabeça, pelo estado do carro, 10 mil era muito bem pago. Funilaria porca, nada de original... mas desconversei logo, e falei que nesse preço compraria um carro aqui em SP mesmo, agradecendo o retorno da ligação.

Hoje o dono do Citroën respondeu, 11 mil reais. Por um carro cuja tabela FIPE é 5500 reais, e que necessita de pintura!!! E por que escrevo aqui se achei tudo caro e não vou comprar nada?

Para agradecer, isso sim. Preciso mesmo guardar dinheiro, venho gastando muito. E nem um AX GTi barato, muito menos uma GTV barata poderiam me ajudar agora.


Fui lá senhores, vi a Vespa, e pra alegria de alguns leitores, não vou comprar. Vespa, monocoque, 10 anos de praia, coisas que definitivamente não combinam. Mais barato comprar uma pronta, e mais rápido. Mas péralá, já é quase o preço do Citroën AX GTi... acho que vou mandar um e-mail pro dono daquele carro que encontrei tempos atrás...

Falando em Vespa, mais umas idéias de Vespa Custom podem ser encontrada uma aqui e a outra logo abaixo. Adorei o visual, devia se chamar "little one little indian".

foto surrupiada de algum site por aí, não deu pra remover o turista...
Talvez esse seja o final ideal para essa vontade de ter uma moto. Ela não passou, mas, como fazer a Storz XR1200, ou mesmo uma XR883 (claro que é só desculpa pra publicar mais umas fotos delas...) ficou bem caro por conta do dólar, é um sonho que foi um pouco adiado.







Quem sabe daqui uns 6 meses o dólar não cai e importo uma turnkey, prontinha, pra montar nela e ir até o inferno e voltar?

Sábado passado acordei de um modo que não acordava há tempos num sábado: sem programação nenhuma. Sem ter que comprar peças da Vespa, sem ter que levar a Alfa em algum lugar, sem ter que ir ver algum carro em algum bairro distante, nem nada disso. Sol forte, cabeça ainda centrada no passado, achei melhor dar uma volta. E what better way to do it do que num conversível, para limpar a mente?

Apelei à garagem de Egan Sr., onde ele guarda sua Alfa Spider 73. Capota aberta, tanque quase cheio, óleo de motor e circuitos hidráulicos (you never can tell, diria Chuck Berry) checados, saí pelas ruas da cidade, debaixo do sol forte. Pouco trânsito (fato cada vez mais incomum em São Paulo durante os sábados) pelas avenidas, atravessei a cidade, curtindo o passeio. Relembrei a primeira vez em que dirigi uma Spider como aquela, muito anos atrás, quando Egan Sr. tinha um carro idêntico. Eu tinha 10 anos de idade à época e, como presente de aniversário atrasado, meu pai dirigiu o carro até a Cidade Universitária e me deixou guiá-lo à vontade, "no lugar onde um dia eu estudaria". Pensando no assunto, me dei conta de que estava chegando à Cidade Universitária, então resolvi fazer ali meu passeio a esmo.

Rodei bastante pelas ruas da USP, ora me imaginando num fictício "Grande Prêmio da Cidade Universitária" (thinking about it, dá pra fazer um belo circuito lá dentro), ora pensando em inúmeras memórias que surgiam à cabeça conforme os prédios iam passando, e a Alfa roncando. Lembrei daquele dia, com meu pai ali, quando coloquei pela primeira vez a terceira marcha num carro. Lembrei de quando estudei lá, por seis meses, até abandonar o curso de medicina. Lembrei dos amigos que ficaram lá e se formaram, e hoje levam uma vida completamente distinta da minha. Lembrei do que fiz e do que fazia quando saí de lá. Lembrei de dias e fatos, de aprendizados, de pessoas.

Dirigir algo que gostamos, em um belo lugar, é algo realmente excepcional. O prazer de dirigir se mistura ao prazer de estar lá, e a mente viaja no ritmo do ronco do 4-cilindros. É algo realmente especial, recomendado e sem contra-indicações.

Dirigi sem rumo por três horas, sob o sol forte. Hoje exibo um bronzeado avermelhado, F1-bleachers-style e os braços dóem das queimaduras. Mas, a cabeça, apesar de queimada e com a marca dos óculos de sol, está mais tranquila.

Vale notar que no passeio vi meu próximo brinquedo, parado na rua, à espera de um novo dono. Um belo e simpático Citroën AX GTi, verde escuro. Pintura original, bem faded, quase todos os detalhes de acabamento lá (faltava uma moldura no pára-lamas dianteiro esquerdo), interior novo, o que já vale o carro. Conversei com o dono, que disse que pretendia vendê-lo, sim. Mas que droga. Limpei minha cabeça de um lado e enchi de outro. Não vendo mais a GTV, mas acho que a restauração dele vai demorar um pouquinho mais pra sair...