google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014): projetos
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Durante a Segunda Guerra Mundial, os mares abrigavam as armadas dos países envolvidos no conflito, com elevado poderio destrutivo. Grandes cruzadores, fragatas e os temidos submarinos navegavam pelo mundo para defender sua nação ou atacar seus inimigos.

Mesmo com os enormes encouraçados e seus canhões de grande calibre que os alemães temiam, um pequeno barco de patrulha foi muito importante para a soberania aliada. Denominados PT-Boats (Patrol Torpedo, ou barcos de patrulha torpedeiros), estes pequenos e ágeis barcos eram usados tanto para defesa como para ataque a grandes navios, usando sua velocidade para melhor aproximação e torpedos externos para o ataque.

Os PT-Boats eram pequenos se comparados às fragatas, sua estabilidade e alta velocidade eram possíveis graças ao casco com formato em V, em grande parte herdado dos modelos de corrida do período entre guerras.




A evolução nem sempre gera uma revolução, mas em alguns casos, a revolução vem na forma da evolução. Este é um dos princípios do projeto Delta Wing, o carro experimental que vai correr em Le Mans este ano, e está sendo a notícia do momento no mundo do automobilismo. Em grande parte das discussões, o grande ponto a ser clareado é o "será que vai dar certo?"
  
O Automobile Club de l'Ouest (ACO), organização responsável pelas 24 Horas de Le Mans, liberou a inscrição deste novo projeto para competir não oficialmente na prova deste ano. O carro experimental, que ocupará a garagem 56 dos boxes de Le Mans, famosa por ser o espaço destinado aos veículos especiais que não se enquadrem nos regulamentos vigentes, correrá com o número 0, mantendo a tradição de incentivo à novas tecnologias e idéias.
  
O Delta Wing nasceu da vontade de Ben Bowlby, diretor técnico da equipe americana Ganassi, e também trabalhou em empresas de desenvolvimento como a Lola Cars. Ben diz que estava vendo o automobilismo muito amarrado a regulamentos rigorosos, e os carros estavam com pouca diferença entre eles. Um novo projeto, completamente fora dos regulamentos atuais, poderia ser uma saída para a mesmice que ele via.

Em 2006 houve a 24ª edição do Salão Internacional do Automóvel de São Paulo, e para este evento a FEI levou alguns de seus carros experimentais. Um deles foi o modelo FEI X-1 (foto acima), uma reconstrução fiel do modelo original que havia sido perdido ao longo dos anos. Como um dos integrantes da equipe que o reconstruiu, quero contar um fato que para nós até hoje não é bem claro, mas foi muito forte na história deste projeto.

Gordon Murray. Não são precisas muitas explicações para demonstrar o grande engenheiro que é Gordon Murray. Nascido na África do Sul, um país não muito favorecido em grandes indústrias automotivas, seguiu os passos do pai, piloto de motor e preparador de carros de corrida.

Com seu visual que mais parece o investigador do seriado Magnum, Murray é uma referência em projetos automotivos. Ele foi o responsável por grandes automóveis, tanto de competição como de rua. Com esperanças de trabalhar na Lotus, Gordon mudou-se para a Inglaterra em 1969, mas foi contratado pela Brabham F-1 após conhecer o então projetista-chefe da equipe.

Na Brabham, foi o projetista-chefe de grandes carros com recursos inovadores, como o BT44 de José Carlos Pace, o genial BT46B "turbina", com um rotor atrás do carro sugando o ar sob o assoalho para criar pressão negativa e aumentar o downforce.

Brabham BT44, José Carlos Pace

Brabham BT46B

Criou também o BT49 de Nelson Piquet, carro com o qual ele foi campeão mundial em 1981, com efeito asa e suspensão hidropneumática que gerou muita controvérsia entre as outras equipes. Com o BT49, Murray dedicou boa parte do projeto em entender como era o comportamento da fibra de carbono em caso de acidente, para poder criar um carro inteiramente de compósito.

Brabham BT49
Seu mais conhecido projeto foi o McLaren F1, uma parceria com a BMW em que surgiu o carro mais rápido do mundo, título mantido por vários anos.

McLaren F1 - BMW

Não tão conhecido foi seu envolvimento no projeto Midas, um pequeno esportivo inglês inspirado no Mini Marcos. Murray sugeriu diversas modificações, principalmente na aerodinâmica do carro.

Midas Cars

Mais recentemente, Murray trabalhou no desenvolvimento do Caparo T1, a "experiência mais próxima de um carro de Fórmula-1", equipado com o V-8 da IndyCar com uma relação potência-peso duas vezes superior à do Bugatti Veyron, e do mini-carro a ser apresentado ainda, apenas conhecido como projeto T25, mas já anunciado como revolucionário.

Caparo T1

Poucos foram os projetistas tão bem sucedidos e inovadores como Gordon Murray, e menos ainda os que não abrem mão da camisa havaiana florida.
Com as notícias diárias sobre diminuição de funcionários nas fábricas de carros de todas as regiões do mundo, me pergunto: quem irá fazer carros novos quando essa desgraceira abrandar? Como alguma fábrica poderá projetar, testar e colocar em produção modelos novos bons e chamativos, se estão eliminando o que há de mais valioso que são as pessoas?

Toda crise, real ou imaginária é a mesma historinha: muitos funcionários custam muito, mandemos alguns caçar sapo. E depois, quando o mercado pede carros novos, contrata-se pessoas com pouca experiência.

A Nissan está diminuindo em 20 mil pessoas, Ford, GM, Chrysler, nem sei os números. Outras japonesas também já ameaçam. E assim vai.

Quem, em sã consciência, irá querer trabalhar em alguma dessas empresas? Quem poderá conviver com um trabalho em que não saberá se dali a 1, 2 ou mais anos irá ruir?

Funcionário custa dinheiro, mas erros que levam a produtos desastrosos custam muito mais.
No final de semana, aconteceu de novo. Minha sina me alcançou, por mais que eu a evitasse, viajando para um lugar ermo bem acompanhado. Perdido em alguma rua em Itatiaia, RJ, cruzei com mais uma Alfa GTV em busca de um dono. A namorada, já escolada, nem esperou eu pedir:"Pode ir lá ver o carro. Acho que tem um anúncio de vende-se na janela", e lá fui eu.

Prata, rodas de liga-leve, volante de 2300, vidros elétricos, e, segundo o anúncio, com direção hidráulica. Crap! Mexida demais, mas não custava nada ligar. Nada, a não ser o custo de uma ligação DDD de um celular fora de área + impostos. Caixa postal, deixei recado, e segui viagem, obviamente pensando em um donor car para a esquecida neguinha na garagem.

Chegando em São Paulo, o celular toca, um número com prefixo do RJ. Atendo, e obviamente, guio logo a conversa para o preço.

(Interrompo agora para deixar uma nota ligeriamente relacionada: alguém se lembra do Citroën AX GTi que encontrei tempos atrás num passeio de Alfa Spider? Aquele cujo dono ficou com um cartão meu, e disse que entraria em contato quando fosse vender o veículo? Pois é, ele me contatou, perguntando se ainda havia interesse, há cerca de uma semana. Respondi que sim, e ele não respondeu. Flertei com a idéia de um carrinho com a pintura faded com o preço FIPE equivalente ao que pagaria de seguro esse ano no daily-driver mais a franquia, caso eu necessitasse dos serviços, mas como não houve resposta, deixei para lá.)

O dono da Alfa prontamente respondeu, 45 mil reais. Na minha cabeça, pelo estado do carro, 10 mil era muito bem pago. Funilaria porca, nada de original... mas desconversei logo, e falei que nesse preço compraria um carro aqui em SP mesmo, agradecendo o retorno da ligação.

Hoje o dono do Citroën respondeu, 11 mil reais. Por um carro cuja tabela FIPE é 5500 reais, e que necessita de pintura!!! E por que escrevo aqui se achei tudo caro e não vou comprar nada?

Para agradecer, isso sim. Preciso mesmo guardar dinheiro, venho gastando muito. E nem um AX GTi barato, muito menos uma GTV barata poderiam me ajudar agora.
Ok, não é o único. Mas é o que mais me anima nessa volta ao cotidiano pós-férias.

Vi no blog do Hemmings, no Autoblog, não deu pra evitar. Antigos leitores sabem que sonho com Spridgets, e não é segredo que faço planos mirabolantes para ter um Spritezinho, especialmente se for um MkI. Mas vamos ao assunto, inspirado na lista aí do Marco Antônio (na verdade, inspirado na discussão pré-post dele), preciso dizer pra vocês porque tenho esperança no futuro:

A British Motor Heritage Ltd. lá da ilha onde se bebe boa cerveja quente (afinal, a geladeira é Lucas!) estampa e fecha bodyshells completos de MGBs, MGB-GTs, Spridgets (pena que só MkII em diante, aparentemente) e Minis (esse é pro nosso leitor Gustavo - não deixem de checar o blog dele sobre Minis), perfeitos, de moldes originais, e com qualidade de 0km (ok, a BMC nunca fez nada direito, mas pelo menos essas carrocerias AINDA não começaram a enferrujar!).

English car worshippers of the world, rejoice! Pena que é meio caro, mas seria o project car perfeito. Imaginem só, desembrulhar uma carroceria completa e nova????


Continuando o assunto levantado pelo André Dantas, semana passada peguei carona com um colega que tem um Honda Civic. Fomos para o estacionamento debaixo de temperaturas de -3 °C e o carro pegou instantaneamente, como manda o figurino.

Os vidros estavam um pouco embaçados devido à umidade e imediatamente após sairmos do estacionamento ele direcionou o fluxo de ar interno para o parabrisa, ainda com o carro bem frio. Para qualquer não-entusiasta, isso seria um ato qualquer e a expectativa seria de que o vidro desembaçasse instantaneamente, o que realmente aconteceu

Um entusiasta como o que vos escreve não aceita as coisas assim. Imediatamente após ele direcionar o ar para o parabrisa, escutei o "cleq" da embreagem do ar-condicionado e uma leve oscilação da marcha-lenta. Pensei comigo, o ar-condicionado deve ter ligado... Porém, ao observar a luz indicadora do A/C, notei esta apagada.

Para tirar a dúvida, girei o controle de volta para outra posição e, dito e feito, o A/C parou. Comentei isso com meu colega que não é nada entusiasta e ele me respondeu: "E dai? O que espero é que o carro desembace..."

Eu não sou fã deste tipo de automação. Gosto de eu controlar quando o A/C deve ou não funcionar e quando eu vou ou não gastar mais combustível. Porém, para a enorme massa de consumidores, o que eles querem é que o vidro desembace rapidamente... mesmo que isso signifique rodar o tempo todo com o A/C ligado gastando muito mais combustível e não ter que pensar em "complicadas" seleções de temperatura, velocidade do ar e direcionamento do fluxo de ar para atingir o mesmo objetivo.

E assim caminha a evolução dos carros... pouco a pouco em direção aos eletrodomésticos.

Os fiéis leitores de nossa coluna sabem que passei por momentos difíceis de digerir tempos atrás: a perda do par e a perda do Porsche foram dois duros golpes, um emocional e um financeiro/automobilístico. Difíceis de lidar, mas são parte da vida adulta e de tudo aquilo que um dia reconheceremos como "crescimento", como aprendizado, como experiência. Os mais emotivos, atentos e ligados (em músicas antigas) provavelmente já pegaram a dureza do lado emocional dos últimos tempos, no primeiro título.

Já os mais interessados no Porsche vão gostar de saber de uma história que ouvi de um amigo à época. Não contá-la-ei por inteiro, pois farei o amigo o fazer um dia neste blog, mas vai aqui a referência. O amigo perdeu um negócio similar, um bom tempo atrás. Diria até que era um negócio melhor, mas perdeu, assim como eu. E se arrepende até hoje, como eu certamente me arrependerei no futuro; mas esse não é o ponto. O ponto é uma singela pergunta que não consegui evitar de fazer ao amigo: "Se tivesse ficado com o carro, hoje teria os bolsos cheios, certo?" - antes mesmo dele responder eu já havia entendido a resposta - a questão não era o que aconteceu, e nem o que aconteceria; era a decepção por não saber, o arrependimento não da posse, mas do não conhecimento. E isso, meus amigos, é a maior dor que nossas lembranças guardam.

Vou voltar à Vespa. Ela ao menos não me deixa em dúvidas e as peças ficaram prontas. Atividades para as férias. Isso e a embreagem da Alfa. Acho que agora resolvo tudo e entro em 2009 com outros projetos na cabeça.


Fui lá senhores, vi a Vespa, e pra alegria de alguns leitores, não vou comprar. Vespa, monocoque, 10 anos de praia, coisas que definitivamente não combinam. Mais barato comprar uma pronta, e mais rápido. Mas péralá, já é quase o preço do Citroën AX GTi... acho que vou mandar um e-mail pro dono daquele carro que encontrei tempos atrás...

Falando em Vespa, mais umas idéias de Vespa Custom podem ser encontrada uma aqui e a outra logo abaixo. Adorei o visual, devia se chamar "little one little indian".

foto surrupiada de algum site por aí, não deu pra remover o turista...
Talvez esse seja o final ideal para essa vontade de ter uma moto. Ela não passou, mas, como fazer a Storz XR1200, ou mesmo uma XR883 (claro que é só desculpa pra publicar mais umas fotos delas...) ficou bem caro por conta do dólar, é um sonho que foi um pouco adiado.







Quem sabe daqui uns 6 meses o dólar não cai e importo uma turnkey, prontinha, pra montar nela e ir até o inferno e voltar?

Essa foto aí transmite toda a paz que sinto na garagem mexendo na Vespa ou nos outros antigos. Cruzei com ela por aí, passeando na internet, e gostei. Divido com vocês, porque a paz voltou. Os dias perdidos na garagem já não são mais transtornados pela solidão. É, amigos, ela voltou. E os dias na garagem voltarão a ser só dias tranqüilos.
No secret que o título é verdade. Hoje liguei para o homem da PX esquecida pelo tempo, devo ir vê-la sábado. Terá que curar a vontade e eu terei que bloquear um site no meu navegador.

Por quê? Imagine-se sonhando toda noite com aquela Sportster customizada numa dirt-track-racer. Toda noite. Metade dos seus dias. Perturbador o suficiente? Então não tente "googlar" "sportster dirt track racer". Você invariavelmente cairá no site da Storz. Eu vou evitar entrar lá de novo, vou tentar evitar o assunto, mas eles têm tudo, escapes, kits para converter para correntes, rodas raiadas, tanques de combustível, rabetas, bancos, guidões, tudo! Mas esse post é na verdade para o meu amigo VR, que não precisava de mais um motivo pra se perturbar com a idéia de ter uma moto.

E, pra finalizar, essa aí embaixo é a culpada de tudo isso. A dirt-track-racer original, a HD XR750, a moto do Evil Knievel. Mas nesse tom de laranja...

Essa semana liguei para o meu amigo que mantém minha Vespa refém de sua oficina, aguardando na fila interminável a pintura de algumas peças. A vontade de andar de moto de novo cresce a cada dia, e com ela, novas e criativas maneiras de gastar um dinheiro que não tenho, enquanto a Vespa não fica pronta.

Já falei aqui dos pensamentos impuros cruzando minha mente com Harleys pequenas, Buells e outras, mas, sendo realista, são idéias um pouco longe das possibilidades hoje. Em alguns meses, talvez melhore, mas hoje, idéias irreais.

Eis que um amigo surge do nada me oferecendo a Vespa PX de um outro amigo, abandonada há tempos, precisando de um Tender Love and Care, e o melhor, ainda com placa amarela. Preço bom, no limite do "gastável" nesse final de ano.

Me vejo em um curto período de tempo pegando a estrada com o MAO para ir vê-la e trazendo mais um monte de escombros (mentira, diz a lenda que a scooter está montada, mas vai saber...) para a garagem, para mais um projeto. Me engano, dizendo que ela está a poucos passos de ser usada e, enquanto o diheiro para uma moto grande não aparece, ela já quebraria o galho dessa vontade toda.

Claro, me engano desse jeito, tentando me convencer de que realmente o que eu preciso é de mais uma Vespa pela metade. E pensando "afinal, o que eu faria com uma Vespa PX a não ser andar sem me preocupar muito?"

Conhecem o ditado inglês "idle hands are the devil´s playground"? Então, uma mente ociosa também. Passeando por aí na internet, ainda sonhando com uma 883R original, ou com cara de dirt-track-racer, cruzei com essa imagem aí, que fez minha cabeça pirar num belo projeto de final de semana.

Como nunca pensei nisso antes? Por quê?

Não consigo deixar de pensar no porquê de tudo isso. Por que minha cabeça gira assim? Por quê?
Dia desses, voltando para casa no ônibus fretado que tomo (sim, eu sei, what a lousy way to get to work and back sendo que eu gosto tanto de carro, mas o trânsito sempre toma o melhor de mim), me peguei pensando, ou melhor, sonhando, em voltar para casa sobre uma moto. Não pelo trânsito e, defintivamente, não pelo conforto físico, mas, com certeza, pelo prazer de andar de moto.

Não é segredo algum que sonho freqüentemente com uma bela (e relativamente barata) Harley 883R, laranja, mas o fato de ela ter se tornado cada vez mais comum a tem feito perder boa parte de sua graça... Comprar uma Buell pequena, talvez? Ou uma Harley maior ainda, uma XR1200?

Engraçado como mesmo começando um sonho pequeno, sempre nos convencemos que o salto para algo melhor é pequeno o suficiente para valer a pena. E em pouco tempo estamos gastando o dobro do que pretendíamos antes.

Bom, voltando ao assunto, ou melhor, à falta dele. O texto do meu amigo MAO, ao invés de ajudar, só complicou ainda mais as coisas. Por que agora sonho com uma 883R "vestida" como uma dirt-track-racer, como uma HR XR750?

Acho que é melhor ir atrás das peças da Alfa. Elas já devem estar prontas por esses dias e ter um carro italiano para trabalhar é um bom jeito de ocupar uma mente ociosa...


Outro dia, há algum tempo já, convenci Egan Sr. a largarmos um dia de trabalho para ir atrás de dois carros de que tínhamos ouvido falar, que estavam no Rio de Janeiro.

A proposta era boa, inicialmente. A pista indicava que eram duas Alfa Romeos, uma Alfetta "esportiva" e uma GT 1967. Ambas quase prontas e as duas pelo preço de uma. Ligamos para o dito dono dos carros. Ele confirmou, dizendo que estavam na oficina de um amigo e poderia buscar-nos no aeroporto e levar-nos lá para ver os carros. Eram dois mesmo, uma Alfetta, "esportivíssima, parecida com uma Ferrari, com o câmbio e diferencial lá atrás e tudo, quase pronta, faltando umas coisinhas pra sair da oficina", e uma GT 1967 "lindo, mas com motor de Opala 4 cilindros; eu tenho o câmbio original, vai junto, só precisa achar um motor por aí em São Paulo. E, ah!, ia esquecendo! Tenho um monte de peças de Alfa, elas vão junto no negócio!". E sim, o preço era bom. Compramos as passagens da ponte aérea para o dia seguinte e lá fomos nós.

O vôo, previsto para decolar às 8h30, levantou vôo às 10h45; chegamos ao RJ com um belo atraso e nosso anfitrião ainda não tinha chegado ao aeroporto. Aquilo já começou a cheirar mal, mas poxa, duas Alfinhas, uma para cada Egan? De repente, um senhor de idade, cambaleante, veio em nossa direção, perguntando "Seu Egan? Sou eu, o João (nome trocado, obviamente). Vamos lá?" Seguimos o velhinho, que entrou em dois (sim, dois) táxis errados antes de encontrar aquele que o tinha trazido ao aeroporto. Na saída, o taxista e "seu" João discutiram e perderam alguma saída importante, e caímos na ponte Rio-Niterói.

Maravilha, já que o tempo já seria escasso sem erros de trajeto. Pedágio no final da ponte, perguntamos como retornar, ouvimos as instruções, mas, obviamente, o taxista errou mais uma vez e perdemos o retorno. Cutuquei o cotovelo de Egan Sr. e lhe falei, "Pai, essa viagem será inesquecível..." O taxista então pára para pedir informações na beira da estrada, e, do nada, o homem para quem perguntamos responde sem pestanejar: "Estão indo ao Rio? Pô, merrmão, deixa eu ir com vocês (enquanto ele dizia isso, esticou a mão pra dentro do carro, destravou a porta e entrou) que eu explico o caminho e vocês me deixam na saída da ponte, ok?"

Naquele momento, pensei que Alfa nenhuma valia aquilo. Paulistanos temem o Rio como cariocas temem São Paulo e não era nada confortável a situação. Mas, já estávamos lá e não tínhamos muita volta naquela hora, então...

Long story short, deixamos o caroneiro no final da ponte, o taxista se entendeu com "seu" João e chegamos a um bairro longínquo da periferia do Rio. "Seu" João, agora mais certo do que fazia, dizia, confiante, a cada esquina "Direita! Esquerda aqui! Direita no final da rua! Esquerda ali, depois da Brasilia parada! Esquerda de novo! Ué, não tinha esse semáforo aqui... dá marcha ré que erramos!" Ao que o taxista respondeu prontamente, atravessando o carro no meio da rua para retornar, sem prestar respeito a nenhum dos dois ônibus que vinham um em cada sentido... "Seu" João, ainda sem se dar conta da situação, gritou: "É aquela oficina ali!" -- e paramos o carro e entramos.

"Seu" João entrou perguntando pelo José (ou qualquer outro nome genérico) e os funcionários da oficina reponderam prontamente "Aqui não tem nenhum José." E "seu" João, coçando a cabeça, sem entender, se lembrou que na verdade a oficina era a outra, vizinha de parede. E finalmente chegamos aos carros.

Entramos, eu e Egan Sr., nos espremendo entre vários carros, até chegar a uma Alfa 2300 completamente desmontado, onde o "seu" João parou e disse "Veja só a minha Alfetta, que bela - tá vendo, só falta umas coisinhas pra sair com ela...". Bom, era uma Alfetta sim. Mas não era nenhuma "Alfetta esportiva", não, era o feio sedã cujo feio desenho foi copiado para a nossa 2300, brasileira. E realmente só faltava uma coisa para terminar o carro: o interior. Inteiro.

Decepcionado ao extremo, pensei em esganar o "seu" João ali, na hora, naquela oficininha boca-de-porco na periferia carioca. Respirei fundo, mas pensei na GT 67 e nas peças que, segundo "seu" João, lotavam sua casa e eram motivo de ódio de sua esposa. Ainda poderia haver algo ali.

Seguimos mais em frente na oficina, embrenhando-nos entre carros que lembravam experiências do Dr. Moreau, feitos sem nenhum dó, nem recurso. E lá, no fundo da oficina, rodeada pelo mato já alto, estava a bela carroceria step-nose de uma GT 1967. Ao relento. Sobre UM ÚNICO cavalete (apoiando um braço da suspensão dianteira esquerda) e as rodas traseiras.

Olhei para Egan Sr. e no silêncio que fizemos um observador atento poderia ouvir a Alfa enferrujando. Tomado pelo ódio, revirei as peças e constatei que o câmbio original estava lá. Só que no chão. E com um rombo na carcaça do tamanho de uma moeda de um real (para quem nunca viu uma caixa de câmbio de uma Alfa do período, isso é mais ou menos um quinto da área lateral da caixa). Abri o capô e vi o maldito iron duke, mal e porcamente adaptado. As portas obviamente não abriam, e se abrissem não fechariam mais, mas o interior, apesar de em péssimo estado, era completo.

Ainda tentamos olhar com atenção para ver se algo ali se salvava e ainda tivemos coragem de mandar um oferta por tudo aquilo. Não chegava a 20% da pedida de "seu" João, mas era uma oferta. Ele obviamente não topou e então entramos no táxi. Ele fez questão de mostrar ainda "o lote imenso de peças que ele tinha guardado em casa e "que minha mulher vive reclamando por que não consegue andar em casa". Como era caminho do aeroporto, fomos lá.

No elevador antigo que nos levou ao apartamento, a ansiedade por encontrar aquele carburador Weber perdido, esperando um dono, só crescia. Entramos na casa, empoeirada e fedendo a mofo e maresia e, da porta, "seu" João apontou um pára-brisa de GTV apoiado na parede: "Olha ali todas as peças! Vocês vão adorar!".

Sim, senhores, o "lote de peças" era simplesmente um pára-brisa e três gavetas de peças miúdas debaixo de uma mesa. Dois ou três tipos de buchas de suspensão, lanternas de Alfas nacionais, condensadores e cabos de vela, mas nada mais. Nada de interessante. Eu, já nervoso, falei a Egan Sr. na frente do "seu" João: "Pai, vamos embora que não tem nada aqui..." e fui interrompido pelo "seu" João, que disse: "Calma, eu vou lá dentro pegar os meus carburadores para a gente fazer negócio com eles também"...

Ele trouxe para a sala um belo jogo de Webers 40 horizontais, perfeitos para a Alfa GTV 2000 que Egan Sr. tinha à época. Perfeitos, completos e ideais. "Vou fazer deles um abajur, que tal? Não é uma ótima idéia?", perguntou "seu" João, que emendou: " A não ser que vocês queiram eles também. Vocês me levam os carros pelo meu preço e com só 5 mil reais a mais vocês levam essa preciosidade para casa..."

Egan Sr. disse então umas verdades ao "seu" João e fomos embora do apartamento. Ao nos despedirmos e entrarmos no táxi para o aeroporto, "seu" João ainda soltou: "Como vamos fazer com o custo do dia do taxista? aqui metade do dinheiro, o resto vocês completam, ok?"


Os japoneses sempre foram aclamados pela engenhosidade e capacidade de entrar em novos mercados. Entre eles, a Fórmula-1. Com menos de cinco anos no ramo de fabricação de automóveis, a Honda utilizou a principal categoria de monopostos para mostrar sua capacidade e qualidade, pois já dominava as corridas de moto.

O projetista Tadashi Kume liderou o desenvolvimento do projeto RA270, que seria o primeiro modelo, mas o projeto foi abandonado e substituído pelo RA271, que foi o primeiro modelo japonês a participar de corridas internacionais. Do projeto antigo, a Honda já possuía o powertrain, um inovador V12 de 60º, transversal de 1,5 litros, o mais potente motor da Fórmula-1 da temporada, mas ainda faltava um chassi de alto desempenho compatível com o excelente motor.

Com a metodologia de copiar projetos já confiáveis, Kume comprou um chassi da Cooper e o enviou para o Japão para ser devidamente estudado, mas como o carro era feito para outra configuração de motor, não foi possível utilizar o chassi, e então a Honda partiu para projeto próprio. Nasceu um semi-monocoque com subchassi traseiro que suportava o motor e transmissão, molas e amortecedores in-board.

A primeira corrida foi em Nürburgring, 1964, com o piloto americano Ronnie Bucknum, que largou em 22° e estava em 11° até que a caixa de direção quebrou. O carro correu mais duas corridas, para depois dar lugar ao seu sucessor, o vitorioso RA272 de 1965.

Durante o desenvolvimento do primeiro carro, a Honda considerou criar um carro em parceria com Colin Chapman, com um chassi Lotus e motor Honda V12, mas o projeto foi abandonado.


Fim de semana e, como tal, duas coisas pulam à mente (sim, o texto está atrasado há alguns dias -- ficou em "rascunhos" e, sobrecarregado de trabalho, simplesmente esqueci dele). Uma é a solidão, que ainda demorará um pouco a passar. E a outra, como sempre, são os projetos abandonados na garagem.

Sábado pela manhã viajei à uma oficina especializada em freios e circuitos hidráulicos automobilísticos. Um amigo havia comentado que eles eram capazes de recondicionar os cilindros do circuito da embreagem hidráulica da Alfa, e então lá fui eu, carregando o mestre e seu escravo, para um retrabalho que espero ser definitivo. Quando mostrei as peças ao atendente, ele logo retrucou "Isso é de quê, de Alfa?" -- bom sinal.

Depois de algum tempo retrucando que eu não queria de modo algum tentar adaptar algum cilindro-escravo moderno no bellhousing da Alfinha, o atendente aceitou ficar com as peças para fazer os reparos. Me pediu um mês de prazo e logo pensei: "Ah, um mês livre de gastos e dores de cabeça com a Neguinha. Que delícia!".

Desse modo, a GTV se une à Vespa, ficando abandonado na garagem à mercê da boa vontade do serviço alheio. As peças da Vespa ainda não voltaram da pintura, preciso ligar para o meu amigo lá, e a Alfa só terá embreagem mês que vem.

Com a cabeça livre para pensar, no domingo, a solidão voltou. E com ela a vontade de fazer algo sozinho e egoísta. Decidi então apelar para a Grazi, que apesar do nome e do que posts anteriores podem sugerir, não é uma loira alta de seios fartos.

Acordei-a do sono após o encontro com o Scania e ela, alegremente, me levou por um longo e demorado passeio. Andei pela Av. dos Bandeirantes, pela JK, pela Faria Lima. Passei em frente de bares de motociclistas, cruzei com um amigo passeando num antigo Golf GTi, curti o sol. Curti o ronquinho do motorzinho Sachs a uma velocidade que seria confortável pedalando e curti a brisa.

Mind-cleansing indeed, my friends, indeed.


Sábado passado acordei de um modo que não acordava há tempos num sábado: sem programação nenhuma. Sem ter que comprar peças da Vespa, sem ter que levar a Alfa em algum lugar, sem ter que ir ver algum carro em algum bairro distante, nem nada disso. Sol forte, cabeça ainda centrada no passado, achei melhor dar uma volta. E what better way to do it do que num conversível, para limpar a mente?

Apelei à garagem de Egan Sr., onde ele guarda sua Alfa Spider 73. Capota aberta, tanque quase cheio, óleo de motor e circuitos hidráulicos (you never can tell, diria Chuck Berry) checados, saí pelas ruas da cidade, debaixo do sol forte. Pouco trânsito (fato cada vez mais incomum em São Paulo durante os sábados) pelas avenidas, atravessei a cidade, curtindo o passeio. Relembrei a primeira vez em que dirigi uma Spider como aquela, muito anos atrás, quando Egan Sr. tinha um carro idêntico. Eu tinha 10 anos de idade à época e, como presente de aniversário atrasado, meu pai dirigiu o carro até a Cidade Universitária e me deixou guiá-lo à vontade, "no lugar onde um dia eu estudaria". Pensando no assunto, me dei conta de que estava chegando à Cidade Universitária, então resolvi fazer ali meu passeio a esmo.

Rodei bastante pelas ruas da USP, ora me imaginando num fictício "Grande Prêmio da Cidade Universitária" (thinking about it, dá pra fazer um belo circuito lá dentro), ora pensando em inúmeras memórias que surgiam à cabeça conforme os prédios iam passando, e a Alfa roncando. Lembrei daquele dia, com meu pai ali, quando coloquei pela primeira vez a terceira marcha num carro. Lembrei de quando estudei lá, por seis meses, até abandonar o curso de medicina. Lembrei dos amigos que ficaram lá e se formaram, e hoje levam uma vida completamente distinta da minha. Lembrei do que fiz e do que fazia quando saí de lá. Lembrei de dias e fatos, de aprendizados, de pessoas.

Dirigir algo que gostamos, em um belo lugar, é algo realmente excepcional. O prazer de dirigir se mistura ao prazer de estar lá, e a mente viaja no ritmo do ronco do 4-cilindros. É algo realmente especial, recomendado e sem contra-indicações.

Dirigi sem rumo por três horas, sob o sol forte. Hoje exibo um bronzeado avermelhado, F1-bleachers-style e os braços dóem das queimaduras. Mas, a cabeça, apesar de queimada e com a marca dos óculos de sol, está mais tranquila.

Vale notar que no passeio vi meu próximo brinquedo, parado na rua, à espera de um novo dono. Um belo e simpático Citroën AX GTi, verde escuro. Pintura original, bem faded, quase todos os detalhes de acabamento lá (faltava uma moldura no pára-lamas dianteiro esquerdo), interior novo, o que já vale o carro. Conversei com o dono, que disse que pretendia vendê-lo, sim. Mas que droga. Limpei minha cabeça de um lado e enchi de outro. Não vendo mais a GTV, mas acho que a restauração dele vai demorar um pouquinho mais pra sair...
Sim, amigos, estou de volta. As últimas semanas bem que tentaram, mas não tiraram o melhor de mim. Continuo aqui, e mais calmo quanto a algumas coisas, e menos preocupado com outras. Hard times indeed.

Voltando aos projetos, um update rápido: Anunciei a Alfa, mas pra ser sincero, acho que desisti da venda. Por enquanto ela ficará guardada, e depois verei o que fazer com ela; quanto à Vespa, algumas peças precisaram ser repintadas, e as levei de volta à oficina do meu amigo, para a repintura. São principalmente os componentes do guidão, e portanto, a montagem está on hold pelo momento. O Mini está parado, pois Egan Sr., o verdadeiro dono do carro, está vendendo ele.

Na verdade, não tinha muito motivo para escrever. Ânimo me faltava, como também assunto, pelo mesmo motivo. Mas hoje ajudei meu irmão a ir buscar um carro dele (sim, ele também é como nós). E para facilitar, levei junto meu outro moped italiano, no porta-malas do carro dele, para voltar de sua casa. Grazi, como eu costumo chamar minha Carnielli MotoGraziella, se acomodou no chiqueirinho, e quando chegou sua hora, acordou do seu sono de um ou dois meses na segunda pedalada. O pequeno motorzinho acordou nervoso, inebriando vosso escriba com o delicioso cheiro de gasolina podium misturada a óleo 2 tempos. Engraçado como certas coisas trazem sorrisos instantâneos e naturais, como se nada de errado houvesse. Subi nela, e saí, lá dos Jardins, para vir para Moema, às 21h precisamente.

O caminho é curto, esburacado, e em alguns trechos, escuro, mas cruzar o parque do ibirapuera à noite é um raro prazer. Confesso que, apesar de ter feito a viagem toda a Wide-Open Throttle, senti medo apenas num trecho, quando estranhamente cruzei com um cavalo-mecânico Scania próximo ao parque. Caminhões imensos são really scary quando vistos a poucos centímetros de sua moto, ainda mais quando a moto calça pneus aro 8. Mas cheguei em casa. E menos triste. E é para isso que curtimos tanto nossos carros e motos, para fazer nossa existência algo mais divertido e menos triste. Aproveitem a semana!

Todo carro lançado no mercado é previamente submetido a meses e meses de testes antes de ser lançado ao público. Os fabricantes, para não rodarem com os carros nas ruas antes do seu lançamento oficial, o que seria uma coisa bem pouco agradável para o pessoal do Marketing, utilizam carros adaptados para realizar testes específicos. Estes carros são chamados de "mulas".

As mulas geralmente são carros que já existem no mercado, com peças e componentes dos novos modelos, às vezes são o próprio novo modelo mas com disfarces para parecerem outra coisa. Costumam ser carros remendados, cortados, soldados e porcamente acabados, pois a idéia é testar algo específico, e para isso não precisam ser bonitos.

Não muito tempo atrás, foi feita uma mula de um carro muito conhecido hoje, essa mula foi picada e remendada com pedaços de vários carros. Dá até uma certa dó de pensar no pobre carro que sofreu isso. Ainda mais se ele for um Ferrari.

A marca do cavallino utilizou no ano 2000 um Ferrari 348 como mula de teste do motor do Ferrari Enzo, que ficou registrado como Enzo Prototype M3. O 348 foi cortado ao meio e teve a traseira alargada e aumentada, o vidro traseiro, refeito, foram adicionadas enormes entradas de ar e recebeu o powertrain código F140A (Enzo), suspensão e freios do 355 Challenge, componentes da traseira do 360 Modena, radiador de óleo e outras coisinhas menores do 550 Maranello. Um belo monstrinho.

Trabalhar com mulas e carros de teste é sensacional, pode-se fazer modificações e testes que nem em sonho poderiam ser feitos em um carro de produção, e com certeza o pessoal da Ferrari se divertiu muito com esse 348/355/360/550/Enzo.