A evolução nem sempre gera uma revolução, mas em alguns casos, a revolução vem na forma da evolução. Este é um dos princípios do projeto Delta Wing, o carro experimental que vai correr em Le Mans este ano, e está sendo a notícia do momento no mundo do automobilismo. Em grande parte das discussões, o grande ponto a ser clareado é o "será que vai dar certo?"
O Automobile Club de l'Ouest (ACO), organização responsável pelas 24 Horas de Le Mans, liberou a inscrição deste novo projeto para competir não oficialmente na prova deste ano. O carro experimental, que ocupará a garagem 56 dos boxes de Le Mans, famosa por ser o espaço destinado aos veículos especiais que não se enquadrem nos regulamentos vigentes, correrá com o número 0, mantendo a tradição de incentivo à novas tecnologias e idéias.
O Delta Wing nasceu da vontade de Ben Bowlby, diretor técnico da equipe americana Ganassi, e também trabalhou em empresas de desenvolvimento como a Lola Cars. Ben diz que estava vendo o automobilismo muito amarrado a regulamentos rigorosos, e os carros estavam com pouca diferença entre eles. Um novo projeto, completamente fora dos regulamentos atuais, poderia ser uma saída para a mesmice que ele via.

Com seu visual que mais parece o investigador do seriado Magnum, Murray é uma referência em projetos automotivos. Ele foi o responsável por grandes automóveis, tanto de competição como de rua. Com esperanças de trabalhar na Lotus, Gordon mudou-se para a Inglaterra em 1969, mas foi contratado pela Brabham F-1 após conhecer o então projetista-chefe da equipe.
Na Brabham, foi o projetista-chefe de grandes carros com recursos inovadores, como o BT44 de José Carlos Pace, o genial BT46B "turbina", com um rotor atrás do carro sugando o ar sob o assoalho para criar pressão negativa e aumentar o downforce.



Toda crise, real ou imaginária é a mesma historinha: muitos funcionários custam muito, mandemos alguns caçar sapo. E depois, quando o mercado pede carros novos, contrata-se pessoas com pouca experiência.
A Nissan está diminuindo em 20 mil pessoas, Ford, GM, Chrysler, nem sei os números. Outras japonesas também já ameaçam. E assim vai.
Quem, em sã consciência, irá querer trabalhar em alguma dessas empresas? Quem poderá conviver com um trabalho em que não saberá se dali a 1, 2 ou mais anos irá ruir?
Funcionário custa dinheiro, mas erros que levam a produtos desastrosos custam muito mais.
Prata, rodas de liga-leve, volante de 2300, vidros elétricos, e, segundo o anúncio, com direção hidráulica. Crap! Mexida demais, mas não custava nada ligar. Nada, a não ser o custo de uma ligação DDD de um celular fora de área + impostos. Caixa postal, deixei recado, e segui viagem, obviamente pensando em um donor car para a esquecida neguinha na garagem.
Chegando em São Paulo, o celular toca, um número com prefixo do RJ. Atendo, e obviamente, guio logo a conversa para o preço.
Vi no blog do Hemmings, no Autoblog, não deu pra evitar. Antigos leitores sabem que sonho com Spridgets, e não é segredo que faço planos mirabolantes para ter um Spritezinho, especialmente se for um MkI. Mas vamos ao assunto, inspirado na lista aí do Marco Antônio (na verdade, inspirado na discussão pré-post dele), preciso dizer pra vocês porque tenho esperança no futuro:
A British Motor Heritage Ltd. lá da ilha onde se bebe boa cerveja quente (afinal, a geladeira é Lucas!) estampa e fecha bodyshells completos de MGBs, MGB-GTs, Spridgets (pena que só MkII em diante, aparentemente) e Minis (esse é pro nosso leitor Gustavo - não deixem de checar o blog dele sobre Minis), perfeitos, de moldes originais, e com qualidade de 0km (ok, a BMC nunca fez nada direito, mas pelo menos essas carrocerias AINDA não começaram a enferrujar!).
English car worshippers of the world, rejoice! Pena que é meio caro, mas seria o project car perfeito. Imaginem só, desembrulhar uma carroceria completa e nova????

Continuando o assunto levantado pelo André Dantas, semana passada peguei carona com um colega que tem um Honda Civic. Fomos para o estacionamento debaixo de temperaturas de -3 °C e o carro pegou instantaneamente, como manda o figurino.
Os vidros estavam um pouco embaçados devido à umidade e imediatamente após sairmos do estacionamento ele direcionou o fluxo de ar interno para o parabrisa, ainda com o carro bem frio. Para qualquer não-entusiasta, isso seria um ato qualquer e a expectativa seria de que o vidro desembaçasse instantaneamente, o que realmente aconteceu
Um entusiasta como o que vos escreve não aceita as coisas assim. Imediatamente após ele direcionar o ar para o parabrisa, escutei o "cleq" da embreagem do ar-condicionado e uma leve oscilação da marcha-lenta. Pensei comigo, o ar-condicionado deve ter ligado... Porém, ao observar a luz indicadora do A/C, notei esta apagada.
Para tirar a dúvida, girei o controle de volta para outra posição e, dito e feito, o A/C parou. Comentei isso com meu colega que não é nada entusiasta e ele me respondeu: "E dai? O que espero é que o carro desembace..."
Eu não sou fã deste tipo de automação. Gosto de eu controlar quando o A/C deve ou não funcionar e quando eu vou ou não gastar mais combustível. Porém, para a enorme massa de consumidores, o que eles querem é que o vidro desembace rapidamente... mesmo que isso signifique rodar o tempo todo com o A/C ligado gastando muito mais combustível e não ter que pensar em "complicadas" seleções de temperatura, velocidade do ar e direcionamento do fluxo de ar para atingir o mesmo objetivo.
E assim caminha a evolução dos carros... pouco a pouco em direção aos eletrodomésticos.
Já os mais interessados no Porsche vão gostar de saber de uma história que ouvi de um amigo à época. Não contá-la-ei por inteiro, pois farei o amigo o fazer um dia neste blog, mas vai aqui a referência. O amigo perdeu um negócio similar, um bom tempo atrás. Diria até que era um negócio melhor, mas perdeu, assim como eu. E se arrepende até hoje, como eu certamente me arrependerei no futuro; mas esse não é o ponto. O ponto é uma singela pergunta que não consegui evitar de fazer ao amigo: "Se tivesse ficado com o carro, hoje teria os bolsos cheios, certo?" - antes mesmo dele responder eu já havia entendido a resposta - a questão não era o que aconteceu, e nem o que aconteceria; era a decepção por não saber, o arrependimento não da posse, mas do não conhecimento. E isso, meus amigos, é a maior dor que nossas lembranças guardam.
Fui lá senhores, vi a Vespa, e pra alegria de alguns leitores, não vou comprar. Vespa, monocoque, 10 anos de praia, coisas que definitivamente não combinam. Mais barato comprar uma pronta, e mais rápido. Mas péralá, já é quase o preço do Citroën AX GTi... acho que vou mandar um e-mail pro dono daquele carro que encontrei tempos atrás...

Essa foto aí transmite toda a paz que sinto na garagem mexendo na Vespa ou nos outros antigos. Cruzei com ela por aí, passeando na internet, e gostei. Divido com vocês, porque a paz voltou. Os dias perdidos na garagem já não são mais transtornados pela solidão. É, amigos, ela voltou. E os dias na garagem voltarão a ser só dias tranqüilos.
Eis que um amigo surge do nada me oferecendo a Vespa PX de um outro amigo, abandonada há tempos, precisando de um Tender Love and Care, e o melhor, ainda com placa amarela. Preço bom, no limite do "gastável" nesse final de ano.
Me vejo em um curto período de tempo pegando a estrada com o MAO para ir vê-la e trazendo mais um monte de escombros (mentira, diz a lenda que a scooter está montada, mas vai saber...) para a garagem, para mais um projeto. Me engano, dizendo que ela está a poucos passos de ser usada e, enquanto o diheiro para uma moto grande não aparece, ela já quebraria o galho dessa vontade toda.
Claro, me engano desse jeito, tentando me convencer de que realmente o que eu preciso é de mais uma Vespa pela metade. E pensando "afinal, o que eu faria com uma Vespa PX a não ser andar sem me preocupar muito?"
Conhecem o ditado inglês "idle hands are the devil´s playground"? Então, uma mente ociosa também. Passeando por aí na internet, ainda sonhando com uma 883R original, ou com cara de dirt-track-racer, cruzei com essa imagem aí, que fez minha cabeça pirar num belo projeto de final de semana.
Não consigo deixar de pensar no porquê de tudo isso. Por que minha cabeça gira assim? Por quê?
Engraçado como mesmo começando um sonho pequeno, sempre nos convencemos que o salto para algo melhor é pequeno o suficiente para valer a pena. E em pouco tempo estamos gastando o dobro do que pretendíamos antes.
Bom, voltando ao assunto, ou melhor, à falta dele. O texto do meu amigo MAO, ao invés de ajudar, só complicou ainda mais as coisas. Por que agora sonho com uma 883R "vestida" como uma dirt-track-racer, como uma HR XR750?
A proposta era boa, inicialmente. A pista indicava que eram duas Alfa Romeos, uma Alfetta "esportiva" e uma GT 1967. Ambas quase prontas e as duas pelo preço de uma. Ligamos para o dito dono dos carros. Ele confirmou, dizendo que estavam na oficina de um amigo e poderia buscar-nos no aeroporto e levar-nos lá para ver os carros. Eram dois mesmo, uma Alfetta, "esportivíssima, parecida com uma Ferrari, com o câmbio e diferencial lá atrás e tudo, quase pronta, faltando umas coisinhas pra sair da oficina", e uma GT 1967 "lindo, mas com motor de Opala 4 cilindros; eu tenho o câmbio original, vai junto, só precisa achar um motor por aí em São Paulo. E, ah!, ia esquecendo! Tenho um monte de peças de Alfa, elas vão junto no negócio!". E sim, o preço era bom. Compramos as passagens da ponte aérea para o dia seguinte e lá fomos nós.
Maravilha, já que o tempo já seria escasso sem erros de trajeto. Pedágio no final da ponte, perguntamos como retornar, ouvimos as instruções, mas, obviamente, o taxista errou mais uma vez e perdemos o retorno. Cutuquei o cotovelo de Egan Sr. e lhe falei, "Pai, essa viagem será inesquecível..." O taxista então pára para pedir informações na beira da estrada, e, do nada, o homem para quem perguntamos responde sem pestanejar: "Estão indo ao Rio? Pô, merrmão, deixa eu ir com vocês (enquanto ele dizia isso, esticou a mão pra dentro do carro, destravou a porta e entrou) que eu explico o caminho e vocês me deixam na saída da ponte, ok?"
Naquele momento, pensei que Alfa nenhuma valia aquilo. Paulistanos temem o Rio como cariocas temem São Paulo e não era nada confortável a situação. Mas, já estávamos lá e não tínhamos muita volta naquela hora, então...
"Seu" João entrou perguntando pelo José (ou qualquer outro nome genérico) e os funcionários da oficina reponderam prontamente "Aqui não tem nenhum José." E "seu" João, coçando a cabeça, sem entender, se lembrou que na verdade a oficina era a outra, vizinha de parede. E finalmente chegamos aos carros.
No elevador antigo que nos levou ao apartamento, a ansiedade por encontrar aquele carburador Weber perdido, esperando um dono, só crescia. Entramos na casa, empoeirada e fedendo a mofo e maresia e, da porta, "seu" João apontou um pára-brisa de GTV apoiado na parede: "Olha ali todas as peças! Vocês vão adorar!".

O projetista Tadashi Kume liderou o desenvolvimento do projeto RA270, que seria o primeiro modelo, mas o projeto foi abandonado e substituído pelo RA271, que foi o primeiro modelo japonês a participar de corridas internacionais. Do projeto antigo, a Honda já possuía o powertrain, um inovador V12 de 60º, transversal de 1,5 litros, o mais potente motor da Fórmula-1 da temporada, mas ainda faltava um chassi de alto desempenho compatível com o excelente motor.
Com a metodologia de copiar projetos já confiáveis, Kume comprou um chassi da Cooper e o enviou para o Japão para ser devidamente estudado, mas como o carro era feito para outra configuração de motor, não foi possível utilizar o chassi, e então a Honda partiu para projeto próprio. Nasceu um semi-monocoque com subchassi traseiro que suportava o motor e transmissão, molas e amortecedores in-board.
A primeira corrida foi em Nürburgring, 1964, com o piloto americano Ronnie Bucknum, que largou em 22° e estava em 11° até que a caixa de direção quebrou. O carro correu mais duas corridas, para depois dar lugar ao seu sucessor, o vitorioso RA272 de 1965.
Durante o desenvolvimento do primeiro carro, a Honda considerou criar um carro em parceria com Colin Chapman, com um chassi Lotus e motor Honda V12, mas o projeto foi abandonado.


Sábado pela manhã viajei à uma oficina especializada em freios e circuitos hidráulicos automobilísticos. Um amigo havia comentado que eles eram capazes de recondicionar os cilindros do circuito da embreagem hidráulica da Alfa, e então lá fui eu, carregando o mestre e seu escravo, para um retrabalho que espero ser definitivo. Quando mostrei as peças ao atendente, ele logo retrucou "Isso é de quê, de Alfa?" -- bom sinal.
Depois de algum tempo retrucando que eu não queria de modo algum tentar adaptar algum cilindro-escravo moderno no bellhousing da Alfinha, o atendente aceitou ficar com as peças para fazer os reparos. Me pediu um mês de prazo e logo pensei: "Ah, um mês livre de gastos e dores de cabeça com a Neguinha. Que delícia!".
Desse modo, a GTV se une à Vespa, ficando abandonado na garagem à mercê da boa vontade do serviço alheio. As peças da Vespa ainda não voltaram da pintura, preciso ligar para o meu amigo lá, e a Alfa só terá embreagem mês que vem.
Com a cabeça livre para pensar, no domingo, a solidão voltou. E com ela a vontade de fazer algo sozinho e egoísta. Decidi então apelar para a Grazi, que apesar do nome e do que posts anteriores podem sugerir, não é uma loira alta de seios fartos.
Acordei-a do sono após o encontro com o Scania e ela, alegremente, me levou por um longo e demorado passeio. Andei pela Av. dos Bandeirantes, pela JK, pela Faria Lima. Passei em frente de bares de motociclistas, cruzei com um amigo passeando num antigo Golf GTi, curti o sol. Curti o ronquinho do motorzinho Sachs a uma velocidade que seria confortável pedalando e curti a brisa.

Voltando aos projetos, um update rápido: Anunciei a Alfa, mas pra ser sincero, acho que desisti da venda. Por enquanto ela ficará guardada, e depois verei o que fazer com ela; quanto à Vespa, algumas peças precisaram ser repintadas, e as levei de volta à oficina do meu amigo, para a repintura. São principalmente os componentes do guidão, e portanto, a montagem está on hold pelo momento. O Mini está parado, pois Egan Sr., o verdadeiro dono do carro, está vendendo ele.
O caminho é curto, esburacado, e em alguns trechos, escuro, mas cruzar o parque do ibirapuera à noite é um raro prazer. Confesso que, apesar de ter feito a viagem toda a Wide-Open Throttle, senti medo apenas num trecho, quando estranhamente cruzei com um cavalo-mecânico Scania próximo ao parque. Caminhões imensos são really scary quando vistos a poucos centímetros de sua moto, ainda mais quando a moto calça pneus aro 8. Mas cheguei em casa. E menos triste. E é para isso que curtimos tanto nossos carros e motos, para fazer nossa existência algo mais divertido e menos triste. Aproveitem a semana!

As mulas geralmente são carros que já existem no mercado, com peças e componentes dos novos modelos, às vezes são o próprio novo modelo mas com disfarces para parecerem outra coisa. Costumam ser carros remendados, cortados, soldados e porcamente acabados, pois a idéia é testar algo específico, e para isso não precisam ser bonitos.
Não muito tempo atrás, foi feita uma mula de um carro muito conhecido hoje, essa mula foi picada e remendada com pedaços de vários carros. Dá até uma certa dó de pensar no pobre carro que sofreu isso. Ainda mais se ele for um Ferrari.
A marca do cavallino utilizou no ano 2000 um Ferrari 348 como mula de teste do motor do Ferrari Enzo, que ficou registrado como Enzo Prototype M3. O 348 foi cortado ao meio e teve a traseira alargada e aumentada, o vidro traseiro, refeito, foram adicionadas enormes entradas de ar e recebeu o powertrain código F140A (Enzo), suspensão e freios do 355 Challenge, componentes da traseira do 360 Modena, radiador de óleo e outras coisinhas menores do 550 Maranello. Um belo monstrinho.
Trabalhar com mulas e carros de teste é sensacional, pode-se fazer modificações e testes que nem em sonho poderiam ser feitos em um carro de produção, e com certeza o pessoal da Ferrari se divertiu muito com esse 348/355/360/550/Enzo.