google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014): mercado
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De uns anos para cá começou a aparecer no comércio uma moda importada dos Estados Unidos, a Black Friday (sexta-feira negra, em tradução livre). A origem do termo é controversa e não será aqui que discutiremos isso. Nos EUA, a Black Friday é a sexta-feira logo após o feriado do Dia de Ação de Graças (Thanksgiving), que sempre ocorre na quarta quinta-feira de novembro. A Black Friday marca o início da temporada de compras de Natal.

Por conta disso, os comerciantes aproveitam a data para fazerem uma “limpa” no estoque. Tudo das linhas antigas, tudo de mostruário, tudo que está encalhado tem seu preço generosamente reduzido para “ir embora”. Isso abre espaço nas prateleiras para a nova linha de produtos, que será vendida nesta época de compras de Natal que se segue à Black Friday. Por causa disso, filas de consumidores aguardando pelas ofertas se formam na frente das lojas.

A brasileirada que vai pra lá viu isso e se animou com as ofertas, com muitos itens saindo “quase de graça”. Só que quando chegam aqui só se lembram das ofertas malucas, não prestaram atenção no resto. O primeiro detalhe é que não é tudo que está sendo vendido “quase de graça”. Apenas itens fora de linha, de mostruário, abertos (open-box, itens que o cliente não gostou e devolveu). É uma limpa do que tem de velho no estoque, certo? Então por que venderiam com enormes descontos os itens da linha atual, que podem continuar a serem vendidos para o Natal?

Todo mundo atrás de "um bom negócio"



No último dia 2 de abril a Toyota anunciou a redução de preços de vários de seus modelos, incluindo o Etios.

A tabela ficou assim:

Hatch
Antigo
Novo
Redução
Etios 1,3
30.590
29.100
1.490
Etios X 1,3
34.190
32.500
1.690
Etios X 1,3 com ar
36.890
35.100
1.790
Etios XS 1,3
39.590
36.900
2.690
Etios XLS 1,5
43.590
41.400
2.190




Sedã



Etios X 1,5
36.890
35.100
1.790
Etios X 1,5 com ar
39.690
37.800
1.890
Etios XS 1,5
42.290
39.400
2.890
Etios XLS 1,5
45.590
43.400
2.190


O AE já havia apontado que as vendas do compacto não estavam ocorrendo como a Toyota esperava, principalmente após o lançamento de outros carros da concorrência para concorrer no segmento mais movimentado de nosso mercado.

Foto: Emerson Paz

Há pouco menos de um ano escrevi o post "1976", dando um panorama do que era o nosso mercado àquela época e comparando com o de hoje.

Desta vez, escrevo um post sobre 1986, de forma que podemos comparar o mercado deste ano não só com o atual, mas também vermos a evolução que ocorreu em dez anos ao fazermos a comparação com 1976.

Um ano especial para mim, 1986. Foi quando fiz 18 anos e sonhava com um carro, apesar de não ter condições de comprar um. Na época, meu carro dos sonhos era o Passat Pointer 1.8, que havia acabado de receber o motor AP-800 do Santana, já com bielas mais longas. Era o carro esportivo da época, junto com o Gol GT e o Monza S/R. Havia também o Escort XR3 e o Uno SX, com 86 e 70 cv respectivamente, mas estes comiam poeira do trio equipado com motor de 1,8 litro.

Fotos: Divulgação Hyundai e Toyota

Hyundai HB20 (esquerda) e Toyota Etios, lançamentos praticamente simultâneos


Neste mês de setembro, dois grandes lançamentos agitaram o mercado dos carros compactos no Brasil, justamente o segmento mais concorrido e responsável pela venda da maior quantidade de carros no Brasil.

Hyundai e Toyota anunciaram oficialmente o lançamento de seus novos carros para o mercado brasileiro, o Hyundai HB20 e o Toyota Etios. Devo confessar que ainda não os vi ao vivo, mas pela diferença gritante que se pode ver só pelas fotos, senti-me motivado a escrever este post, mesmo que baseado apenas em fotos e informações técnicas.

Para começar, ambos os carros têm preços semelhantes, oferecendo versões entre 30 e 45 mil reais. Justamente o segmento dos compactos premium, um segmento acima dos carros de entrada, que são os velhos Mille, Palio Fire, Celta, Classic, Gol G4 e Ka. O Fiesta Rocam, apesar de ter porte superior, acaba entrando neste primeiro segmento devido ao preço, bastante reduzido por se tratar de um modelo em fim de produção (mas não por isso mais defasado que os seus veteraníssimos concorrentes, que ironicamente são todos mais velhos que ele). Na faixa de mercado deles, eles concorrerão com Novo Uno, Novo Palio, Fox, Gol/Voyage, Onix (que virá), Cobalt, March, Versa, New Fiesta nacional (que virá), Sandero/Logan e 207. Mas, voltando aos lançamentos, os dois carros não podiam ser tão díspares, mostrando diferentes visões quanto ao mercado brasileiro.

Hyundai HB20 e Toyota Etios vistos de traseira

 
Redução de IPI e de taxa de juros para estimular o aquecimento da venda de carros novos e desafogar os pátios dos fabricantes. Hoje o consumidor que busca seu carro 0-km tem uma infinidade de opções, a disputa pelo cliente está acirrada. Descontos, promoções, feirões, taxa zero do fabricante para financiamento e mesmo os bancos estão ajudando, com taxas atraentes a partir de 0,75% ao mês para financiar um carro novo. Ok, tudo isto é ótimo. Mas, o que fazer com o carro usado?

Semana passada meu gerente do banco ligou oferecendo dinheiro a 0,75% ao mês para trocar de carro. Particularmente, sou totalmente contra pagar juros, acho um dinheiro jogado fora, queimado, sem retorno algum, apenas para satisfazer aquela pressa de criança que muitos de nós temos de querer o brinquedo novo agora e de não termos que esperar até o Natal. Paga-se 15 mil em “suaves prestações” para se ter 10 mil agora, nesta brincadeira 5 mil são simplesmente queimados em juros, tudo por não saber esperar e nem ter paciência de juntar dinheiro. O banco agradece. 


Voltando ao meu gerente, já de olho neste post, disse que estava pensando sim em trocar de carro, só que não queria um 0-km, mas um usado mais novo do que o meu. Aí ele falou: “Ah, mas essa taxa de 0,75 é só para carro novo, para usado é 1,75%”.

 

Semana passada, a Ford brasileira deu uma boa notícia: Os preços do New Fiesta seriam reduzidos em até 3.500 reais, sem que nada fosse tirado do carro. Para justificar a redução de preços, ela alegou que conseguiu negociar com a fábrica de Cuautitlán, México (onde o carro é produzido) uma cota maior de carros para a América do Sul, até então limitada a 2.200 carros por mês.

Uma redução de preço sem redução de produto é sempre muito bem-vinda, é claro. Mas devemos atentar para o fato de que estes 3.500 reais cortados do preço eram pura gordura (margem de lucro), sendo que se a Ford continua a vendê-lo sem nenhuma alteração, é porque ainda está tendo um bom lucro com ele. Isso que dizer que o preço anterior estava gordo demais, correto?

O que mais me chamou a atenção foi o que está por trás da justificativa dada pelo próprio fabricante para a queda de preço: Este foi reduzido graças ao aumento da oferta. Ou seja, nada foi mudado no carro além do preço, ele apenas ficou mais disponível.

Acredito que a grande maioria das pessoas já deve ter ouvido falar em “lei de mercado” ou “lei da oferta e da demanda (procura)”. Segundo esta lei, os preços de um determinado produto dependem de quantas pessoas o estão vendendo e quantas querem comprá-lo. Se todo mundo quer um produto, seu preço sobe. Se muita gente começa a oferecer, o preço desce. Mas como funciona isso?

A lei da oferta e da demanda funciona assim: Existem duas curvas, a curva de oferta e a curva de demanda. Segundo a curva de demanda, que todos conhecem, quanto menor for o preço de um produto, mais gente estará disposta a comprá-lo e vice-versa. A curva de demanda pode ser representada num gráfico como uma reta descendente, num gráfico que na vertical traz o preço do produto e na horizontal traz a quantidade de consumidores dispostos a comprá-lo.


 
foto: alansalterations.com
Procurando o melhor carro do mundo, revista Autocar de 1993

Disse alguém que toda unanimidade é burra. Radical demais, a frase não deixa de ter uma boa dose de verdade. Com carros, é fácil  enxergarmos muitos problemas nas unanimidades.

Um deles é o domínio de determinadas marcas ou modelos, que resultam em uma fauna automobilística muito parecida entre si, com carros sem nenhuma capacidade de emocionar um entusiasta em condições normais.

O atual domínio da Volkswagen no mercado mundial, com uma gama enorme de modelos parecidos entre si, é um desses casos desagradáveis.

Há uma certa piadinha sem graça entre membros desse blog e amigos, dizendo que os alemães vão dominar o mundo. " Ze germans vill rule the vorld !", dizem meus amigos engraçadinhos imitando um alemão falando inglês, referindo-se a carros, claro.

De minha parte, tenho certeza que, se isso acontecer, será um mundo mais chato do que já é hoje.


SUBDIVISIONS - RUSH
Subdivisões
( N. Peart, G. Lee, A. Lifeson)

Sprawling on the fringes of the city
Espalhando-se pelos meandros da cidade  
In geometric order
Em ordem geométrica  
An insulated border
Uma fronteira isolada  
In between the bright lights
Entre as luzes brilhantes  
And the far unlit unknown
E o desconhecido longe e escuro   
Growing up it all seems so one-sided
Crescer parece tão dirigido 
Opinions all provided
Opiniões todas providas  
The future pre-decided
O futuro pré-decidido  
Detached and subdivided
Destacado e subdividido  
In the mass production zone
Na zona de produção em massa  
Nowhere is the dreamer or the misfit so alone
Em nenhum lugar o sonhador está tão deslocado  
Subdivisions
In the high school halls

No saguão do colégio  
In the shopping malls
No shopping center  
Conform or be cast out
Obedeça ou esteja fora
Subdivisions 
In the basement bars
Nos bares de porão  
In the backs of cars
No banco traseiro dos carros  
Be cool or be cast out\
Seja esperto ou esteja fora
Any escape might help to smooth the unattractive truth

Qualquer fuga tem que ajudar a suavizar a verdade  
But the suburbs have no charms to soothe the restless dreams of youth
Mas os subúrbios não tem atrações para amainar os sonhos sem descanso da juventude.  
Drawn like moths we drift into the city
Cansados como mariposas nós somos arrastados pela cidade  
The timeless old attraction
As velhas atrações para qualquer hora  
Cruising for the action
Indo para a ação  
Lit up like a firefly
Acesos como vagalumes   
Just to feel the living night
Só para sentir a vida na noite   
Some will sell their dreams for small desires
Alguns vão vender seus sonhos por pequenos desejos   
Or lose the race to rats
Ou perder a corrida para ratos   
Get caught in ticking traps
Ser pegos em armadilhas   
And start to dream of somewhere
E começar a sonhar com algo 
To relax their restless flight

Para descansar de seu vôo   
Somewhere out of a memory of lighted streets on quiet nights...
Em algum lugar fora da memória de ruas iluminadas em noites silenciosas...

Quase tudo que há hoje no mercado de automóveis é categorizado de alguma forma. Hatch, sedan, perua, utilitário esportivo etc.

Quando algum carro sai um pouco de um padrão, complica a percepção da maioria. Um exemplo bastante simplório foi o Corsa hatch de 5 portas de 1996, com a tampa traseira bastante vertical, considerado por alguns uma perua. Na verdade era uma traseira K, de Wunibald Kamm (1893-1966), o alemão que concluiu que essa forma era vantajosa do ponto de vista aerodinâmico, por produzir uma repentina queda de pressão na traseira, reduzindo o arrasto.


A chegada dos carros com funções e estilos misturados é uma autêntica confusão para quase todo mundo. Esses modelos, batizados de crossover, cruzamento de raça, são sempre um bom assunto, pois dão bastante pano para a manga. Um BMW Gran Turismo ou um X6 é o quê? Hatches gigantes? Jipes esportivos e aerodinamizados? Utilitários esportivos mais esportivos do que utilitários?

É mesmo difícil rotular, e acredito que seja melhor apenas pensar se o carro lhe fala à alma ou não.

A primeira vez que me deparei com um X6, foi marcante. Dentro de um estacionamento, vindo de uma rampa mais alta de onde me encontrava, e era branco. Já havia lido sobre ele, e tinha refletido sobre o que seria aquele "carro", que nas fotos, parecia algo do tamanho de um hatch médio. E com desempenho absurdamente ótimo.

Para mim, não é necessário colocar o X6 em nenhuma categoria, apenas preciso saber que gostei, e se pudesse, seria mais um na garagem. Jamais um X1, X3 ou um X5, mas o 6, certamente.

Tudo isso veio à minha perturbada mente ao escutar pela décima terceira milésima vez a música "Subdivisions" do grupo Rush, a banda canadense que faz o melhor som da galáxia, mesmo que algum habitante de outro planeta não concorde. Além do som, as letras, que fazem pensar em coisas sérias, não em futilidades. Reza a letra dessa canção que você precisa estar dentro dos grupos, ser cool, esperto, bacana, senão você é "cast out ", um excluído. Obviamente isso é uma forma de tratar a própria banda, cujos integrantes sempre foram um pouco estranhos e fora dos padrões. A letra trata da "maldição" da adolescência, onde lutamos por ser aceitos naquilo que nos atrai, e pelas pessoas que participam das atividades que gostamos. Em turmas, as opiniões são entregues prontas, e o futuro imediato, pré-decidido.

Com automóveis parece ser a mesma coisa. O que sai dos padrões da maioria assusta, e se torna rejeitado por essa maioria.

O Paulo Keller explicou claramente no seu post sobre o Livina e o Focus esse ponto. Ele usou a frase "Há também a falta de coragem dos consumidores para se desgarrar do grande rebanho". Perfeito, falta de coragem.

Quem tem tempo, dinheiro e espaço, pode fazer seu próprio carro e ficar 100% de fora do rebanho. Terá, assim, motivo e razão de ser individual em seu gosto. Mas para a enorme maioria isso não é possível, e nem mesmo desejável.

O primeiro ponto do comprador normal de carros é que quase todos  não fazem a menor questão de ter um carro que se destaque como diferente por qualquer motivo. Quase todos adoram ver os parentes, amigos e vizinhos com inveja de seu veículo. Quase todos fazem do carro a extensão de suas personalidades públicas, e escolhem carros normais porque querem ser considerados normais. Mesmo que apresentem comportamentos desequilibrados como, por exemplo, sendo reclamantes dos índices de criminalidade, mas consumindo sua drogazinha comprada de traficante armado.

O outro ponto é o preço pago, e aí entramos em uma polêmica que já gerou até mesmo algumas brigas, no bom sentido, entre os integrantes desse blog e alguns amigos.

Sabe-se que os preços dos carros são tratados em divisões e subdivisões. Um "popular" sem nada, não pode custar menos de 20 mil reais. Aparenta ser um acordo entre os fabricantes, que nunca será provado, já que eles brigam por 100 reais de diferença entre concorrentes nos feirões de final de semana  argh!).
Cheio de opções, pode ir a praticamente o dobro, 40 mil, numa clara afronta ao bom senso. Mas muita gente compra, então perpetua-se a facada na economia doméstica.

Um carro pequeno considerado "premium" (termo ridículo), não pode custar menos de 50 mil. Precisa ser mais caro que um popular completo, para os donos mostrarem sua condição financeira para o mundo.

Com raras exceções, os preços são feitos pelo tamanho do carro e pela fama que eles atingem. Vejam o exemplo do Focus, que no modelo antigo era cerca de 10 mil reais mais barato do que o atual, alvo de investimento massivo em propaganda, e que vem se mostrando bom de venda, o oposto do modelo original. Pode a banana ficar mais cara se ela é apenas banana? Ilógico.

Pode um Fiat Mille, o Uno de verdade, custar mais de 20 mil reais ? Podia um Audi A3 nacional ser tão mais caro que um Golf, se ambos eram em quase tudo o mesmo carro ? Óbvio que não, mas tinha que ser mais caro, afinal, era um Audi, não um Volkswagen.

Ou alguém aqui acha que o Tucson seria o sucesso que é se custasse menos, e houvesse um monte deles na periferia como os há nos bairros de classe média?

Claro que o que escrevo aqui não vai mudar a situação. Diz-se que o capitalismo é selvagem, justamente por esses desequilíbrios que o dinheiro impõe, e isso não deve mudar em poucos séculos. Assim como o adolescente vai continuar procurando sua turma eternamente.

Mas vejam que não defendo apenas carros baratos como sendo o certo, e que não deve-se gastar dinheiro em carros caros. Sempre acredito que devemos ter apenas o carro de que gostamos de verdade e de coração.

Seja ele um pequeno carrinho de transporte diário com algumas melhorias ao gosto do dono, ou um tremendo esportivo cuja utilidade é apenas o prazer da condução. Compre o que você gosta, não o que querem te empurrar. Você será mais feliz.

JJ
Com as notícias diárias sobre diminuição de funcionários nas fábricas de carros de todas as regiões do mundo, me pergunto: quem irá fazer carros novos quando essa desgraceira abrandar? Como alguma fábrica poderá projetar, testar e colocar em produção modelos novos bons e chamativos, se estão eliminando o que há de mais valioso que são as pessoas?

Toda crise, real ou imaginária é a mesma historinha: muitos funcionários custam muito, mandemos alguns caçar sapo. E depois, quando o mercado pede carros novos, contrata-se pessoas com pouca experiência.

A Nissan está diminuindo em 20 mil pessoas, Ford, GM, Chrysler, nem sei os números. Outras japonesas também já ameaçam. E assim vai.

Quem, em sã consciência, irá querer trabalhar em alguma dessas empresas? Quem poderá conviver com um trabalho em que não saberá se dali a 1, 2 ou mais anos irá ruir?

Funcionário custa dinheiro, mas erros que levam a produtos desastrosos custam muito mais.