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Imponência em forma de carro |
Algumas coisas demoramos a entender.
Apreciar carros enormes
é algo que foge da preferência da maior parte dos autoentusiastas, já que “grande”
significa quase sempre uma regra geral para “pesado”, e muita massa significa
movimentos de carroceria pouco agradáveis na maioria das vezes. Como a maioria
de meus amigos da área são quase que viciados em desempenho e agilidade
extremos, o carro grandalhão acaba sendo desprezado. Não por mim.
O mundo tem muita
variedade, que é algo que prezo bastante, e consigo lhes dizer que as ditas barcas
sempre me atraíram. Desde muito pequeno, carros que me pareciam grandes como
caminhões me fascinavam. Assim foi com um Buick da década de 1950 (não sei o
modelo, mas pode ser o Roadmaster) que meu pai pegava emprestado de seu chefe, com um Galaxie 500 que ele
usou por um final de semana para ver como era, com um Dodge Charger R/T que
fiquei horas namorando em uma pousada de praia durante um final de semana, os mesmos Chargers que me faziam sentar na frente
de casa para esperá-los passar, o Landau a álcool que além de sua sublime
suspensão foi o carro mais veloz do Brasil por muitos anos, a D-20 que me
capturou pela sua versatilidade e foi meu carro de uso diário por quase três
anos e que só foi vendida porque não cabia na garagem do edifício para onde me
mudei, até os monstros de todas marcas e anos que sempre me atraíram e
continuam fazendo-o.
Depois de muitos anos
de vida adulta, a análise dos fatos históricos me fez chegar a uma conclusão fácil
de entender. Meu avô paterno, espanhol de nascimento, teve sua carteira de
identidade falsificada aos 16 anos para poder se habilitar em caminhões e
ajudar na renda da família. Já que parte de meu DNA veio dele, não estranho nem
um pouco minha preferência pelo torque pleno e potência em rotações civilizadas,
ou seja, baixas e silenciosas. Poucas coisas são mais desagradáveis no mundo do
automóvel do que viajar a 120 km/h com um motor girando perto dos 4.000 rpm. Definitivamente,
rotações de corrida são para pistas, ou na melhor das hipóteses, para alguns
poucos momentos, não para todo dia.
Elegância inata |