Notícia publicada hoje no jornal O Estado de S. Paulo mostrou o resultado resumido de um trabalho do urbanista Valério Medeiros, da Universidade de Brasília. Valério usou um programa de computador para criar uma medida que se chama "grau de integração".
Essa grandeza adimensional mostra o quanto as cidades são mais ou menos difíceis no quesito circulação de veículos, o quanto as diversas rotas e regiões estão conectadas.
É fácil entender isso quando se conhece vários bairros ou cidades diferentes. Há lugares em São Paulo em que só há um ou dois caminhos lógicos, descontadas as rotas absurdas.
Pois bem, São Paulo é a quinta pior do Brasil, a campeã nessa infelicidade é Florianópolis. Quem já passou um final de ano por lá sabe o que estou falando.
As melhores cidades são Nova York, Los Angeles e Cidade do México. Das 164 pesquisadas, São Paulo é a 156ª do ranking.
Complementando esse excepcional trabalho, a urbanista Silvana Zioni, especialista na cidade paulista, afirma que o pior aqui é a falta de avenidas perimetrais, ou anéis viários.
Tudo muito bom, e muito bem trabalhado.
Mas o Juvenal Jorge, tendo visitado Los Angeles em 1997, época que nosso trânsito local era até que bonzinho, já havia notado a quase inacreditável malha de avenidas expressas por lá, as freeways existentes há décadas. Há uma interligação enorme entre todas as estradas que servem Los Angeles, com essas freeways cortando a cidade em todas as direções e se interligando. Uma autêntica malha viária, em forma de trama cruzada, como um tecido.
Vejam a imagem do Google Maps. São todas as avenidas amarelas em tom mais forte. Veja quantas, o quão abrangente são e a escala do mapa. Imagine tudo isso sem semáforos. E imagine que há parte delas suspensa e parte ao nível do solo.
É possível assim, chegar pelo sul, atravessar a cidade sem parar em nenhum semáforo ou cruzamento, e sair no leste, por exemplo.
Óbvio que isso poderia ser feito por aqui, bastaria que os impostos que todos pagamos (e não estou falando só de São Paulo, vale para qualquer cidade) fosse decentemente destinado à circulação de todos. Democraticamente.
Para os que dizem que quero priorizar os carros pois sou entusiasta, respondo que ambulância não anda na linha do trem nem do metrô. Basta precisar de socorro uma vez na vida para se perceber o quanto é politicagem barata e popularesca dizer que só o transporte coletivo interessa.
Bastava ter ido à Califórnia há algumas décadas atrás, ser humilde para copiar e honesto para usar o dinheiro público.JJ
Discordo desta pesquisa por apenas um fato: o trânsito de NY é caótico. A malha viária pode ser mais interligada, mas muitas ruas você não pode virar à direita nem à esquerda, por causa da travessia de pedestres. Uma solução usada na avenida Paulista, de deslocar a faixa de pedestre em alguns metros da esquina, elimina uma fase do farol e melhora a fluência como um todo, sendo ou não mais integrado.
ResponderExcluirA intenção do pesquisador foi boa, porém mapas são uma representação da realidade.
pow, sou de Porto Alegre, uma vez fui para Curitiba e fiquei completamente perdido lá, os engenheiros de trânsito de Curitiba devem ser completamente malucos
ResponderExcluirCoincidência, hoje estava vendo a série CHiPs no TCM e vi que em 1976 já existia toda uma malha de vias expressas naquela região.
ResponderExcluirAqui em São Paulo - maior cidade da américa latina - só há uma "avenida" ligando tudo que é estrada, e ainda por cima servindo de principal e muitas vezes único caminho para deslocamentes dentro da cidade.
E ainda temos que engolir rodízio e esses "jornalistas" toda hora com "excesso" de veículos na nossa orelha no rádio.
Fora todos os males que o descaso nos causa, acaba tirando uma das razões de existirem automóveis e motocicletas: prazer de dirigir. No caso das motos o prazer já se foi a muito tempo. É lombada, tartaruga no meio das faixas, estreitamento de faixas, etc.
Sem contar que essa onda de radares somado com a crença de que a velocidade em absoluto é que mata, gerou um geração de motoristas lentos demais.
Pode passar 10 km/h acima de qualquer radar que não é multado, se for eu pago e assumo os pontos
Pra ser honesto, está dando mais desgosto do que alegria dirigir por aqui.
Toda uma geração de urbanistas e engenheiros de trânsito foram educados na faculdade com teses marxistas-leninistas na qual a prerrogativa é punir o motorista pelo ter, já que o ter é individual em detrimento do coletivo. E eles acreditam que todos nós devemos deixar de pensar em nós mesmos e no conforto que queremos usufruir egoísticamente com nosso dinheiro e pensar em como nossos atos impactam na coletividade. O Bob, por exemplo, deixou escapar em suas colunas que a família dele tem três carros. Apesar desses carros serem compactos, eles ocupam muito espaço na malha viária. Então ele teria que refazer a rotina dele, da esposa e dos filhos, de forma a ocupar menos espaço na malha viária utilizando no máximo um carro de cada vez e se possível utilizar o transporte coletivo. Um Celta, por exemplo, levaria nada mais que cinco pessoas com razoável conforto, mas segundo uma nova lei proposta para o transporte coletivo, a capacidade do mesmo seria de 7 pessoas por metro quadrado. Pegando as dimensões do Celta, de 3.79 metros de comprimento e 1.62 de largura, teremos algo em torno de 6.14 m², multiplicados pelas 7 pessoas por metro daria, arredondando, 43 pessoas no espaço que o carro ocupa. E como o direito individual de ir e vir usando transporte individual fere o coletivo já que o veículo está ocupando espaço público que deveria estar sendo priorizado ao transporte coletivo de massas, sem contar as outras implicações como poluição, manutenção da malha, etc, pune-se o transporte individual e o transporte de carga, que também é privado e ocupa mais espaço ainda. Resultado: motoristas estressados sem hora para chegar em casa, motociclistas se matando por causa de um ou dois segundos a menos na "corrida" e motoristas de caminhões em jornadas extensas, absurdas e desumanas com por causa das limitações de horários de circulação e de carga e descarga (e tudo na cidade). Para vocês terem um vislumbre do sonho de todos esses engenheiros de tráfego e urbanistas em geral, deem uma visitinha à Coréia do Norte. É o sonho de todo urbanista e autoridade viária: um ou dois carros, possivelmente do governo, dois ônibus articulados dividindo uma avenida de 5 faixas. Se o Bob e a esposa tem que trabalhar, se os filhos tem faculdade, isso não importa, o que importa é a coletividade e todo mundo tem trabalhar em prol dela. Resumindo: se você perder 2 horas na capital e 50 minutos no interior para andar 8 quilômetros na cidade, você estará contribuindo para a coletividade com seu sacrifício. Se você tiver alguma sequela por causa do stress, o SUS esta aí para isso, mas aí é outra história. Se você utiliza um carro (caro) que você comprou, paga os impostos (caros) desse veículo e da manutenção (cara) dele (combustível caro incluso) você estará prejudicando a coletividade e por isso estará sendo punido. Abrir avenidas e melhorar o fluxo do trânsito seria priorizar o individual, o ter, e isso é uma heresia suprema aos urbanistas por ter de deformar e desfigurar o meio urbano por causa de um objeto de consumo individual. Iniciativas como o Rodoanel ou o Expresso-Tiradentes (antigo Fura-fila) são criticadas sistematicamente por ambientalistas e ministério público por temerem que caminhões desviando do centro da cidade ou ônibus deixando de ocupar faixas e ruas congestionadas amenizem o pesado trânsito da capital e deem lugar para mais carros e consequentemente aumentem a emissão de CO², monóxido de carbono e ozônio. E antes que alguém ache que sou um comunista eco-chato de carteirinha que acha o máimo chegar suado no trabalho por ter vindo pedalando já vou adiantando: estou investindo na bolsa de valores para comprar um possante com 4 metros e meio de comprimento e motor de dois litros, o que me torna na visão dessas criaturas um ser extremamente indigno de viver, já que estou investindo o meu dinheiro especulativamente no capital privado. Mas é um pequeno sonho de consumo meu.
ResponderExcluirObs: Bob, nada pessoal, muito pelo contrário, só peguei você de exemplo só para ilustrar essa pequena tese do porque o trânsito anda tão atravancado e porque ninguém vê que carro não é um objeto de consumo e sim uma necessidade básica ao nosso direito de ir e vir.
Florianópolis continua tumultuada, mas neste período se resume aos horários de rush (início da manhã e final de tarde), nas cabeceiras das pontes. Fora isso, normal. Nas temporadas, é o CAOS!
ResponderExcluirJoão Carlos, Los Angeles é um caso à parte na questão das "estradas urbanas".
ResponderExcluirÉ famosa a história da GM que comprou o sistema de bondes e de trens que atendiam a cidade para fechá-la e construir estradas largas por onde antes passavam os trilhos.
Sem alternativa de transporte público, a população da cidade teve de comprar carros pra se deslocar.
Sob certo aspecto o termo "excesso de veículos" para expressar a origem de congestionamentos não é de todo errado.
O fluxo de tráfego obedece muitas das mesmas leis que regem o movimento de fluidos gasosos e líquidos. Quando se tenta passar um fluido muito grande por um duto estreito, aparece uma contrapressão que tende a frear esse fluxo. A partir de certo ponto, o aumento da pressão do fluido para se movimentar pelo duto tem de ser muito grande para que uma pequena variação no fluxo.
Com a frota de São Paulo crescendo quase 1000 carros por dia, já atingimos os níveis de saturação das vias, e qualquer obstáculo é motivo de paralização quilomética do fluxo.
Eu moro na Zona Norte de São Paulo, ao lado da Margina Tietê.
Em tese tenho acesso facilitado a qualquer ponto da cidade, mas acesso rápido mesmo, só através das próprias Marginais, ou através do corredor norte-sul (Santos Dumont, 23 de Maio, Moreira Guimarães), que são as vias mais movimentadas da cidade e que sempre estão congestionadas.
Lugares onde eu estaria tranquilamente com 20 minutos de trânsito livre, tenho que planejar pra chegar com uma hora ou uma hora e meia de antecedência.
Precisa dar um desconto pra Florianópolis também. Qualquer lugar em temporada é ruim.
ResponderExcluirEu por exemplo, não vou pra Campos do Jordão no inverno (tudo fica insuportável) e não vou para o litoral de São Paulo em dezembro/janeiro e feriados.
Esqueci de escrever que fatores religiosos também influenciam no planejamento das cidades. Países cujas metrópoles são de origem católica tem tendências para construir ruas estreitas, devido a herança da inquisição, que semelhante a nossa era da internet, não presava pela privacidade dos cidadãos. Então tudo o que se falava em uma calçada deveria ser escutado do outro lado. Metrópoles protestantes por outro lado permitiam ruas mais largas, sem entraves e facilidade de circulação.
ResponderExcluirEu continuo achando que é excesso de incompetência e não de veículos.
ResponderExcluirMas os motoristas também são culpados. Um dos meus caminhos é uma avenida aqui em Santo André com um limite anti-natural, 60 km/h. E o pessoal passa a 50, 40 km/h. Resultado: congestionamento; stress; perda de tempo; combustível jogado fora; sustos com o pessoal que ainda por cima freia no meio do nada; aluguél de faixa esquerda etc.
Existe uma resolução que mostra a que velocidade REAL a fotografia dispara, o que somado ao "erro" de velocímetro faz com que possamos passar a 10 km/h ACIMA dos limites. Se alguém for multado eu pago. Mas se mudou o perímetro do conjunto roda/pneus aí eu não pago, quem estraga um automóvel deve pagar dobrado.
Brasileiro é apaixonado por duas coisas, mas não conhece suas regras: automóvel e futebol.
Inacreditável.
Para não dizer que peguei pesado, olha só o estrago que apenas UM lento no lugar errado faz:
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=Suugn-p5C1M
1k2
ResponderExcluirInteressante isso da religião. Vou pesquisar a respeito.
FB
1k2 você não tem base segura para suas argumentações e "deforma" a realidade cristã das pessoas.
ResponderExcluirGostaria de colocar aqui que a Igreja Católica, que fez e faz tanto, até por vocês que falam tão mal dela (lembrem-se que muitas ruas, avenidas e cidades foram batizadas com nomes dos Santos (muitas no último século, pra não ficar falando da idade média, além que criarem a universidade, que é o meio fundamental onde os arquitetos e urbanistas hoje projetam as cidades)não tem nada a ver com as ruas que conhecemos hoje. Covenhamos meu caro, inquisição foi na idade média, a mil anos!! Que ruas são significativas no estudo publicado? as servidões de Paris? pouco provável... Se formos partir "para a coletividade" iremos acabar virando uma China, onde se mata quem não faz o trabalho ou deixa escapar que é cristão, e muitas vezes de forma injusta essa sociedade pesadelo vai com sua massiva opressão (dos chefes políticos e policiais) de encontro às famílias que não têm prazer ao dirigir nem mesmo prazer em viver.
Anônimo,
ResponderExcluirnão vou discutir religião aqui. mas você quer justificar o ruim com o pior ainda, acho que nem coletividade nem individualidade, deve haver um meio termo, nem 8 nem 80.
sou da mesma opinião do João Carlos, é excesso de incompetência, excesso de desvios de dinheiro publico, excesso de impunidade, falta de fiscalização (nas coisas certas), falta de emprego e de educação para o povo