google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 O TUBARÃO EUROPEU - AUTOentusiastas Classic (2008-2014)

O TUBARÃO EUROPEU

A Suíça hoje é conhecida pela forte exigência ambiental, rigorosas normas de emissões e leis de trânsito que podem colocar o infrator na cadeia. Não exatamente o lugar mais lógico para se criar um dos esportivos mais raros e refinados dos anos 70.

Peter Monteverdi, um suíço de ascendência italiana, criara em 1967 o modelo 375, seu primeiro carro na fábrica que levava seu nome, e posteriormente diversas variações do modelo, com conversíveis, Grand Turismos e o sedã de luxo, todos equipados com motores americanos de elevado deslocamento volumétrico. Mas o grande lançamento ainda estaria por vir, em menos de três anos após a inauguração da fábrica. No Salão do Automóvel de Genebra de 1970, Monteverdi mostrou ao mundo sua obra prima, o HAI 450 SS.


Peter era uma pessoa curiosa, pois além de engenheiro, era artista e um bom negociante. Criou um chassi tubular para acomodar um motor central na posição longitudinal, diferente da posição adotada no Miura dois anos antes. Em 1969, Peter foi aos Estados Unidos para uma reunião com a engenharia da Chrysler, empresa que lhe fornecia os motores para o modelo 375. Enquanto a engenharia apresentava o 440 pol³ Magnum "F Series", Peter estava mesmo de olho no motor da bancada ao lado, o HEMI de 426 pol³ que empurrava os Dodges e Plymouths para vitórias nas corridas da NASCAR.


Com as medidas do 426 em mãos, voltou para a Suíça e projetou o chassi tubular do novo carro, já pensando na transmissão ZF de cinco marchas que usaria. Por conta da carcaça da transmissão, Peter criou uma ponte De Dion sobre a transmissão com interligação por um sistema Watts e braços de controle laterais. Os freios traseiros eram montados na saída do diferencial, o famosos sistema in-board utilizado nos carros de corrida. A dianteira era composta de braços sobrepostos. Peter também sempre projetou seus carros para ter a melhor distribuição de peso possível, sempre perto dos 50/50, e a disposição do motor reduz o momento polar de inércia, que faz o carro ser mais rápido em transiente e mudanças de direção.



Com o chassi pronto, a carroceria de aço foi feita na Fissore, com elementos de design que remetem novamente ao Miura. Baixo perfil da carroceria, frente em cunha, motor potente e chassi bem estruturado permitiam ao novo carro atingir 280 km/h de velocidade máxima, respeitável até para os padrões de hoje.

Faltava um nome para sua criação, logo Peter o nomeou de HAI 450 SS. HAI significa tubarão em alemão, em alusão à carroceria, e 450 remete aos 450 hp que o V-8 da Chrysler produzia, ou pelo menos divulgavam, pois com os dois carburadores quádruplos, é provável que fosse mais forte. O primeiro protótipo foi pintado de roxo metálico (Purple Smoke como era chamado), e era claramente um carro de performance. O próprio Monteverdi afirmava que o carro não era fácil de ser dirigido esportivamente e era esse mesmo o intuito, ser rápido e bruto, uma experiência única de relação homem-máquina. Quem quisesse um carro mais tranquilo, optasse por um modelo da série 375. Mas isso não significava que o HAI era um carro espartano com péssimo acabamento, muito pelo contrário, era altamente refinado, com ar condicionado, vidros elétricos, vidro traseiro aquecido, bancos revestidos com couro Connolly e espaço revestido no bagageiro.


No ano seguinte, mais um carro foi produzido com o nome HAI 450 GTS, com o entre-eixos um pouco aumentado (de 2.548 mm para 2.610 mm), motor Chrysler 440, melhor posição de dirigir, além de detalhes de carroceria como a maçaneta da porta mais alta para facilitar a abertura. Apenas estes dois carros foram fabricados, seu preço elevado era proibitivo. Posteriormente, mais duas reproduções foram feitas.

Peter Monteverdi não era mais um maluco fabricantes de carros com sonhos utópicos. Ele mesmo afirmava "eu sempre quis construir carros", mas tinha a consciência de que "se eu não construísse carros, provavelmente seria infinitamente mais rico e mais saudável, mas com certeza não seria mais feliz".

15 comentários :

  1. Paulo Keller23/05/2009, 12:15

    Eu tinha um laranja, na minha coleção de Matchbox.
    Belo post!

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  2. Clésio Luiz23/05/2009, 13:16

    Imagino o ruido desse motor quase ao lado do motorista, durante um volta num autódromo. Dever ser demais.

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  3. Parece que tubarão sempre foi um animal associado aos fãs de carros né! Aqui temos o Chevette e o Monza Tubarão - pelo que conheço!
    Interessante post!

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  4. Eduardo, o tubarão é uma referência em aero(hidro)dinâmica, suas formas são copiadas em automóveis há anos, como neste carro, nos antigos Corvette e outros.

    Por aqui associaram o nome ao Chevette e Monza por terem a parte mais alta da frente (bico do capô) mais pronunciado.

    abs

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  5. Uma pena esse carro não ter sido produzido em maior escala. Mesmo com preço elevado, provavelmente haveria alguns interessados.

    Na minha coleção de Matchbox, tive um verde. Sempre me senti atraído pelo modelo. O mítico 426 Hemi faz "estragos" na cabeça de um autoentusiasta...

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  6. Miltone, esse seu tio Peter era quente. Ainda tenho o meu Matchbox, na caixa, zerado!!!!

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  7. Marco!! Pelo visto os Matchbox são maioria aqui. Sempre me falaram que a familia nunca foi muito boa da cabeça ahahah.

    abs

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  8. Belli, tremendo texto. Gostei muito, carros exóticos e raros são minha preferência, como os amigos sabem.
    Valeu.

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  9. MB,

    484 cvs norma sae antiga, brutos, no volante. Sensacional, gostei pacas do texto e do carro.

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  10. A Monteverdi tentou entrar na F1 em 1990, um dos pilotos era JJ Letho, ele classificou o carro pra corrida da Alamanha assim como seu companheiro, mas nao classificaram pra Hungria e o projeto foi abandonado. Nao sei muito mais sobre essa historia.

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  11. JJ e AG, obrigado!

    Caio, a história da equipe Monteverdi na F1 é que o "seu" Peter comprou a equipe Onyx em 1990, mas a grana acabou rápido.

    abs

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  12. Belo post mesmo!

    Eu "fui" engenheiro (abandonei a carreira) e, nessas horas, sinto inveja desses que unem técnica, sonho e arte.

    Tenho uma linda matéria sobre o Monteverdi 375/4. Mesmo mais comportado, já era coisa de entusiasta!

    Sds,

    Der Wolff

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  13. Alguma informaçao sobre o Cx do pequeno shark ?

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  14. Leonardo, não encontrei nada, mas estou procurando.
    abs

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  15. Tem uma história pra lá de resumida dos Monteverdi no BCWS: http://www2.uol.com.br/bestcars/ph2/162a.htm
    Inclusive tem um sedã muito bonito, dêem uma olhada lá.

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