google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014): Lamborghini
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Bob Wallace e mais um dia duro de trabalho (foto Jalopnik)

"Jornalista, revista Rolling Stone, 1976 a 1979 
Produtor, Atlantic Records, 1964 a 1971
Qualquer tipo de músico, exceto clássico ou rap 
Diretor de cinema, qualquer tipo exceto alemão ou mudo 
Arquiteto (trocar por dono de loja de discos)"

A certa altura do filme “Alta fidelidade”, o protagonista Rob Gordon (personagem do sempre ótimo ator John Cusack) chega em casa e encontra a ex-namorada lendo esta lista em voz alta, lista esta que ele mesmo tinha escrito em uma folha de papel e deixado em cima da mesa: os cinco melhores empregos de sonho.

Se você nunca viu este filme merece parar um pouco para fazê-lo; é uma grande história de encontro da liberdade por meio de um amadurecimento repentino, ainda que tardio. Uma fábula pop deliciosa sobre pessoas que, movidas por um interesse especial mútuo (no caso, a música, visto que Rob é dono de uma loja de discos raros) se encontram e firmam amizades duradouras mesmo aparentemente sem ter nada mais em comum. O apelo para os entusiastas de qualquer coisa, carros inclusive, me parece óbvio.

Mas enfim, contei isso porque sempre que o assisto novamente, penso nesta lista em particular entre as outras tantas que são feitas filme afora. A minha versão dela nunca tentei colocar em uma ordem definida, nem nunca completei os cinco. Mas existem três empregos que para mim estão claramente muito acima de todos os outros. Não nenhum deles pagava particularmente bem, mas isto, veremos, não importa. Em ordem cronológica:

Piloto de testes e competição, Maserati, ca. 1930-1969 
Piloto de testes, Lamborghini, 1963- 1975 
Editor, revista Car inglesa, 1975-1988

O fato de que no mundo real as pessoas que tiveram estes empregos tenham se conhecido, cada uma delas tendo alguma influência sobre a outra, não é mera coincidência. Nem o fato de que estas histórias convergem também para um lugar só, a cidade de Modena, na Itália. Nem, muito menos, a época em que existiram.

Lembra o Diablo, e com motivo

Em 1987 a Lamborghini foi comprada pela Chrysler, que via no fabricante italiano um negócio atraente para expandir sua capacidade de fazer carros exclusivos e vendê-los com muito lucro. Até mesmo um motor Lamborghini na Fórmula 1 existiu, de 1989 a 1992, através dessa injeção de dinheiro, que visava tirar o honorável fabricante italiano dos problemas financeiros de muitos anos, algo que até mesmo Franco Gozzi (1932-2013), o veterano assessor de imprensa e braço direito de Enzo Ferrari, lamentou certa vez. Diante de um Silhouette com o qual o jornalista Mel Nichols fora visitar a fábrica do Commendatore, ele disse, balançando lentamente a cabeça: “Que tragédia que as coisas estejam tão ruins para uma empresa que faz carros como esse”.

Óbvio que entrar na casa italiana com soluções americanas não poderia dar cem por cento certo, e alguns funcionários e prestadores de serviços resolveram abandonar a área, levando com eles décadas de conhecimento.

Quase ao mesmo tempo, Claudio Zampolli, um ex-engenheiro de testes de desenvolvimento que trabalhou na Lamborghini de 1966 até 1973 nos projetos do Miura e do Countach, fundou uma empresa junto com o produtor musical e compositor Giorgio Moroder, para fabricar um carro considerado excessivo.

Um modelo não funcional ainda na Lamborghini. Seria bastante modificado.

Lamborghini Veneno

O Salão de Genebra de 2013, aberto no dia 7 de março e indo até o dia 16, é alvo do interesse da mídia do mundo automobilístico. A vitrine suíça lançou oficialmente diversos novos modelos e conceitos em praticamente todos os ramos do mundo do automóvel, desde os compactos de baixo custo até os carros milionários.

Curiosamente, a Suíça não tem bons olhos para os chamados supercarros. São caros demais, poluidores demais, barulhentos demais e rápidos demais. Mas, por algum motivo de força-maior (leia-se interesses comerciais, claro), três supercarros foram os destaques do evento.

Ferrari, Lamborghini e McLaren mostraram seus novos carros topo de linha, para o deleite da imprensa e dos fãs. Mais rebuscados, potentes e rápidos que seus antecessores, os novos modelos contam com tecnologias de ponta para serem, além de tudo, econômicos e pouco poluentes.
Foto: EVO

Quem não pensou alguma vez na possibilidade de guiar um supercarro ou um clássico antigo? “Ah, um dia vou guiar um desses...” já passou na mente de todo entusiasta. Sempre há um modelo, ou mesmo uma marca,  que povoa os sonhos e as vontades de cada um de nós.

Como sonhar é de graça e não atrapalha nada a vida de ninguém, além de fazer bem para nossas cabeças termos sonhos e objetivos na vida, por que não pensar em alguns automóveis que fazem parte destes sonhos, e quais gostaríamos de guiar?

Estes são algumas escolhas pessoais, e como são muitos os carros que realmente atraem a atenção, aqui estão listados (sem ordem alguma) os superesportivos homologados para andar na rua. De corrida não vale agora!

Vamos aos supercarros:

- Bugatti Veyron
O supercarro criado sob os cuidados do Dr. Ferdinand Piëch, chefão do grupo VW, nasceu para mostrar ao mundo do que a engenharia germânica era capaz, e o resultado foi o carro mais rápido do mundo, quebrando ainda a marca dos 1.000 cv de potência.


Uma obra da engenharia moderna (foto:autor)



Foto; Edmunds.com


Countach – Forma e Som
por Juvenal Jorge

Essa comparação de gostos está cada vez mais interessante. Miura e Daytona, Corcel II e Passat, e agora, Lamborghini Countach e Ferrari Berlinetta Boxer.

Conheço bem só os nacionais, mas claro, tenho meus preferidos mesmo assim. O Countach é um sonho de criança, de um monte de crianças que tiveram pôsteres nas paredes de seus quartos e miniaturas dessa máquina, em vários cantos do mundo. Tenho certeza que há fotos desse carro em lugares que nem sequer imaginamos existir. Há vários brinquedos que tem um Countach como inspiração. Mesmo que caricatos, é possível identificar a obra de Marcello Gandini, o criador do estilo inconfundível.


O Countach é a correção das falhas do Miura do ponto de vista de engenharia, e a fábrica não poderia deixar barato. Tinham que fazer algo chocante, que foi apresentado em Genebra em 1971. O desenho geral foi inspirado pelo Alfa Carabo, de onde veio a principal característica e novidade absoluta, as portas abrindo para cima, articuladas na coluna A (dianteira).




Outro dia, arrumando a prateleira onde guardo os CDs e coisas do computador, achei um dos jogos mais legais que já existiu, das antigas mesmo, o "Need for Speed" original, o jogo que revolucionou os simuladores de corrida. Na verdade, foi um dos ou o primeiro simulador de comportamento dinâmico dos carros de rua, já que até então os jogos não eram realistas no quesito dirigibilidade. Apenas jogos como o "Grand Prix" (ou "World Circuit") e o "IndyCar Racing" eram mais realistas neste aspecto.

Lançado em 1994 pela Eletronic Arts, o primeiro jogo da série NFS foi um show visual e sonoro. Os gráficos eram ótimos para a época e os modelos dos carros, bem realistas, com visão de "dentro" do carro, painel detalhado e volante com movimento. Na época, o mais próximo que se tinha neste aspecto era o jogo "Test Drive", curiosamente criado pela empresa que posteriormente foi comprada pela EA e participou do desenvolvimento do NFS.
Foto: Revista Octane

Eu e o Juvenal Jorge somos velhos e bons amigos (desde a faculdade, quase 20 anos, barrabás), mas raramente concordamos em algo. Nossas discussões automobilísticas às vezes chegam a cansar, mas mantém ambos com o cérebro funcionando e os adjetivos afiados. Esta semana tive a idéia de colocar estas discussões no blog, meio que para oficializá-las, e conseguir alguns juízes imparciais.

Começamos com a mais épica competição automobilística que já existiu: Ferrari Daytona vs. Lamborghini Miura, a clássica batalha italiana dos anos 60.

Cada um defendeu um dos carros. O leitor decide, votando nos comentários. Com a palavra, a defesa!


Trabalhando de graça
Por Juvenal Jorge


Óperas são como carros italianos. Vão do sublime ao ridículo num piscar de olhos.

Vejam esse caso aqui de Miura e Daytona. Ambos usaram nomes não italianos para seus modelos concorrentes. Um foi para a plaza de toros, e o outro went to the beach. Italianos são assim mesmo. Têm umas idéias descabidas, e são escandalosos e cheios de drama como uma ópera. Era melhor um se chamar pizza e o outro mussarella. Mas vamos nos ater aos carros.





Em 1974, a Lamborghini revolucionaria o mundo dos carros esporte com um dos modelos mais radicais já lançados, o Countach LP400. O desenho simplesmente genial de Marcello Gandini para o estúdio Bertone fez com que o Countach fosse reconhecido e idolatrado por gerações.
 
Suas formas angulares de fortes vincos faziam o sensual Miura parecer um carro como outro qualquer. As portas "tesoura" com abertura vertical eram tão ousadas como qualquer outro detalhe do carro. Ousado apenas não foi o motor, que era praticamente o mesmo V-12 do Miura, mas agora montado longitudinalmente com a caixa de câmbio vindo antes do motor se olhado de frente. O torque era levado para o diferencial traseiro por uma árvore de transmissão interna ao conjunto, dessa forma o peso era melhor distribuido entre os eixos dianteiro e traseiro. Este layout manteve-se padrão por muitos modelos a seguir.

O projeto original contemplava um chassi monocoque e um novo V-12 de 5-litros, maior e mais potente que o então 4-litros que acabou entrando em produção. O novo motor ainda era prematuro, frágil e sem garantias de bom funcionamento em altas rotações. O monocoque também foi deixado de lado para produção.



Ferruccio Lamborghini e o Jarama. Ele começou a linhagem fabricando tratores, quem diria!

Gallardo. Diablo. Miura. Countach...Quando falamos em Lamborghini, nenhum destes modelos é esquecido, todos estão na ponta da língua para exemplificar algum modelo da fábrica do touro de Bolonha. Mas não é somente destes nomes que a Lamborghini é feita.

Este é um dos casos de injusto esquecimento, o Jarama.




Nascido em 1970 sob os traços do mestre Marcello Gandini para o estúdio Bertone, o Jarama era a diversificação da linhagem dos touros. Com desenho muito semelhante ao Iso Rivolta Lele, por motivos de mesma paternidade, o Jarama apostava nas linhas fortes e traços marcantes. Também vemos semelhança com o Alfa Romeo Montreal.

Esta lista é diferente, por não ser uma lista de carros, e sim de nomes interessantes. Olhando para ela, penso que as empresas hoje desperdiçam seu dinheiro contratando consultorias a peso de ouro para criar nomes para carros: basta evocar velocidade, matança, maldade e destruição que o nome será memorável... Depois a gente reclama que ninguém nos entende...

A lista é absolutamente subjetiva, portanto os leitores podem se sentir incentivados a criar suas próprias. É só não se influenciar demais pelo carro em si; o que vale aqui é o nome. Por isso mesmo coisas tão legais como um Nissan GT-R e um Ferrari 599 estão fora: são carros sem nome, coitados. Seus pais lhes deram siglas e números ao invés de um nome de verdade, ato realmente imperdoável para com crianças tão lindinhas...

A eles então, começando do décimo colocado, e ao fim, no nome mais legal já dado a um automóvel, na humilde opinião deste colunista:


Algumas características técnicas no mundo dos automóveis são como marcas de um fabricante. Os BMW usam tração traseira, os 911 com seus motores boxer traseiros e o Lamborghini, com suas portas abrindo para cima. Justamente a Lamborghini, um dos maiores fabricantes de esportivos de todos os tempos e de certa forma ainda tradicional, não se prendeu muito em uma característica, a posição da transmissão.

Nos primeiros carros da fábrica do touro de Bolonha, o motor era montado na dianteira, de forma longitudinal, com a transmissão em seguida, o cardã e o diferencial no eixo traseiro, o famoso Sistema Panhard.



A tecnologia do carbono forjado, como foi chamado o material compósito utilizado no conceito da Lamborghini Sesto Elemento, já comentado aqui, também é aplicado em outros objetos refinados, como relógios de pulso.



Esta é a posição do carbono na tabela periódica dos elementos químicos, fonte de inspiração do nome do mais novo conceito apresentado pela Lamborghini no Salão de Paris, aberto de 30 de setembro a 17 de outubro.

Em primeira análise, não parece ser nada além de um Gallardo depenado com uns pedaços a menos de carroceria para fazer uma versão "KTM X-Bow".


Um certo tempo atrás, falei sobre minhas ideias a respeito do Veyron e como eu o considero uma obra-prima da engenharia automobilística. Foram tantas as restrições de projeto para dificultar a vida dos engenheiros que, mesmo com orçamento quase ilimitado da VW, não seria uma tarefa fácil.
No final, o que surgiu de anos de trabalho e milhões de dólares investidos foi o carro mais superlativo de todos os tempos. O mais caro, mais rápido, mais complicado e mais marcante. Mas, como eu mesmo disse quando fiz o outro post, acreditava que o Veyron seria o último dos supercarros do mercado. Pelo rumo das coisas no mundo, não parecia ser mais interessante um fabricante investir tanto dinheiro em um produto com tantas complicações.
As normas se segurança, de emissões de poluentes e de consumo de combustível tendem cada vez mais a crucificar os carros de alto desempenho, e ainda mais com a ajudinha das crises econômicas mundo afora, um carro deste tipo não parecia mais ser viável.
Mas, acho que ainda há uma esperança, pelo menos por algum tempo. Diversos fabricantes estão trabalhando em novos projetos ou já lançaram carros mais potentes, caros e até então, fora dos padrões que o mundo está se dirigindo.
A Pagani está desenvolvendo o C9, substituto do Zonda. O C9, pelas notícias da mídia (leia-se fofoca e boatos) terá um motor Mercedes V-12, mas de menor cilindrada, antes o 7,3-litros e agora supostamente o 6-litros do SL65 Black Serie,s mas com mais de 700 cv.
Pagani C9
A Lamborghini está finalizando o substituto do Murciélago, até então conhecido como Jota, e que deve usar um V-12 de aproximadamente 750 cv, com muitos detalhes já feitos no Reventón, também caríssimo e muito potente.
Lamborghini  'Jota'
Até a Aston Martin, que andou passando de mãos nos últimos anos por conta de problemas financeiros, já mostrou ao mundo o One-77 V-12, também com mais de 700 cv e estimados um milhão de libras.esterlinas. Parece ser algo razoável no mercado atual? Quem sabe...
Aston Martin One-77
Nenhum destes carros parece ser coerente com a onda ambiental de redução de consumo e poluentes, com a ampliação das exigências de controles de emissões cada vez mais rígidos e, não podemos negar, necessários. As crises econômicas que quase levaram até a GM à falência não perdoariam um erro estratégico como esse, a exemplo da VW, que perde muito dinheiro com cada Veyron vendido, sem falar na grande era dos carros híbridos e elétricos que foi anunciada para a virada da década em 2011,que não comportaria veículos deste tipo.
A Porsche, por sua vez, está partindo para a ideia do supercarro do futuro, com o conceito 918 Spyder, que combina um motor V-8 de 500 cv e motores elétricos para reduzir o consumo e poluição. Acredito ser uma tendência a ser seguida por muitos.
Porsche 918 Spyder
Mas então, por que eles estão sendo feitos? Por que o Veyron parece que não vai ser o último dos grandes carros dos sonhos? Há entusiastas na indústria sobrevivendo e fazendo o possível para que carros como estes sejam feitos para povoar os sonhos de muitos aficcionados. Pude ver o Veyron e o One-77 de perto ano passado, e só de olhar para eles já é possível sentir que há salvação.
Como o MAO mostrou uma vez em um brilhante comercial da Porsche, estamos precisando novamente de inspiração, de coisas não racionais e não práticas, de mais sonhos. Acho que, felizmente por algum tempo, o último a sair ainda não vai apagar a luz.
MB

Roger Moore vivendo Harold Pelham ao volante de seu Islero S 1969
Quando era adolescente, uma de minhas diversões (além de colecionar livros de carros, dirigir tudo que pudesse colocar minhas mãos e andar de moto) era assistir filmes que envolvessem algum automóvel exótico ou alguma máquina extrema que excedesse o aceitável em performance ou que explodisse majestosamente.
Na época (década de 80), a grande maioria dos filmes disponíveis nas poucas locadoras que existiam eram cópias piratas (devidamente apresentadas com o logo da locadora) e em uma visita à uma locadora, por falta de opção, escolhi um filme do Roger Moore (pré-007) de 1971 chamado “The man who haunted himself”.Traduzindo seria, o Homem que assombrava a si mesmo. Bem, não havia o título em português e o filme nem legendado era: perfeito! Eu mal sabia que iria ser apresentado para um dos Grand Tourers mais bonitos que vi até hoje: O Lamborghini Islero. No filme, Moore dirige um belo exemplar na cor prata e interior cinza claro, versão exportação inglesa com volante de direção ao lado direito. As cenas do filme me deixaram com água na boca, apesar da parte em que ele brinca de chicken em cima de uma ponte ter seus defeitos. O Islero é um perfeito exemplo da filosofia : Menos é mais.

Traseira do Islero S de Moore. Notem os faróis Alfa Romeo e os slots do S nos para-lamas dianteiros.
Ferruccio Lamborghini era um magnata industrial, apaixonado por mecânica, rebelde, sangue quente e italiano. Precisa dizer mais? Começou a fabricar tratores e equipamentos agrícolas em 1948, época do Plano Marshal (uma iniciativa americana de ajudar a Europa Industrial pós-guerra). Uma curiosidade, dos fabricantes italianos a única empresa que nao recebeu nenhum auxílio americano foi a Lancia. Qual o motivo? Bem, Vicenzo Lancia era um sujeito de ideias socialistas e, por ser também italiano e ter sangue quente, acabou metendo bala no próprio pé, aborrecendo os americanos que não lhe deram nenhum tostão. Mas isso é motivo para outro texto.

Ferrari 1958 250GT Lusso desenhada por Pininfarina e de propriedade de Ferruccio Lamborghini.
Voltando ao Ferruccio, esse adorava carros e possuia um belíssimo Ferrari 250GT Lusso 1958 desenhado por Pininfarina. Porém, seu 250GT tinha problemas crônicos de embreagem, algo não muito difícil de consertar mas que enfureceu Ferruccio, que disse a Enzo Ferrari que seus carros eram barulhentos (já que quase não tinham acabamento interno, como um carro de corrida), ruins e inpróprios para se dirigir nas ruas. Essa briga resultou nos clássicos GTs e super-carros que Lamborghini iria construir. Já pensaram se o Ferrari de Ferruccio tivesse uma embreagem perfeita ou revestimento para diminuir ruídos? O mundo nunca teria o Islero ou o Miura, Countach, Diablo, Murciélago, para citar alguns. O raciocínio de Ferruccio era: Se Ferrari não pode construir um carro para o meu gosto, construo eu então.

Protótipo do primeiro Lamborghini: O 350GTV.
Mas retomando o assunto Islero: Lamborghini estava querendo fazer um sucessor para o 400GT que assim, como o 350GTV, tinha um design de gosto duvidoso.Em particular, o 400GT parecia um Morgan que foi tratado à base de esteróides. Apesar disso, o interior dos 350GT e 400GT eram muito superiores ao dos Ferrari. Ao mesmo tempo, queria que o novo carro fosse um carro usável no dia a dia e também fosse o entry level, ou seja o carro mais acessível da marca. Tanto o 350GT quanto o 400GT de Lamborghini não impolgaram muito com seu desenho duvidoso e viraram gozação por parte de Enzo. Ainda Ferruccio queria aproveitar o que de bom o 400GT tinha, praticamente alterando seu design e fazendo alguns melhoramentos técnicos. Era uma boa época para Lamborghini, dois anos antes com o lançamento do Miura, os pedidos não paravam de chegar de todo o tipo de playboy, novo rico, artista ou celebridades como Dean Martin e Frank Sinatra querendo um Miura.

O Islero 400GT série 1. Notem as diferenças na carroceira para o Islero S de Moore.
Para desenhar e construir chassis e carroceria do novo carro, Carrozzeria Touring seria a escolha natural, já que tinham trabalhado no primeiro Lamborghini, o 350GTV (protótipo) 350GT (carro de série) e 400GT versão melhorada. Porém, devido à falência da empresa, Ferruccio empregou Carrozzeria Marazzi que era uma nova empresa fundada por Mario Marazzi, um antigo funcionário da Touring. Marazzi deu um desenho moderno, simples e ,ao mesmo tempo, agressivo ao novo carro: fez escola.

O painel e interior puro do Islero série 1
Os carros eram entregues, chassis mais carroceria pintada, por Marazzi para as instalações da Lamborghini em Sant’Agata Bolognese. Lá, eram instalados motor, câmbio, suspensão, interior, parte elétrica etc. Com o objetivo de economizar recursos, o novo carro seria basicamente uma nova interpretação do 400GT com nova carroceria mais atraente porém com maior largura para acomodar pneus maiores e mais modernos.

Painel do Islero S, maior e com botões como no E-Type III series.
Dentro da tradição Lamborghini (iniciada com o Miura e o Espada) um feroz touro iria batizar o carro. O nome escolhido foi Islero, um touro feroz e mortífero. Islero foi o touro que matou o Jim Clark de todos os matadores: Manuel Rodriguez em 1947. O interessante era a raça do Islero: um Miura. Manolete, como Rodriguez era chamado, criou uma nova técnica de tourada. Basicamente, ficava parado e enganava o touro que passava a centímetros do seu corpo por quatro ou cinco vezes sem se mexer do lugar utlizando um pano vermelho para enganar o bicho. Porém, Islero era mais esperto e aprendeu já na segunda passada onde direcionar seu chifre. A pancada foi tão forte que Manolete morreu imediatamente com uma chifrada fatal. Manolete é retratado no cinema pelo ganhador do Oscar, Adrien Brody no filme de 2007 de Menno Meyjes.

Motor do Islero S. O V-12 que equipava Miura e Espada.
Para o Islero, Marazzi deu uma frente em cunha, com faróis escamoteáveis como no protótipo 350GTV, pequenos para-choques cromados, e uma área envridaçada enorme com pequena colunas A, algo impensável para os padrões atuais de segurança mas de extrema elegância e perfeitas proporções. Por ser o automóvel entry level da marca, alguns itens seriam aproveitados de automóveis de série com o objetivo de economizar custos. Para os mais atentos fãs da Alfa Romeo, as lanternas traseiras, elegantemente posicionadas abaixo dos pequenos para-choques, eram lanternas Alfa montadas ao contrário. O trinco das portas também foram emprestados da Fiat. No interior, um volante de madeira de bom gosto foi empregado, a alavanca do freio de estacionamento era posicionada embaixo do banco do lado do túnel da transmissão sendo à direita para carros com direção à esquerda e à esquerda para os carros direcionados ao mercado inglês. Claro, couro de alta qualidade em todo lugar possível e uma ergonomia bem funcional, apesar da simplicidade do interior que, talvez por isso mesmo, tenha contribuido para torná-lo tão elegante e prazeroso aos olhos. Claro, o interior era muito confortável e espaçoso e por isso o Islero se tornou o carro preferido de uso de Ferruccio além do seu preferido.

Foram feitas duas versões do Islero, a 400GT, que foi de 1968 a 1969, e a 400GTS (também conhecido como Islero S) que somente foi produzida em 1969 em pouquíssimos 100 exemplares. No total, foram produzidos 225 carros entre Islero e Islero S. A primeira vez que o Islero foi apresentado ao público foi durante o Salão de Genebra em 1968. O carro foi mostrado discretamente entre o Miura e o Espada, o último que seria um best seller com quase seis vezes mais vendas que o Islero. A casa Lamborghini estava sendo representada por três carros no salão: o Miura (primeiro supercarro do mundo), o Espada, que era o seu flagship GT e o Islero seu entry level GT.
A pureza do Islero 400GT.
Em termos mecânicos, o Islero não fazia feio. Vinha equipado com um V-12 de 3.929 cm³ (mesmo bloco do Miura e Espada), daí o nome 400, com câmbio todo sincronizado de 5 marchas, como no Miura. O carro era montado em cima de um chassis de aço com panéis de alumínio rebitados para compôr a carroceria. Aliás, o único problema do carro era justamente com o alinhamento dos painéis, que hoje é uma das grandes dores de cabeça também dos colecionadores. Não é incomum ver painéis desalinhados dos Isleros em fotos atuais. Porém, uma grande coisa para o carro foram os esforços de dimunir os ruídos internos do feroz V-12 que tornaram o carro um Grand Tourer bem mais confortável e amigável que o Espada ou o seu predecessor 400GT do qual emprestava o chassis com pequenas modificações.

A performance do Islero também não fazia feio. O carro pesava apenas 1.315 kg a seco e tinha 325 cv de potência para a primeira série, sendo aumentado para 350 cv na GTS. O Islero fazia 260 km/h fácil e tinha uma vantagem com relação ao Miura: não tinha a tendência de levantar a frente como o Miura fazia em alta velocidade. O proprietário de um Islero tinha um ótimo GT e também um carro de alta performance totalmente previsível a um custo bem inferior comparado ao do Miura.

Na minha opinião, o Islero 400GT tem a carroceria mais pura e bonita. É facil diferenciar um Islero de primeira geração para o Islero S. No S há um slot de ar nos para-lamas, uma entrada de ar discreta atrás da janela traseira, a abertura de ar do motor abaixo do para-choque é maior, os arcos das rodas são mais arqueados em relação ao 400GT, há vidros mais escuros e também desembaçador traseiro que nao existia na série 1. Em termos de interior, a posição dos mostradores foi rearranjada, um aplique de madeira foi usado no painel (que era maior) e os botões do painel foram mordenizados e eram semelhantes ao Jaguar E-Type series III. Além disso, o Islero S foi beneficiado de uma suspensão traseira melhorada baseada no Espada. O carro de Moore era um Islero S, o que é fácil de perceber pelo abertura lateral nos para-lamas. O interessante é que era um carro 1969 num filme de 1971 e mesmo assim poucas pessoas sabiam que carro era aquele, cujo papel coadjuvante foi muito significante, para a personalidade dark de Harold Pelham vivida por Moore com autoridade.

Hoje é possível comprar um Islero entre $ 60.000 a $ 180.000 dependendo do carro e condição (graças aos colecionadores). Existe muita desinformação com relação aos anos em que os Isleros foram produzidos. No que se diz respeito a Carrozeria Marazzi, os últimos chassis do 400GT foram entregues à Sant’Agata em 1968, sendo que os Islero S teriam sido entregues antes de novembro de 1969. Porém devido à natureza artesanal da Lamborghini, a demanda pelo Miura e, em especial, pelo Espada, o último Islero saiu da fábrica em 8 de janeiro de 1970. Porém em 1970 já estavam em rigor algumas leis anti-emissões e de segurança (que o Islero não passaria) e alguns de seus proprietários deram um jeito de registrar os últimos carros como sendo de 1969. Isso tornou a vida de alguns colecionadores e estudiosos da marca difícil.

Os últimos Islero S foam vendidos em 1970 por 10.000 dólares americanos o que, feita a devida conversão inflacionária em 40 anos, seria o equivamente a mais de 150.000 dólares hoje. Para a época, muito caro. Como comparação, um Jaguar E-Type custava 7.000 dólares. O Islero morreu não por ser um carro ruim, mas por ter sido desprezado em relação ao Miura e ao Espada (que vendeu 1.200 exemplares de 1968 a 1978 e era o GT mais luxuoso da marca). A maioria dos clientes Lamborghini não entendeu que o Islero captava a essência de carro GT perfeito que Ferruccio tanto perseguiu no 350GT e 400GT sem êxito.

A Lamborghini criou outros modelos entry level com o passar dos anos, mas nenhum modelo sequer foi tão harmonioso em termos de design e funcionalidade prática como o Islero foi. A citar, Jarama, o Urraco (concorrente do Dino) e o Jalpa (que aparece no filme Rocky III dirigido por Sylvester Stallone). Em geral, carros com participações importantes em filmes se tornam imortais, mas o Islero talvez seja exceção à regra. Talvez dentro de poucos anos receba o devido reconhecimento que merece, já que agora o filme de Moore, que era considerado ruim, tem uma diferente percepção, sendo elevado à categoria cult. Para quem não assistiu “The man who haunted himself”, fica a dica. Com certeza uma das melhores performances de Roger Moore como ator e, sem dúvida,o Islero é uma das melhores obras de arte da Lamborghini.


Vídeo da fábrica de Sant'Agata em 1968




Cenas do filme "The man who haunted himself" com Moore e o Islero.




Nota: Esse texto foi concluído em 14 de dezembro de 2009. Devido às festas de final de ano e vários compromissos não foi possível postar antes.

Depois de falar sobre o Espada a venda no Texas semana passada, cruzei com esta sensacional foto de dois Miuras em uma subida de montanha europeia.

É o tipo de foto que evoca tudo que amamos sobre o automóvel. Dois exemplares do mais belo (e malvado) carro já criado, um dia claro e seco, uma estrada sinuosa vazia e sem radares, e liberdade suprema. Só de olhar para ela nos traz uma sensação de felicidade total.

A foto foi tirada do excelente site PistonHeads, cujo magnífico lema diz tudo: "Speed Matters".

Pensei em publicá-la para vocês nesta véspera de Natal, com meus sinceros votos de toda felicidade do mundo. Que o Engenheiro supremo ilumine todos vocês, e traga experiências como esta da foto para todos.

Paz, Amor e 911 a todos vocês, Irmãos!

MAO




Fazendo a ronda do EBAY, o amigo Egan encontrou o carro que ilustra este post à venda, por míseros e xexelentos 21 mil dólares, na concessionária Lamborghini de Houston, Texas.

Para quem não conhece, é um Espada série II, 1972, um impossivelmente baixo, exótico e diferente Lamborghini da fase áurea, de 1964 até 1974, ano da apresentação do Countach.

A Lamborghini nasceu do sonho de Ferruccio; e durante os anos em que ele esteve à frente da empresa com seu nome, o seu sobrenome passou de desconhecido a algo que se fala no mesmo tom que Ferrari. Durante estes primeiros anos, Santa Ágata Bolonhesa, a pequena cidade perto de Modena que se tornou a casa da marca, se inundou de uma criatividade e de uma capacidade de realização simplesmente única. Nunca desde então uma onda de inovação desta magnitude varreria o mundo do automóvel. Ferruccio teve a sorte, ou o tino, de conseguir para sua empresa um time pequeno, mas focado, inacreditavelmente competente e dedicado: Dallara, Stanzani e Wallace. Além disso, pagou consultoria para que Giotto Bizzarini (pai do Ferrari 250 GTO, dos Iso Rivolta, e muitos outros) criasse um V-12 para seus carros, e este respondeu com uma obra-prima que perdura, muito modificada, até hoje, debaixo do deck traseiro dos Murciélagos. Com carta branca, Stanzani e Dallara desenharam coisas fantásticas, e Wallace fez essas coisas se tornarem carros sensacionais para se guiar, rodando e acertando-os em intermináveis testes pelas estradas europeias.

Da esquerda para a direita, Bob Wallace, Paolo Stanzani, Lamborghini e Gianpaolo Dallara, com sua maior criação, o Miura

Como uma onda repentina, este povo nos deu o Miura, o primeiro supercarro no idioma moderno, com motor central-traseiro, transversal, e logo em seguida o Countach, com seu completamente louco, mas sensacional, layout: motor longitudinal, central e traseiro, com o câmbio virado para o centro do carro, entre os ocupantes. Da ponta deste câmbio saía uma árvore de volta lá para as rodas traseiras, passando pelo meio do cárter do V-12...loucura total.

E houve também o Espada.


Criado a partir do conceito Marzal (acima), com portas “asa de gaivota” de vidro, o Espada é um desenho primoroso. Apesar de extremamente baixo, o carro é um verdadeiro quatro-lugares, como se pode ver nas fotos. Além disso, tem generoso porta-malas e um V-12 de 4,0 litros com seis Webers duplos, para 350 cv. Suspensão independente e freio a disco nas quatro rodas completam o conjunto.


Um carro da época em que pneus ainda tinham costado e 350 cv era algo exótico. Ainda hoje, dá arrepios só de imaginar como deve ser delicioso de guiar, principalmente no incrível estado de conservação deste exemplar, um sobrevivente sem nenhuma reforma completa em suas costas, apenas manutenção. Os detalhes esclusivos do Espada são interessantíssimos e ainda únicos hoje em dia. Coisas como a traseira com uma janela de vidro abaixo da principal, e as rodas Campagnolo de desenho exclusivo. Reparem também nas saídas do ar condicionado traseiras, e os alto falantes de época; realmente um exemplar único.


Dá vontade de pegar um avião, ir até lá, comprar o carro e sair para uma viagem pelos EUA imediatamente. Dá até para levar a família junto…

Nenhum Lamborghini moderno me dá esta vontade.

MAO