A vasta maioria dos críticos costuma declarar o Jaguar E-type como o carro mais bonito já criado. Também acho o Jaguar maravilhoso, mas, como estilo tem muita subjetividade envolvida (apesar de não ser apenas subjetivo), não concordo. O veículo mais bonito já criado é sem dúvida nenhuma o Lamborghini Miura.
O fato de esse carro ser absolutamente brutal em seu desempenho e interface com o motorista não tem nada a ver com essa avaliação, eu juro. Nem muito menos o V12 de 4 litros transversal traseiro, instalado a apenas alguns milímetros do crânio do motorista, amplificando sua diversão (e o seu cansaço na direção; nada é perfeito...)
Não é à toa, então, que três dos maiores estilistas italianos que existem reivindicam a criação do Miura para si: Nuccio Bertone, Marcello Gandini e Giorgetto Giugiaro.
Giugiaro deixou a Bertone para o estúdio Ghia em novembro de 1965, cinco meses antes da aparição do Miura. No seu lugar ficou Gandini, então com 27 anos. Bertone era o dono do estúdio. Todos os três, quando perguntados, dizem que o Miura é sua criação. Estes, amigos, são os fatos conhecidos. O resto é especulação.
Podemos apenas, então, especular qual é a verdade. Na minha opinião, Giugiaro desenhou o Miura e Gandini o finalizou em metal. Explico: é só observarmos o que os designers fizeram após o Miura. Gandini criou sua obra-prima, o Lamborghini Countach, tão popular em paredes de adolescentes quanto Pamela Anderson Lee.
Mas, depois disso, seu estilo diferenciado de linhas retas nunca mais funcionou. É só dar uma olhada em uma de suas últimas criações, o confuso Qvale (antes DeTomaso) Mangusta. Já nosso amigo Giugiaro aperfeiçoou a pureza de linhas que já havia mostrado no Miura e partiu para ser cada vez mais perfeito em seu tratamento de superfícies externas. E montou um estúdio seu, a Ital Design, de imenso sucesso.
Apesar do fato de que este é mais um daqueles mistérios insolúveis da história do automóvel, acredito que o carro mais bonito já criado em todos os tempos é dele, e os outros apenas tentam refletir um pouco de seu brilho.
Mas, é interessante terminar com as palavras do próprio Giugiaro: "O que é realmente importante não é quem o desenhou, mas o fato que o veículo existe."
Amém!!!