Lendo a Road & Track vi que a GM divulgou os dados de consumo do novo Camaro, que por sinal é bem melhor que o consumo do Mustang e do Challenger, ambos com motores menos potentes. Como sempre, lendo as revistas americanas, esses dados vem em mpg (milhas por galão) e nos dizem muito pouco. Quase ninguém tem paciência de fazer a conversão para tornar o número comparável com o nosso mundo.
Para termos uma ideia do que estou falando, vamos aos números do Camaro.
V-6 3,6 l com 304 cv
Consumo urbano: 18 mpg
Consumo em estrada: 29 mpg
V-8 6,2 l com 426 cv
Consumo urbano: 16 mpg
Consumo em estrada: 25 mpg
Traduzindo para o nosso mundo:
V-6 3,6 l com 304 cv
Consumo urbano: 7,6 km/l
Consumo em estrada: 12,3 km/l
V-8 6,2 l com 426 cv
Consumo urbano: 6,8 km/l
Consumo em estrada: 10,6 km/l
nota: todos com transmissão automática
Aí vem a pergunta: como pode um V-8 que deveria ser beberrão com seus impressionantes 426 cv fazer apenas 10,6 km/l?
A resposta vem do fato de esses números serem obtidos em testes em dinamômetro obedecendo a um padrão. E é claro que se o pé direito trabalhar pesado e essa cavalaria se soltar, o consumo será proporcionalmante assustador.
Nos Estados Unidos os fabricantes são obrigados a testar e fornecer os resultados ao governo para todos os modelos de peso bruto abaixo de 3.800 kg. Todos os testes são feitos de acordo com um padrão e assim o consumidor pode facilmente comparar o consumo entre veículos.
Lá todos os modelos têm que sair de fábrica com um etiqueta colada no vidro. Nessa etiqueta estão as informações sobre o consumo e uma clara observação de que esse consumo depende da maneira como cada consumidor dirige e faz a manutenção do seu veículo. Além do dado específico consta a últil informação sobre um intervalo aceitável para mais ou para menos.
Ainda é possível ver na etiqueta como o consumo do veículo em questão se compara com a média do seu segmento.
Testes
O resultado dos testes é uma combinação de diferentes ciclos de testes feitos em dinamômetro de rolo pelos fabricantes e informados à EPA (Agência de Proteção Ambiental).
Ciclo urbano - simula o uso em trânsito anda-para iniciando com o motor frio, num percurso de aproximadamente 17,5 km com duração de 30 minutos e 23 paradas.
Ciclo em estrada - simula o uso em estradas secundárias e autopistas, num percurso de aproximadamente 17 km com duração de 13 minutos e sem paradas, com uma velocidade média pouco inferior a 80 km/h.
Veja os outros ciclos na tabela abaixo.
No Brasil
Em abril de 2009 está-se iniciando um programa similar ao americano, no qual os fabricantes vão apresentar o consumo de combustível de seus modelos de acordo com a norma ABNT NBR 7024.
Numa primeira etapa, uma etiqueta com o consumo de cada modelo será introduzida de forma voluntária pelos fabricantes que assim optarem. Até o momento os que aderiram ao programa são: Chevrolet, Fiat, Honda, Kia e Volkswagen. No entanto, ainda não pude ver nenhuma etiqueta. Nos Estados Unidos os valores de consumo de todos os modelos a venda estão disponíveis e a comparação é facílima.
Conforme explicado com mais detalhes pelo Bob Sharp numa de suas colunas na Quatro Rodas, existe um grande receio por parte dos fabricantes em divulgar o consumo de combustível. São muitas as variáveis que influenciam no resultado quando estamos no mundo real. Isso leva alguns consumidores, principalmente os que tem o pé direito mais pesado, e os que adoram abastecer só em postos com preços muito abaixo da média, a ficarem indignados com o consumo obtido por eles.
À medida que esse programa decolar e os consumidores entenderem que a informação do fabricante serve para podermos comparar dois modelos numa mesma condição e não para lhe dar um dado preciso sobre o seu consumo, esse temor dos fabricantes e a sensação de alguns consumidores estarem sendo enganados vai diminuir. Na minha mão, por exemplo, qualquer carro gasta muito mais que o normal.
Se tiver interesse veja a coluna do Bob Sharp: Segredo Industrial
Tristeza, ver essa etiqueta e pensar que estamos instituíndo uma ridícula, igual à da Coreia do Sul, com barrinhas para comparar consumo. Mais triste ainda é ver um governo que não tem peito para obrigar a indústria automobilística a informar o consumo normatizado. Acho que realmente paira sobre o Brasil uma maldição. Só pode ser, porque é muita incompetência junta.
ResponderExcluirBob, pensei na mesma coisa.
ResponderExcluirNosse etiqueta é bem meia-boca.
Acabei esquecendo de incluir no texto que a americana tem uma estimativa de gasto anual com combustível.
PK
Caro Paulo,
ResponderExcluirMoro nos USA ha varios anos e sou amigo do Bob Sharp tambem. Primeiro, parabens pelos calculos corretos. Poucos sabem que o galao Americano equivale a 3.8 litros enquanto o galao imperial (Ingles) a 4.5 litros. Dai os numeros publicados pela Top Gear serem diferentes.
De fato existe a obrigatoriedade de se publicar gastos estimados por ano em combustivel. Hoje estive num dealer BMW fazendo revisao do X5 da minha esposa. Aproveitei para olhar um X6 que estava la. No sticker tinha, custo de combustivel estimado anual $4K e mostrava o valor do galao $4.3 e a quantidade de milhas, 15.000. Naturalmente, esse numero esta errado porque o Galao de gasolina caiu para aproxidamente $2 ao inves dos $4 que estavam antes.
Grande abraco,
Carlos Scheidecker.
Carlos,
ResponderExcluirBem notado sobra a diferença dos galões. Porém na Europa a coisa fica mais complicada para nós com a medição em L/100km.
Se pensarmos um pouco, L/100km é na lealidade uma medida mais apropriada para o consumo pois nos dá um idéia de volume. no caso de Km/h temos uma informação sobre distância.
Quanto a indicação do custo anual estar com o preço do galão defasado, ninguém é perfeito.
Acho que quando pensaram em colocar essa informação o preço da gasolina estava estável.
Na Europa existe a informação sobre emissões na etiqueta. Acho que no caso de uma X6, saber que o carro polui bem mais que um compacto pode começar a ter um impacto bem maior, uma vez que o gasto com combustível não deve ser um problema para quem pode comprar uma.
Obrigado pela visita.
Paulo Keller
PK, Bob;
ResponderExcluirA adoção da etiqueta de barrinhas acaba por equiparar o carro, um bem caro e ainda inacessível a muitos brasileiros, a, por exemplo, uma geladeira, freezer, ou, até mesmo, uma lâmpada incandescente; quando, na verdade, o consumo destes bens não é tão suscetível a variáveis como num automóvel.
Acho que o problema brasileiro é de ordem genética. Nascemos como uma colônia de exploração “colonizada” por ladrões, assassinos, pervertidos e degredados, ou seja, levamos dentro de nós esta herança genética (alguns distúrbios comportamentais são “impressos” geneticamente), portanto, já nascemos marginais. Certo dia ao assistir ao ótimo filme “Gattaca”, que trata da “seleção” social por caráter genético num futuro não tão distante, concluí que, se houvesse uma “seleção” desta no Brasil quase todos seriam reprovados por apresentarem algum traço genético que pudesse levar a um desvio de conduta. Desvios que podemos constatar diariamente nos noticiários, inclusive partindo da turma que “comanda” o país...
Abraços.
acho muito boa a idéia das etiquetas, mas é lógico que deveriam ser dados aferidos por algum orgão imparcial, se forem dados dos fabricantes, não vai ter validade
ResponderExcluirfico triste em ler comentários de resignação como o do Marlos Dantas, que reduz todos os brasileiros à condição de "marginal-nato". caramba, que injustiça. há muita gente de bem, honesta e com vontade de construir um bom país. temos de trabalhar duro pra mudar isso ao invés de ficar choramingando e nivelando todo mundo por baixo. não vejo como escapar do clichê "educação é a solução"
ResponderExcluirfalando de consumo, comecei a testar na minha viatura aquele método de marchas ímpares que foi inventado pela Saab, se não me engano.
o veículo é um vw com um ap 1.8 multiponto. saio em primeira, vou até 3.300rpm (10% acima da rotação de pico do torque), passo a terceira e como a diferença entre 3a, 4a e 5a é menor, entre 55 e 60km/h (2500-3000rpm) jogo a quinta. consegui uma redução entre 7 e 10% no consumo.
dependendo da necessidade de ritmo e da inclinação, dá pra passar de primeira a terceira com menos rpm e conseguir uma redução ainda melhor no consumo, com boa disposição para acompanhar o tráfego.
Polara,
ResponderExcluirVocê não me compreendeu direito. Eu não quis dizer que todos nós somos bandidos nem mesmo "nivelei alguém por baixo", ao contrário, sei que no Brasil existe muita gente boa e honesta e que este país é um berço de idéias e de pessoas com criatividade para mudar ou deixar a realidade mais amena; realidade esta que, convenhamos, é dura para grande parte da população.
Eu, comentando sobre a teoria da “maldição que paira sobre o Brasil” citada pelo Bob, apenas supus uma “explicação” para algumas coisas que acontecem por aqui e, você tem que concordar, que existem coisas que só acontecem aqui... Acho que o nosso problema não é só educação, pois vemos muita gente com grande bagagem cultural (lá de cima, inclusive) cometendo atos hediondos que, muitas vezes, permanecem impunes.
Portanto, como a maioria de nós descende direta ou indiretamente dos “colonos”, trazemos um ou outro traço genético destes. Tenho orgulho de ser brasileiro, mas não vejo outra explicação senão a genética para as que só acontecem aqui...
Espero ter sido claro desta vez.
Um abraço.
Marlos, foi o que eu entendi de seu texto, mas sem stress, está esclarecido. concordo que tem coisas que só se vê "neste país" e que há um sentimento de anarquia total. por exemplo, essa gasochaça nossa....
ResponderExcluirnão desistamos.
abraço
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