Como muitos já sabem, quando a Alemanha foi derrotada em 8 de maio de 1945 e terminou a Segunda Guerra Mundial na Europa, o país foi dividido em quatro zonas de ocupação: americana, francesa, inglesa e soviética. A fábrica do carro do povo ficou na zona britânica e dois oficiais do exército inglês passaram a dirigir operações de reparação de veículos, logo passando a produzir sedãs VW. De tudo o que encontraram o que mais os encantou foi o anfíbio Tipo 166 Schwimmwagen (carro nadador).
Um dos oficiais, o major Ivan Hirst, um verdadeiro entusiasta de automóveis, logo pensou em produzir o veículo, mas numa consulta ao governo britânico foi-lhe dito que não havia dinheiro para aquele tipo de veículo e ele foi obrigado a jogar fora as ferramentas de prensa que estampavam o casco de aço. Um veículo que podia ser considerado a obra-prima de Ferdinand Porsche não poderia mais ser fabricado.
Mesmo que não houvesse no momento certos forjados para fabricar o sistema de tração nas quatro rodas, ainda havia as complexas e caras ferramentas de prensa para produzir o sofisticado casco. Por isso o major Hirst havia separado as ferramentas. Mas o governo inglês disse não e tudo acabou no ferro-velho.
Mais ainda do ocorreu com o Jeep, o Schwimmwagen poderia ter tido longa e útil vida civil, tanto nas mãos de esportistas e praticantes da vida ao ar livre, quanto nas mãos de polícias florestais localizadas em regiões de lagos e no patrulhamento de praias.
Sua solução para propulsão na água é simplesmente genial. A hélice rebate e encaixa na ponta do virabrequim. A direção é conseguida esterçando as rodas dianteiras. Nada mais simples. Tinha tração nas quatro rodas primariamente para poder sair da água subindo barrancos nas margens de lagos e rios.
Hélice rebate e encaixa na ponta do virabrequim (thetruthaboutcars.com) |
Quanto trabalhei na Volkswagen, tentei de tudo para convencer a diretoria a produzir o anfíbio no Brasil com mesmo estilo e arquitetura mecânica, apenas usando compóstito de fibra de vidro em vez de aço para o casco. Ainda se produzia o transeixo e o motor arrefecido a ar em São Bernardo do Campo, teria sido uma tarefa simples fabricá-lo com os recursos da época. No meu arrazoado eu lhe disse que podiam esperar uma venda mínima de 5.000 unidades por mês, entre mercado brasileiro e exportação.
Em vez do motor de 1.131 cm³ e 25 cv, havia agora o 1.584-cm³ de 50 cv. De 80 km/h na terra e 10 km/h na água, poderia chegar facilmente a 100 km/h e a cerca de 15 km/h navegando.
O gerente da Divisão de Assistência Técnica Rüdiger von Reininhaus e eu nos dávamos muito bem. Como comandante de uma divisão Panzer (tanques) na frente russa com apenas 18 anos de idade, conhecia bem o Schwimmwagen Vibrou com ideia, mas a conselho diretor (Vorstand) da Volkswagen brasileira não quis saber de ressuscitar o 166 anfíbio. Uma pena.
Um dos veículos mais úteis, pena não ter sido feito em tempo de paz (www2b.abc.net.au) |
BS
(Atualizado em 3/8/11 às 19:50)
(Atualizado em 3/8/11 às 19:50)
Bob, ele poderia ser um forte opositor a Candango, Jeep ou aos Gurgéis?
ResponderExcluirTeria o plus indestrutível de poder navegar nas águas...mas será que a diretoria da Volks não temia acidentes que poderiam sujar o nome da empresa? Tipo o carro tocar em algum galho submerso, virar com uma família dentro? Perder-se na correntenza dos rios (sabemos que o "cerumano" é capaz dessas proezas) e diveros fatores afins?
But...veja bem, também seria uma mudança de paradigma de uso para utilitários tremenda; com um número massivo desses estimado (5000 unidades mensais), creio que o Brasil seria de longe o maior consumidor de carros anfíbios. Imagine campings onde o pessoal pegue o carrinho e entre na água para pescar, curtir a natureza, "navegar" ao sabor de um domingo de verão.
Pessoalmente achei um carrinho para farra (JLV) incrível!
Mister Fórmula Finesse
Quando se acha que já se viu tudo....
ResponderExcluirOlha Bob, sei que algumas pessoas estão fabricando réplicas de Kübellwagen aí em São Paulo. E cá entre nós (toda ironia tem um fundo de verdade), esse anfibio poderia ser fabricado ainda hoje (talvez com um 1.4 de Kombi), faria grande sucesso nos alagamentos das maiores capitais brasileiras.
ResponderExcluirFrancisco.
Hélice ligada direta no eixo do motor, portanto, mantêm-se o câmbio em ponto morto quando se "acelera" na água?
ResponderExcluirCarrinho muito legal, lembra minha época de plastimodelismo com Revel, Italeri... :D
Aliás Bob, é de se perguntar porque a VWB nunca se interessou em fabricar aqui não só esta versão, mas também uma do Kübellwagen, um The Thing que fosse. Será que é porque o Fusca e a Kombi já encaravam o fora de estrada com valentia?
ResponderExcluirEu acho que foi um desperdício enorme deixar esta fatia do mercado brasileiro aos deus-dará, ainda mais se considerarmos como eram as estradas do nosso país nas décadas passadas (e de certa forma ainda são até hoje). Além dos consumidores comuns sempre haveriam os frotistas de empresas públicas ou privadas para comprar estes veículos.
Uma pena. Para nós, claro.
Bob,
ResponderExcluirO Shiwimmwagen pode encarar ondas de até quantos metros?
Qual a capacidade de carga "no seco" e navegando?
Ele seria capaz de navegar rebocando um barco pequeno?
Faço essas perguntas pois seria um veículo de grande utilidadde aqui no norte, servindo de alternativa as "rabetas" com motor diesel 2 tempos e construídas em madeira.
Me desculpe discordar, mas esse carro é que nem motor flex. Um pato.
ResponderExcluirBelo post Bob Sharp!
ResponderExcluirMuito interessante saber que pelo menos tentou-se reviver este grande veículo, sem dúvidas uma das obras primas do professor Porsche!
Sei que nos EUA estão fazendo um em fibra, se está vendendo eu não sei, mas chegaram a fazer o molde.
E um alemão está fazendo partes da carroceria, em chapa mesmo... será que o cara teria conseguido os moldes que você citou que teriam sido descartados?
Se quiser, posso passar os links.
O governo irá reduzir a alíquota de IPI (Imposto sobre Produto Industrializado) para as empresas fabricantes de veículos automotivos instaladas no Brasil até 31 de julho de 2016.
ResponderExcluirGoverno vai definir preço mínimo para a venda de cigarros
O valor da alíquota, no entanto, ainda será anunciado pelo governo por meio de decreto. A medida foi publicada nesta quarta-feira no "Diário Oficial da União".
Segundo a Receita Federal, o objetivo é estimular a competitividade no Brasil e a agregação de conteúdo nacional nos veículos fabricados no país.
Para poder receber o benefício, as empresas terão que atender a alguns requisitos, como investimento, inovação tecnológica e produção local.
Segundo o coordenador geral de Tributação da Receita Federal, Fernando Mombelli, poderão receber a redução de IPI os seguintes veículos: tratores, ônibus e micro-ônibus, automóveis de passeio, caminhões e veículos comerciais leves.
Bob, atravessamos muitas vezes a represa Billings com esta trapizonga....dentro tínhamos uma lata para ir jogando a água prá fora....par de remos...uma festa.
ResponderExcluirNão entendo como uma ideia dessas tão simples não vinga. Com certeza utilidades não iam faltar em praias, rios, enchentes etc.
ResponderExcluirAcho um absurdo essa ideia das montadoras de não trazer nada de novidade para o Brasil achando que não vai vender. Um exemplo que conversei hoje mesmo com um amigo foi sobre o Camaro, como ficamos tanto tento sem um veiculo desse porte nessa faixa de preço e quanto o mesmo está vendendo.
Bob,
ResponderExcluirSegue link com projeto de lei para obrigar os veículos novos a possuírem câmera de marcha a ré.
http://www2.camara.gov.br/agencia/noticias/TRANSPORTE-E-TR%C3%82NSITO/200512-C%C3%82MERA-DE-MARCHA-A-R%C3%89-PODER%C3%81-SER-OBRIGAT%C3%93RIA-EM-VE%C3%8DCULOS.html
Interessante saber que pessoas na direção da VW do Brasil cogitaram tal ideia (eu particularmente adoraria).
ResponderExcluirTambém seria muito legal ter o Thing ou um Kübelwagen aqui. Nunca entendi o comportamento da VW para o Brasil, onde fabricou-se pequenas joias como o Karmann-Ghia e até mesmo o SP/SP-II. Por outro lado nunca trouxeram para cá todas as modernizações existentes do Fusca, um dos seus maiores mercados.
Um caso de amor não totalmente correspondido esse do povo brasileiro com a Volks.
Mister Fórmula Finesse
ResponderExcluirNão creio nessa hipótese de a VW ter imaginado o pior. Sou mais por falta de vontade mesmo.
Rafael P. Hassel
ResponderExcluirIsso, não é preciso haver marcha engrenada. A hélice á acionada pelo motor e isso basta para lhe dar a propulsão na água.
Anônimo 3/8 16:24
ResponderExcluirTambém ouvi falar do Kübelwagen sendo feito em São Paulo. Mas é bem mais simples de fazer que o Schwimmwagen, que seria mesmo fantástico nos alagamentos, até para uso dos bombeiros de salvamento.
Aléssio Marinho
ResponderExcluirObviamente, o Schwimmwagen é para navegar em águas calmas. É um todo-terreno com capacidade de entrar na água, só.
Perneta,
ResponderExcluirPato nada voa e nada mal. O Schwimmwagen anda muito bem na terra e navega mal. É diferente.
narchiodi
ResponderExcluirGostaria de ver, passe os links por favor.
Chevette 76
ResponderExcluirUma tremenda bobagem a câmera de ré obrigatória, na minha opinião. Tem parlamentar que não tem mesmo mais o que fazer.
Pato e' uma boa analogia para o carro flex...
ResponderExcluirAh ta, vc um cocozildo viu a galinha dos ovos de ouro que o alto comando da VW não viu.
ResponderExcluirCe é fodão mesmo , Sr Bob'O !
Bob, tivesse mostrado o projeto ao Itamar Franco poderíamo ter tido este anfibio, hehe. Agora é tarde.
ResponderExcluirBob'O Sharto Sharp , o Midas Incompreendido da VW
ResponderExcluirSei não bob,
ResponderExcluirAcho que a imprensa daqui, e até a concorrência, iria logo dizer coisas como: "A VW do Brasil está resuscitando um carro Nazista!"... e daí para baixo e pior...
Mas, bem que poderia haver alguma empresa que o oferecesse em forma de kits make yourself ou já montados...
Seria muito legal!
Se existisse e se eu pudesse, teria um 356 speedster a ar mesmo e uma perereca dessas daí na minha garagem... meus brinquedos...
Talles
desculpe, é Bob. Saiu errado!
ResponderExcluirEis um carrinho interessante. Lembro de ter lido uma reportagem em um jornal paulista (acho que era Folha de São Paulo, que por sinal tenho o jornal com essa matéria até hoje com foto do carinho entrando na represa Billings) mostrando sua funcionalidade. Algum tempo depois apareceu o dono do carro e o carro no Fantástico, e o dono do Schwimmwagen mostrando um protótipo sendo feito com base em um Gol "bolinha". Se esse projeto ficou pronto eu não sei, pois nunca mais ouvi falat dele.
ResponderExcluirPenso comigo aqui: daria para fazer uma cópia em fibra de vidro reforçada com plastico (como no Troller) e dispor de um conjunto motriz mais evoluido, mas ainda usando um motor refrigerado a ar (como o "extinto" motor 1.6 "Thor" usado nas ultimas Kombi a ar feitas aqui) e tração integral, bem como outras melhorias. Eo adoraria ter um desses :D
Abs
Kiko Molinari
Se pelo menos o sistema de tração fosse aperfeiçoado e usado em algum outro veículo... tenho certeza q venderia razoavelmente bem.
ResponderExcluirBob Sharp, se não me engano, tinha um cidadão que "transformou" sua Brasília em anfíbio .. ele atravessava a represa Billings, e usava o mesmo sistema de hélice retrátil, quando entrava na água, abaixava o sistema e engatava no virabraquim (a movimentação do sitema e o engate eram manuais) ... mas funcionava bem ... acho que teve até matéria na Globo ou algo assim ...
ResponderExcluirGeraldo
Na minha opinião seria muito legal a execução dessa ideia, porem esse numero de 5000 veiculos naquela epoca, é um grande absurdo. Nem a Land Rover do Brasil nos aureos tempos de vendas exercito/privado chegava a 1500 unidades...
ResponderExcluirAh, esse carro eu conheço bem! Meu padrinho comprou um desses em 1990 - um dos três únicos que chegaram ao Brasil. O carro foi todo restaurado, volta e meia vai passear dentro da represa Billings e aparece quase todo ano no encontro de Lindóia. A única coisa não original é o motor, que nesse carro é um 1300.
ResponderExcluirRespondendo a quem perguntou: a lateral do carro fica muito próxima da água; então, é um carro feito para navegar em águas calmas. Ondas, só as muito pequenas, e de frente, por favor! Já rebocamos barco quebrado até a margem da represa e nunca precisamos de latas ou bombas pra tirar a água de dentro.
Pois então: meu padrinho realmente construiu um novo anfíbio, apelidado por mim e meus irmãos de "Batráquio", apelido que pegou. Por sinal, dei vários palpites nesse carro... O Batráquio é um conversível construído sobre plataforma da Kombi, mantendo o boxer 1.6 na posição traseira com uma tomada de força para o hélice - idêntico ao sistema doa alemães. Esse "anfíbio moderno" conta com tração integral, com um cardã para a frente e componentes de Passat para trazer a tração até as rodas.
O carro, pintado de branco, usa faróis e capô de Gol bola, parabrisa de Santana estreitado e lanternas traseiras do nosso primeiro Corsa hatch. Tem ângulo de ataque bem melhor que o do Schwimmwagen, mas não conta com reduzida. O entreeixos longo da Kombi proporciona mais espaço, ainda que sacrifique um pouco eventual fora-de-estrada; as laterias tem vidros que sobem e descem o que, aliado a uma capota muito bem feita e uma distância entre janelas e linha d'água bem maior que a do Schwimmwagen, proporciona um risco muito menor de entrada de água por ondas.
Outro ponto interessante do Batráquio é a existência de uma base telescópica, localizada no centro dos 4 lugares, onde pode se adaptar uma poltrona que fica uns 2 metros acima do chão do carro, o que por certo pode ser divertido para fotógrafos da natureza.
Enfim, se ter um anfíbio na garagem já é divertido, que dirá dois, um deles construído com as próprias mãos?
Bob, mandei o email com os links ok!
ResponderExcluirJá li e vi a reportagem do Batráquio em varias publicações e noticiários televisivos, tenho inclusive a quatro rodas com a matéria.
ResponderExcluirRealmente foi um trabalho muito bem feito, na época eu fiquei até empolgado.
Não valeria fabricá-lo; não haveria escala industrial. Isto é brinquedo para que gosta; Um pato, como foi falado acima.
ResponderExcluirhein fuhrer sharp!
ResponderExcluir@Homem-Baile: se possível coloque umas fotos para gnette ver como ficou depois de pronto. Eu tenho essa curiosidade desde aquela repostagem do Fantástico!
ResponderExcluirAbs
Kiko Molinari
Kiko, tem alguns links com fotos do Batráquio:
ResponderExcluirhttp://quatrorodas.abril.com.br/reportagens/conteudo_235788.shtml
http://www.carroanfibio.com.br/batraquio.htm
http://revistapegn.globo.com/Revista/Common/0,,EMI160498-17154,00-EMPRESARIO%20CONQUISTA%20O%20SONHO%20DE%20TER%20CARROANFIBIO.html
Uma hora dessas o Bob acaba descobrindo o Brasil
ResponderExcluirAnônimo 3/7 13h22
ResponderExcluirDescobrir não seria o caso, mas que eu gostaria de reformatar o HD do Brasil, sem dúvida alguma...