Foto: Instituto de Criminalística de São Paulo
Minha sugestão aos leitores: compareçam a uma borracharia de grande porte, dessas que trabalham em postos freqüentados por caminhoneiros. Peçam para manusear um conjunto composto por duas rodas de aço de aro 22, com dois pneus montados e um tambor de freio pendurado no lado interno da roda.
O borracheiro provavelmente pensará que vocês são loucos, já que o peso total deste conjunto (conhecido como "rodado duplo") chega bem perto dos 200 kg, ou seja, 1/5 de tonelada. Agora imagine um trambolho desses quicando no meio da rua (ou estrada) a uns 80 km/h, bem na sua direção.
Aconteceu com um primo meu, que era taxista no aeroporto Pinto Martins, em Fortaleza. Ele estava na calçada quando foi atingido por um conjunto igual a esse, que havia se soltado de um ônibus. Ficou hospitalizado durante meses e só não morreu pela graça divina.
Na manhã do último dia 16 um casal morreu em Santo André, atingido por um rodado duplo que se soltou de um caminhão que descia a avenida Prestes Maia. O conjunto acertou ainda um Fiat Palio que trafegava na avenida, que provavelmente teve perda total: sofreu sérios danos, de grande monta, e por pouco seu motorista não se feriu.
Foto: www.thespec.com
O motorista do caminhão, um jovem de 29 anos, foi encontrado na última quarta-feira, em uma transportadora de Santos. Disse que só percebeu a ausência da roda quando já estava no trecho de serra da Via Anchieta, situação perfeitamente plausível quando o caminhão tem mais de dois eixos. Eu acredito nele, pois já vi inúmeros testemunhos de motoristas que perderam um rodado duplo e só se deram conta do ocorrido ao chegar ao destino.
Na mesma quarta-feira, outro acidente semelhante ocorreu na avenida Salim Farah Maluf, em São Paulo: um rodado duplo se soltou de um caminhão e atingiu um ônibus, dois carros e um motociclista, que fraturou o joelho. Ironicamente, pode-se dizer que o motociclista teve muita sorte.
E por que isso acontece? Caminhões e ônibus utilizam cubos flutuantes, dotados de um inteligente esquema de fixação em que os rolamentos envolvem a ponta da carcaça do eixo rígido, isolando - do esforço proveniente da tração. Mas basta uma ponta de eixo quebrada ou um rolamento comprometido (por superaquecimento, folga ou instalação inadequada) para que o conjunto se solte.
Na minha singela opinião, o motorista do caminhão em Santo André será absolvido: nenhum dos elementos subjetivos da conduta (imperícia, imprudência e negligência) sustenta a tese de homicídio culposo. A responsabilidade pela manutenção do caminhão não é do motorista, mas sim da transportadora.
Engana-se quem pensa que isso é coisa exclusiva do Brasil. Pelas características do vídeo abaixo, percebe-se que ele foi gravado em algum lugar da América do Norte, região com tradição em transporte rodoviário. É mais comum do que se pensa e nos mostra que a falta de mão de obra qualificada é um grave problema, cujas consequências podem ser funestas.
FB
Minha sugestão aos leitores: compareçam a uma borracharia de grande porte, dessas que trabalham em postos freqüentados por caminhoneiros. Peçam para manusear um conjunto composto por duas rodas de aço de aro 22, com dois pneus montados e um tambor de freio pendurado no lado interno da roda.
O borracheiro provavelmente pensará que vocês são loucos, já que o peso total deste conjunto (conhecido como "rodado duplo") chega bem perto dos 200 kg, ou seja, 1/5 de tonelada. Agora imagine um trambolho desses quicando no meio da rua (ou estrada) a uns 80 km/h, bem na sua direção.
Aconteceu com um primo meu, que era taxista no aeroporto Pinto Martins, em Fortaleza. Ele estava na calçada quando foi atingido por um conjunto igual a esse, que havia se soltado de um ônibus. Ficou hospitalizado durante meses e só não morreu pela graça divina.
Na manhã do último dia 16 um casal morreu em Santo André, atingido por um rodado duplo que se soltou de um caminhão que descia a avenida Prestes Maia. O conjunto acertou ainda um Fiat Palio que trafegava na avenida, que provavelmente teve perda total: sofreu sérios danos, de grande monta, e por pouco seu motorista não se feriu.
Foto: www.thespec.com
O motorista do caminhão, um jovem de 29 anos, foi encontrado na última quarta-feira, em uma transportadora de Santos. Disse que só percebeu a ausência da roda quando já estava no trecho de serra da Via Anchieta, situação perfeitamente plausível quando o caminhão tem mais de dois eixos. Eu acredito nele, pois já vi inúmeros testemunhos de motoristas que perderam um rodado duplo e só se deram conta do ocorrido ao chegar ao destino.
Na mesma quarta-feira, outro acidente semelhante ocorreu na avenida Salim Farah Maluf, em São Paulo: um rodado duplo se soltou de um caminhão e atingiu um ônibus, dois carros e um motociclista, que fraturou o joelho. Ironicamente, pode-se dizer que o motociclista teve muita sorte.
E por que isso acontece? Caminhões e ônibus utilizam cubos flutuantes, dotados de um inteligente esquema de fixação em que os rolamentos envolvem a ponta da carcaça do eixo rígido, isolando - do esforço proveniente da tração. Mas basta uma ponta de eixo quebrada ou um rolamento comprometido (por superaquecimento, folga ou instalação inadequada) para que o conjunto se solte.
Na minha singela opinião, o motorista do caminhão em Santo André será absolvido: nenhum dos elementos subjetivos da conduta (imperícia, imprudência e negligência) sustenta a tese de homicídio culposo. A responsabilidade pela manutenção do caminhão não é do motorista, mas sim da transportadora.
Engana-se quem pensa que isso é coisa exclusiva do Brasil. Pelas características do vídeo abaixo, percebe-se que ele foi gravado em algum lugar da América do Norte, região com tradição em transporte rodoviário. É mais comum do que se pensa e nos mostra que a falta de mão de obra qualificada é um grave problema, cujas consequências podem ser funestas.
FB
Esse cara do vídeo soltou a rodinha...
ResponderExcluirFB;
ResponderExcluirIsso é um problema serio e honestamente, de dificil solução.
Ainda que os eixos flutuantes melhorarm muuito e são obrigatórios! Quando os eixos não eram flutuantes, que além da fixacão da roda, eram rolamentos do semi eixo também! Ai quando o rolamento estourava, saia a roda com o semi eixo junto!
Agora isso é particularmente relevante, este seu post, no caso de implementos rodoviários para puxar cana: Devido aos esforços excessivos sofridos pelo rolamento na roça de Cana, eles se desgastam mais rapidamente e quebram, soltando a roda do combinado. Entretanto, o risco oferecido pela roda até é baixo pois a velocidade de tráfego muitas vezes não ee alta, o risco é do descontrole e tombamento de um agregado destes repleto de cana de açucar. E isso acontece com mais frequencia do que imaginamos!
Já presenciei um Santana acidentado com uma roda dessas e digo, a pancada não é fraca!!! o motorista não se machucou por sorte, mas o carro ja era.
ResponderExcluirBitu, concordo plenamente qdo vc diz que é falta de manutenção e que a mesma é responsabilidade da empresa, ou do dono (qdo autônomo). Mas todas as vezes que tive conhecimento deste tipo de pane foi pela quebra do rolamento; desconheço quebras da ponta-de-eixo em velocidades constantes (desconheço, não digo que não haja), pois todas as vezes que presenciei foi tranco em baixíssima velocidade, em saídas, subidas ou patinação do eixo trator. De qualquer maneira, uma roda (ou um conjunto de rodas) andando por aí sem destino é risco alto.
ResponderExcluirOlha trabalho a anos com veiculos pesados, no caso do eixo de tração, este dificilmente se solta, pois alem da ponta de eixo os rolamentos geralmente são lubrificados com oléo do propio diferencial, sem contar que a quebra da ponta de eixo deixa o veiculo sem tração, o que geralmente acontece é de cair a roda com cubo do truck,da carreta ou do eixo dianteiro que é livre e geralmente lubrificada apenas por graxa, que sofre muito com o calor dos freios do caminhão/onibus, geralmente o calor faz com que a graxa seque e o rolamento trabalhe seco, fazendo com que ele se desmanche. Há tambem os casos onde se soltam apenas os aros de roda mas estes geralmente se soltam por esquecimento do mecanico de conferir o aperto e do uso de rodas inadequadas nos veiculos. Em empresas de frota é comum se misturar aros do volvo com o do vw por exemplo que a primeira vista são iguais mas tem équenas diferenças que fazem que uma não se ajuste perfeitamente no veiculo de outra.
ResponderExcluirHá alguns anos atrás eu quase fui acertado por uma roda que se desprendeu de uma carreta da pista ao lado, a roda soltou quicou, bateu na num muro o derrubando e acabou numa ruazinha ao lado da estrada. O motorista não viu e nem notou sua falta, pois seguiu o rumo. Como era noite, acredito plenamente que ele não tenha visto o desprendimento da roda. Era uma das carretas mais comuns, de três eixos.
ResponderExcluirFicou um enorme susto apenas e até hoje eu tenho medo de ultrapassar ou andar perto de carretas.
Triste... pelo mesmo motivo já faleceram muitas pessoas, cito outro caso: http://www.ieclb.org.br/noticia.php?id=8155 / http://www.estradas.com.br/new2/materia.asp?id=30785
ResponderExcluirIsso parece um assunto distante, mas quando se trata de alguém importante marca muito.
E tome irresponsabilidade com a manutenção. Não só em caminhões como carros. Já presenciei um carro perdendo a roda em rodovia.
Outro perigo são os pneus reformados, sei lá o nome certo idsso, recapados... enfim.
ResponderExcluirViajando na BR-116, enquanto ultrapassava um caminhão, explodiu um pneu desse. Adivinha onde um pedaço da banda de rodagem acertou? Na frente do carro. E o estrago foi feio. Parachoque, lanterna, capô e parabrisa quebrados. Pensando que em termos físicos o carro estava lento em relação ao caminhão pois tinha acabado de abrir a faixa adicional e o caminhão estava a 70 km/h eu não estava nem a 90 km/h. Ou seja, menos de 20 km/h e mesmo assim o impacto foi absurdo devido a força da explosão.
O culpado? Pra mim essas recapeadoras, se remold já é ruim imaginem recapar. E a carga do caminhão, visivelmente acima do peso.
Que bom se todo caso semelhante terminasse dessa forma:
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=lkRNzeJXE00
Anônimo das 13:01
ResponderExcluirUm pneu novo (de caminhão) pode ser recapado até duas vezes com total segurança.
O problema é mesmo o excesso de peso.
FB
Como profissional do trecho, já tive o desprazer de perder uma roda em pleno movimento, tudo por culpa do borracheiro , que não centrou direito a roda . Graças s Deus não atingiu nada nem ninguem. A lição que aprendi? Conferir sistematicamente o serviço do borracheiro e de qualquer outro profissional que faça a manuenção dos nossos caminhões e manutenção preventina sempre, para nossa própria segurança e a de terceiros.
ResponderExcluirMaran
Vou comentar sobre um acidente um pouco diferente.
ResponderExcluirO motorista de um antigo FNM, foi atingido pelo aro da roda dianteira que se desprendeu com tanta força, que o jogou para longe e o matou instantaneamente.
Depois desse acidente, sempre reluto em passar em frente aos rodados dianteiros de caminhões.
O caso mais pitoresco que tomei conhecimento envolvendo o desprendimento de rodas fio o de um ônibus que perdeu toda a semi-árvore do lado esquerdo em pleno Túnel Rebouças. Outro caso, este então muito abordado pela mídia, foi o do guitarrista da banda Catedral, José Cesar, que foi vitimado por uma roda que se despredeu de um Monza ("gambiarrento", pelo que deu para perceber nas reportagens) e atingiu o teto de seu carro.
ResponderExcluirFB,
Não haveria possibilidade de implementarem um sistema que prende à roda ao chassi evitando que a mesma se desprenda em caso de quebra ou acidente, como nos carros de F1?
Já existe uma solução, dizem que funciona bem. http://ficafilipe.com.br/
ResponderExcluirFicaFilipe vai ser útil na F1 tb...rs
ResponderExcluirEm 90/91 eu tive a infelicidade de bater com uma roda de caminhão que se escapou e rolou de frente para mim. Na epoca a estrada era pista simples e não teve como desviar. Eu estava com um Passat Pointer, destruiu toda frente, felizmente só danos materiais e um grande susto. Lembrando, era apenas uma roda, imagino o estrago dessa dupla.
ResponderExcluirQuase dá para classificar o rodado duplo como arma de destruição automotiva em massa... e a solução para minimizar é a boa e velha fiscalização, tão negligenciada nos últimos anos. Toda estrada um pouco mais movimentada deveria ter balanças para verificar o sobrepeso.
ResponderExcluirAbraço!
Pior que o motorista foi passado como o pior assassino de todos os tempos, ganhou até de Hitler, nas mãos de idiotas como Datena, Fatioli e outros que só tem força na língua.
ResponderExcluirInfelizmente esse tipo de acidente é bastante comum. Na adolescência presenciei "ao vivo" uma roda de caminhão destruir um Escort.
ResponderExcluirAros que se soltam também são um perigo. Quando ainda criança meu pai me instrui a ficar longe de borracheiros montando pneus de caminhão. Em MS um menino morreu (arrancou o topo da cabeça)quando um aro desses se soltou na montagem.
Mais recentemente, no interior de SP, uma moça de 32 anos também perdeu a vida atingida por um aro que se soltou (na verdade eles saem voando)de uma caminhão que havia acabado de sair do borracheiro.
O duro não é isso, o duro é ver esses caras andando igual maluco sem a menor noção da arma que tem na mão...
ResponderExcluirEm breve começo a trabalhar numa empresa de implementos de grande porte na área da Engenharia. Vai ser legal conhecer esse sistema.
ResponderExcluirA cena de um rodado vindo na sua direção deve ser pavorosa.
E quando é o EIXO INTEIRO que se solta???
ResponderExcluirhttp://www.folhavp.com.br/ultimas-noticias/704-eixo-traseiro-de-onibus-quebra-na-rua-das-giestas.html
Felipe Bitu;
ResponderExcluirDependendo do estado da carcaça do pneu, pode ser reformado até 5 vezes. Está previsto no projeto.
Mas no nosso país, com piso lunar, o máximo que chegam é na terceira recapagem.
Quanto a soltar a banda de rodagem, o "jacaré" aparece não só pelo excesso de peso, mas velocidade também e freadas bruscas.
O pior inimigo de um pneu pesado é o calor. O caminhoneiro não tem o hábito de calibrar os pneus corretamente, confiando a calibração ao rodoar, que apenas injeta ar no pneu em caso de furo, suficiente pra providenciar o conserto. E assim, a pressão baixa também forma o tal do jacaré.
Uma vez achei um, em pé, estirado na faixa de rolamento, numa estrada de mão dupla, sem acostamento e as 6 horas da tarde. Não consegui desviar pois vinha um caminhão em sentido contrário e o jeito foi passar por cima do bicho. Fora a pancada e o susto, amassou um pouquinho a barra estabilizadora do Mille Ex.
Colegas meus quase morreram alguns anos atrás: estavam na Fernão Dias, na serra que antecede BH, e uma roda de carreta desceu do barranco e caiu em cima do capô do Golzinho. Tiveram sorte e o prejuízo foi só material.
ResponderExcluirEsse problema não é exclusivo de caminhões pesados. Trinta anos atrás, logo depois de eu tirar a carteira de motorista, entrei num trevo em SP atrás de uma caminhonete e a sua roda traseira esquerda simplesmente soltou. Por reflexo, consegui desviar.
Quer mais? Tinha um Passat 81 e depois de uma ida ao mecânico, notei que o carro estava estranho nas retas e nas curvas. Tive um palpite: conferi o aperto dos parafusos das rodas e estavam quase todos frouxos.
Ou seja, um veículo pode ser popular ou sofisticado, mas o detalhe básico é que faz a diferença na segurança.
Tenho visto alguns caminhões com uma espécie de "pára-choque" nas lateriais. Poderia ter uma proteção desse tipo que ficasse em frente à roda também, de forma que se ela se soltasse ainda continuasse confinada à "caixa de roda" traseira.
ResponderExcluirSorte que a estrada é boa, se é aqui no Brasil onde as estradas são entulhadas de carro, fica mais difícil de desviar.
ResponderExcluirAcho que devemos ter cuidado com essas coisas, pode ser muito perigoso, então eu acho que quando você compra jantes especiais essas coisas acontecem para que você tem que comprar os pneus em uma loja de borracheiro
ResponderExcluircomum