google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 CONVERSA DE PISTA - AUTOentusiastas Classic (2008-2014)

CONVERSA DE PISTA




F-1 discute plano de vôo






Mercedes usou slogan da Red Bull para celebrar sexta vitória de 2014

Nova dobradinha da Mercedes marca fim de semana de surpresas e debates: cada vez mais a F-1 se dá conta da necessidade de reinventar seu modelo de negócios, algo que o automobilismo brasileiro vive há tempos. Massa largou na pole e terminou em quarto, atrás do companheiro de equipe.
 
Placar do ano após 8 rodadas: Rosberg 165 x Hamilton 136 (Foto Mercedes-Benz)


Em um fim de semana que começou com uma surpreendente primeira fila ocupada por Felipe Massa, na pole position, e Valteri Bottas, a Mercedes ignorou solenemente o manifesto da equipe Williams e ao final do GP da Áustria conquistou a sexta dobradinha em oito provas já disputadas na temporada 2014. Se o resultado foi encarado como fato consumado, a intensidade das conversas em torno do que fazer para resgatar a F-1 de uma decadência cada mais notável foi levada bem a sério em um fim de semana de festa padrão Red Bull, a marca que colocou o país de Niki Lauda novamente no calendário da categoria.

Mercedes libera disputa

Verdade que Lewis Hamilton não mostrava muita alegria na cerimônia de premiação do GP da Áustria, onde viu seu companheiro de equipe Nico Rosberg aumentar em sete pontos sua vantagem na liderança do campeonato, onde agora tem 165 contra 135 do inglês. Curiosamente, nem um nem outro marcaram presença na primeira fila, fato inédito na temporada,  e na fase final da prova foram liberados para disputar a vitória, o que deu algum colorido a uma prova sem maiores emoções.  Após o fiasco do Canadá (quando Hamilton abandonou e Rosberg terminou em segundo), existia a necessidade de recuperar a hegemonia, mas sem transformar o show em um espetáculo modorrento que afetasse a audiência do evento. E assim foi: nas voltas finais, não houve espaço para pisar fora da zebra.

As emoções, aliás, foram maiores nas preliminares da corrida: no autêntico espírito emoção total que caracteriza a Red Bull, os pilotos austríacos que já passaram pela F-1 foram homenageados e vários clássicos da categoria foram exibidos com seus respectivos pilotos, entre eles Hans Binder, Patrick Friesacher, Christian Klien, Dieter Quester, Gerhard Berger, Helmut Marko (atualmente na Red Bull), Karl Wendingler, Alexander Würz, e, obviamente, Niki Lauda. Com exceção de Marko, todos conduziram exemplares que pilotaram quando disputaram a F-1.

A ilustração mostra o tamanho da festa da Red Bull (Red Bull Media)

Aqui está um possível exemplo do que a categoria precisa fazer para reverter a cada vez maior queda de interesse do público. Entre os fatores que contribuem para essa decadência pode-se apontar a ausência de disputas e ídolos, as armações como as que definiram o GP de Cingapura de 2009, a carreira de Nelsinho Piquet e o território habitado pelos astros da categoria; esta ilha tem praias proibidas para os entusiastas do esporte, em última análise, aqueles que compram os produtos e serviços que garantem os milionários salários de pilotos e patrocínios de equipes.

O fato de ter sido posicionada como um produto de elite fez da F-1 uma categoria cada vez mais cara e exclusiva, combinação que em um primeiro momento gerou fortunas, atualmente vai contra os preceitos de comunicação de uma época dominada pela velocidade e praticidade oferecidos pela internet. Aumentar o acesso do público aos eventos e ampliar o acesso cada vez mais livre dos meios de comunicação é a principal cobrança de equipes e dirigentes. Gerar lucros cada vez maiores é a marca da maioria de dirigentes e cartolas, onde a segunda opção é a inanição burocrática como a que vivemos no Brasil. Em ambos os casos, atitudes historicamente cegas com relação ao futuro do esporte.

A movimentação no paddock de Zeltweg, agora rebatizado Spielberg, mostrou que há cobrança para mudar, e mudar mais que cosmeticamente. Instalar placas de titânio no assoalho dos carros para produzir faíscas, aumentar o barulho do motor e adotar a largada clássica após a intervenção do safety car parecem fúteis quando se sabe que o problema é o excesso de dinheiro de poucas equipes e a quase penúria de muitas outras, situação que nós brasileiros também conhecemos muito bem.

Williams e Massa

Raciocinando em unidades de tempo a última vez que a Williams tinha ocupado uma pole position foi em 2012, na Espanha; para Massa o resultado correspondente foi ainda mais para trás, em 2008 e aqui mesmo no Brasil. Mais saudoso ainda foi a última primeira fila ocupada por dois pilotos dessa equipe:  GP da Europa de 2002, em Nürburbring, com Juan Pablo Montoya e Ralf Schumacher. Se naquela ocasião a Ferrari — com Rubens Barrichello em primeiro e Michael Schumacher em segundo —, se incumbiu de estragar a festa e Kimi Räikkönen completar o pódio, este ano um outro finlandês, Valteri Bottas, garantiu o primeiro pódio de sua carreira e terminou em terceiro.

Finlandês celebra no mais perfeito estilo do seu antecessor Räikkönen (Foto Race.Com)

De volta ao box Massa se queixou do tempo e do timing de seu primeiro pit stop — ele ficou 1”3 parado a mais que Bottas, para explicar seu resultado. Isso é parte do problema: a vantagem de Valteri naquele que foi o melhor resultado de Massa na temporada, foi construída em dois episódios claros: a primeira parada de ambos (considera-se a volta anterior, a volta da parada e a seguinte para os dois pilotos) e as últimas dez voltas da prova. Nesses dois intervalo o finlandês abriu 3”037 e 5”444, respectivamente, ou seja 8”481 dos 9”186 que separaram os dois no tempo total de prova.  

A equilibrada disputa entre Massa e Bottas terminou melhor para o novato (Foto Race.Com)


Em frios números, Bottas foi mais rápido que Massa em 37 das 71 voltas e em mais de dez ocasiões a diferença no tempo de volta entre ambos foi medida na casa de centésimos de segundo, o que mostra um certo equilíbrio de desempenho. Um exemplo curioso é que o melhor tempo de ambos durante a corrida ocorreu na 63ª. passagem: 1´12”581 para Bottas e 1’12”586 para Massa. A tocada mais regular e a juventude de Valteri ajudam a esclarecer a situação atual de ambos no campeonato, onde o placar está 55 x 30 para o finlandês.


Leia o resultado completo do GP da Áustria e a situação do campeonato.


WG


A coluna "Conversa de pista" é de total responsabilidade do seu autor e não reflete necessariamente a opinião do AUTOentusiastas.




16 comentários :

  1. Bem, mais um grande premio daqueles... pelo menos vimos mais um novato no pódio.
    As medidas superficiais propostas pela FIA só demonstram que os manda chuvas da F-1 estão mais perdidos do que cego em tiroteio. Quem quiser ver faísca, que vá a uma oficina e veja um esmeril em funcionamento! Parece que eles ainda não notaram que este novo modelo, onde qualquer incidente é investigado, não agrada nem o público do autódromo e nem a maioria dos telespectadores. Vemos pilotos domados por dirigentes e patrocinadores, onde só saem declarações politicamente corretas e sorrisos amarelos.
    Para se ter uma ideia, a algumas semanas atrás assisti ao filme Rush com minha esposa - que detesta automobilismo - e quando comentei com ela que aquela história era real, ela disse "nossa, porque as corridas não são mais dessa maneira? Seria muito mais legal de se assisitir".

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    1. Fábio Vicente,

      Efetivamente parece que as forças da categoria estão funcionando em outra dimensão. Enquanto a Endurance explora os motores híbridos, a F-1 passa batido por esse apelo. Óbvio que não se pode esperar um show como o de Le Mans a cada quinzena, mas que o ACO tem algo a ensinar em ermos de promoção, isto não se discute.

      Abraço,

      WG

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  2. Otima interpretação da corrida, como sempre. Wagner vc poderia me dizer onde consigo os tempos de volta a volta dos pilotos? Abraço.
    Teixeira

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  3. A época da F1 com a qual muitos de nós romantizam já passou. Criar artificialidades assim não vai trazê-la de volta. Eu sou contra as artificialidades como o "megafone" no escape, essa placa para gerar faíscas, e qualquer outra que prejudique a eficiência do carro para dar "show".

    Sou a favor da criação de uma nova categoria de monopostos, que o regulamento só permita uso de câmbio manual, talvez só em H, e motores de aspiração natural.Uma espécie de fórmula clássica

    Mas a F1 deve conter o ápice da tecnologia de corrida. O carro, seus sons, design, tudo deve ser produto da engenharia voltada para o desempenho e não meta. Então se um motor turbo eficiente não soa bonito, que assim seja.

    Agora, eu tenho que admitir que a F1 é um "business", e essas medidas que eles querem implantar trarão retorno.

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    1. JS3,

      Sua proposta já caminha: note que as categorias regionais e voltadas a entusiastas aumentam em número. O caminho agora é a consolidação entre elas: isto proporcionará grids maiores, economia de escala e melhores eventos.

      Abraço,

      WG

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  4. Já eu, sou a favor do máximo que pode existir de performance no mundo hoje. Potência, pneus e carga aerodinâmica no máximo que for possível, seguindo um regulamento é claro, mas sem limitação de potência, número de cilindros ou deslocamento volumétrico. E ah ! Se o piloto quiser fazer uma volta completa com a asa aberta, o faça. Afinal, esta era para ser a categoria máxima de performance automotiva, como sempre foi e há muito não é mais. A partir disso, busquem os sistemas de recuperação de energia que desejarem. Os tempos de volta hoje, são praticamente os mesmos de mais de 10 anos atrás, e isto para mim é completamente ilógico para uma categoria que se chame fórmula 1.

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    1. Caro Ace, entendo seu ponto de vista mas discordo dele. A Red Bull fez um projeto de carro que utiliza muita tecnologia sem nenhuma restrição (inclusive, o adaptou e utilizou no game gran turismo), mas ele não seria possível de ser pilotado na vida real pois gera acelerações maiores que 8,75G, o que mataria um ser humano (imagine seu coração esmagando seu pulmão com essa intensidade). Outro ponto a ser considerado: Quais das construtoras optariam por manter o piloto em segurança ao invés de arriscar a vida do mesmo em troca de "um décimo de segundo a menos"?

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    2. Ace,

      Sua insatisfação tem uma platéia lotada como companhia, mas comparar os tempos de 10 anos atrás com os de hoje não faz sentido, afinal os regulamentos e as pistas mudaram. De qualquer forma, o apelo financeiro aliminou alguns aspectos mais emocionantes das corridas.

      Abraço,

      WG

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  5. O difícil é entender porque SEMPRE é a parada do Massa é mais lenta que a de seu companheiro de equipe. Isto o prejudica sempre, e não depende do piloto, mas DA EQUIPE, sempre possibilitando uma ultrapassagem nos boxes, sem as odiosas ordens de equipe. Só não enxerga quem não quer ver... Desmotivado, pela parada de box que comprometeu sua corrida, Massa ficou atrás de Perez muito tempo, o que só agravou sua situação, lhe custando segundos preciosos. Faltou-lhe raça e determinação naquele momento. Jamais veremos cenas como a que Clark (LOTUS) protagonizou em Clermont-Ferrand, quando teve um pneu furado no início da 1ª volta, percorreu o circuito todo (14 e poucos km) devagar, chegou aos boxes, trocou o pneu e ainda terminou a prova nos pontos, se não me engano, em 3º, após as vinte e poucas voltas da prova. Realmente, a F1 atual sabe como desmotivar alguém!

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  6. Ótima análise Wagner!
    Olha, ficar batendo na mesma tecla é muito chato, mas não tem como não falar mais uma vez. Não sou fã da GP2 e praticamente não assisto essa categoria, mas acabei vendo em VT a corrida do sábado com a vitória do Nasr. Fiquei surpreso com o que vi. Os carros da GP2 são muito melhores que os carros da F1 em termos de diversão para o público!!!! Como pode isso??? Que triste ver a F1 ser inferior a GP2. 2014 sagra-se como a pior F1 de todos os tempos. A tecnologia pode ser nota 10, mas o espetáculo é nota ZERO! Ou eles fazem uma F1 pra eles (como está agora) ou fazem uma F1 pra nós. Pior, não vejo luz no fim do túnel. Por isso que cada vez mais sou fã da NASCAR. Nesse fim de semana tivemos prova em misto. Que espetáculo!

    Para a F1 melhorar, vou deixar uma singela opinião aqui. Motores de carros esportivos e não de carros de passeio, downforce mecânico superior ao aerodinâmico e autódromos que permitam belas disputas. Detalhe sobre o downforce. Sendo o mecânico superior, vai permitir que os carros façam curvas grudados uns nos outros, possibilitando assim o vácuo nas retas e conseqüentemente as ultrapassagens! Pneus largos já!!!! Motores já!!!!

    Abraço,
    André Castan.

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    1. André,

      Há muito que monstros da estirpe de Ken Tyrrell falavam que para o público não importa se o motor do carro tem 10, 100 ou 1000 CV, o que todos querem ver é disputa de freadas, ultrapassagens de arrepiar e corridas emocionantes. Algo simples demais para um mundo onde as limitações são cada vez maiores...

      Abraço,

      WG

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    2. Sim Wagner, concordo e não me refiro a potência pura em sim. Lógico que potência é importante, mas mais que isso, o motor tem que ter papel principal no espetáculo. Como? Tem que tocar no fundo da alma. Arrepiar só de ouvir uma acelerada mais forte. E quando um carro "rasgar" a reta, o chão precisa tremer, a arquibancada balançar e o coração palpitar forte com a sinfonia emitida por milhares de explosões. E o que temos hoje com esses motores?
      Como é triste "ouvir" e ver um F1 2014.

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  7. Talarico,

    A realidade é que a fome do Bottas é maior que a do Massa, o que ajuda a tirar leite de pedra.

    Abraço,

    WG

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  8. Caro Wagner o que tenho percebido é que muitos amantes de F 1 acham que os grandes avanços tecnológicos automobilísticos tenham vindos da F1 o que não é verdadeiro;por exemplo o primeiro carro a usar uma asa foi o Capahall 2 D assim como um cambio automático e chassis de "composit"(carro de endurance ,o gênio ,mago e criador destes avanços foi Jim Hall,que também era um piloto habilidoso,um dos engenheiros da equipe-iniciante ainda-chamava-se John Barnard que transferiu-se para a F 1 anos mais tade, e levou a fama de inventor do cambio sequencial quando a e automatizado quando a ideia base era de Hall),o primeiro carro de corrida com injeção de combustivel ,Mercedes 300 SL Le Mans vencedor 1952,primeiro com freios a disco foi o Jaguar tipo C de 1953(vencedor Le mans 1953) ,também em Le Mans o Talbo Lago usava um carro cambio com pré seleção de marchas.Primeira comunicação via radio carro/box equipe Cadillac em Le Mans 1950.Portanto é enganosa essa afirmativa que é a Formula 1 que dita os avanços no automobilismo,pois a maioria foram feitos por carros que disputaram as 24 de Le Mans
    Gostei muito do seu modo de analisar a corrida e o automobilismo em geral,foi um bom achado de minha parte a sua coluna em Autoentusiastas,Obriga,paz saúde e felicidades a você e sua família
    L.A . Ferreira- Caçapava/SP

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    1. L.A. Ferreira,

      Suas colocações são pertinentes e quebram o coro dos muitos que apregoam a F-1 como o suprassumo da vanguarda tecnológica. Eu, particularmente, entendo que a categoria é avançada, mas é muito mais um laboratório amplo e eficientíssimo, capaz de acelerar o desenvolvimento de conceitos e propostas de maneira quase inigualável. A Honda já usou e abusou da categoria para treinar engenheiros que trabalham na linha de produção; o motivo disso era aprender a resolver problemas em condições críticas, onde a falta de tempo e a necessidade de resultados imediatos eram preponderantes.

      Agradeço suas palavras de incentivo e retribuo os votos de paz, saúde e felicidade a todos os seus,

      Abraço,

      WG

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  9. Olha aí Wagner o "pacotão" de "melhorias" pra 2015. Resumindo. NADA de bom. Não entendo de onde vem tanta falta de visão. Será que não percebem que a F1 vai de mau a pior e precisam fazer alterações significativas urgentemente?

    http://msn.foxsports.com/speed/formula-1/f1-safety-car-standing-starts-confirmed-as-part-of-2015-rule-changes/?cmpid=tsmfb:fscom:speed

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