google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014): Paulo Keller
Mostrando postagens com marcador Paulo Keller. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Paulo Keller. Mostrar todas as postagens
Ford na feira de tecnologia Campus Party

Não é de hoje que estamos observando e discutindo em posts no AUTOentusiastas o cerco ao automóvel, seja por ativistas implacáveis ou pela própria condição de tráfego nas cidades e megacidades. Não faltam exemplos para mostrar que a liberdade proporcionada por um carro, embora ainda seja algo inigualável, anda prejudicada. E isso acaba refletindo na predisposição para se usar o carro em determinadas situações que antes não haveria dúvida. Chamou muita atenção a recente notícia sobre o crescente número de famílias sem carros no país mais motorizado do mundo, os Estados Unidos. Quem ainda não leu pode achá-la aqui: Estudo mostra que cresce o número de famílias sem carro. Os comentários também valem ser lidos. Em outros países e cidades da Europa e no Japão principalmente, o carro já não é uma necessidade essencial e nem sinônimo de liberdade. 

Mas calma! Pois isso não significa que a indústria automobilística esteja encolhendo ou vá deixar de existir tão cedo. E muito menos que não podemos continuar a ter algum prazer. Desde 2010 a indústria já superou os níveis de vendas de antes da última crise. E muitos países ainda apresentam um potencial enorme de crescimento, pois a motorização é baixa como na China, na Índia e até no Brasil. Além disso, estudos da Shell indicam que o petróleo e derivados só deixarão de ser fonte de abastecimento de veículos em 2070 e o pico da demanda ocorreria em 2035. Temos muito chão para rodar ainda!

Vendas mundiais (fonte: OICA)
Número de veículos por 1.000 habitantes – 2011 (fonte: OICA)

Fotos: autor e Paulo Keller
Tudo azul, lindo céu, lindo carro

Primeiro devo dizer que esse carro não foi experimentado recentemente. Na verdade, faz bastante tempo que meu amigo Paulo Keller me informou que poderíamos avaliar um Audi RS 5 cupê por um dia.

A tranqüilidade de estar com ele é que não preciso me preocupar com fotos, apenas prestar atenção no carro e poder ficar atento. Eu precisava pesquisar um pouco esse Audi antes de sair de casa. Para não chegar como um perdido ao encontro de um legítimo “quattro”, fui em busca de alguns números e outras informações para saber no que estava embarcando.

Muito potente, motor V-8 de 4.163 cm³, aspiração natural, injeção direta, taxa de compressão 12,3:1, 450 cv a 8.250 rpm e 43,8 m·kgf de 4.000 a 6.000 rpm, e muito rápido, 0 a 100 km/h em 4,6 segundos, descobri que o câmbio não é automático, mas o S-tronic, robotizado de dupla embreagem e 7 marchas. Um ponto positivo. Só de imaginar que poderiam haver conversor de torque com conjuntos epicíclicos e suas trocas de marchas não tão rápidas, mesmo que tenham evoluído bastante nisso, poderia me deixar cabisbaixo.

Fotos: Paulo Keller


Que carro gostoso pra viajar!

O Bob e o Paulo Keller também acham, leia o que eles dizem adiante.

Na estrada, o RCZ, um cupê 2+2, está no seu melhor elemento. Por ele, viajaria a 180 km/h como velocidade de cruzeiro. Eu disse por ele e também por mim; não pela nossa Polícia Rodoviária.

Viajando com ele foi inevitável imaginá-lo numa Autobahn ou nas maravilhosas estradas da Patagônia argentina, onde tocar com o pé embaixo é sossegado e legal. Aí, sim, o RCZ e eu ficaríamos satisfeitos, já que ele foi projetado e construído pra isso e eu também.

A 120 km/h, em 6a e última marcha, o motor vira a 2.600 rpm, o que dá 46 km/h por 1.000 rpm. Isso significa que a 180 km/h seu giro vai a relativamente baixas 3.900 rpm. Isso é muito bom. Muito bom mesmo pra viajar.



Uma supermáquina que não pode ser usada como se deve

No recente post Voltando a ter prazer em guiar o Arnaldo Keller relatou algo que recentemente vem assolando todo autoentusiasta. Está muito difícil ter prazer em dirigir, principalmente nas cidades grandes.

Como o Arnaldo escreveu:


Quase tudo que é demais cansa. Dirigir demais cansa, enche a paciência. Dirigir em São Paulo tornou-se uma atividade que raramente nos dá prazer. 
Mesmo estando num baita carrão gostoso, dos melhores que há, a única coisa que ele pode nos oferecer a mais é mais silêncio, mais maciez, melhor ergonomia, menos movimentos para ser conduzido e melhor controle da temperatura ambiente, além de um som melhor. De prazer em guiar, mesmo, do jeito que um autoentusiasta gosta, nadicas.

Eu sei que para nós é possível sair de Uninho 1,0 e ainda assim sentir algum prazer. Esse prazer vem de várias maneiras: o prazer pelo domínio da máquina, pelo movimento, pela própria operação de dirigir e também pela sensação de liberdade, de poder chegar a praticamente qualquer destino de forma independente.

Ainda dá para acrescentar alguns outros prazeres com a conquista do bem material, ou o de poder ficar só, sem ser atormentado por ninguém, escutar uma boa música (não há lugar melhor para isso do que no carro), ou até mesmo o prazer de se exibir - para alguns. Deve ter mais alguns por aí... Carros são muito mais que um objeto.


Aconteceu nesse final de semana o VIII Mopar Nationals. Esse foi o terceiro ano consecutivo em que estive no evento organizado pelo Chrysler Clube do Brasil. Conversei com o Caccuri, um dos organizadores, e juntos concluímos que esse evento deve ser um das maiores, se não a maior reunião de modelos Chrysler da América Latina. Possívelmente também a maior reunião fora da América do Norte. São mais de 200 carros das marcas da Chrysler de vários modelos. 

Acho esse evento muito bacana e demonstra a união do Chrysler Clube do Brasil. Não vejo eventos com essa regularidade, organização e tamanho de marcas como a Chevrolet ou a Ford. Talvez pela diversidade maior de modelos? Seria interessante eventos anuais de Camaros e Corvettes, ou de Mustangs.

Nesse oitavo Mopar Nationals, como nos anteriores, a grande maioria dos participantes é de Dodges Dart e Charger fabricados no Brasil. Mas sempre aparecem Chargers e Challengers importados, além de muitos outros. 

Neste ano o carro mais bonito do evento, na minha opinião, foi um Dodge Charger 1967 vermelho americano, que está impecável. E dos modernos, havia um recém-importado Challenger R/T Classic, com faixas laterais e rodas remetendo ao passado. Branco, como o do Kowalski, tem a placa FOA-5599 em alusão a placa OA-5599 do Challenger 1970 usado pelo personagem no filme "Corrida contra o destino" (Vanishing Point) de 1971. Um toque bacana. 

Abaixo estão as melhores fotos. Logo faço um segundo post com as fotos de detalhes. 

PK

Um dos momentos autoentusiasta durante minhas férias foi em Kissimmee, bem próximo a Orlando, na Flórida, Estados Unidos, onde aos sábados acontece um encontro de carros antigos.

Old Town é uma espécie de centro de diversões, com brinquedos e atrações para crianças (montanha russa, minikart etc.) e uma alameda com lojinhas de bugigangas. Já aviso: é um não muito atraente, apesar do ambiente familiar e seguro, pois é bem diferente dos parques da Disney e shopping centers que as mulheres e crianças gostam tanto.

É numa rua fechada paralela a essa alameda onde acontece o encontro. A grande maioria dos carros são muscle cars, hot rods e carros customizados. Os carrros começam a chegar por volta das quatro horas da tarde e entre sete e oito horas da noite eles fazem um desfile na alameda onde ficam as lojas. É nessa hora que podemos ouvir uma sinfonia de V-8s "borbulhando". Até a hora do desfile os donos dos carros e suas famílias ficam sentados próximos aos seus brinquedões curtindo um bom papo com os amigos também apaixonados.

Durante esse passeio pensei muito nos autoentusiastas e lembrei de vários amigos e leitores que com certeza adorariam estar lá. Então, além das fotos, que vou postar depois, decidi fazer um vídeo para mostrar a atmosfera do lugar. Sei que muitos leitores gostam de vídeos. Tive que dividí-lo em 3 parte para que não ficasse muito longo e pesado. Eles estão bem amadores (prometo melhoras no futuro), mas ao menos servem para dar uma ideia geral do encontro. Espero que gostem.

PK




Esse nosso mundo autoentusiasta é mesmo bacana. Acabei de receber um vídeo do Mestre Mahar que me fez escrever este post.
Tenho que confessar algo. Até há pouco tempo em não gostava muito, ou tinha muito pouco interesse em automóveis anteriores aos anos 1950. Sei lá; talvez pela distância no tempo e o pouco contato. Ou até pela paixão pela força e potência dos muscle cars e esportivos. Mas ao começar a trabalhar junto com o primo Arnaldo e seus maravilhosos clássicos essa figura se alterou muito.
Tudo começou quando fizemos uma matéria sobre um MG TC 1949. Um carro recém-restaurado e impecável. O jeito com que o Arnaldo tratou o carro e se interessou por cada detalhe me chamou atenção. O lugar onde estávamos e o lindo dia de sol fizeram o cenário das fotos muito prazeroso. Senti uma emoção diferente, forte, de natureza completamente dirversa de todas as emoções que já havia sentido antes. Não seria exagero dizer que foi um tipo de êxtase, algo próximo da plenitude, ou lembrando de outro post (veja a introdução desse post do MAO), algo com estar atendendo ao chamado. Essa emoção veio exatamente quando fiz essa foto abaixo.
Meses mais tarde nos encomendaram uma matéria para a comemoração dos 100 anos do Ford  modelo T onde fotografei um modelo 1926 e vi a dificuldade de dirigi-lo. Infelizmente a conjunção de fatores que levam ao êxtase não ocorreu dessa vez. Mas passei a olhar para o T com outros olhos. Com muito mais romantismo e emoção. Uma pena que eu não consegui expressar isso nesse dia.
E depois fizemos uma matéria sobre um lindo Fiat 509A 1927. Carros muito antigos são mais difíceis de rodar por aí. Um problema na linha de combustível dificultou muito o trabalho, pois não achamos um lugar tão bom para as fotos. Quanto mais antigo o carro maior o grau de dificuldade para fazermos uma matéria. Mas esse 509A também me encantou. A foto abaixo foi inspirada na foto do MG.
Mas o que me faz lembrar de tudo isso foi o vídeo enviado pelo Mahar que conta um pouco sobre a história do Ford modelo T e da massificação do automóvel. Está em inglês, mas as imagens dizem muito. Alguns pontos são bem interessantes.
O visionário Henry Ford, além de fazer carros, foi o maior responsável por viabilizar o acesso das classes mais baixas ao automóvel. Ele teve a grande ideia de tornar seus funcionários também seus clientes. Para isso, com os ganhos em produtividade e em escala passou a pagar mais para os funcionários do que outras indústrias pagavam na época. Antes do Ford modelo T os modelos eram fabricados à mão. Um  T demorava um décimo do tempo para ser fabricado. O Ford também reduziu o turno de trabalho de nove para oito horas, permitindo o trabalho em três turnos e aumentando o volume de produção e o número de empregados.
O Ford modelo T era simples, robusto, mais barato e era fabricado apenas em preto. Quando chegou ao mercado em 1909 seu preço era de 950 dólares. Ficou no mercado por 19 anos, até 1928, com pouquíssimas alterações, quando foi substituído pelo modelo A.
Ford modelo T 1926 e Ford modelo A 1929
As rodas eram de madeira e seu motor 4-cilindros de 2,9 litros tinha pouco mais de 20 cv de potência ligado a uma caixa de 2 marchas com troca feita por um dos pedais no assoalho. O acelerador é numa alavanca no volante - qualquer dia o Arnaldo explica como se dirige um T. Pesando próximo dos 550 kg dependendo do tipo de carroceria, atingia 70 km/h de velocidade máxima. O que o fazia muitas vezes mais rápido que um cavalo ou carruagem.
Havia uma linha de produção para o chassi e outra para a carroceria, também para ganhar produtividade. No ponto em que ambas estavam prontas elas se encontravam. Isso é assim até hoje em picapes, utilitários e caminhões. Muito versátil. ao longo dos anos foram vários tipos de carroceria: carro de passeio 2-portas e 4-portas, roadster, conversível, picape, picape conversível, furgão/perua. Dá pra ver algumas variações saindo da fábrica em Highland Park.
Com 19 anos de produção o modelo atingiu a marca dos 15 milhões de unidades. Essa unidade número 15 milhões pode ser vista no vídeo, no final da linha de produção com o Henry Ford como passageiro. E não deve ter passado pelo controle de qualidade. Vejam que o próprio Ford teve que dar uma forçadinha para fechar a porta. Nessa época já havia outras opções de cor.
O filme também destaca a versatilidade de uso do T. Vejam que impressionante sua capacidade de trafegar em diversas condições de rodagem que vão de uma estrada pavimentada, passando por neve e até fazendo trilhas fora de estrada. Coisa que um carro moderno não faz – ok, hoje temos ruas e estradas por todo lugar. Eu achei impressionante!
Não é à toa que o Ford modelo T foi eleito o Carro do Século. Merece todo meu respeito e admiração.





PK
má.xi.mo
adj. 1. Maior que todos, que está acima de todos; excelso, sumo. 2. Absoluto, rigoroso. S. m. 1. Aquilo que é maior. 2. O mais alto grau de uma quantidade variável. 3. O limite extremo.

ma.ra.vi.lho.so
adj. 1. Que maravilha ou causa admiração. 2. Fora do comum; admirável, prodigioso, surpreendente. S. m. Aquilo que encerra maravilha.


M de Motorsport. Mas nesse caso poderia ser de máximo ou até maravilhoso, pois os significados dessas palavras descrevem muito bem o novo BMW M3.

Isso mesmo, andei de M3. E andei bastante, o suficiente para me deleitar e entender a nova dimensão da letra M.

Indo direto ao ponto, no volante do M3 tem um botãozinho, meio acanhado, sem graça. Porém quando acionado dá uma descarga de adrenalina no motor, transmissão, suspensão e direção que faz com que o carro contraia toda sua musculatura e entre em estado de alerta máximo. Fica pronto para desafios e situações extremas. Fica sério, muito sério. E isso enche a alma do motorista de um jeito que o transforma em piloto. Esse botão ativa o modo M Drive.


No i-Drive, aquele polêmico comando no console central presente em todos os BMW, tem uma série de ajustes e opções. Mas o único deles que me interessou foi o de ajuste do M Drive. A transformação sofrida ao se apertar o botão M no volante pode ser customizada de acordo com a vontade do dono do carro. São alguns sistemas que podem ser ajustados numa escala entre conforto e esportividade ou se preferir entre civilizado e embestado.


> Power - programas de atuação do acelerador: opção de normal e direta/esporte; é fácil notar a diferença de um para o outro, no modo esporte ele é menos progressivo, bem mais direto e muito desconfortável para uma direção mais tranquila ou com uma acompanhante, mas não me importo com isso.

> DCT (Dual Clutch Transmission) com Drivelogic - câmbio de dupla embreagem: Drivelogic são 6 opções de programa de troca de marchas do mais civilizado ao mais esportivo no modo manual, e 5 no modo automático; a sexta opção no modo manual só é liberada com o M Drive ativado.

> DSC (Dynamic Stability Control) - controle dinâmico de estabilidade: seleção entre ativado, desativado ou M Dynamic Mode; quando na última opção é possível atingir limites mais extremos e até ter derrapagens e escorregadas em curvas antes do sistema atuar para prevenir uma possível saída da trajetória, isso aumenta muito a diversão e o prazer em tocadas mais rápidas; a diversão aumenta ainda mais desativando-se o DSC por completo.

> EDC (Electronic Damper Control) - sistema de controle eletrônico dos amortecedores: seleção entre conforto, normal e esporte, do firme ao muito firme

> Servotronic - sistema de assistência progressiva a direção: são 2 programas, conforto e esporte, neste último o volante enrijece sensivelmente ajudando a manter o controle direcional.

Ao se apertar esse pequeno botão o carro se transforma numa besta. Ajustei o M Drive para mudar todos esses ajustes para a condição mais extrema, ou seja, tudo no modo mais esportivo. O bacana é que ao acionar o M Drive dá pra sentir a transformação imediatamente. Dá pra sentir o carro se retesar, se contrair. O doutor Jekyll assume a personalidade. Acho que seria algo similar a armar o lançamento de um míssil ao pilotar um caça.


Pensando bem, esse botão M Drive poderia ter a letra W impressa, de Warning, Atenção. Explicado isso, agora posso falar do resto com mais calma.

Vou começar por um ponto que causará alguma polêmica, mas que para mim está totalmente resolvido. Todo entusiasta que se preze invariavelmente vai preferir um carro com três pedais a qualquer carro com apenas dois.

Prestem atenção! Isso vai mudar cedo ou tarde. Eu adquiri confiança suficiente para fazer uma afirmação dessas só após dirigir o M3 com câmbio de dupla embreagem e borboletas no volante e ao pensar que hoje em dia nenhum piloto das principais categorias usa o pedal da embreagem. Se os pilotos não precisam, por que eu precisaria?

Esse câmbio do M3 tem um processamento que proporciona a mesma, ou talvez mais emoção que uma caixa manual, principalmente para os menos experientes nas pistas. No modo Sport o motorista faz o que quer, ajudado por um motor que tem o limite de rotação a 8.300 rpm e que é extremamente elástico, ou seja permite muitos abusos antes de fazer a eletrônica interferir na sua vontade. Existe uma alavanca no console que permite trocas sequenciais, mas foi ignorada por mim. Ela só serviu para voltar do modo esporte para o automático. Para fazer o inverso basta acionar um das borboletas no volante.

A borboleta da direita avança as marchas, são 7. A da esquerda as reduz. Ao contrário de outras transmissões sequenciais que experimentei, as reduções entram com uma facilidade incrível e na grande maioria das situações a tirada de pé do acelerador, e eventualmente um leve toque no freio, ajudam a permitir que de baixe duas ou até três marchas, sem aquela espera irritante até que o motor atinja uma rotação segura. O refino do sistema é tanto que um punta-tacco é simulado, ou seja, nas reduções sempre há uma breve aceleração para colocar todo o conjunto motor, transmissão e veículo em sintonia. Isso mesmo, aquela aceleradinha rápida e firme entre as reduções é feita pelo sistema. Eu, que não sou piloto e tenho dificuldades de fazer o punta-tacco, achei tudo isso muito envolvente e estimulante.


Com o acelerador no modo Power, onde as respostas ficam muito mais rápidas, diretas, e brutas, sair dos 100 km/h baixando de sexta ou sétima para terceira e pisando até o fim de curso é uma experiência fantástica. Algo como a Enterprise entrando em warp speed. De 100 km/h até a velocidade final que meu people mover, um japa 1.8, atinge com dificuldade, são poucos segundos e apenas duas passadas de marcha, de terceira para quarta e quinta. Nesse ponto o velocímetro ainda tem mais um terço de sua escala para atingir o limite indicado de 330 km/h – embora o M3 seja limitado a 250 km/h, segundo o manual. Limite esse que é impossível de explorar em vias públicas brasileiras mas perfeitamente atingível nas autobahnen, as autoestradas alemãs.

Foi acelerando forte que descobri a utilidade da shift light, um conjunto de 8 LEDs que ficam no aro superior do conta-giros e indicam o ponto de troca de marcha quando se atinge os 8.300 rpm. Os LEDs vão se acendendo um a um, da esquerda para direita, conforme a rotação se aproxima do limite, sendo que os dois ou três últimos, quando a rotação está próxima do limite, passam do laranja para o vermelho. Ao se esticar a quarta marcha simplesmente não é mais possível tirar o olho da pista. Aí, com as duas mãos no volante e o pé direito colado (e mantido colado o tempo todo), só temos o trabalho de pressionar a borboleta da direita assim que a visão periférica nota os LEDs vermelhos se acenderem. Prazer de dirigir ao extremo.


Entre as trocas o pé pode ficar colado no fundo, pois não é necessário aliviá-lo já que a próxima marcha já esta engatada, é só trocar o acoplamento das embreagens. A transferência de potência é praticamente contínua. É uma experiência alucinógena e a adrenalina que o botão M Drive injetou no carro flui para o nosso corpo pelo pedal direito e pelo volante. A shift light só funciona quando o M está acionado. Para nós mortais, isso é uma espécie de nirvana (plagiando o Jeremy Clarkson).

São 425 cv a 8.300 rpm, liberados por um V-8 a 90º de 4,0 litros, 32 válvulas e comando variável, aspirado, com taxa de compressão 12:1 e 40,8 m•kgf de torque a 3.900 rpm . São mais de 100 cv por litro! Esse V-8 tem uma borboleta de acelerador para cada um dos cilindros. É a primeira vez que a BMW emprega um V-8 no M3.


O ótimo escalonamento das 7 marchas e o limite de rotação bem alto proporcionam uma excelente elasticidade. Segundo a BMW, o M3 faz de 0 a 100 km/h em 4,7 segundos e de 0 a 200 km/h, em 15,3 segundos. Isso ajuda a dar sentido aos parágrafos mais acima. Aqui uma curiosidade que também atesta a minha afirmação sobre o câmbio de dupla embreagem; o carro com caixa manual de 6 marchas faz de 0 a 100 km/h em 4,9 segundos e de 0 a 200 km/h, em 16, 2 segundos, quase um segundo a mais.


Para domar toda a cavalaria a suspensão toda em alumínio foi redesenhada que, junto com rodas de 19 polegadas montadas com pneus 245/35 na frente e 265/35 atrás e barras de amarração nas torres da suspensão dianteira, proporcionam uma tocada firme e consistente. Em curvas de alta, onde pude tive mais chance de abusar um pouco, senti muita segurança. Principalmente com o M Drive acionado a sensação de estar longe do limite do carro (do meu já estava bem próximo) transmite muita confiança. Nas curvas mais fechadas o comportamento é neutro mas é possível um brincar com a traseira com acelerações mais vigorosas. Nas saídas de curvas a carro senta na traseira e traciona espetacularmente, ajudado pelo diferencial autoblocante.

De todos os equipamentos do carro, como ar condicionado, áudio, computador de bordo e todas essas amenidades, o único que eu de fato usei foi o ajuste elétrico do suporte lateral dos bancos dianteiros. Quando sentei ao volante me senti apertado e desconfortável. Aí descobri o botão onde pude manter um excelente suporte sem ser incômodo. E esse suporte é fundamental para explorar as curvas com vigor.


A direção, com pinhão e cremalheira, também me pareceu melhor do que tudo que já tenha dirigido. Rápida, com 2,5 voltas de batente a batente, e assistência progressiva que ajudam muito a manter o centro e a tomada de curvas em pistas mais irregulares. A pega do volante e a facilidade de acionar as borboletas de trocas de marcha enriquecem a experiência.

Os freios são enormes, 360 mm na dianteira e 350 mm, na traseira. Além de eficientes, eles são tão bem modulados e progressivos que praticamente não pensamos neles. Eu diria que para um uso esportivo eles são perfeitos. Não se trata apenas de parar bem o carro, mas de parar sem sustos e com uma atuação totalmente controlada pelo motorista.


O capô de alumínio, para reduzir peso, e anabolizado com um ressalto no centro para acomodar o V-8 e tomada de ar de admissão chama logo a atenção. Nos para-lamas dianteiros alargados, de plástico também para redução de peso, estão bonitas saídas de ar (quente), acomodando os repetidores laterais e emblemas M3. O carro pesa 1,625 kg. A falta de faróis de neblina se justifica, foi proposital, para proporcionar grandes tomadas de ar para os freios. Na traseira, o que mais chama a atenção são as quatro saídas de escapamento com os enormes silenciosos em aço inox. Estes liberam um som metálico e encorpado, mas não chega a ser assustador como eu gostaria. Na lateral, as enormes rodas forjadas de 19 polegadas e o tradicional off-set dos BMWs aguçam o interesse pela máquina.


No interior não nos sentimos num carro de mais de 400.000 reais. Tudo que está lá é perfeito e bem executado. É simples e direto, sem frescuras, orientado para performance e não para o glamour. Por isso eu acho que a grande maioria dos consumidores, ou pelo menos aqueles que buscam status e futilidades, vão achá-lo pobre. O mostrador central, comandado pelo i-Drive no console, acomoda todos os ajustes.


Os mostradores são minimalistas. Ao lado direito um grande velocímetro com marcador de combustível dentro da sua circunferência, e ao lado esquerdo uma grande conta-giros com marcador de temperatura do óleo também dentro de sua circunferência e a shift light na parte superior do seu aro externo. No centro há apenas um pequeno mostrador digital com informações básicas. Elegante, mas simples. Para mim, bem apropriado.


Mas faltou eu explicar que apesar de tudo estar voltado para a máxima performance e ao prazer de dirigir, rápido neste caso, o M3 é um carro que pode ser utilizado no dia a dia sem grandes preocupações. O rodar em vias irregulares não é desconfortável, principalmente se alterarmos todos os ajustes para o conforto. O carro não cansa o motorista, tem um excelente espaço interno, muitas amenidades, um grande porta-malas de 450 litros (não tem estepe). Transpõe lombadas e valetas sem problemas uma vez que tem uma boa altura do solo. O único problema é o cuidado constante para não rasgar os pneus de perfil muito baixo (35).

Por essa capacidade de ser uma máquina perfeita máquina de dirigir – ultimate driving machine – e ao mesmo tempo ser dócil e civilizado é que o M3 pode ser considerado um sério candidato ao título de melhor carro do mundo. Apenas para ilustrar o que estou falando, o M3 ganhou um comparativo feito pela Car and Driver com o Porsche 911 Turbo e o Nissan GT-R. Para eu dizer se concordo ainda falta dirigir esse dois últimos.

Por enquanto o M do M3, para mim, é o máximo, e é maravilhoso.


Hoje estava fazendo o programa de domingo preferido dos paulistanos com filhos pequenos: almoço e passeio no shopping. Passei na Livraria Cultura com aquela vontade de comprar algo, de preferência barato, para divertir e acalmar a alma. Afinal o consumo por si só já é o programa.

Depois de uma geral na livraria, passei na sessão de revistas e procurei a Car and Driver 13, com um especial apenas de fotos de clássicos. Não saiu! Então bati o olho num DVD com a história dos Hot Rods. E o melhor, por apenas R$ 7,99. Aí pensei: por esse preço deve ser mais um daqueles DVDs meia-boca e malfeitos. Mas aí reparei que o DVD é da Duke Videos, uma empresa inglesa especializada em vídeos sobre carros e motos.

Então me empolguei e comprei todos os outros que estavam lá: "A incrível história dos Hot Rods", "Muscle Cars", "A fascinante história da Porsche" e "50 anos de Ferrari", todos da Duke. É claro que não são lançamentos, apesar de na capa dar impressão que são de 2008 (a Ferrari fez 60 anos em 2007, então é óbvio que o vídeo tem pelo menos 10 anos. Já assisti o de Hot Rods, que é de 2005.

Esse por sinal é muito bom. Conta em detalhes, com muitos depoimentos, em quase duas horas, toda a história do nascimento dos Hot Rods até os Dragsters. Com certeza valeu os R$ 7,99. Se os ouros forem ruins eu aviso.




Falar do XK120 deve ser chover no molhado para a audiência desse blog. A não ser que o texto seja do Arnaldo Keller, que está na Car and Driver desse mês (número 11) e onde podemos literalmente viajar no tempo ao ler a memorável descrição do dia em que o XK120 ultrapassou as 120 milhas por hora de velocidade máxima em 1948 (origem do seu nome). Portanto, nem me atrevo a escrever sobre esse carro.

Então acho que as imagens abaixo valem mais que minhas palavras.

Para um melhor entendimento da emoção de algumas fotos lembro que o Arnaldo teve um XK120 quando tinha 16 anos e viveu muitas histórias com essa máquina deslumbrante.

A primeira foto mostra o momento em que o Arnaldo, afastado durante anos de seu amigo, dá a partida no XK despertando lembranças que estavam adormecidas. Durante a sessão de fotos procurei me manter um pouco distante respeitando a intimidade do reencontro e desfrutando da beleza do carro e do relacionamento.

"Carros tem alma"


Numa passagem rápida pelo Museu do Automóvel do Nasser, em Brasília, me deparei com um carro totalmente inédito para mim. Uma picape Tempra.

Sabemos que não é de hoje que a Fiat ensaia entrar nesse mercado. Mas a data mais antiga que eu tinha na cabeça era 2000. Nessa ano, após a junção da GM com a Fiat cheguei a ver um mock-up da S10 com "cara" de Fiat, algo como um "badge engineering". Mas o projeto não vingou.

No ano passado a Fiat anunciou a parceria com a Tata para fazer uma versão Fiat da picape Tata TL. Veja que interessante esse trecho do press release: "O acordo é o resultado dos estudos de viabilidade iniciados em julho de 2006 e compreende o licenciamento da Tata para a produção de uma pick-up com a marca Fiat na planta industrial do Fiat Group Automobiles em Córdoba, Argentina. Os primeiros veículos sairão da linha de montagem de Córdoba em 2008. A produção anual plena é estimada em 20.000 unidades. Os investimentos planejados totalizam cerca de US$ 80 milhões."
Ao que tudo indica esse projeto também não vingou.

Agora existem novos rumores sobre uma versão picape Fiat para o Iveco Massif, produzido na Espanha. O Massif é derivado do Santana PS10, sendo que este já é uma versão autorizada do Land Rover Defender. O Jalapão, que seria produzido aqui, também era um derivado do Santana.

Voltando à picape Tempra, ela é um protótipo feito pela Fiat em 1994 usando um misto das plataformas do Tempra Coupé e da Tempra SW. A picape, ou Tempra Pick-up, usaria um motor Diesel e teria capacidade de carga de 1 tonelada (condição necessária para o uso do motor Diesel, de acordo com a legislação brasileira). Em 1994 ainda não tínhamos picapes médias a diesel com essa capacidade de carga.

Naquela época a Fiat dormiu no ponto. Agora com as japonesas Hilux, Triton e Frontier, mais as novas S10 e Ranger chegando em 2009/2010* e a novata Robust da VW debutando em 2010, o desafio da Fiat seria muito mais difícil.





Atualização em fevevereiro de 2009: o lançamento das novas S10 e Ranger é incerto.