A indústria automobilística brasileira é atualmente uma das maiores do mundo. Muitas marcas possuem fábricas no nosso território, exportando para vários países diversos modelos de praticamente todas as categorias.
Mesmo
tendo uma história automobilística relativamente recente — 57 anos —, se compararmos com países
com mais de 100 anos de indústrias e fabricantes de automóveis, o Brasil possui
uma cultura muito rica neste ramo. Além
de grandes marcas como Chevrolet, Chrysler, Fiat, Ford e Volkswagen, o Brasil contou com
os pequenos fabricantes locais.
Puma
e Gurgel podem ser citados como alguns dos mais bem-sucedidos fabricantes
independentes na nossa história. Outras marcas menores criaram carros que são
lembrados até hoje, como a Brasinca com o famoso e raro 4200 GT, depois renomeado Uirapuru.
Um
dos principais nomes por trás do Brasinca 4200 GT é o de Rigoberto Soler (foto abaixo), engenheiro
espanhol que chegou ao Brasil nos anos 1950. Soler também foi professor do curso de
engenharia mecânica na FEI (Faculdade de Engenharia Industrial, atualmente Fundação Educacional Inaciana), em São
Bernardo do Campo.
Para
criar uma indústria sólida, é preciso de mão de obra competente e de boa
formação. Para o mercado automobilístico, a FEI sempre foi referência em se
tratando de engenharia. O curso de engenharia mecânica automobilística é muito
bem conceituado, e há anos tem por tradição colocar na prática o que se aprende
nas salas de aula.
A
FEI fez muito de sua história no ramo automobilístico. Por ser a única a
disponibilizar o curso de graduação em engenharia mecânica com especialização
na área automobilística, diversos projetos e parcerias foram feitos ao longo
dos anos. A mecânica automobilística era a vitrine da faculdade.
Soler
era o responsável pelo DEPV, Departamento de Estudos e Pesquisas de Veículos,
onde foram feitos os projetos de veículos experimentais da faculdade.
O
primeiro projeto feito como um carro-conceito para exposição e apresentado no
Salão do Automóvel de São Paulo foi o FEI X-1, que já contamos um pouco de sua
história aqui no AE. Um grupo de alunos, sob a supervisão de Soler, projetou e construiu
o primeiro carro experimental (daí o nome X-1) da faculdade, como forma de
aplicar as teorias e desenvolver a capacidade de criação e solução de problemas
práticos dos alunos.
O
retorno que o X-1 trouxe para o departamento da engenharia mecânica e para a
FEI foi enorme. Não estamos falando de retorno puramente financeiro, mas de
reconhecimento e abertura para novos contatos. Depois do X-1, veio o X-2, um
modelo de hovercraft, veículo que se desloca sem contanto com o solo sustentado
por bolsão de ar.
Em
1970, outra edição do Salão do Automóvel seria a oportunidade de apresentar um
novo carro-conceito ao público geral, e em especial, aos fabricantes da região,
que poderiam ver que tipo de profissionais o curso de engenharia da FEI era
capaz de formar.
Sala de aula com a vista lateral do X-3 (notem o assoalho curvo), e o professor Soler, em pé ao lado da mesa |
Soler era um grande adepto das inovações tecnológicas. O X-1 e o X-2 eram modelos nada convencionais, com propulsão secundária por hélice e propriedades anfíbias. De certa forma, eram criações diferenciadas, mas não eram realistas para uma aplicação de mercado.
Retomando
um pouco seus tempos de Brasinca (e do Uirapuru), fabricado da metade para o
final dos anos 1960, Soler partiu para o projeto de um carro esporte. O novo
protótipo da FEI seria mais convencional, mais realista, mas não menos radical
que o X-1. O Salão do Automóvel era a porta de acesso da FEI ao mercado, e
também ao governo federal.
O
X-1 foi um sucesso tão grande no Salão de 1968 que até mesmo o brigadeiro José Vicente Faria
Lima, então prefeito de São Paulo, fez questão de andar no estranho veículo.
Este contato com um representante do governo já cativou a mente de Soler. Além
de reconhecimento, a FEI poderia ganhar incentivos do governo para investir em
projetos e novas tecnologias. Por isto o novo carro não poderia falhar.
Com
uma idéia em mente e pessoas determinadas a transformá-la em realidade, Soler
iniciou os desenhos do X-3. O novo protótipo seria um arrojado carro esporte de dois lugares. Os dois principais requisitos de um carro esporte de
sucesso foram o foco do projeto: desempenho e aparência. Extraoficialmente,
batizaram o carro de Lavinia, uma homenagem à esposa do prefeito de São
Bernardo do Campo, que doou o terreno onde foi feito o campus da faculdade.
Esboços do que viria a ser o X-3, feitos por Soler |
Cogitou-se nomear o carro de FEI 5000 GT, o que traria um parentesco com o Uirapuru, cujo nome oficial anterior era 4200 GT. Os primeiros estudos de package (nome que se dá ao projeto onde todos os componentes são posicionados e interferências e folgas são analisadas) foram feitos com um motor Ford, que poderia ter sido a origem do nome 5000, em alusão aos 5 litros do conhecido V-8 do Maverick GT e do Galaxie, este a partir de 1976.
Com um design que remete ao X-1, com linhas fortes e vincadas, a carroceria desenvolvida em túnel de vento em escala reduzida foi fabricada da mesma forma que os italianos esculpiam suas obras de arte, como Ferraris e Maseratis. Um modelo de madeira era usado como base para conformar as chapas de aço dos painéis da carroceria. Isso mesmo, a carroceria do X-3 foi feita em metal. O bico do carro e o pára-choque traseiro foram moldados em alumínio. Compósito de fibra de vidro foi usado nas portas e no capô do motor.
As
portas do X-3 são, talvez, o principal destaque visual do carro. Assim como um
Mercedes-Benz 300 SL, a abertura é feita para cima, no estilo “asa de gaivota”.
O acesso é um pouco incômodo, até se acostumar com a porta acima da cabeça.
Contanto que o ocupante não tenha mais de 1,70 m de altura, o conforto é bom.
Vendo
o carro pela lateral, o assoalho era coberto por uma placa curva, que fazia a
função de um venturi sob o carro. O ar acelera ao passar por entre o assoalho e
o piso, diminuindo a pressão sob o carro, gerando uma força vertical para baixo
(downforce). O X-3 foi um dos
primeiros carros de rua a ter o chamado “efeito solo”.
Desde
o Uirapuru, Soler trabalhou muito na aerodinâmica dos seus projetos. O 4200 GT
foi testado no túnel de vento do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), o primeiro carro nacional a passar por
tal avaliação.
Outro
recurso aerodinâmico do protótipo era o uso de um freio aerodinâmico montado na
parte posterior do teto, que era acionado junto com o freio convencional das
rodas. Ao acionar o pedal, uma placa erguia-se quase que na posição vertical,
aumentando consideravelmente o coeficiente de arrasto e a área frontal. Este
recurso foi usado nos Mercedes 300 SLR de corrida dos anos 1950, com algumas
diferenças funcionais, mas o conceito é o mesmo.
Mercedes-Benz 300 SLR dos anos 1950 com o freio aerodinâmico acionado |
Os
conjuntos óticos também foram uma novidade para o que o mercado nacional estava
acostumado, com os faróis dianteiros retangulares escondidos dentro do bico, e
as lanternas traseiras na posição vertical, mais ou menos como são as lanternas
posicionadas nas colunas traseiras de hoje em dia.
Com
o perfil do carro bem baixo e o habitáculo recuado, seguindo uma proporção de
carroceria como de um Jaguar E-type, com capô longo e posição de dirigir perto
do eixo traseiro, o X-3 denunciava a configuração de motor central-dianteiro,
bem recuado, e tração traseira.
Nos
primeiros esboços, o X-3 tinha um monobloco de chapas, similar ao dos F-1 da
época, mas o projeto foi descartado. O chassi exclusivo do carro foi construído
com tubos de aço em forma espacial, que lembra o chassi de um Lamborghini
Miura. A carroceria, ao ser montada no chassi, passaria a ser parte estrutural
do carro, diferente da construção chassi e carroceria independentes, já julgada
como ultrapassada pelo professor Soler.
A
suspensão dianteira independente foi mantida a mesma do Dodge Dart, com barras
de torção longitudinais. A suspensão traseira consistia de eixo rígido, braços tensores e molas
helicoidais. O sistema de direção foi modificado para ser mais direto,
acentuando a proposta esportiva do carro.
O
motor que foi usado no carro acabou sendo o V-8 de 318 pol³ (5,2 litros), original do Dodge
Charger R/T nacional, porém com os cabeçotes retrabalhados, carburador quadrijet preparado e um novo sistema de
escapamento, com saídas laterais logo abaixo das portas. Estava prevista a
instalação de um motor Chrysler de 7 litros e 450 cv, mas não chegou a ser
executada. O câmbio de quatro marchas do Charger foi mantido, com alavanca montada no elevado console central.
No
Salão do Automóvel de 1970, o primeiro no Salão de Exposições no Parque do Anhembi, o carro foi um sucesso. Para mostrar que era totalmente funcional,
o professor Soler foi guiando o carro de São Bernardo do Campo até o o novo pavilhão de exposições, do mesmo jeito que fizera dois anos antes com o X-1 para o Pavilhão da Bienal do Parque do Ibirapuera . Pintado de
amarelo com detalhes em dourado, e um interior com couro de vaca de gosto
extremamente duvidoso, até o presidente da República, Emílio Garratazu Médici ficou
encantado com o que viu. Soler atingira seu objetivo. Foi um dos destaques do
Salão e conseguiu um grande parceiro para novos projetos, o governo federal.
Em
1972, o carro voltou para o Salão. Agora nas cores verde, branco e dourado,
alguns detalhes foram modificados, outros adicionados, e o interior trocado por
um “pretinho básico” bem mais conservador. Outro sucesso de público.
Após
as aparições nas duas edições de Salão do Automóvel e em diversas publicações,
o carro foi guardado na FEI. Sua missão fora cumprida, levou o nome da FEI pelo
país e até ao presidente da República. Como dizem, o show tem que continuar, e
novos projetos foram executados por Soler e seus alunos.
Muitos anos se passaram, algumas mudanças na estrutura organizacional da faculdade e o desligamento do professor Soler do cargo de coordenador do DEPV ditaram o destino do X-3. O carro teve que ser escondido dentro de um dos galpões da FEI por muitos anos para que não fosse canibalizado ou mesmo destruído, até que em meados dos anos 2000 foi recuperado.
O
carro foi restaurado conforme sua última especificação, sob a supervisão do
professor Ricardo Bock, coordenador do curso de engenharia mecânica
automobilística da FEI. Nem todos os detalhes puderam ser recriados exatamente
como eram, mas o mais similar possível foi feito.
O
X-3 voltou ao Salão do Automóvel, em 2004, pela terceira vez. Novamente, foi uma
atração. Poucos conheciam o carro por serem mais jovens, e ficaram intrigados
como um carro tão arrojado poderia ter sido feito em uma faculdade brasileira
há mais de trinta anos.
Depois
da apresentação no Salão, o X-3 fez algumas participações em publicações e
eventos de carros antigos, entre eles o famoso Encontro Paulista de Auto Antigos de Águas de
Lindóia. Novamente o carro traria reconhecimento e divulgaria o nome da FEI.
Poucos projetos tiveram o alcance que o X-3 teve, desde sua criação até sua
restauração.
Mas
como é andar no X-3? Como é andar em um protótipo único, criado há mais de
quarenta anos, com recursos de engenharia que eram bem avançados para a época?
Começando pela abertura da porta, já sentimos um ar de que este é um carro
diferenciado.
Os
comandos de acionamento de iluminação, ignição e partida ficam em um painel
montado no elevado console central. O túnel central do carro entrava bastante
no habitáculo para permitir a passagem do cardã e não interferir no assoalho
curvo. Após ligar a chave de ignição, o botão de partida traz vida ao V-8,
borbulhando logo abaixo das portas pelas quatro saídas de escapamento, duas de cada
lado.
Um
detalhe que instiga o motorista sobre o caráter esportivo do carro é a
cobertura de compósito de fibra de vidro sobre o carburador, que fica exposta por uma abertura no
capô. Acaba sendo muito similar ao estilo shaker
hood dos Mopar americanos, onde o filtro de ar também ficava para fora do
capô e se movimentava junto com o motor, visível por quem dirige.
O câmbio atual do carro é do Dart, de três marchas. No tempo em que o carro
esteve parado, muitas peças foram retiradas, entre elas o motor e a caixa de quatro marchas. Como o carro pesa apenas 1.100 kg, a aceleração ainda é boa.
O motor atual, de Dart, está com o carburador duplo corpo original, mas com taxa de compressão levemente aumentada, o que
faz o motor render aproximadamente 220 cv.
A
alavanca curta deixa as trocas mais rápidas, e a cada marcha, o ronco do motor
cresce com a velocidade. É curioso ver como todos os motores Dodge têm um ronco
característico, e o X-3 não é diferente. O perfil aerodinâmico do carro corta o
ar com facilidade, e rapidamente chega perto dos 200 km/h. Com o motor mais
potente o carro poderia chegar a 240 km/h.
A posição de dirigir é bem esportiva, com o banco bem próximo ao assoalho. A ergonomia é boa para pessoas de até 1,70~1,75 m de altura, mais que isso o espaço dentro do carro começa a ficar pequeno. O professor Soler era a referência de ergonomia para os projetos, mas ele era baixo. O volante Walrod, conhecido dos anos 1970, tem uma boa posição e passa segurança. O painel de instrumentos é montado no centro do painel, com instrumentos individuais de fundo laranja, bem chamativos, é simples porém completo. Conta-giros e velocímetros maiores, depois medidor de nível de combustível, termômetro da água, voltímetro e manômetro de óleo completam o quadro de instrumentos.
Interior mais sóbrio e funcional; detalhe para maleta tipo 007 que serve como porta-luvas |
A suspensão é firme. O X-3 tem um bom controle de rolagem da carroceria, que juntamente com os largos pneus garantem uma boa estabilidade. A caixa de direção infelizmente é uma convencional de Dodge, não foi possível manter a original do carro que tinha a relação alterada para ser mais direta, então é preciso muito ângulo de volante para manobras mais acentuadas. Com um volante mais direto, deve ficar bem melhor.
Os
freios a disco da dianteira e tambor na traseira seguram bem o carro, não como
um carro esporte moderno, mas bons para a época. Entrando em uma curva, estando
já bem apoiado, basta controlar o acelerador até o ponto de saída, até poder
pisar fundo e sentir a traseira escorregar suavemente. Como a posição de
dirigir é recuada, sentamos próximos do eixo traseiro, a sensibilidade é mais aguçada
e a movimentação do carro é bem interpretada.
Dentre
algumas de suas aparições após a restauração, o X-3 esteve em Interlagos no
evento "Quatro Rodas Experience" de 2007. Durante o intervalo para hora do
almoço, passeios de carros antigos foram organizados pelo nosso amigo Arnaldo
Keller. O som do motor e a distinta aparência arrancaram elogios até de quem
estava acostumado com Ferraris e Corvettes.
O
Arnaldo também já andou neste carro no autódromo de Interlagos, para publicação
na antiga Quatro Rodas Clássicos. Carro rápido, bruto e torcudo, que transmite
uma sensação especial de um bom esportivo dos anos 1970, foram as palavras dele.
Sob um temporal que desabou em Interlagos naquele dia, o foi a primeira vez que
o X-3 “esticava as pernas” para valer, depois de anos guardado e da
restauração.
Hoje o carro está guardado na FEI, sob os cuidados do professor Bock. É um
dos únicos exemplares de carros conceitos feitos no Brasil, ainda mais em uma
época que a indústria era muito dependente de suas matrizes estrangeiras.
O
X-3 foi projetado e fabricado com mão de obra nacional, dentro de um centro de
pesquisa de formação acadêmica, com engenheiros (professores) e futuros
engenheiros de uma indústria em desenvolvimento. Também abriu caminho para novos
projetos grandiosos, como o TALAV (Trem Aerodinâmico Leve de Alta Velocidade),
que ainda vamos contar aqui no AE.
Pela
semelhanças, O X-3 poderia ter sido o sucessor do Brasinca 4200 GT, caso Soler ainda
estivesse na Brasinca, e tivesse abertura para num novo modelo ser fabricado.
Se isto se tornasse realidade, provavelmente teríamos um carro esporte com
potencial para brigar com os melhores do mundo da época.
MB
Fotos:
autor, arquivo FEI, Quatro Rodas
Nosso conhecimento e tradição automobilística são notáveis. E pensar que países como a Coréia têm industria nacional forte, e certamente engatinhavam enquanto uma universidade nacional daqui produzia um carro conceito desse nível. Lamentável.
ResponderExcluirMe desculpem a falta de acentuaçao, mas estou fora de casa.
ResponderExcluirMe senti honrado por guiar esse carro, por o terem confiado a mim, coisa que fiz em duas ocasiões, como disse o Milton, uma para uma reportagem para a Quatro Rodas Classicos e outra numa corridinha durante o Quatro Rodas Experience, um evento que bolei e a 4R levou adiante. O Professor Ricardo Bock, da FEI, meu amigo pessoal, um professor fantastico, o professor que todo aluno dedicado sonha em ter, foi o responsavel por isso.
Na primeira vez, dirigi o FEI-X3 na parte abandonada do circuito de Interlagos. Chovia a cantaros. Ao meu lado foi um aluno que ficaria responsavel por acionar o freio aerodinamico. Infelizmente nao me recordo de seu nome, mas lembro que tinha ascendencia japonesa. Desciamos parte do Retão, faziamos a Curva 3 e despinguelavamos pela 4, para retornarmos la pela Curva da Ferradura. Um carro bruto, do jeito que gosto, e leve, e motorzao. Me disseram que ele estava so com 2 marchas, que o trabulador estava com problemas, etc, e que havia uma 1a marcha longa, engatada aa frente e uma segunda, tambem longa, trazendo a alavanca pra tras. mas numa dessas achei a 1a marcha, que era no estilo perna de cachorro, para tras e junto a mim, e nessas veio uma 1a marcha de arrastar pneu, bem braba, e com alegria fui ate o toldo onde se abrigavam os alunos e o Bock, parei e dei uns gritos :^Olhem aqui! Achei a primeira!!^ E sai com tudo, pondo o carro de lado com a derrapada dos pneus.
Foi uma festa da turma, aquela gritaria, alegria de ver aquela maquina mostrando seus verdadeiros poderes.
Me sinto honrado, claro, e feliz.
Outra vez, poucos anos depois, nessa corridinha de meia hora dos classicos do Quatro Rodas Experience, entrei com ele, eu e um dos namorados de minhas filhas. Bom, a coisa pegou fogo e desci uma lenha da braba, acabei me empolgando e botei pra rachar. Nas retas, ao redor de uns 170 km;h, ele começava a dar uma flutuada, mas nao afinamos para isso e chegavamos ao fim das retas a alguma coisa acima disso. Nas curvas a coisa era absolutamente muito divertida, pois nas saidas de curva ele soltava facilmente a traseira, devido aa grande potencia do bruto. E ele nao estava segurando a 2a marcha, quando estando nela eu tirava o pe, durante a reduzida de marcha - por exemplo, vindo do Laranja e metendo 2a para entrar no Miolo - o que me obrigava a segura-la na alavanca. O rapaz ao meu lado nunca entrara numa pista e gritava feito maluco "Manda a lenha, tio! Nooosaa!" Foi uma lenha daquelas de desopilar o figado, inesquecivel.
Eh claro que amei o FEI-X3. Claro. Muita honra tudo isso, muita honra.
Lembro que naquela época havia à venda um kit para transformar o câmbio padrão de três marchas na coluna do Dart num câmbio no chão. O carro recebia então 2 assentos esportivos na dianteira.
ExcluirDirigi diversas vezes o Dart 1971 de um amigo que tinha este kit, e sua característica era justamente esta, para simplificar o sistema, usando o trambulador original, a primeira marcha era para trás.
Aliás, o kit era muito bom, o carro foi vendido só a cerca de 2 anos atrás e nunca incomodou, parecia equipamento original.
Memorável era a alavanca de câmbio, uma grossa chapa de aço, estampada em forma de um "Z" deitado, com grandes furos para aliviar seu peso.
Arnaldo, era o Fernando que estava com você no carro no dia da reportagem. Foi muito bom mesmo, a primeira andada forte do carro.
Excluirgrande abraço
Isso mesmo, Milton! Fernando! Obrigado. Companheirão, o Fernando.
ExcluirBluegropher, havia uma versão do Dart com alavanca no assoalho e com 3 marchas, câmbio universal, igual Ford Modelo A e Jipe da Willys 6-cil, com 1a marcha para trás e aa esquerda. Devem ter usado essa caixa no FEI-X3.
ExcluirDart SE
ExcluirExcelente texto, praticamente desconhecia esse carro.
ResponderExcluirSou aluno da FEI, estou no penúltimo ano de Engenharia Mecânica, e acho uma pena que atualmente não fazem mais nenhum conceito. Participar de um projeto desses deve ser muito interessante.
Carlos, infelizmente não foi feito mais nenhum por uma mudança na diretriz da reitoria, pois tudo envolve muito dinheiro.
Excluirabs,
Muito bom seu relato sobre o X3. Aproveitei e fui reler o texto sobre o X1 também. Um abraço.
ResponderExcluirShow de bola, Show de bola !!! O projeto, a construção, o carro e a lenha do Arnaldo...
ResponderExcluirSaudoso Emilio Garrastazu Médici!
ResponderExcluirQuanta saudade....
Voce enlouqueceu ????
ExcluirSaudades de um homem desses ????
Sem palavras para descrever o Bock, como disse o Arnaldo, "professor fantástico, o professor que todo aluno dedicado sonha em ter"... e eu tive a honra de ser seu aluno por 06 meses..... e outro que destaco também é o Waldemar Colucci (foi ele que me apresentou o blog, logo no começo.. se não me falha a memória, ele era colaborador do blog)...
ResponderExcluirO Bock na época da FEI, trazia umas feras para nos darem algumas palestras, tais como o Ricardo Polati (na época, atuava no centro de desenvolvimento da Shell para a F1... esse cara é doideira, hehe! Imitava o barulho do motor dos carros na sala de aula...hehe!) e outro que me lembro é o Lino Belli (não sei se têm parentesco com você, Milton... é a referência em segurança veicular no Brasil)....
Para quem gosta de mecânica automobilística e quer seguir carreira na área, a FEI é o local!!
Abs,
O Lino não é parente meu não, apenas coincidência.
ExcluirPosso dizer que é uma honra poder ter participado de tudo isso junto ao nosso pessoal e ao Ricardo, ter o prazer de cuidar dessa raridade, foi um aprendizado muito maior do que se pode imaginar.
abs,
Gonzalez, é Eduardo Polati, e não Ricardo. Ele é simplesmente genial, no estrito termo da palavra.
ExcluirTambém conheci o Polati. Um cara genial! A conversa "ficou memorável de vez" quando ele falou que estava montando um Seven (que o Arnaldo pilotou em Interlagos e relatou no AE). Aliás, que entusiasta não sonha em fazer/pilotar um Seven?
ExcluirGrande abraço. Ivo Junior.
-Rapái, FEI mermo é aquele escape na laterá. Se fosse só as boca aparecendo, e o resto todo lisin, iguazin cá chapa, ficava bão.
ResponderExcluir-Gostei do amarelin. Gostei mêrmo!
-A pasta é destarcave do painé? Corredici, quiném gaveta, tendeu? Né bão não deixá coisi de valor pro sujeito ficá de butuca, inda mai quandé papelada de gente importante sô.
Gostei do Shooting-Brake! E ainda mais quando amarelo com detalhes em alumínio polido.
Uma pena que as coisas no Brasil funcionam como se noite fosse, onde os vigilantes odeiam o abrir de portas, e só descansam quando estão todas fechadas - pra puxar um ronco no sossego.
E esta noite, que nunca termina!? Noite após noite, um inverno polar! Todos presos esperando a troca de turno, quando chegarão aqueles que abrirão as portas, quando mostrar-se-á o raiar de um novo dia.
Brasil, a terra onde em todo o tempo - e tempos - os que governam fazem as máquinas de fabricar salsichas funcionarem ao contrário. Quando uma salsicha sai da máquina parece até defeito...
Miltããããão!
ResponderExcluirLembro que nos conhecemos logo nos primeiros dias de FEI
Parabéns pelo excelente texto!
Fiquei um pouco mais orgulhoso de saber que faço parte, mesmo que em pequena proporção, dessa instituição em que aprendi muita coisa e fiz bons amigos.
Obrigado por compartilhar parte do teu conhecimento e momentos da tua vida conosco!
Grande abraço!
Obrigado Raphael!
ExcluirTudo o que vimos e aprendemos lá na FEI, tanto em aula como fora, é para o resto da vida.
abs.
Amigos, é neste Brasil descrito aqui que acredito, na criatividade, pesquisa perseverança, luta e dedicação, e não no lado Ptralha de administrar, criando alunos burros.
ResponderExcluirTive que ler a historia do X1, que coisa impressionante, por isso digo sempre que este é o blog que reúne a nata, os papas, os mais sábios brasileiros e não brasileiros, amantes do autoentusiastas, dá gosto de ler cada linha, cada reportagem, o BOB conseguiu reunir pessoas dignas, os leitores são de alto nível, sonhos que um dia o Brasil teve, e hoje..... Agradeço e já fico esperando a próxima, e só posso dizer....parabéns.... e obrigado.
Seria essa a versão mais moderna do Brasinca Gavião?
ResponderExcluirSensacional!
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