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G. W. Bush e L.I. L. da Silva
O João do Amaral Gurgel (1926-2009), contumaz crítico do etanol como combustível, gostava de parafrasear a frase da (formiga) saúva, "ou o Brasil acaba com o álcool, ou o álcool acaba com o Brasil". Tinha razão.
De fato, termos um combustível para carros a motor ciclo Otto que depende de mistura de dois combustíveis, e de origens distintas, só pode dar confusão.
Imaginemos um quadro de preços estáveis. Aí o etanol sobe, e como a gasolina tem 25% de etanol (20% temporariamente), a gasolina também sobe.
Vem então o governo e decide baixar o porcentual de etanol anidro na gasolina e com isso as usinas poderem fornecer mais etanol hidratado ao mercado. com a vistas a baixar o preço do etanol nos postos. pelo aumento da oferta. Resultado: diminui a participação do combustível mais barato e o mais caro tem, de forçosamente, subir de preço.
Fora que o etanol é produto agrícola, sazonal e sujeito a chuvas e trovoadas, cujo plantio da matéria-prima -- a cana de açúcar -- varia. Tem ano que tem mais, tem ano que tem menos -- este.
E fora também as malditas queimadas da palha da cana, que empesteiam o interior de uma maneira tal que suja roupa até no varal. O governo paulista diz que isso acaba em 2014. São, Tomé, ver para crer.
O Gurgel tava mais é certo!
BS
Bob, foi o que nós comentamos nessa última sexta-feira: logo a gasolina subirá para R$ 3,00 e aí todos correrão de volta para o álcool, que já estourou a casa dos R$ 2,00.
ResponderExcluirE agora você e o André terão de recalibrar todos os FlexCalc, pois a escala do álcool termina nos R$ 2,10.
FB
O que dá mesmo dó é usar estes motores que só queimam álcool. Com um mesmo carro tendo duas versões de combustível, e com todo o aproveitamento de fato do etanol, mesmo que o custo por quilômetro rodado do álcool seja desfavorável, seria melhor do que o quadro atual dos flexíveis.
ResponderExcluirSomos incapazes de ter carros com motores diferentes em simultâneo, como na Europa.
ResponderExcluirO problema não é o álcool, mas como tratamos nossa matriz energética de forma amadora.
Conclusão: álcool vai continuar caro. Gasolina vai ficar (ainda) mais cara. Tarifa de ônibus vai aumentar. O metrô não cabe tanta gente. Avião não é pra todo mundo e trem foi esquecido no país.
O dia que o Brasil parar a gente aprende...
Bob,
ResponderExcluirTeoricamente, quanto menos álcool tiver na gasolina,mais barata ela será. E mais poder calorífero tem.
Não sei a tabela ,mas a gasolina deve estar sendo exportada a uns 60centavos de Real ,mais barata que o álcool da usina. Afora os solventes...
Então, ano eleitoral, 2010, para manter a gasolina a 2.50 e o lucro da Petrobrás aumentar, é só baixar a Cide, correto?
E o Gurgel sempre esteve certíssimo.
Não tenho nada contra o alcool.
ResponderExcluirTem seus problemas como qualquer combustível e também tem lá suas vantagens. Os motores atingem maior potência específica e a poluição é menor que a da gasolina (ainda que eu desconfie daquele saldo zero que o governo prega).
Está passando por um momento de alta, assim como a gasolina já passou algumas vezes... Paciência.
O que eu sou contra é esse mercado de combustíveis excessivamente regulado que temos aqui no Brasil. É governo seguranto preço de combustível, determinando o quanto de alcool deve ser adicionado na gasolina... Um verdadeiro inferno. Pagamos mais caro na gasolina e ninguém sabe explicar porque. No curtíssimo período em que os combustíveis estavam em alta no mercado internacional, foi a festa por aqui, pois o gov. continuou segurando os preços. Nada mais justo dado que todo o período complementar, de baixa, nós pagávamos mais caro do que todo mundo.
Livre mercado já!
Caio,
ResponderExcluirTambém não tenho nada contra, tecnicamente, como o Gurgel também não. O problema é o álcool afetar o preço da gasolina, isso é que está errado na base. Gasolina não tem nada que ser misturada com álcool.
Alexei,
ResponderExcluirSe diminui a participação (porcentagem) do combustível mais barato na mistura gasolina-álcool, o preço da gasolina tem de subir. Ou não?
Entendi, Bob.
ResponderExcluirNa minha leitura, não tinha feito a distinção se a reclamação sobre o alcool era técnica ou mercadológica.
abraço.
Quanto aos preços da gasolina após a mudança, acho que é imprevisível. Pelo fato de ser regulado pelo governo, o preço pode manter ou pode aumentar o tanto quanto se queira.
ResponderExcluirNoto aqui em são paulo que, com o alcool a R$0.99 ou a R$1,80, o preço da gasolina mantém-se constante o que me leva a crer que a Petro não está repassando para o consumidor o aumento do alcool. Logo, será possível diminuir o alcool mantendo o preço da gasolina. É só o governo querer.
Eu sou um grande crítico dos carros "flex" e dos carros a álcool.
ResponderExcluirAs razões são as mesmas citadas no texto. É irracional ser dependente de um produto sazonal, que pode ter sua produção comprometida por uma estação "fora da regra".
A gasolina aqui em SC, além de ser vendida por um cartel indestrutível há mais de 10 anos, bateu nos 2,84 em algumas cidades. O álcool custa o preço da gasolina em SP, 2,30-2,38.
Ainda assim, vale mais andar de carro pois os ônibus custam 2,35 por passagem e meu trajeto mais longo na cidade terá, no máximo, 25km. Meu carro, o "micado" Kia Picanto, chega aos 16km/l se bem conduzido.
Para viajar, desisti das grandes cruzadas que tanto gostava, 800km, 1600km agora só de ônibus. Apesar do pequeno notável da Kia fazer 19km/l em percurso rodoviário, os pedágios matam toda essa vantagem.
E também tem o IPVA, que agora está mais caro graças à multa inventada que não consigo recorrer (recebi uma multa por "desobedecer autoridade de transito" em um dia que não estava na cidade).
Desculpe por fugir do tema, mas tenho 25 anos e não tenho a menor expectativa de um futuro melhor no Brasil. Meu único direito é trabalhar mais para ganhar mais e pagar caro por tudo.
Eu vejo as "autoridades" fazendo essas besteiras e tenho vontade de me valer do direito que outro país me dá por ser descendente de um cidadão italiano e fazer as malas.
Talvez ser mecânico de automóveis em alguma freguesia lusitana.
Sem entrar no mérito, o exemplo citado é lamentável.
ResponderExcluirA única razão do Gurgel ser contra o álcool deve ser que ele tinha medo que ia faltar pasto para ele comer capim.
Conheci muito bem a peça, enquanto fez jipinhos baseados na VW a coisa deu certo.
Na hora que teve que projetar o aborto do BR 800 deu tudo errado. A zoeira dentro do carro era enorme por se querer usar fibra nas portas, um carro popular com motor dianteiro, cambio no meio e tração traseira, seria muito mais fácil e mais barato fabricar todo o powertrain junto. O professor de Deus não ouvia ninguém, deu no que deu, fez uma porcaria.
E não venham falar que governo não apoiou, cansei de ver o gênio nos gabinetes vendendo seus jipinhos para as estatais.
Mais um que virou vítima, o povo adora fracasso, tucker, gurgel, o nelson fernandes da fabrica de automóveis presidente, agora o Democrata virou carro, tem até livro louvando a iniciativa, antes tinha sido "gorpe" como se diz em mogi mirim.
Bob
ResponderExcluirE lembra-se que o Gurgel provava que o balanço energético do álcool como combustível era negativo ?
BS,
ResponderExcluir"o governa paulista diz que isso acaba em 2014". O que ? as queimadas ? gostaria que fosse o álcool na gasolina, esse "diminuidor de autonomia".
Leonardo,
ResponderExcluirEssa da multa, realmente, foi de lascar.
Sugestão: se ainda estiver no prazo, entre com o recurso administrativo - ninguém pode lhe tirar esse direito, garantido pela Constituição.
Caso a multa seja mantida e você tiver provas de que não estava na cidade - documentos, testemunhas etc. -, parta para a Justiça.
Não sou especialista em Direito de Trânsito, mas está evidente que a manutenção de uma multa dessas afronta o Princípio da Moralidade Administrativa, previsto no artigo 37 da mesma Constituição. Além disso, a presunção legal de veracidade das multas (a chamada "fé pública" dos agentes de trânsito) não é absoluta, e pode ser derrubada mediante provas em sentido contrário.
Então, ao invés de usar um mandado de segurança, ajuíze uma ação ordinária (comum), pedindo o cancelamento da multa e uma senhora indenização por danos morais.
Dá trabalho, mas pode ser a volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar. Já que os Detrans da vida acham que só conseguem educar os "motoristas infratores" atacando seu bolso, talvez eles aprendam a respeitar os cidadãos quando nossa indignação bater no cofre deles.
Boa sorte!
Roberto Zullino,
ResponderExcluirConcordo integralmente com seu ponto de vista.
Colucci,
ResponderExcluirSim, me lembro, isso mesmo. Era gasta mais energia para produzir o álcool do que a que ele entregava. Very smart...
Roberto Zulino,
ResponderExcluirTodo o demérito do Gurgel que você aponta é fato, mas ninguém pode deixar de reconhecer o peito que ele teve. Quase chegou lá, faltou pouco.
Mas que o Brasil estaria em melhor situação se não fosse essa bobagem de álcool, não tenha a menor dúvida. A "tchurma" poderia exportar álcool e açúcar e nada reclamar, pelo contrário. Lembre-se que Obamas e pré-Obamas querem o etanol para se livrarem da dependência do petróleo árabe (e agora do do bufão Chávez) mais do que qualquer outra coisa. Não é o nosso caso, felizmente.
Juvenal Jorge,
ResponderExcluirLamentavelmente estamos fadados a padecer desta maldição energética de ter etanol na gasolina acima de 10%. Para 2014 é o fim das queimadas (que, repito, quero ver).
Caros,
ResponderExcluirEsse tal balanço energético negativo é inerente a qualquer atividade do setor produtivo com honrosas exceções da indústria extrativa e mineral, no caso do petróleo não se computa a energia colocada no mesmo pela natureza, assim como não se conta a energia colocada no diamante.
Nessa história qualquer engenheiro prova o que quiser.
O Dr. João era esperto e vivia fazendo essas "boutades" e " tours de force", era o nosso Conselheiro Acácio, grandes pensamentos sem resultado.
Além disso, balanço energético é apenas uma das variáveis a serem analisadas em um setor econômico e como a maioria é negativa, não é usual se usar. Aí aparece o Conselheiro Acácio e "vende" a idéia aos desatentos. Tanto não tem a menor importância que o mundo inteiro produz etanol seja para queimar ou beber.
O etanol ainda não substituiu o petróleo, ajuda apenas na parte de transporte, mas ainda não é majoritário na parte petroquímica, que é o uso maior do petróleo. Já existem plantas que produzem produtos petroquímicos do etanol, estão aumentando, mas ainda não chegaram lá.
Obama não pode se livrar do petróleo ainda, ele quer pressionar os produtores de álcool de milho americanos que produzem o etanol a custo bem maior que a cana.
Eventuais pecadilhos na administração dos preços são normais se levarmos em conta a tradicional incompetência de quem faz, nada de novo, mas nada que comprometa a viabilidade de etanol como combustível.
No interior de SP (estudo numa cidade produtora de álcool) só se vê cana onde era café, pasto, laranja e plantações em geral. No inverno as queimadas deixam o ar horrível, os carros ficam cobertos de fuligem, o fogo passa perto da estrada, aquecendo até os carros que por ela transitam. Os animais morrem na queimada, os poucos animais que ainda restam, pq na cana não vive nada, só cana e cobra. As usinas poluem, a cana cortada verde libera um suco que azeda e deixa o ar impregnado de um odor fétido e amargo, os caminhões gigantes que trafegam, não respeitam as leis além de jogar lixo na rodovia, pois a cana voa e muitos acidentes são causados por ela. É a cena do caos, horrível, medonho, são cidades que não tem espaço para portadores de problemas respiratórios, quem não trabalha nas usinas, não trabalha, as cidades estão envelhecendo pois a população mais jovem procura trabalho para a capital ou cidades maiores, longe da cana.
ResponderExcluirIsso é evolução? Isso é poluir menos? Isso é futuro?
Anônimo, se não houvesse tanto ufânismo em cima desse combustível, o governo seria bem mais rigoroso com essas questões de queimadas.
ResponderExcluirCaio,
ResponderExcluirImagino daqui a uns 20 anos o Brasil assim: 40% soja, 40% cana e o restante cidades grandes entulhadas, com violência, subsistência, corrupção e buracos nas ruas... ah, muitos pedágios, claro :D
Tudo isso para alimentar o comércio do "grande irmão" norte-americano, que cansou de fazer guerras para alimentar seu mercado petrolífero.
Triste fim para o "país do futuro". "Ame ou deixe-o", acho que não vai ter como ficar...
Pois é, o álcool (agora etanol) combustível foi algo mesmo bacaninha que inventaram por aqui...
ResponderExcluirDesde que me conheço por gente ouço falar que falta óleo diesel no Brasil. Em parte por esse motivo (a necessidade de produção de diesel), tem-se gasolina sobrando aos borbotões. Aí, nos anos 70, as mentes "brilhantes" lá na ilha da fantasia resolvem criar um programa que substitua, claro... a gasolina!!!
Ou seja, o que sobrava, passou a sobrar ainda mais! E a gente pagando cerca de R$2,60 o litro da gasolina alcoolizada por aqui, no Estado de SP, quando nossos hermanos pagam menos de R$2,00 por gasolina pura...
Mas temos ainda o GNV, que substitui prioritariamente a gasolina e etanol, já que motores ciclo diesel precisam de modificações mais profundas para queimar esse raio de gás!
É, Bob, como você diz, temos mesmo uma maldição energética pairando sobre nossas cabeças...