google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 O INCRÍVEL CARRO MOVIDO A ÁGUA - AUTOentusiastas Classic (2008-2014)

O INCRÍVEL CARRO MOVIDO A ÁGUA

"... Meu primo me contou que um conhecido dele lá de Minas viu um cara que fez um carro a água. Esse conhecido do meu primo disse que o sujeito é um gênio e viu o carro ser abastecido com água antes de sair andando.

Só que, segundo esse conhecido do meu primo, esse inventor sumiu da cidade, junto com o carro. Ninguém viu quando ele foi embora e ninguém sabe para onde ele foi.
No mínimo foi alguma empresa de petróleo. Você acha que as empresas de petróelo iam gostar de um carro que a gente abastece na torneira? Mas, olha, o carro funciona mesmo!!! É verdade!!! Ponho a mão no fogo pelo meu primo!!! ..."

Essa é uma antiga lenda urbana, e que atingiu uma escala global através da internet. Ela tem uma receita simples para se perpetuar. Alguém descobriu algo que seria maravilhoso para todos, mas que é barrado antes de suas ideias sejam divulgadas para não prejudicar o interesse de poucos. Pura teoria da conspiração.

Ela já foi contada em muitas versões quase sempre com o mesmo enredo básico, mas com o local variando conforme o local onde é contada.


Pessoalmente já ouvi essa mesma história colocando o inventor em Minas e no Rio Grande do Sul, mas tenho notícias que já o colocaram no leste europeu, no Japão, nos Estados Unidos e até nas Filipinas.

Esta lenda urbana não teria nada demais se ela não apresentasse alguns interessantes capítulos adicionais.

Antes de prosseguirmos, é bom frisar que a única forma de obtermos energia a partir da água seria queimando um tipo raro de hidrogênio, chamado deutério, num reator de fusão nuclear, mas esses reatores ainda não existem em condições práticas.

A primeira coisa que chama a atenção neste caso é que se dermos o nome de Charles Lang e o lugar da demonstração for a Feira de Tecnologia de Chicago de 1935, praticamente teremos o argumento central de "The Water Engine", novela escrita originalmente para o rádio por David Mamet em 1976, adaptada para a Broadway pouco depois, e que virou filme para a TV em 1992.

É bem provável que a lenda urbana que ainda circula na internet veio da peça de ficção de Mamet.

Mas esta história não para aqui. E também não começa.

Em 1935, Charles Garret demonstrou um motor que teoricamente funcionava a partir de água combustível. Sua patente mostra um carburador de desenho até certo ponto convencional, mas com placas para eletrólise da água no fundo da cuba. Esta patente não explica de onde vem a energia que faria o motor funcionar.

Em 1992, Stanley Meyer patenteia um sistema de alimentação de motores a combustão interna que usa água como combustível. O funcionamento do sistema que ele criou nunca foi confirmado em testes independentes, levando-o a ser processado por fraude em 1996. Ele morreu em 1998, vítima de um aneurisma, mas ainda circulam teorias conspiratórias sobre um possível envenenamento.

Ano passado, a empresa japonesa Genepax demonstrou um carro movido a água, no qual hidrogênio é gerado para ser usado numa célula de combustível. A empresa não revelou qual o mecanismo de geração do hidrogênio, o que levanta a suspeita de fraude.

Há várias outras histórias de invenções e patentes relacionadas ao uso de água como combustível total ou parcial, mas quase todas elas demonstraram ser na verdade fraudes contra investidores incautos.

Se essa história é tão absurda, porque ela é tão persistente? É aí que vem a lição que ela nos traz.

Mesmo absurda, ela persiste porque as pessoas querem acreditar nela.

As pessoas sempre precisam acreditar em alguma coisa, e algumas destas pessoas podem acreditar nessa história com a mesma intensidade com que assumiriam uma fé religiosa ou uma crença política.

Vivemos em um mundo de contínuas realizações técnicas, muitas delas além da nossa compreensão. Então, em princípio, temos a fé de que a tecnologia sempre será capaz de qualquer tipo de feito. Isso nos predispõe a acreditar em quaisquer realizações técnicas, mesmo que absurdas.

Mas para acreditarem numa história sem fundamento, as pessoas precisam ser "evangelizadas".

A "evangelização" parte ao dar um caráter consistente à história. Toda uma encenação teórica é construída, dando embasamento aparentemente lógico para ela.

A melhor maneira de entender como as técnicas de "evangelização" funcionam é observando a obra "Waterfall" de Maurits Cornelis Escher (1898-1972).
Embora haja uma impossibilidade física evidente, Escher usa elementos de perspectiva para criar um fluxo de água que continuamente fornece energia às pás do moinho sem receber energia externa. Mesmo sendo uma impossibilidade física, a imagem é bastante convincente aos nossos olhos.

Uma "evangelização" bem feita reforça aspectos aparentemente lógicos, e varre convenientemente os defeitos para longe da percepção das pessoas.

Claro que o caso do carro movido a água é um caso extremo, mas demonstra bem o quanto podemos acreditar em algo que nos dizem que existe sem que tenhamos comprovado sua existência, bem como os sentimentos que podemos ter sobre o assunto.

Se considerarmos que todos nós, em maior ou menor grau, somos capazes de acreditar nas infinitas possibilidades da tecnologia, e de que nem sempre estamos preparados para criticar conscientemente todas as verdades, vantagens e desvantagens cada anúncio tecnológico, então, potencialmente podemos oferecer uma fraqueza que pode ser explorada.

No marketing moderno sabe-se que a imensa maioria das decisões de compra das pessoas é algo quase que puramente emocional e com pouquíssima participação do lado racional.

O objetivo das modernas pesquisas em marketing é a de criar técnicas que induzam o consumidor a comprar sem questionar o produto X em vez do Y, mesmo que o consumidor racionalmente não precise dele.

Fenômenos de massa como a do carro a água são largamente estudados e seus resultados são aplicados nas campanhas promocionais.

Técnicas como as de "evangelização" e de apelo às crenças pessoais são uma constante no marketing moderno, que explora esse tipo de fraqueza das pessoas a favor da venda de qualquer tipo de produto.

A estranha história do carro a água não é um fato técnico, mas um fato sociológico que permite que compreendamos um pouco a mais sobre nós mesmos e a sociedade que nos cerca.

Portanto, quando ver a próxima propaganda maravilhosa de carro, e você o desejá-lo, vá vê-lo. Mas seja crítico na hora da escolha e evite as impressões baseadas em emoções.

Sem esses cuidados, você poderá levar para casa promessas tão consistentes quanto a história do carro a água.

AAD

10 comentários :

  1. Realmente o ser humano, por sua própria natureza, possui grande predisposição em acreditar. Por mais absurdo que pareça o relato, o homem sempre arruma um “gancho” para torná-lo passível de credibilidade. E, mesmo o mais cético dos homens não consegue trair sua natureza...
    De forma semelhante à lenda do carro movido a água, se proliferam as promessas de baixo consumo, inclusive “lançando” valores praticamente inatingíveis no cotidiano de um motorista comum. Assim aconteceu com a tal “experiência” da VW mostrada no comercial, inimitável em um dia comum, por um motorista comum. Ainda assim esse teste arrancou muitas intenções de compra para o modelo em questão.
    O mesmo ocorre com o comercial televisivo de um certo cosmético “antiidade”, que promete reduzir rugas. O que poucos perceberam são as letras (muito) miúdas informando que o os resultados foram obtidos em testes in vitro, não havendo nenhum evento comprobatório dos efeitos in vivo.
    Mas, talvez, a maior prova da mórbida capacidade de acreditar do ser humano, mesmo num mundo globalizado, seja a audiência de um certo reality show televisivo. É impressionante como o público encara aquilo como uma verdade absoluta, como se pudessem – de verdade – mudar o destino dos participantes.
    Porém, como em qualquer ser humano, meu lado “crédulo” me lembrou que um dia microorganismos foram considerados lendas, pois não havia como comprovar a existência prática destes. Sendo assim, quem sabe a lenda de um novo combustível alternativo não venha se confirmar?
    Abraços a todos.

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  2. Não entro no mérito da evangelização, já bem explicado pelo André e pelo Marlos.
    Mas, ou muito me engano ou já ví algo sobre um brasileiro construir um motor desse e expô-lo em uma feira. Ou usava energia eólica... Inclusive mereceu reportagem no Auto Esporte da Globo. Apenas ví a chamada e não a reportagem completa.
    O que eu me lembro, pois acompanhei as reportagens publicadas na 4 Rodas, umas 3 ou 4, era do motor ELKO. Se me lembro bem um alemão trouxe para desenvolvimento no Brasil. Era basicamente um motor diesel que queimava QUALQUER COISA calórica. Testaram com óleo de cozinha novo e usado, óleo de motor usado, azeite, gasolina, diesel, alcool... E funcionava. Verdade que não tão bem como a gasolina ou o alcool mas estava no processo inicial de desenvolvimento. Usaram pra testes um motor 1,4l de 3 cilindros em um Audi 100, um carro grande, e o desempenho foi satisfatório e prometia muito. Acho que também tinha uma Chevy 500 assim equipada. Os carros não andavam muito forte mas faziam mais ou menos 20km/l de consumo do combustível.
    Não sei se o Bob Sharp já estava na revista nessa época, acho que em 85 ou 86... Será que ele lembra, ou sabe, de algo. Do nada as reportagens pararam e NUNCA MAIS li algo sobre. Sim, também pensei em teoria da conspiração...

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  3. Existem muitos exemplos de projetos miraculosos que não chegam a faze de produção industrial. As vezes a gente acaba achando que algum poder maior proibiu isso para não afetar interesses alheios.

    Nem tudo que se constrói, por mais capaz que seja, é economicamente viável. Por exemplo, os Holographic Disc. Vocês já devem ter ouvido falar do Bluray, o substituto do DVD que tem um aumento de 10x na capacidade de armazenamento comparado com um dvd de camada simples. Um Bluray armazena até 50GB de dados. Pois bem, antes mesmo de ele chegar ao mercado, iniciou-se a comercialização do discos holográficos. Cada disco (semelhante a um DVD) armazenava 500GB. Mas porque não foi um sucesso? Os custos do equipamento para o consumidor final. Eles eram proporcionais a capacidade do equipamento e totalmente fora do que o consumidor comum pode pagar. Tanto é que seus produtores apenas os ofereciam para grandes empresas. No final, caiu no esquecimento.

    Mesmo que algum inventor mostre um carro movido a água, a eletricidade ou a ar (esses dois últimos de fato existem), se ele não atingir uma certa faixa de custo benefício, jamais farão sucesso junto ao consumidor. Ou então sequer entrarão em produção seriada.

    Vejam o caso do carro movido a ar. Um engenheiro francês o concebeu (um tal de Guy Négre eu acho), mas a eficiência é tão baixa, que o motor gera apenas 25cv e a autonomia é de apenas 200km. Seria muito difícil convencer alguem a comprar um carro assim, pagando o mesmo que um carro popular do Brasil, mesmo que o custo do ar comprimido limpo seja muito baixo. Eles estão a mais de 10 anos tentando arranjar investidores de peso (parece que o Tata resolver entrar nessa) para alavancar o projeto e agora estudam um hibrido com motor a gasolina pra aumentar a autonomia.

    Nem tudo é teoria da conspiração, na maioria das vezes as coisas não funcionam exatamente como seus inventores prometem. Ninguém é louco de investir em algo que não possa trazer lucro.

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  4. Obrigado a todos pelos comentários.

    O marketing é o primeiro interessado nas pesquisas sobre os mecanismos cerebrais, porque interessa conhecer fraquezas dele.

    Uma vez fiz um curso rápido de marketing, onde fiquei sabendo de um dado importante.
    Quando alguém vai ao supermercado e pega a mercadoria na mão, são disparados dois circuitos no cérebro e que levam a pessoa a decidir se vai levar ou não o produto. Um é instintivo e o outro é racional. Só que o circuito racional é mais lento, e demora por volta de 3 segundos a mais para oferecer uma resposta.
    Em geral, pessoas que pegam na mão produtos que não precisam e as seguram por mais de 3 segundos devolvem o produto para a prateleira.
    O que fez o pessoal de marketing? Desenvolveu técnicas para que as pessoas coloquem o produto no carrinho antes dos 3 segundos.

    Sabendo disso, fiz uma experiência. Pedi para minha mãe olhar atentamente para o produto, lendo rótulos e vendo o estado da embalagem antes dela colocar o produto no carrinho. A diferença no caixa da casa no final do mês foi sensível, e não sentimos perda de qualidade de vida.
    Esta é uma experiência que recomendo a todos.

    Potencial para novas tecnologias sempre existe, mas existem áreas que já foram exploradas praticamente à exaustão.
    Faça uma experiência. Tente criar um novo tipo de motor que não use manivela, biela e pistão, ou pistão rotativo como o Wankel.
    A área de mecanismos está praticamente esgotada em termos de novas possibilidades, e dificilmente oferecerá algo novo.

    Sobre o motor Elko, ele pertence a uma família de motores Diesel que "deglutem" praticamente qualquer coisa. De parafina de vela derretida a até mesmo combustíveis de motores Otto, como gasolina e álcool. Preciso pesquisar novamente sobre o assunto, mas lembro que esse motor tem importantes desvantagens também.
    Ele vai entrar na minha pauta para futuros artigos.

    Clesio, você acertou na mosca. O carro a ar já estava na minha alça de mira como uma continuação deste artigo. Ele é o equivalente funcional do carro à água, e várias lacunas sobre seu funcionamento foram deixadas sem explicação, já que muitas das suas supostas vantagens violam leis da termodinâmica.
    Escreverei sobre ele em breve.

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  5. meu tio tinha um carro movido a xixi de bebado, ele mijava no tanque e o fusquinha nem reclamava, sempre firme e forte
    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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  6. OI EU SOU O FRANCISCO
    Na decada de 80 a globo postou uma reportagem deste provavel carro,a reportagem feita pelo fantiastico da epoca entre entre 1982 e 1984 o cara prometia se o carro nao fucionase ele saia do pais,bom mostrol o carro fucionado mais nao sei se foi um truque,despoi diso nao se ouvio mais falar dele, a globo deve ter este arquivo. valeu

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  7. Olá, postei em meu novo blog um artigo que fala sobre o Funcionamento do carro movido a água. Bem interessante: ericocavaleiro.blogspot.com

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  8. Erico, não há milagres.

    Num sistema qualquer, onde entra apenas uma substância, e é a mesma que sai, então a energia obtida é zero, independente de quaisquer transformações pelas quais essa substância tenha passado dentro do sistema.

    É por isso que um motor movido puramente a água é impossível.

    Para que a água libere hidrogênio, temos que fornecer energia. É essa energia que depois será liberada na queima do hidrogênio no motor.

    Essa energia quem libera é o boro.
    Uma vez o boro tendo absorvido o oxigênio formando o óxido de boro, esta substância tóxica atingiu um estado energético mais baixo e mais estável.

    Então, embora este motor queime hidrogênio, o combustível do carro não é a água, mas sim o boro, porque este é quem armazena a energia. A água seria apenas um reagente intermediário para extrair esta energia do boro e poder aproveitá-la no motor de combustão interna, em nada contribuindo com energia para movimentá-lo.

    Portanto, dizer que este carro é movido a água é um grande engano.

    Portanto, este é um carro movido a boro.

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    1. Bom vi a reportagem no fantastico e me lembro que o cara pegou uma mangueira no jardim e encheu o tanque do carro e saiu andando....agora Boro é liquido.....véi papel aceita tudo....repense, pq se o outro não tivesse repensado a teoria da relatividade não teria sido criada....

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  9. Po vcs não viram que as empresas de prtróleo massacraram o cara
    essas empresas ganham Milhões, Bilhões sei la
    e o cara inventa um carro movido a água
    Esse cara ia derrubar empresas como se fosse "água"
    Esse cara é foda ele é o maior

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