google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 No mundo da Lua - AUTOentusiastas Classic (2008-2014)

No mundo da Lua

No final dos anos 50 e início dos 60, Estados Unidos e União Soviética viveram uma crise política pelo acirramento da Guerra Fria.

Ambos os países precisavam desenvolver foguetes lançadores, aprimorar a tecnologia aeroespacial, compactar e aumentar o poder destruidor de suas bombas atômicas, mas isto só seria possível investindo em equipamento militar ofensivo.


A corrida armamentista, mais cedo ou mais tarde, desembocaria numa guerra nuclear total, e isto quase aconteceu durante a crise dos mísseis cubanos. A corrida era vista por ambos os lados como essencial, mas a guerra deveria ser evitada a todo custo.

A corrida espacial foi uma forma de desviar o foco diplomático e da opinião pública de uma possível guerra, mas mantendo importantes pesquisas no espaço.

No começo, ela foi marcada por números. Quem foi o primeiro, quem foi o que voou mais alto, quem ficou mais tempo, e assim por diante.

Com o desgaste deste tipo de corrida, o presidente Kennedy estabelece em seu discurso de posse uma nova linha de chegada: a Lua. Agora, qualquer novo avanço anunciado não era apenas um marco em si, mas um degrau para chegar mais perto de colocar os pés no nosso satélite.

No começo, ninguém sabia muito bem como chegar à Lua, nem o que fazer por lá. Várias comissões foram formadas, cada uma focando um aspecto de uma missão lunar completa. Algumas destas comissões eram responsáveis por dizer o que os astronautas fariam na superfície lunar. Não demorou muito para concluírem que veículos automotores deveriam fazer parte da missão.

Durante as especulações, antes e durante o início do projeto Apollo, vários fornecedores como Boeing, General Dynamics, Grumman e General Electric ofereceram modelos dos chamados “Molabs” (“Mobile Laboratories”). Os Molabs eram veículos grandes, equipados com uma cápsula para abrigar os astronautas durante semanas.

Embora até alguns protótipos tenham sido construídos, logo os Molabs foram abandonados. Como eram veículos grandes e pesados, uma missão para a Lua necessitaria que os equipamentos fossem levados ao espaço por múltiplos lançamentos. A reunião ou não em órbita terrestre de todo esse material ou seu envio em separado para o ponto de encontro em solo lunar representava todo um leque de operações e de perigos a serem enfrentados e resolvidos.

Numa corrida como a espacial não havia tempo para isto, e logo o modelo de missão Apollo foi definida como sendo de vôo direto, através de um lançamento único. E não haveria espaço para um grande Molab na missão.

Havia outra questão a ser enfrentada. Ninguém sabia como era o solo lunar. Ninguém sabia se o solo era firme ou plástico ao ponto de tragar um módulo com os astronautas dentro. Era preciso especificar quais as propriedades do solo para que um veículo de superfície apropriado fosse projetado.

Os russos foram os primeiros a descer com sucesso uma cápsula automatizada. Tal objetivo foi alcançado com a missão Luna-9, mas os americanos seguiam de perto. Logo as missões Surveyor repetiram o feito soviético com sondas mais pesadas e melhor equipadas, incluindo um braço robô e um pequeno laboratório para testes do solo.

Graças às sondas Luna e Surveyor, ambos os lados descobriram que o solo era feito principalmente de um pó muito fino, com a consistência de um talco, chamado de regolito. Através das sondas era possível saber que o solo de regolito era seguro o bastante para o módulo de descida pousar, astronautas caminharem e veículos apropriados rodarem sobre ele.

As missões Apollo 11, 12 e 14 foram realizadas com a exploração a pé pelos astronautas, limitando a área de exploração à vizinhança próxima do ponto de descida. A acidentada Apollo 13 não pôde completar a missão.

Os russos foram os primeiros a colocar um veículo sobre rodas em solo lunar. Tratava-se do Lunokhod I, que desceu junto com a sonda Luna 17.

Era um veículo de 8 rodas, com um motor elétrico de propulsão montado no cubo de cada uma delas, equipado com 4 câmeras de TV, um espelho para medida precisa da distância da Terra à Lua (refletindo um feixe laser vindo da Terra), e diversos instrumentos para medida das propriedades físicas e químicas do solo. Este veículo operou por 322 dias terrestres e percorreu 10,3 km, tirando milhares de imagens e medidas.

Em 1973 haveria a missão do Lunokhod II, igualmente bem sucedida, e em 1986 a equipe que projetou este explorador foi reunida às pressas para que projetassem um robô para trabalhar na acidentada usina de Chernobyl.

O primeiro jipe lunar foi usado em julho de 1971, na missão Apollo 15. Era um veículo de 210 kg, totalmente elétrico, alimentado por baterias não recarregáveis, e capaz de desenvolver a velocidade de 8 km/h. Seus “pneus” eram de espuma de alumínio (tecnologia usada também nas sapatas de alunissagem do módulo de descida), e o cubo de cada roda era equipada com um motor elétrico de tração.
Os jipes lunares percorreram até 35 km em cada missão, e permitiram afastamentos de até 7,5 km do módulo de descida, ampliando muito a área de exploração. Muitas das descobertas destas três missões não teriam sido possíveis sem o uso do jipe lunar.

Passados 24 anos do último passeio na Lua, em 1996 desce em Marte a nave Pathfinder, levando a bordo um pequeno robô explorador chamado Sojourner.

A exploração de Marte oferece um novo nível de desafio para este tipo de explorador. A distância entre a Terra e a Lua é suficiente para um sinal de rádio demorar pouco mais de um segundo. Quando os Lunokhod eram comandados, entre eles captarem nos seus sensores alguma situação crítica, o sinal viajar para a Terra, ser percebida, receber um comando de compensação, o sinal retornar e o robô obedecer, havia um atraso de pouco mais de 2 segundos na melhor das hipóteses. Andando devagar, não havia risco de comandar os Lunokhod diretamente da Terra.

Em Marte a situação é muito diferente. A distância entre a Terra e Marte faz um sinal de rádio viajar vários minutos entre eles. Se o Sojourner subisse em uma rocha, e esta deslizasse, os técnicos só saberiam disso minutos depois, e qualquer comando vindo da Terra demoraria outro tanto, quando talvez o robô já estivesse definitivamente perdido.

Assim, para que a missão do Sojourner não corresse riscos, ele recebeu um computador com inteligência artificial, capaz de autonomia parcial de decisão de movimentos, com a habilidade de interpretar situações e se defender adequadamente do ambiente hostil.

O objetivo do robô Sojourner era a análise físico-química das rochas próximas à Pathfinder, buscando provas de que o planeta já fora um dia coberto por oceanos de água. É um passo importante para a busca de vida em Marte.

O êxito da missão Pathfinder levou ao passo seguinte, maior e mais ambicioso. Em janeiro de 2004, desceram dois robôs, o Spirit e o Opportunity. Versões em maior escala do Sojourner, são bem mais pesados e instrumentados.

Foram projetados para uma missão original de 90 dias, mas se encontram operando razoavelmente bem, mais de cinco anos depois do começo da missão, mesmo sofrendo algumas panes. Isso demonstra a qualidade de projeto e de operação destes equipamentos.

O futuro destes veículos já se insinua na cabeça dos projetistas. O governo Bush já acenara a intenção de levar novamente o homem para a Lua, e junto já renascem os projetos de Molabs. Há protótipos de Molabs já sendo experimentados pela Nasa no deserto do Arizona. Os novos Molabs estão recebendo versões melhoradas dos softwares dos robôs marcianos, de forma a serem mais autônomos tanto do comando na Terra como dos próprios astronautas.

Toda uma nova geração de robôs exploradores está sendo preparada para as futuras missões para Marte.

Esta é uma história que está só no começo.

4 comentários :

  1. André,

    Que bacana juntar tudo isso! Valeu!

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  2. Post realmente muito interessante!

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  3. AAD,

    Nota 10! Valeu mesmo. Dia desses li uma reportagem com um dos astronautas que dirigiu um dos lunar rovers e ele falou de forma meio séria meio jocosa que para termos a primeira corrida de carros na lua era questão apenas de levar baterias para os rovers que lá já estão, porque ele tinha certeza absolita que todos os 3 ainda funcionam, precisando apenas de baterias novas.

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  4. Andre,

    Muito bem escrito!

    Grande abraço,

    CF

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