Barn find é o termo americano para os carros encontrados em fazendas, sítios, casas ou similares.
Carros abandonados após anos de uso, que se transformaram em galinheiro, ou que foram corretamente levantados em cavaletes e cobertos, com o tanque e linha de combustível secos, motor cheio de óleo, radiador vazio etc.
Ou foram pouco usados, cuidadosamente, e depois estacionados por motivos os mais variados, até serem trazidos de volta à vida por algum colecionador ou oportunista visando lucro.
Seja como for, e deve haver milhões de histórias diferentes sobre esses achados, os barn finds mexem com todos que gostam de carros, mais fortemente com quem adora um carro antigo.
O jornalista Tom Cotter escreveu três livros sobre os achados de fazendas, vejam as fotos das capas abaixo. Não posso comentar detalhes, pois não os li.
Até já cheguei a folhear dois deles, e são recheados de histórias e fotos maravilhosas, mas a hora de comprar ainda está por vir.
O publicitário Rubem Duailibi também escreveu um livro nesse sentido, "Arqueologia Mecânica", (Editora Alaúde, www.alaude.com.br) que é uma delícia de ser lido, com muitas fotos de se ficar sonhando. Passei boas horas no final do ano passado com esse livro em mãos. Ah, o prefácio é do Bob Sharp.
As fotos que são publicadas em revistas, livros e sites de internet com barn finds despertam emoções variadas. São imagens mágicas, que fazem sonhar, ou mais, elaborar todo um cenário imaginário em torno de ter um certo modelo.
Incrível como uma simples foto pode nos fazer pensar em quase toda a nossa vida, em como seria ter um determinado modelo quando novo. Qual seria a sensação de encontrar um carro bacana perto de casa, ou ser avisado de um carro abandonado à venda por pouco dinheiro. Qual seria o custo para resgatar um desses carros e colocá-lo em condições de rodar apenas, ou reformá-lo completamente a ponto de ser mais bem acabado do que quando era novo. Sim, muita gente faz isso, e muita gente não gosta.
Até mesmo imaginar uma vida diferente da que temos hoje, levada por circunstâncias causadas pela posse de algum carro antigo. Um carro antigo possa trazer amizades que jamais seriam feitas de outra forma, possa nos levar a lugares que jamais iríamos em busca de alguma peça, alguma exposição ou algum especialista da marca.
Podem ser um reforço na ligação afetiva entre um pai e seus filhos, pode ser motivo de brigas entre cônjuges. Pode ser o motivo de se comprar ou construir uma casa com garagem que seja mais do que uma área para guardar carros, pode levar a encontrar oportunidades profissionais novas.
Um carro encontrado sem uso pode ter apenas um dono que se cansou dele, ou esse dono já pode ter ido para outras paragens, deixando o problema do carro velho para algum parente ou amigo, que muitas vezes, se vê obrigado a cuidar da preciosidade por respeito ao falecido.
Depois de um tempo, porém, tudo deve ter solução. Um carro foi feito para andar, e deixá-los parados requer cuidados especiais, que para ser perfeccionista dão mais trabalho do que rodar frequentemente.
Se estiver apenas parado sem uso, a degradação é regra, e praticamente todos os materiais que compõem um carro se estragam com o tempo, fazendo a outrora orgulhosa máquina se desmanchar, no melhor estilo daquele seriado do History Channel, " O Mundo Sem Ninguém".
As emoções que esses encontros despertam são infinitas. Desde a alegria suprema, quando é algo belo e/ou raro, passando pela raiva de ver uma máquina abandonada e destratada, até a simples tristeza de não poder assumir a responsabilidade de uma reforma apenas por falta de verba e/ou tempo.
Acredito que o prazer da descoberta, quando o carro é comprado e depois reformado, deva ser algo indescritível. O oposto disso, ao meu ver, deve ser a certeza de ter o carro abandonado, saber que é quase impossível consertá-lo, mas não se livrar dele. Isso deve trazer uma dor no estômago e na alma consideráveis.
O que temos certeza é que a força dos veículos antigos é muitas vezes maior que a de seus motores. E que a apreciação de fotos de carros abandonados podem ser um passatempo cerebral dos mais férteis.
JJ
um dia ainda encontro um Maverick ultra conservado esquecido em algum lugar...
ResponderExcluirEncontrei aqui em São Vicente,S.P. um Santa Matilde 1980 guardado em um galpão por 12 anos que pertenceu a um falecido juiz de direito e pedi à minha mulher que negociasse com a viúva que se referiu ao carro como sendo um "trambolho". Uma hora depois eu estava encostando um guincho de esteira e levando o SM pra casa. Inesquecível...
ResponderExcluirJJ, realmente as causas de abandonos são bem variadas, mas a que me causa repúdio é a decorrente da ausência de peças ou manutenção elevada do carro, ou mesmo desleixo do proprietário, o que sói acontecer nos grandes centros urbanos.
ResponderExcluirFora isso, fica o romantismo de um clássico "esquecido", conforme exposto nas fotos.
JJ,
ResponderExcluirA alguns anos durante minhas viagens pelo interioir do BR, "achei" um Alfa Matta encostado na garagem de um hotel. Estava em bom estado, porém parcialmente desmontado. Procurei saber da história do carro mas ninguem soube me dizer. Na época não dei muita importância até por não conhecer o carro, mas uns meses depois li no Best Cars um texto sobre o jipe. Só depois disso que me dei conta da preciosidade que vi. Esse merecia voltar a ativa.
Reynaldo,
ResponderExcluirParabéns!
Reynaldo que coisa incrível! Meu tio tem um exemplar 1985 vermelho e conversível, que é difícil de encontrar. Sempre estamos em encontros e é algo que o post acima disse muito bem, a chance de reforçar a ligação afetiva entre pais e filhos, neste caso sobrinhos e tios(quase um segundo pai). Acabei de começar a escrever num blog www.garagem1002.blogspot.com que no terceiro post fala um pouco da Santa Matilde, dê uma olhada quando puder. Bob, daria a honra de dar uma lida no humilde blog de um estudante apaixonado por carros??
ResponderExcluirabraço
Brenno Metzker
ResponderExcluirMuito bom, Brenno, você está no caminho certo do seu blog. Apenas um conselho: post todo dia. Dá um pouco de trabalho (nós do AE que o digamos), mas é a maneira mais eficiente de você arregimentar leitores. E escolha um horário de postagem e cumpra-o à risca. Leitor aprecia pontualidade em qualquer tipo de publicação.
JJ, o que é um oportunista pra você?
ResponderExcluirGente que vive de restauração, e vende pra quem paga? Que não quer dor de cabeça na hora de ter um clássico, de se preocupar com mecânico, funileiro, elétrico? Que quer só um clássico pra passear ou usar em domingos de sol?
Comprei uma 147 l em 04/2007,na verdade troquei por una bicicleta ,hercules em mal estado mais R$400,00, ele era do avo de um amigo, unico dono, 80.000km, hoje ela tem placa preta, e alguns premios, vou a encontros com minha esposa e já fiz boas amizades, ou seja se transformou en uma verdadeira cachaça.
ResponderExcluirHá uns 3 anos atrás um conhecido achou um Dodge 1950 e um Pontiac limousine 1939 na garagem de uma fazenda antiga, aqui no interior do Rio.
ResponderExcluirO Dodge precisou de uma pintura, mas o Pontiac 39 só precisou de uma lavagem e polimento na pintura preta de fábrica.
Em 2010 foi encontrado um Mercury Cyclone GT '70 verde, 351C, placa amarela, numa fazenda em Jundiaí. http://www.manualdomaverick.com.br/forum/viewtopic.php?f=85&t=2683
Não encontrei carros em garagens secretas ou fazendas mas falando em Santa Matilde já ví um, deu uma dó ver aquelas caixas de som multicoloridas no lugar do couro marrom que ficava nas portas. Sem contar as rodas...
ResponderExcluirQue se lasque o som, este carro foi feito para andar e não ser um trio elétrico!
Lembrei de outro carro, este foi encontrado aqui na cidade há pouco tempo: um Charger R/T '78 marrom metálico com o 'meio-teto' e interior marrom claro.
ResponderExcluirComo fiquei sabendo?
Um amigo do meu pai comentou que tinha um Dodge parado numa garagem há muito tempo, o veículo tinha as rodas podres, por causa do mijo de cachorro, e disse aonde estava. Meu pai logo lembrou desse carro quando ele era 0km, e do dono, que já morreu tem uns 20 anos.
Quando foi procurar o Dodge descobriu que tinha sido vendido... dias depois ele viu o Charger passando na rua ainda com placa amarela; e algumas semanas depois eu também vi o carro já com placa cinza. Detalhe, carro ZERADO, muito novo mesmo!
Vitor em qual cidade vc mora,ja houvi uma historia parecidade de rt1978.Abraços
Excluirrodrigobauerg@hotmail.com
Bacana, vejo bastante carro aqui na Inglaterra abandonado, mas com um porem: o estado é realmente lamentável, impossível de recuperar em alguns casos.
ResponderExcluirRaridades aqui viram sucata mesmo.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEssas histórias dos carros "esquecidos" são realmente incríveis!
ResponderExcluirAdquiri meu Escort Conversível numa situação semelhante, porém, não de abandono propriamente dito. O carro estava parado há mais de um ano numa garagem subterrânea em Copacabana, Rio de Janeiro. Um senhor, o então proprietário do veículo, se encontrava impossibilitado de dirigir e não tinha ninguém que se interessasse em dar umas voltas com o carro (nem mesmo o filho dele, que tem aversão a carro “velho”), lhe restando apenas ligar o motor, talvez mensalmente, e manter o carro coberto. Incrivelmente os pneus não chegaram a se deformar e o carro não foi atacado pela ferrugem, pois a garagem não ficava na orla, apenas os tambores de freio traseiros (ainda originais) estavam travados, o carburador “sujo” e o reservatório de partida a frio ressecado. A principio achei até que não seria possível recondicionar a capota de vinil original, que estava sem rasgos porém bastante ressecada, mas a mesma acabou respondendo bem ao tratamento com hidratantes e protetores UV e hoje parece nova, com aspecto bonito e consistência maleável. Os outros problemas causados pela falta de uso foram simples de resolver: troquei todas as peças dos freios, substituí todos fluidos (incluindo o da bomba de acionamento da capota), bateria e peças de manutenção periódica, verifiquei a integridade da linha de combustível e troquei os pneus, pois os que vieram nele, apesar de estarem com sulcos de mais de 7 mm, tinham sido fabricados em 2001 (apesar de ainda estarem com aspecto bom). O carro mantinha todos os sensores eltro-mecânicos, itens de conforto e conveniência originais em pleno funcionamento, incluindo o saudoso toca-fitas Bosch-Ford; seu odômetro marcava pouco mais de 50 mil quilômetros, quilometragem atestada pelo estado impecável do volante, pedais, manoplas e sobretapetes originais. Atualmente, com dois anos de adquirido, o Escort de cor bege Nevada rodou pouco mais de 800 quilômetros...
Depois de tudo acertado foi só desfrutar a “máquina do tempo” que o carro parece ser...
P.S.: Desculpem os comentários apagados, ocorreu um bug e o mesmo texto acabou saindo em triplicata.
JJ e AUTOEntusiastas;
ResponderExcluirSabem o que mais me revolva? Carros abandonados em galpões ou muitas vezes no tempo e seus donos simplesmente se negarem a vender, apenas para ter a sucata no quintal, galpão ou outro local qualquer.
Aqui onde moro (Garça) tem uma Fazenda onde adormecem (literalmente) 1 VW 1300, 1 1300L e 1 1500. Todos em bom estado de conservação e os bancos com o courvim original. O dono simplesmente...Não vende! Acumula poeira no galpão há pelo menos uns 20 anos.
Outra feita minha que me deixou louco de raiva...Certa vez, passando por um pomar abandonado vi duas Kombis. Uma era 1974 e a outra...1959!!!! A Kombi 59 tinha apenas motor e vidros. Perguntei se o proprietário vendia e ele respondeu que sim. Fiz uma proposta por quilo de Kombi (chutei uns 1000 kg) coloquei o preço de ferro velho da época, imediatamente recusada pelo infeliz do matuto: A sucata só sairia de lá por R$2500,00
Oportunistas para mim são individuos igual ao proprietário da Kombi 59...deixa-a abandonada no quintal achando que vale muito e quando aparece alguem querendo comprar...nada feito só a preço de ouro.
PS: Ainda realizarei um sonho: Achar um Gol refrigerado a ar abandonado em alguma garagem esperando por mim, para eu comprar e me divertir de Gol Batedeira
JJ, parabéns por mais um grande post. De emocionar qualquer autoentusiasta.
ResponderExcluirJJ,
ResponderExcluirBem interessante o assunto !!
Eu sou meio "suspeito" em falar sobre ele, pois no ano passado consegui recuperar um carro que pertenceu à família da minha esposa, um Dodge Dart cupê de Luxo 1979, vendido a uma coleção particular em 1998 e que acabou sendo leiloado por conta de problemas com o fisco...
O Daert recebeu uma pintura nova no mesmo ano em que foi adquirido e somente isso...Repousou sobre dois trilhos em uma garagem por doze anos, levando poeira e sujeira acumulada nesse período. Depois de retirá-lo no guincho-plataforma, tratamos de reativá-lo, e demos sorte pois o carro foi guardado completamente drenado, "seco", sem nenhum tipo de fluido...Bastou uma bateria e colocar tudo no lugar que ele funcionou !!!
Eu criei inclusive um blog para contar a saga da compra e reativação desse carro sensacional:
www.dartsumatra.blogspot.com
Quando tiveres um tempinho dê uma acessada e leia do início, e confirmará a alegria e satisfação de fazer um carro do século passado voltar a rodar maravilhosamente depois de tanto tempo...
Um grande abraço do pessoal do Sul !!!
Mário Buzian - Ivoti/RS
Master Sharp,
ResponderExcluirSou tripulante de uma voadora suiça, num vôo Zurich/BUE (B.Aires) nossa aerovave, em pane, alternou GRU(SP). Pernoitamos no hotel Mônaco, 20 minutos do aeroporto. Lá do 4o. andar vi, abandonada em baixo de uma árvore, num terreno baldio, uma Uirapuru já sem côr. Isso já fazem uns 10 anos. Mãos a obra caras-pálidas, quem sabe ela ainda ñ continua lá?
Saudações belgo-monarquistas
carlo paolucci
Em uma revista mensal só de Mustang americana tem uma seção "Rare finds" e uma delas para mim foi especial:
ResponderExcluirNo final da decada de 90, em uma fazenda no interior do estado de Oregon, dois funcionarios de uma Cia de telefonia celular que estavam a serviço fazendo manutenção em antenas e entraram num galpao desta fazenda e deram de cara com um Boss 302 1970 cor grabber blue que tinha menos de 1000 milhas rodadas. Ao perguntarem para a dona do local a historia do veiculo, ela disse que o carro havia sido comprado pelo filho e que no mes seguinte a compra, embarcou para o Vietnã para nunca mais retornar. Ela entao perguntou quanto o carro valeria na opiniao deles. E o cara ao inves de dar de espertalhão, falou que de fato o carro valia uma grana legal pelo seu estado de conservação (rust free) e pelo modelo.
Ela entao agradeceu a sinceridade do camarada e disse que se ele quisesse fazer uma oferta pelo carro, este seria dele. E foi o que aconteceu: o camarada acabou levando o carro.
Fernando RD
Mestre Bob, muito obrigado pela dica e por ter visitado o blog. Espero que venha mais vezes.
ResponderExcluirgrande abraço
Taí uma sugestão para futuro post. Que tal dicas sobre como manter um antigo sempre em ordem?
ResponderExcluirAbraços.
Já li várias dessas histórias de barn finds...
ResponderExcluir=>Oportunistas são aqueles caras que compram o carro por uma merreca, reformam (ou restauram) e vendem por um valor bem alto, inflacionando o mercado de usados.
Também são aqueles que querem que um carro ordinário, todo podre, seja arrematado por um valor irreal.
No Brasil, isso é bem comum.
Mas o comprador tem $$$ pra pagar. OK!
Mas isso não lhe tira o rótulo de trouxa.
JJ,
ResponderExcluirValeu! Fantástico o post! Ainda acho o meu... hehehe
Daniel, vc ja assistiu o filme "Love The Beast"?
FRD, bela história!
Eu tenho o "Cobra In the Barn", e é muito fraco. Esperava histórias mais interessantes e muitas fotos dos carros, mas as histórias, salvo uma ou outra, são bem pobres, e fotos são poucas e mal-feitas. Não recomendo. Ainda bem que só comprei um volume!
ResponderExcluirAbraços!
Encontrei i um ATY alemao ano 1961. Fabricados 47 exemplares restantes apenas 4 carro sem valor no mercado td original apenas refeito embreagem motos caixa ira esta no salao do automovel em S.P
ResponderExcluir