Fotos: Ervin Moretti, Flávia Moretti, Marcelo Paolillo, Divulgação Pé Na Tábua e autor
|
O "Fusquinha", original, no Autódromo de Interlagos em ritmo de passeio, ainda assim é emocionante |
O ano de 2014 está no início e já mostra que, no campo dos automóveis antigos, a missão é consolidar uma tendência que há alguns anos tem ganho força: automóveis antigos em pleno movimento. Fugindo da mística que existe por trás dos ralis de regularidade, que são eventos onde exige-se do participante um grande investimento com hospedagem e inscrições, organizadores independentes e clubes têm se dedicado a colocar os automóveis em movimento, com o mesmo ânimo e entusiasmo, sem precisar de um rótulo chancelado por um grupo de elite.
|
Fuscas de todas as épocas enfeitam a área dos boxes de Interlagos. |
|
Junto aos Fuscas, outros da "família" com seus motores arrefecidos a ar |
Seja na estrada ou em circuitos, colocar um automóvel antigo em movimento tem se mostrado muito mais democrático e de fácil acesso do que muita gente imagina. Há anos o Fusca Clube do Brasil faz os Volkswagen "tilintar" seus motores arrefecidos a ar no Autódromo de Interlagos, na cidade de São Paulo. No dia 5 de janeiro fui convidado pelo "amigomobilista" Ervin Moretti a conduzir seu belíssimo Fusquinha 1974 verde Hippie.
|
Estamos fazendo a curva da Junção de maneira pacata, à nossa frente um "Split Window", cena inusitada. |
|
Junto com Ervin Moretti e o "Horácio", seu Fusca 1300, placa preta, 1974 |
A idéia não é uma corrida, apenas conduzir os automóveis, todos juntos no circuito, a brincadeira é divertida. Marmanjos se emocionam por colocar o automóvel que ama na pista onde seus ídolos correram, um passeio onde o carro anda e a mente viaja, imaginando o que cada piloto pensa a cada curva, daí o sucesso anual do evento destinado aos sócios do clube.
|
"Fuscas de todos os jeitos", incluindo os fora-de-série que usaram seu coração, por exemplo, o Puma |
|
Nesse tipo de passeio o que menos importa é o modelo e a originalidade, interessante mesmo é andar. |
|
VW 1600 quatro portas, popularmente chamado de "Zé do Caixão", se é do Fusca Clube do Brasil pode participar |
Em fevereiro, a quarta edição do
Pé Na Tábua, também conhecida como "A Corrida de Calhambeques", mostrou que os ideais do Tiago Songa ganharam força graças ao seu carisma, trabalho e dedicação à cultura do antigomobilismo. É o típico caso de um evento jovem e que já pegou, por isso aparece um monte de gente querendo seu pedaço da paternidade, mas, convenhamos, os méritos são únicos e exclusivos ao jovem jornalista francano que luta e estuda a cultura do automóvel ancião.
|
Fordinhos enfileirados no Speed Park, em Franca, SP. |
|
Subindo a reta que leva à chegada e acelerando, andar a 60 km/h num automóvel de 80 anos é garantia de emoção. |
|
Se o carro for centenário. então a velocidade pode ser um pouco menor, mas a emoção e infinitamente maior! |
Nesse evento realmente acontece uma corrida para automóveis fabricados até 1936, onde os carros são divididos em categorias conforme a configuração do veículo. Tem para todos os gostos: originais, hot rods, esportivos, populares... Sendo "calhambeque", está valendo, não precisa ser aquele automóvel impecavelmente restaurado, basta andar e, se puder correr, melhor ainda.
O evento que se realiza na cidade de Franca, no interior paulista, quase divisa com Minas Gerais, já é tradição e tem entre seus espontâneos divulgadores ninguém menos que, o tricampeão de Fórmula 1, Nélson Piquet. Acredito que um dos motivos do evento já ser obrigatório no calendário de qualquer antigomobilista seja o fato de estar em pleno progresso, como nesta edição, por exemplo, as motos fabricadas até 1950. Também fizeram bonito no Speed Park, agregar pessoas parece ser uma das missões da organização do evento.
|
Este ano o Pé Na Tábua também contou com a participação de motocicletas fabricadas até 1950... |
|
... outra maneira de colocar veículos antigos para andar e, mais que isso, disputar o lugar mais alto do pódio! |
Em março, para comemorar o Dia Internacional da Mulher, um passeio diferente. A tradicional Galaxata ganhou um novo nome, "Passeio do Batom", e os donos dos Galaxies deram seu assento para que suas companheiras guiassem os carros. A brincadeira, que era uma idéia maluca a principio, deu certo, muitas esposas, namoradas, amigas, mães e irmãs aceitaram assumir o posto de motorista e não se importaram — nem um pouco — em conduzir os carros pela estrada.
|
Elas ao volante dos Galaxies, quem disse que mulher só gosta de carro pequeno?. |
|
É outra maneira de curtir os carros em movimento e reunir as famílias; a homenagem dos marmanjos foi para suas companheiras |
O passeio organizado pelo Galaxie Clube do Brasil é aberto a todos, sem exceção, todo tipo de automóvel é bem aceito, seja novo, antigo, com pintura reluzente ou com marcas do tempo. Não importa a qualidade do automóvel e sim o espírito de quem conduz o veículo. Roberto Suga, que tem uma bela história junto ao carro antigo no Brasil e luta pela democratização desse hobby e pela acessibilidade de todos com participação de igual importância por todos os clubes do país, levou seu belo Pontiac Fórmula 400, quer dizer, na realidade sua mãe — com 90 anos — é quem conduziu o esportivo americano com o seu V-8 Big Block.
|
Um Landau e um Pontiac, como é de costume todo o tipo de automóvel é bem-vindo |
|
Passat ao lado de um Pontiac Fórmula 400; o esportivo americano é de Roberto Suga |
|
Tão – e mais – importante quanto ir de carro é confraternizar com amigos e familiares, esse é o sentido do passeio. |
Abril promete ser mais um mês cheio de emoção para os antigomobilistas, dois nacionais estão no foco para pegar a estrada. A segunda edição do "Doginhos na Estrada" vai colocar os Dodges 1800 e Polara no asfalto com destino ao Museu Roberto Lee (Museu de Antiguidades Mecânicas de Caçapava). Marcelo Bellato, que se dedica a preservar a memória do primeiro museu de automóveis antigos do país, acertou com outro incansável do setor, Luís Gustavo Cabett, que tem seu foco voltado à preservação dos pequenos Chrysler nacionais e é um dos responsáveis por elevar o reconhecimento do veículo compacto nacional da marca para o posto de colecionável de pleno uso.
|
Doginhos na estrada, 1800 e Polara enfrentando quilômetros. |
|
Um carro que por algum tempo ficou esquecido nos eventos e a cada dia ganha reconhecimento... |
|
... graças ao trabalho de colecionadores que têm se dedicado ao "pequeno notável" da Chrysler brasileira |
Ainda em abril, um evento promete colocar os automóveis antigos para andar — e muito — é a comemoração dos 40 anos do Alfa Romeo 2300. Para provar o quanto o Alfa brasileiro é admirável, Marcelo Paolillo, que é reconhecido internacionalmente como "Mr. 2300" e tem em sua garagem diversos automóveis do modelo, arregaçou as mangas e mostrou que sempre dá para encontrar mais aficionados que compartilham da sua vontade. Pelo visto tem dado certo, porque as inscrições já superaram as expectativas.
|
Serão 2.300 km com os Alfa Romeo, outro exemplo de carros antigos poderem andar |
|
Para os aficionados pelo Alfa, os 40 anos do modelo é o motivo que faltava para reunir, mais uma vez, o grupo |
|
O roteiro inclui a fábrica de onde saíram os modelos, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, e também a atual sede da Fiat brasileira, em Betim, Minas Gerais. |
PT
Esse domingo teve o #4 BRAZILIAN FOLKS IN RIDE.
ResponderExcluirEvento contou com mais de 1200 carros, maioria air cooled, mas muitos a água também.
Um ótimo evento que fez a galera colocar os antigos na estrada e reunir amigos.
O Brasil precisa mais disso!
Abs
Estas formas de se colocar os antigos em funcionamento e movimento, como dentro de um autódromo, pegando uma estrada para passeios organizados, ou ir a um encontro, aprovo. O que não aprovo é o uso de um carro antigo no dia-a-dia. Os riscos são grandes demais. Só como exemplo, imagine seu xodó no estacionamento lotado de um supermercado, com aquelas vagas apertadas, e dois infelizes, um de cada lado, que não vão ter o menor cuidado ao abrir as portas do carros deles. Considero o uso diário absolutamente inviável.
ResponderExcluirVc esta certo e poucos proprietários usam no dia a dia.
ExcluirRealmente com a violência do transito, engarrafamentos e nosso calçamento deteriorado dica muito difícil
Mas de vê em quando uma voltinha ou para furar rodízio e bom
Lembre-se que a forma mais fácil de se estragar um carro e deixa-lo parado!
Reflita
Concordo Anonimo...
ExcluirCarro antigo tem que andar. Pouco é verdade, a violência do quotidiano é grande, mas ainda assim tem que andar.
Carro que fica muito tempo parado vai perdendo a confiabilidade.
Eu uso no dia a dia um Fusca 1977. Nunca andei de guincho, já parei na rua por motivo de platinado, bomba de gasolina e radiador de óleo vazando óleo, e em nenhuma vez, atrapalhei os demais e não tive grandes despesas com isso.
ExcluirCuriosamente, meu vizinho e amigo de infância, em seus 3 carros modernos, já andou de guincho 5 vezes, uma por bomba de combustível, outra por radiador de água, pane seca por quebra da boia, e uma peça do ar quente que fez a água do radiador vazar.
Em minhas quebras, o motor já havia dado algum sinal de que algo não ia bem, seja por falhas na aceleração, falta de combustível ou motor melado de óleo por baixo vindo do cambio. Inclusive essa do radiador de óleo trincado, ocorreu no meio do nada voltando de SC pra SP. Reparei que o óleo só vazava quando passava dos 2 mil rpm que é quando a pressão aumentava e fazia o óleo passar pelo radiador.
Andei 90 km com o motor até 2 mil rpm até uma cidade, comprei no ferro velho um radiador qualquer (comprei dois) lavei com gasolina e troquei. Está rodando ate hoje. Isso ocorreu eu Julho 2014 e já rodou 8 mil km desde lá.
O que não combina, é carro antigo com dono moderno.
P500<<
Precisamos tomar o cuidado de que, exagerando no uso de um carro antigo, ele se transforme num carro velho. Até mesmo para os fuscas, já está dificil encontrar peças mecanicas e as de lataria não estão com a qualidade desejada. Creio que devemos usar nossos antigos com parcimônia e deixar o trabalho pesado para os "descartáveis". Abraços, Ervin
ExcluirE não foi o que eu disse? De vez em quando, não uso diário. E quando falo isso, não é nem por receio de algum problema mecânico, mas sim de batidas, mossinhas e riscos em estacionamentos, furto de algum detalhe de acabamento externo como um emblema ou friso, por exemplo, e até vandalismo puro e simples por parte de algum espírito de porco invejoso.
ExcluirCom o nosso trânsito, não usaria carro antigo no dia a dia. Carro tem que andar, sim, mas o suficiente p/ circular o óleo e o motor esquentar. Por isso, acho mais válido percorrer um trecho de estrada no final de semana: você preserva a lataria da jóia do caos do trânsito urbano e ainda garante a sua integridade mecânica, tendo mais liberdade inclusive p/ experimentá-lo.
ExcluirAntônio do Sul
Sempre quis andar com meu Fusca em Interlagos, mas não sou (por enquanto) filiado ao Clube do Fusca. Enquanto isso, mantenho meu Sedan 1300 1970 em movimento fazendo viagens quinzenais de 550 km (ida-e-volta) entre Itajubá-MG e Jaguariúna-SP e mensais de 1100 km, ida-e-volta, entre Itajubá e Aramina-SP. Na cidade eu só uso nos fins de semana pra sair com a namorada, não dá nem 50 km por mês de uso urbano, enquanto de uso rodoviário passa de 2.000 km no mesmo período!
ResponderExcluirMas o espírito é o mesmo, carro, seja antigo ou não, foi feito pra andar! Tem que tirar a colerinha dele e deixa-lo livre pra correr por aí!
O Erwin Moretti, salvo engano, já foi matéria da "Fusca & Cia."... na hora que li a legenda o nome me soou familiar.
ResponderExcluirBom ver que tem gente que curte os Dodginhos... goste-se ou não (sei que muita gente não gosta) eles são parte da história da Chrysler brasileira e merecem respeito.
Por sinal, belo Dodginho prata na foto.
caro Leonardo: sim, já fomos ( o Horacio e eu) matéria da Fusca & Cia. Agradeço ter lembrado. Eu gosto muito do Dodginho e até tenho um Manual do Proprietario de um Dodginho VW. Consegui numa feira de peças, e era comercializado na Argentina com o emblema da VW. Era o VW 1800. Abraços, Ervin
ExcluirQuem tem carro antigo e só anda com eles, tem o famoso "boi de piranha". No meu caso, é um fusca 69, que acabou virando carro do dia-a-dia. Os demais, só final de semana ou estrada. Para garantir, o fusca tem seguro contra terceiros (imagine bater num moderno de mais de R$ 500 mil).
ResponderExcluirCaro Portuga,
ResponderExcluirO Clube de Autos Antigos de Taubaté - CAAT, organiza todo mês um passeio de até 100 km com seus associados e amigos. Uma vez por ano, realizamos o CAAT ON THE ROAD, que é uma prova de regularidade para carros com no mínimo 30 anos, por estradas da Serra da Mantiqueira e Vale do Paraíba.E é uma delicia de evento. Nós achamos que "carro antigo bom é o carro antigo que roda".
Sua matéria vai de encontro ao que praticamos há vários anos. E venha participar conosco do CAAT ON THE ROAD em agosto deste ano.
O Jeremy Clarkson diz que você não é um verdadeiro "Petrol Head" (será que dá pra traduzir como autoentusiasta?) se nunca dirigiu um Alfa Romeu... tomara que dar umas voltinhas clandestinas no Ti 4 do meu pai possa me garantir como autêntico Petrol Head....
ResponderExcluirDouglas
Seu pai tendo um Alfa Romeo e certamente um Petróleo-Head
ExcluirVoce como filho de peixe , peixinho e !
Parabéns pelo bom gosto de vocês, adoro a 2300!
O Jeremy Clarckson sabe das coisas como ninguém e também e proprietário de Alfa Romeo
Meu pai costumava dizer que quem possuía uma Alfa amava carros e invariavelmente era motorista dos bons!
Caro Portuga: a sua habilidade de colocar em palavras, os sentimentos e emoções que todo Amigomobilista tem, só perde para a sua simpatia e para o carinho que tem por todos que tem o privilégio de conhecê-lo. Agradeço por ter colocado o Horacio neste seu lindo texto. Abração, Ervin
ResponderExcluirNo Conjunto Nacional, na Av. Paulista, está acontecendo a exposição VELOCULT, que mostra antigos carros de corrida nacionais.. Vai até o dia 29.
ResponderExcluirAv. Paulista 2073 seg. a sáb. das 08:00 às 22:00h domingos das 11:00 às 22:00h
Você viu que legal a CG 125 envenenada que esta por lá?
ExcluirQue motor lendário.... Sem contar o barulho lindo que faz....
Excelente texto!
ResponderExcluirAntigo tem de rodar mesmo, embora no uso diário seja complicado.
Tenho um Omega 4.1 1996 automático, placa 4100, estepe sem uso, e que fica guardado pra rodar algumas vezes por mês. Ainda não é um antigo, mas como está rigorosamente original, um dia se tornará um antigo.
Adquiri recentemente um Opala SS 1978 em bom estado, todo original ainda, mas que vai começar ainda este mês uma restauração completa. Talvez este ano ainda esteja pronto.
Já comecei a participar de encontros de carros antigos e este mês fui a um em São José dos Campos. Democrático em relação aos participantes, fui de Omega e fui muito bem recebido.
Aliás, uma característica destes encontros de antigos é que normalmente você é sempre bem recebido pelos participantes e organizadores.
abraço
Como de costume, excelente reportagem do brilhante e democrata Portuga Tavares !
ResponderExcluirParabéns !!!
Fala Portuga! Muito bacana essa sua matéria. Parabéns!
ResponderExcluirHá cerca de 15 dias, tenho usado diariamente meu Dodge 1800 1975.
É impressionante como o funcionamento do carro melhora.
O que eu acho interessante e muitas vezes engraçado é o olhar de outros pais para o carro quando vou levar ou buscar meu filho na escola, alguns com expressão saudosista e outros com desdém...
O carro antigo usado no dia a dia, desde que com cuidado e carinho, não traz problema algum.
Os antiguinhos também tem que rodar!
Um grande abraço, João Fusco.
Grande Portuga, vc é PHD nestas publicações.......Sabe sintetizar como poucos.........Parabéns e em nome pelo menos da minha mulher, Neusa, grato pelo destaque ao passeio do batom, que como vimos, já na primeira edição foi um sucesso.
ResponderExcluirNo domingo passado, aconteceu aqui em Curitiba o GM Day, encontro de GMs antigos ou mais velhinhos. O que me impressionou foi que a maioria dos antigos nacionais em belíssimo estado de conservação era Chevette. Dos Opala, havia alguns bem conservados e originais, mas a maior parte sofreu customizações de gosto duvidoso ou estava em mal estado.Ômega, então, não se salvava um.
ResponderExcluirAcho uma pena quando os próprios donos de carros que têm história não valorizam o que têm.
Antônio do Sul.