Conversando com uns colegas notei que existem muitas dúvidas sobre o funcionamento de sistemas 4x4 em picapes e SUVs. Então preparei uma explicação simplificada sobre os 3 principais tipos de tração 4x4 usando modelos da Toyota (Hilux, SW4 e RAV4) como exemplo.
1- 4x4 part time - Hilux (e outras picapes)
É o sistema mais utilizado para aplicações fora de estrada e para transpor obstáculos sendo assim o preferido pelos "jipeiros".
O acionamento ou engate da tração 4x4 é feito numa caixa de transferência que na grande maioria das vezes também possui uma reduzida. Nesse sistema o 4x4 só deve ser utilizado em condições de piso com baixa aderência como terra, lama ou molhado. No asfalto seco deve-se usar sempre o 4x2, pois pela ausência de um diferencial central, apesar de robusto, o sistema pode ser danificado devido a diferença de rotação dos eixos dianteiro e traseiro.
Quando em 4x4, em situações mais extremas se usa a reduzida, que proporciona mais força ao veículo e deve ser utilizada em velocidades baixas (apenas para transpor algum obstáculo).
Na Hilux temos o seguinte:
4x2 - H2 (High 4x2) operação normal em asfalto seco, o H, de High, significa que a reduzida não está engatada
4x4 - H4 (High 4x4) para uso em piso com baixa aderência como terra, lama ou molhado
4x4 - L4 (Low 4x4) com engate da reduzida para uso em condições mais extremas como rampas com grande inclinação e transposição de obstáculos.
Na Hilux temos o seguinte:
4x2 - H2 (High 4x2) operação normal em asfalto seco, o H, de High, significa que a reduzida não está engatada
4x4 - H4 (High 4x4) para uso em piso com baixa aderência como terra, lama ou molhado
4x4 - L4 (Low 4x4) com engate da reduzida para uso em condições mais extremas como rampas com grande inclinação e transposição de obstáculos.
2 - 4x4 permanente - SW4 e outros SUVs com chassis (derivados de picapes)
Neste caso a tração 4x4 é permanente. Ou seja, o veículo está sempre na condição de 4x4. Isso é possível devido à adoção de um diferencial central que distribui a tração entre as rodas dianteiras e traseiras, evitando que o sistema seja danificado no caso de utilizações em asfalto seco.
Esse sistema possui um diferencial central com sistema de distribuição de torque ("torque sensing" - saiba mais) e deslizamento limitado (LSD - limited slip diferential). A função desse diferencial central é distribuir o torque entre as rodas dianteiras e traseiras de acordo com a condição de rodagem.
Os benefícios sãos:
> Melhor aderência em qualquer condição de piso, contribuindo para uma melhor estabilidade direcional
> Mais aderência nas entradas e saídas de curvas, contribuindo para uma melhor dirigibilidade
> Maior segurança ativa
Para uso off-road, em adição ao sistema de distribuição de torque e deslizamento limitado, o diferencial central ainda pode ser bloqueado. O bloqueio do diferencial central distribui o torque (força) entre os eixos dianteiro e traseiro na proporção de 50% para cada eixo, garantindo torque para os dois eixos independente da condição do piso.
Os benefícios sãos:
> Melhor aderência em qualquer condição de piso, contribuindo para uma melhor estabilidade direcional
> Mais aderência nas entradas e saídas de curvas, contribuindo para uma melhor dirigibilidade
> Maior segurança ativa
Para uso off-road, em adição ao sistema de distribuição de torque e deslizamento limitado, o diferencial central ainda pode ser bloqueado. O bloqueio do diferencial central distribui o torque (força) entre os eixos dianteiro e traseiro na proporção de 50% para cada eixo, garantindo torque para os dois eixos independente da condição do piso.
Para situações mais extremas ainda existe a reduzida, que proporciona mais força ao veículo e deve ser utilizada em velocidades baixas.
Então na SW4 temos o seguinte:
4x4 - H (High 4x4) operação normal para uso em qualquer terreno incluindo asfalto seco, o H, de High, significa que a reduzida não está engatada.
4x4 - HL (High com Lock 4x4) bloqueio do diferencial acionado para uso off-road proporcionando um melhor capacidade de tração diante das variações constantes de aderência
4x4 - LL (Low com Lock 4x4) reduzida e bloqueio do diferencial acionados para uso em condições mais extremas como rampas com grande inclinação e transposição de obstáculo.
4x4 Integral vs 4x4 Permanente
O termo integral tem sido utilizado por muitos em referência a "tempo integral". Porém pode ser considerado como integral no sentido de tração por inteiro, ou nas quatro rodas. Daí dizer 4x4 integral fica redundante. O correto seria dizer tração integral. Portanto acredito que 4x4 permanente deixa mais claro que a tração é 4x4 sempre.
Então na SW4 temos o seguinte:
4x4 - H (High 4x4) operação normal para uso em qualquer terreno incluindo asfalto seco, o H, de High, significa que a reduzida não está engatada.
4x4 - HL (High com Lock 4x4) bloqueio do diferencial acionado para uso off-road proporcionando um melhor capacidade de tração diante das variações constantes de aderência
4x4 - LL (Low com Lock 4x4) reduzida e bloqueio do diferencial acionados para uso em condições mais extremas como rampas com grande inclinação e transposição de obstáculo.
4x4 Integral vs 4x4 Permanente
O termo integral tem sido utilizado por muitos em referência a "tempo integral". Porém pode ser considerado como integral no sentido de tração por inteiro, ou nas quatro rodas. Daí dizer 4x4 integral fica redundante. O correto seria dizer tração integral. Portanto acredito que 4x4 permanente deixa mais claro que a tração é 4x4 sempre.
3- 4x4 on demand - RAV4 (e outros SUVs/crossovers derivados de carros de passeio)
Este sistema não tem o propósito de um uso off-road. Seu principal objetivo é aumentar segurança ativa em curvas ou vias escorregadias, caso de chuva, garoa, e neve/gelo. Mas também ajuda em estradas de terra molhada.
Neste caso o carro é um 4x2 de tração dianteira na maior parte do tempo. Em determinadas condições (que variam de modelo para modelo) a tração nas rodas traseiras é acionada através de um diferencial central com acoplamento gerenciado eletronicamente.
No caso do RAV4, nas acelerações o diferencial central reparte a tração deixando cada eixo com 50%. Na reta com aceleração constante, para melhorar o consumo de combustível, a tração é transferida 100% para o eixo dianteiro. E nas curvas a distribuição da tração se divide de acordo com a condição de aderência de cada eixo.
Este sistema não tem o propósito de um uso off-road. Seu principal objetivo é aumentar segurança ativa em curvas ou vias escorregadias, caso de chuva, garoa, e neve/gelo. Mas também ajuda em estradas de terra molhada.
Neste caso o carro é um 4x2 de tração dianteira na maior parte do tempo. Em determinadas condições (que variam de modelo para modelo) a tração nas rodas traseiras é acionada através de um diferencial central com acoplamento gerenciado eletronicamente.
No caso do RAV4, nas acelerações o diferencial central reparte a tração deixando cada eixo com 50%. Na reta com aceleração constante, para melhorar o consumo de combustível, a tração é transferida 100% para o eixo dianteiro. E nas curvas a distribuição da tração se divide de acordo com a condição de aderência de cada eixo.
Ainda no caso do RAV4 pode-se fazer o bloqueio desse diferencial central para sair de alguma condição de piso escorregadio através de um botão no painel. Ao atingir a velocidade de 40 km/h o bloqueio é desativado automaticamente. O EcoSport 4WD (4 Wheel Drive) e outros carros de passeio (Fusion) utilizam um sistema similar.
E como ficam o Impreza e o Lancer?
ResponderExcluirPaulo,
ResponderExcluirTivemos fabricado aqui o jipe DKW-Vemag (1958-1962)com tração integral, 4 marchas mais reduzida, sem diferencial central. Só era possível não ter esse item devido ao entre-eixos bem curto, apenas 2.000 mm, que deixava os dois eixos girar à mesma rotação na maioria das situações. Mas com direção bem esterçada prendia um pouco.
Outra curiosidade era a Ford Pampa/Belina 4x4 part time, sem reduzida e sem diferencial central, em que as relações de diferencial não eram exatamente iguais, por mais incrível que isso possa ser. Não foi possível para a fábrica encontrar um eixo traseiro fornecido (Dana ou Braseixos, não sei qual)de mesma relação do transeixo dianteiro de origem Renault. O manual realçava, prudentemente, que só se podia usar a tração nas quatro rodas sobre piso de baixa aderência.
Ah, além dos japoneses, tem os Lambos e mais alguns carros de alta performance. Eles usam o diferencial Torsem?
ResponderExcluirPK, ótimo post, como lhe é de costume.
ResponderExcluirBob, então no caso da Belina/Pampa havia sempre um arrasto? Mesmo em pisos de baixa aderência, tal diferença nas relações devia reduzir em muito a vida útil de todo o sistema, nâo é mesmo? Lembro que no teste de longa duração da QR, a Belina quebrava com tanta freqencia que optaram por não mais usar a 4x4.
Abraço
Lucas
Acho que o Impreza atual usa 4x4 permanente.
ResponderExcluirQual destes sitemas era usado no Jeep Willys?
ResponderExcluirMarlos,
ResponderExcluirEra o 4x4 part time, com reduzida.
Lucas,
ResponderExcluirAbsurdo, não é? É o que se pode chamar de engenharia porca.
Ei Bob, achei este site sem querer e resolvi te responder. Eu tava lá na QR na época, e o que fazia a tração quebrar tanto foi um conserto mal feito em uma concessionaria Ford. Em uma seção de fotos, ela bateu numa pedra por baixo e entortou um suporte do eixo cardã traseiro. Foi levada à concessionaria, como se propõe o teste de longa duração da revista, ou seja, fazer toda a manutenção dentro da rede oficial da marca. Só que imagina o belo serviço que fizeram. Deixaram o suporte torto e realmente a Belina passou a não aguentar o dia-a-dia. Uma pena, pois - apesar da "engenharia porca" das relações diferentes de diferencial, até que o sistema quebrava um bom galho...
ExcluirAbraço
Um vizinho meu, que aposentou-se há anos pelas oficinas da Ford, dizia que o Pampa/Belina 4x4 "morriam na praia".
ResponderExcluirEnquanto não havia aderência no piso, DEVAGAR, eles faziam o serviço com algum louvor. Não eram um fenômeno, mas serviam para o propósito.
Bastava chegar no "asfalto" (local com maior aderência) e na empolgação acelerar um pouco mais, esquecendo-se que ainda estava sendo utilizada a tração total, para a quebra quase "instantânea" de um eixo no câmbio "na estrada voltando pra casa"...
Tudo por causa da maldita diferença nas relações... :(
Muito interessante o post. Serve de esclarecimento para todos a respeito dos sistemas de tração 4x4.
ResponderExcluirP.S.: Só agora é que vi o post...
Há tempos que alguma revista deveria ter feito um teste com utilitários no asfalto com tração ligada e desligada...no molhado, no seco, frenagens (freio motor sobre dois eixos), e mais uma variante de coisas. Teria muito consumidor que conseguiria vantagens reais fora da estrada de chão mesmo.
ResponderExcluirSe não me engano todos os Subaro são tracionados permanentes e os Land Rover tambem
ResponderExcluirGostaria de saber se o sistema de tração 4x4 do Renault Duster é igual ao sistema do 4X4 do Ecosport.
ResponderExcluirAgradeço.
Pessoal, estou querendo entrar no mundo dos 4x4 e para isso pretendo iniciar comprando um carro de uns 50mil cabine dupla. Queria um cArro que tivesse a funcao de bloqueio para nao atolar quando uma roda trazeira +dianteira ficassem livres. Existe alvuma cabine dupla que vai me atender? Que ano? L200? Ranger? Frontier? Hilux?
ResponderExcluirOlá. Tenho uma Hillux e todas às vezes que traciono ela fica com a direção extremamente pesada em baixa ou para manobrar. É normal?
ResponderExcluirOlá amigos! Tenho um Jimny 2011 e a Suzuki garante que a tração 4x4 pode ser acionada com o carro até 100km/h em linha reta! Será mesmo que não tem problema??
ResponderExcluirAntonio,
ResponderExcluirse a suzuki - detentora da marca diz que não é p q nao tem . . .
tenho um jimny tambem, mas não farei tal teste . . ..
luis
Como era engatada a tração na pampa 4x4, ela ficava com o cardã rodando o tempo todo, quando estava em neutra?
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