Nesse último final de semana o Rio de Janeiro sediou uma etapa do campeonato brasileiro de motovelocidade. Estive no autódromo no sábado para dar uma olhada nos treinos, ver como é o esquema, como é montado o circo.
O que vi lá é digno de post em nosso blog, não pelo profissionalismo, não pelo avanço técnico, muito menos por causa da estrutura, mas sim pelo romantismo e pela garra.
Existem algumas equipes com apoio de fábrica, patrocínio de multinacional, equipamentos parelhos ao usado no mundial de Superbike, contudo isso é uma grata exceção. Nas categorias menores, 125, 250 e 600 Hornet o que se via era uma força de vontade muito grande de acelerar, contra tudo e contra todos. Grande parte dos pilotos estava acampada em barracas de camping dentro dos boxes e traziam consigo, além da moto e equipamento de segurança, apenas uma gorda caixa de ferramentas. Mecânicos e pilotos sentados no chão, buscando o último acerto no bólido de menos de 50cv. Quem já acompanhou uma etapa do paulista de kart sabe a diferença, pilotos de 13 anos com massagista particular, pilha de motores, chassis e pneus.
Ao puxar papo com um dos pilotos, uma história deliciosa, o cara começou a treinar em um loteamento asfaltado em Parati, onde vive. Achava-se imbatível por entender que ninguém poderia ser mais rápido que ele no loteamento. Foi para Interlagos durante o primeiro treino vê um sujeito com a mesma moto colocando por fora dele. Incrédulo pensou “se ele me consegue também consigo” e foi andando na referencia do piloto da frente. Na próxima curva a moto começou a desgarrar alternadamente de frente e de traseira, nosso piloto do loteamento pensou – “Não é possível! Será que vou ter que fazer todas as curvas assim?”
A história do loteamento me lembrou claramente dos livros e dos textos dos pioneiros do automobilismo brasileiro, como o Emerson colocando o Gordini da mãe de lado na Praça Villaboin em Higienópolis.
Foi muito bom ver aquilo. Saí de lá com um certo pesar por gostar tanto de autómoveis.
É esse romantismo, essa "raça" que eu sinto falta no automobilismo como um todo. Agora ficou tudo muito comercial, deixando em segundo plano a competição em si.
ResponderExcluirPor exemplo, lendo o livro do Bird e vendo alguns (pouquíssimos) vídeos no YouTube sobre as competições dos anos 50/60, eu pensava que sabia alguma coisa de andar rápido de carro... Mais ou menos a sensação do rapaz ao ver que teria que andar "de lado" com a moto para ser competitivo. Aquilo sim eram corridas de automóveis!!!
Sobre a estrutura no Kart, explica porque o Brasil está carente de talentos reais.
ResponderExcluirViça, também estive lá e achei "duca" os moleques acelerando nas CGs. Concordo totalmente contigo.
ResponderExcluirP.S.: Tinha ambulância lá? Das arquibancadas não se via...
Umberto.