A gama das Honda CG 2014: motores de 125 a 150 cm³; preços de R$ 5,5 mil a R$ 7.8 mil |
Qual o veículo mais vendido fabricado no Brasil em
todos os tempos? Acertou quem falou Honda CG! Nascida em 1976 em uma fábrica
construída a toque de caixa na cidade de Manaus (AM), a pequena motocicleta de 125
cm³ (com versões 150 cm³ lançadas posteriormente) alcançou a incrível marca de 10
milhões de unidades produzidas segundo a orgulhosa empresa nipônica que, pela
1ª vez, tem um presidente "made in Brazil" na divisão de motos, Issao
Mizoguchi.
Brasileiro com esse nome? É sim, como podem ser
brasileiros os Sharp nascidos no Rio de Janeiro ou os Agresti em São Pulo. E
esse Mizoguchi, no caso, é do ABC paulista, do "B" mais
específicamente, São Bernardo do Campo. Tem olho puxado, claro, mas fala português como
eu e o Bob, direitinho...
Issao e a CG tem muito a ver: formado na FEI – anteriormente Faculdade de Engenharia Industrial de São Bernardo do Campo, hoje Fundação Educacional Inaciana Pe. Sabóia de Medeiros – instituição que,
talvez, como nenhuma outra escola de engenharia do Brasil, tem um histórico de
brilhantes profissionais desovados para a indústria dos motores, foi contratado
pela Honda antes mesmo de se formar.
Honda CBR 450 SR, modelo 100% projetado para o Brasil |
À epoca de sua contratação, contou-me Issao, a CG já
existia há quase uma década e sua função inicial foi formar um departamento de
engenharia de produto em Manaus, para adequar os projetos que vinham prontinhos
do Japão. Naquela época a Honda já fazia a trail XL 250R e a CB 400, depois CB
450. E os primeiros "filhos" desse departamento formado por Issao
foram as XLX 350R, a nacionalização da CBX 750F, as CBX 150 Aero e seu maior
orgulho, a CBR 450 SR, que basicamente era uma CB 450 com um chassi moderno, de
tubos de aço retangulares, muito mais ágil e bela que a moto da qual herdou o
motor.
Mas, voltemos à CG: é claro que os olhos puxados ou
não de equipe de Issao sempre miraram com grande atenção o carro-chefe
(moto-chefe, melhor dizendo...) da Honda no Brasil. E com o tempo ela foi sendo
lapidada. Desde o momento em que chegou às revendas da marca, é a líder
disparada de seu segmento, seguindo uma receita simplérrima, óbvia, mas feita
com capricho e sabedoria: motor monocilíndrico 4-tempos, refrigerado a ar, à
prova de maus tratos. Chassi e suspensões que aliam simplicidade e robustez.
Enfim, um Fusca sobre duas rodas.
Nasceu com quatro marchas, logo ganhou uma quinta.
Nasceu mirradinha, logo encorpou. Versões foram se sucedendo. Uma, a mais
nervosinha Turuna do início dos anos 1980, tinha motor com comando no cabeçote e freio a
disco na dianteira, assim como houve na mesma época a ML, mais luxuosa. Enfim,
de 1976 até este 2013 houve CG de todo jeito, cor e cara.
E como é esta nova CG, considerada a 8ª edição? Renovada no que precisava ser
renovada e intocada no que não exigia ser tocado. Chassi novo, suspensões
novas, mas motores iguais.
Da mais básica de todas, a 125 Fan, à mais elaboradas delas, a 150 Titan EX, a Honda garante que há grande progresso. E quem as pilotou nos test-rides dedicados à imprensa realizados nos últimos dias de julho (não foi meu caso, sorry...) jura que o que era bom, melhorou, e o que era mais ou menos, está bom. Explico: sobre os motores, tanto na versão carburada 125 cm³ que bebe apenas gasolina, quanto na versão 150, flexível em combustível, não há muitas almas sobre a face da terra dispostas à crítica. São uma espécie de unanimidade pela desproporcional quantidade de qualidades perante a ínfimos pecados.
Já no que foi mudado, haviam, sim, algumas
"broncas". Relatos de uma excessiva rigidez das suspensões eram os
mais freqüentes, mas também se ouviram depoimentos sobre quebras do chassi na
altura da coluna de direção.
Verdade ou não, na nova CG o chassi é a grande novidade: 4 kg mais leve e realizado com um tipo de aço que, de acordo com a fabricante, oferece mais resistência e rigidez. Já as suspensões ganharam alguns milímetros de curso e, especialmente, um ajuste mais macio sem prejuízo à estabilidade.
Cuidados com relação a contenção de emissões não
fugiram do cardápio, assim como a sempre necessária atenção à ergonomia (banco
novo em conformação, espuma e revestimento) e ao design, pois farol, tanque, painel
e rabeta são imediatos pontos de diferenciação ante à ora "velha" CG
2013.
Será sucesso? Sim, claro. Issao Mizoguchi, o presidente
da Moto Honda da Amazônia, diz uma coisa sobre a CG que tem tudo a ver com a
trajetória de crescente sucesso do modelo. Ele define o mais vendido veículo
da história da indústria brasileira como "overquality", ou seja, de
qualidade superior. Para o engenheiro de produção, que passou a maior parte dos
seus 28 anos de Honda no chão de fábrica de Manaus, a CG é uma Honda que exigiu
empenho japonês e jeitinho brasileiro para resistir aos maus tratos das
estradas e clientes do nosso país. Taxativo, afirma que a CG é superior a
qualquer outra similar feita pela Honda (ou não) em qualquer parte do planeta,
simplesmente por que aqui as condições de uso radicais – leia-se estradas e
ruas mal pavimentadas, ou sem pavimentação – se aliam a uma pressa ao guidão, a uma velocidade que os usuários da Tailândia, Índia, China ou Indonésia não praticam... E por conta
disso, emenda o homem que trocou o uniforme branco com o qual trabalhou por
mais de duas décadas na fábrica de Manaus, típico dos funcionários da Honda em qualquer fábrica mundo afora, pelo terno há bem pouco (mas ele, quando pode, ainda
resiste à gravata...) nossa CG é cara demais para ser exportada, pouco
competitiva ante motos que não são, como ela, "overquality".
Dona de nada menos do que 85% da fatia de seu segmento,
e respondendo por mais de 50% dos emplacamentos de motos no Brasil em 2012, a
CG tem tudo para continuar na sua trilha de sucesso de quase quatro décadas,
período em que deixou na poeira antigos "mais vendidos" como os
Volkswagen Gol (7 milhões) e Fusca (3,2 milhões) e o Fiat Uno (3,5 milhões).
RA
Faltou o conta-giros, como sempre, coisa que a ML125 tinha e eu apreciava muito. Como li em algum lugar, é algo que pode até não fazer falta para o usuário médio, mas qualquer entusiasta adora ver a quantas anda o motor. É um brinquedo divertido que deveria ter em qualquer veículo motorizado.
ResponderExcluirDe resto achei bonita a moto. Boa de andar ela sempre foi.
Agresti,
ResponderExcluirRealmente a CG é um fenômeno entre as motos nacionais. Comparável ao Gol e ao Fusca nos automóveis.
Tive uma ML preta que era muito boa para as ruas. Rodava uma média de 70 km no trajeto casa-trabalho-faculdade-casa.
Mas tenho algumas observações:
- cabos de embreagem e freio duravam pouco;
- pneus furavam facilmente;
- estabilidade em vias expressas era muito ruim (até o "vento" dos carros desestabilizava a bichinha).
Vendi para meu irmão, que ficou com ela alguns anos. Uma vez ele deu carona para um tio nosso, meio pesado, ao entrar numa curva, o pneu estourou e os dois quase foram para o chão... rsrs
Depois da ML, tive uma CB 400, moto excelente, mas que exigia constantes regulagens de carburador e gastava muita pastilha de freio.
Minha pergunta: como anda a qualidade das Hondas novas?
Andam excelentes como sempre, Mineirim. Pelo menos a linha CG.
ExcluirKlaus
a noticia da grande venda das pequenas motos e boa , mas existe todo um lado bastante obscuro por tras dela. nem tudo sao flores. ou o lado ruim dessa moeda e muito maior e pesado que a outra face
ResponderExcluirja passou da hora de fiscalizar mais de perto essa manada de motos (pequena cilindrada)que temos nos grandes centros.
um absurdo o que vejo de motoboys com suas potentes com escape aberto , motores fumando e mantencao precaria.
um absurdo o que vejos de condutores totalmente despreparados pilotando em alta velociade, se acidentando e morrendo aos montes todos os dias
onde esta o controlar e seus similares em outros estados????
acho que atualmente as motos poluem muito mais que os carros, dado a quantidade destas.
outro absurdo e o numero de acidentes e suas sequelas devido a proliferacao dessa motinhos, principalmente na regiao norte e nordeste do pais.
a onde vamos parar desse jeito?
acho que a honda como a maior fabricante dessa categoria de motos deveria se preocupar com isso. nao deixar apenas para o governo e sistemas de saude.
os fabricantes dessas motos deveriam criar e capitanear um programa de educao no transito e formacao de condutores junto aos os orgao publicos competentes logicamente.
poderia haver um desconto para motociclistas sem pontos na carteira ou que nao se envolveram em acidentes nos ultimos 5 anos por exemplo, etc.
parte do preco de uma moto deveria ir para esse fundo/programa de educacao.
o governo por sua vez deveria abrir e destinar parte do imposto arrecadado na cadeia produtiva dos 2 rodas para um fundo de assistencia e recuperacao de acidentados e suporte de seus familiares.
nao da para esperar mais!
Voce nao deixa de ter razao nesse seu comentario!
ExcluirAssino embaixo! Todos os dias vejo acidentes com as motos. Os motociclistas simplesmente não se importam com os limites da Física nem com as leis do trânsito. Esquecem que não têm qualquer proteção em caso de acidente.
ExcluirA grande culpa do "moto é perigoso" recai sobre os proprios motociclistas. Uso moto diariamente, pois nao aguento ficar parado em transito dentro do carro, e vejo um festival de barbáries, desde andar em contra-mao, ultrapassagens arriscadíssimas, uso de acostamento como se fosse faixa de rolagem e uso de capacete desafivelado e até mesmo vejo uns capacetes que o bom senso recomenda nem ser chamado de capacete. No interior é super comum 3 ou mais pessoas em uma moto e diariamente vejo tambem gente andando sem capacete. As ditas cinquentinhas, que sao pilotadas muitas vezes por adolescentes despreparados, adicionam tempero ao caldo. Falta uma fiscalização efetiva, não só ficar embaixo de uma sombra na beira de uma via de circulação, tem que andar atrás dos infratores e fazer seguir à risca o CTB, tanto para motos quanto para carros, caminhoes e onibus (estes ultimos, em meu ver, os campeoes de abusos). Aí diminuiria significativamente o numero de acidentados, tenho certeza. Chega de mais impostos e "destinações", temos que fazer mais com o que o governo já tem, que já é muito.
ExcluirAnônimo 13:28
ExcluirCara, voce pegou pesado , mas com toda a responsa.
To contigo.
Jorjao
Esse negócio de 85% do seu segmento pode ser muito bom para a Honda, mas e para o consumidor? A briga por uma fatia em um mercado mais acirrado poderia significar, no mínimo, preços menores.
ResponderExcluirGaranto que não é culpa da Honda. As outras marcas simplesmente não se mexem, ficam com produtos defasados por anos no mercado.
ExcluirEste comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluirBons tempos, RA, em que os estagiários podiam vir a se tornar presidentes.
ResponderExcluirHoje em dia é mais fácil acontecer o contrário.
CG com painel digital? Agora a manolada vai pirar!
ResponderExcluirA Yamaha tem lançado bons produtos, mas carece de bons representantes.
ResponderExcluirPermita-me discordar da afirmação de que a Yamaha "tem lançado" bons produtos. A Yamaha tem sim ótimos produtos, mas as novidades são muito raras. Ando de Fazer 250 todo dia, e não troco por nada para meu uso. As YBR (em teoria concorrente direta das CGs) ainda são vendidas com carburador e freio a tambor. Temos a XJ6, uma naked urbana, mais dócil e econômica que a Honda Hornet, e a R1, superesportiva de 1000 cc, além de uma gama ampla de motos "trail" (Ténéré é referência de mercado), mas inovação mesmo que é bom, nada. A própria Fazer carece de ABS, coisa que sua concorrente da Honda, a CB 300, já tem faz tempo. Existe uma lacuna enorme no mercado brasileiro na faixa entre 300 e 600 cc, que a Yamaha poderia preencher se tivesse um pouco mais de visão.
ExcluirQuanto aos representantes, infelizmente é mal do Brasil, qualquer concessionária de qualquer marca (moto ou carro), salvo raras e honrosas exceções, tratam os clientes como se lhes fizesse um favor.
Mas a maior culpa desse domínio tão completo da Honda é do próprio consumidor: "Honda é Honda" é o comentário que mais se ouve e lê de quem quer comprar uma moto, mesmo que a concorrente tenha mais qualidades.
José
Caro José, concordo que a Yamaha possui ótimos produtos, tanto que aqui em casa, saí de uma Tornado para uma Lander e a "Dona Maria" possui uma Neo; e em matéria de equipamento percebi que nesses dois segmentos a Yamaha é superior. Aqui em Nova Friburgo também ouço muito esse negócio de "Honda é Honda", mas creio que seja porque o bicho pega é na manutenção: Posso afirmar que tudo que precisei da Yamaha até hoje, seja peças, óleo recomendado e custo de mão de obra na autorizada foi muito mais caro. Uma estratégia nada inteligente se o objetivo for aumentar a participação no mercado.
ExcluirAmaury
Eu era preconceituoso com as CGs, só tendo possuido motos maiores. Um belo dia casei com a dona de uma CG125KSE 2002... Tenho esta moto na família até hoje, uma moto pau-pra-toda obra, agil, economica e de manutenção absurdamente barata. Cheguei a fazer uma viagem de 650km com ela. Nao vendo por dinheiro nenhum no mundo!
ResponderExcluirHonda CG, o Toyota Corolla de duas rodas.
ResponderExcluirTrabalhei durante alguns anos como fornecedor deles e digo que era muito bom e fácil trabalhar com eles... digo o mesmo para a Honda Automóveis.
ResponderExcluirCom relação à acabamento, as Honda (pelo menos as nacionais) são infinitamente melhores acabadas que as Yamaha, as primeiras Fazer tinham um acabamento bem safado (não me refiro à beleza e sim à qualidade das peças empregadas).
ResponderExcluirVerdade que a Honda CG tem vários pontos positivos e anteriormente, poucos pontos a serem acertados, porém atualmente parece um comportamento de manada. Consumidores compram Honda porque é mais vendida e ela é mais vendida porque os consumidores só querem saber dela, em se tratando de motos de Baixa cilindrada e muitos, sem sequer conhecer o mundo a sua volta.
ResponderExcluirGostei do design da CG, porém bonita mesmo, na minha opinião só a Titan EX, pois é a única que vem com rodas de liga leve.
De resto, uma moto muito boa pro dia a dia, porém, na minha opinião, não necessariamente superior como os 85% de vendas no segmento sugerem.
Mendes
Quando decidi adquirir minha primeira moto, há uns 5 anos, uma 125 (ou 150), fui pesquisar as motos: opções, preços, equipamentos, manutenção, etc. Todo mundo só falava "compra uma Honda e sossega" mas, sinceramente, sempre achei um absurdo o preço das Honda pequenas! E as completas então, nem se fala! Já havia outras opções no mercado, apesar de novas, principalmente marcas tradicionais e "confiáveis" como Yamaha e Suzuki.
ResponderExcluirResultado: decidi comprar uma Suzuki Intruder, isso lá em 2008. A moto tinha um visual que me agradava mais, com bem mais opcionais (freio a disco, partida elétrica, rodas de liga, contagiros, até marcador de marcha no painel) e mais barata do que uma CG Fan, que você tinha que ligar "pedalando" e que nem botão pra ligar/desligar o farol tinha...
Até hoje estou com essa moto, no uso diário, e nunca me deixou na mão. Está com tudo ok aos cerca de 45.000km, com manutenção em dia, motorzinho carburado reguladinho, econômica como uma 125, todos os itens funcionando normalmente, chassi intacto, suspensão original ainda - nunca precisei trocar nem retentores das bengalas!
"Ah, mas as peças são mais caras"... são um pouco mais, sim, pois você só acha peças na concessionária Suzuki, ao contrário das CGs que tem peça até em açougue. Mas peça paralela, que não dura nada. Agora vá comprar peça na concessionária Honda pra ver se a manutenção da CG é tão barata assim...
Moral da história: as pequenas Honda tem qualidades indiscutíveis, mas na minha opinião o preço que se paga por isso não vale. E um pouquinho de concorrência não faria mal nenhum ao mercado!
Concordo e assino em baixo!
ExcluirMendes
Como dono de uma Yes 06/07 concordo com sua filosofia, e te digo que tem muita, mas muita peça paralela pras suzukinhas (talvez a Yes mais que a Intruder, mas elas tem a maioria das peças compartilhadas).
ExcluirMais por menos e, detalhe muito importantíssimo: não roubam nem a pau!
Também considero o uso atual de motos uma insanidade. Ao tirar minha carta de motociclista, em 1978, aprendi que a moto é um veículo, e como tal, tem que usar sempre uma faixa de rolamento na condução, ou seja, isto tem que ser respeitado em qualquer situação em uma condução normal. Mas isto foi reformado legalmente, pelo menos na fiscalização, não sei se na habilitação atual também. E o que se ve pelo Brasil a fora é um caos, com prejuízo para a população em geral. É só observarmos um pouco os pedestres para vermos o grande aumento de jovens, mancando, com muletas ou próteses, esses são em sua maior parte aqueles que escaparam com vida dos acidentes com motos. Mas por trás do que vemos, ainda há um grande número de mortes causadas pela forma insana como hoje é permitido que as mortes sejam conduzidas. Tem-se que considerar também, que as pequenas motos hoje, devido ao seu preço, são o primeiro veículo de uma grande parcela da população, e estas pessoas estão adquirindo experiência na condução de um veículo de uma forma totalmente errônea. Diversas vezes, andando em velocidade compatível com nossas estradas, ao olhar pelo retrovisor de meu carro vejo outro carro grudado na traseira, forçando ultrapassagem, como se estivesse pilotando uma moto.
ResponderExcluirRealmente, também, creio que a indústria de motos é responsável por tal situação, assim como o governo que permitiu e mantém esta alteração ou brecha legal.