Pedais do Honda Civic |
Acho que a primeira instrução de voo que recebi do instrutor Salo Roth, no curso de pilotagem do Aeroclube do Brasil, já dentro do avião Neiva P-56 (lembro do prefixo, PP-GRS), foi como usar o acelerador, no caso um manete no lado esquerdo. "Só acelere o necessário e nunca com movimentos bruscos, o mesmo para fechar o acelerador".
Na primeira decolagem, sob comando dele para mostrar o básico, chamou minha atenção para a maneira de acelerar para dar potência de decolagem: iniciar a abertura mais devagar e depois fazê-la mais rapidamente. até o máximo (potência total para decolagem). Nunca mais me esqueci disso. Usava o jeito "Salo Roth" até nas largadas de corriida.
Hoje aplico essa maneira de acelerar no dia a dia inconscientemente. Quando ando de passageiro, sem querer sinto como o motorista usa o acelerador. Na maior parte das vezes, bruscamente. Ao acelerar e ao desacelerar.Em qualquer motor de ciclo Otto, não importa se a carburador, injeção, controle da admissão pelas válvulas como o Valvetronic dos BMW, ou acelerador elétrico de comando eletrônico, o controle de potência é feito pelo pedal da direita, que a nosso comando deixa o motor admitir mais ar conforme nossa vontade. Nos Diesel é diferente, não há controle de entrada de ar, que é máxima sempre, variando (pelo pedal) a quantidade de combustível injetado.
Por isso a instrução no avião, em que abrir o acelerador a partir de fechado muito rapidamente ocasiona reação do aparelho desviar da reta por efeito de torque do motor. Ele sempre existe, mas acentua-se muito abrindo-se o acelerador rápido demais.
É muito curioso sentir isso pela primeira vez, o avião tende a ir para esquerda e é preciso usar bastante leme para a direita, apertando esse pedal (são dois, um para cada lado de comando do leme). Na primeira decolagem, instrutor comigo, saí da pista a quase 90 graus e fui para no gramado..Fiquei apavorado e ele apenas riu, deixou eu fazer a besteira para aprender.
Traçando um paralelo com o automóvel, acelerar para decolar eatá para o leme assim como para arrancar está para o pedal de embreagem: ambos são difíceis no começo.
Na tentativa de decolar seguinte o avião desviou, mas bem menos; na terceira consegui. É sincronizar movimento do manete com a pressão no pedal de leme lado direito.
No automóvel acontece praticamente o mesmo ao arrancar, solta-se o pedal de embreagem ao mesmo tempo em que se acelera, com a embreagem quase totalmente fechada (pé fora do pedal) começa-se a acelerar mais. Aí é que entra a tal suavidade de abrir o acelerador que faz toda a diferença entre um arrancar suave ou não, independente de ser uma saída normal ou rápida.
Outro caso de acelerar é depois de rolar perdendo velocidade engatado, retomá-la.na mesma marcha. A pisada inicial no acelerador faz toda a diferença. Se rápida, há um pequeno tranco percebido mais por quem é passegeiro, ao passo que se ela começar lenta e depois for mais rápida, o rodar será outro completamente diferente, progressivo, suave.
No caso de dirigir rápido, chegar à curva, frear, reduzir (ou não, depende do caso) entrar nela e acelerar, abrindo o acelerador segundo o que foi dito é a melhor maneira de aplicar potência, pois perturba-se menos o carro. Haverá menos chances de um início de fuga da dianteira ou da traseira, dependendo de qual seja o eixo motriz.
O último caso é estar-se rodando normalmente e resolver-se tirar o pé do acelerador porque o sinal fechou adiante. Essa tirada de pé, se lenta no início, evitará o pequeno tranco do motor que deixa de produzir potência de repente.
Vale a pena aperfeiçoarmos o uso do acelerador, em prol de um dirigir ainda mais suave. O pedal da direita é bem mais importante do que se pensa.
BS
Bom dia Bob..
ResponderExcluirSeus post's sobre aviação só me fazem aumentar a vontade de aprender as maravilhas aviação, ressurgindo um desejo na infância em querer ser aviador...
Uma curiosidade, sobre aeromodelismo, já se aventurou também? Pois imagino que deve ser uma linga tênue entre o Robby.
Sempre sigo esta sina da suavidade ao guiar um carro ou moto. Aceleração, frenagem, curvas... sempre com a intenção de dar um conforto à mim e aos passageiros, além de uma economia no combustível e componentes do carro. Ao sentar o pé, tento levar da mesma forma. O que faz passar confiança até para o mais "cagão" dos caronas.
ResponderExcluirAs dicas do AE são altamente apreciáveis.
GiovanniF
Bob, uma pena é a calibragem grotesca que andam fazendo em alguns aceleradores eletronicos. Atrasos, falta de progressividade, aberturas abruptas e um transiente inacreditavelmente ruim sáo relativamente comuns. Já ouvi dize em reprogramaçao desses aceleradores com o fim de deixá-los mais fiéis aos comandos do motorista.
ResponderExcluirAbraço
Lucas CRF
Bob, não tem a ver com o texto, mas outro dia ouvi isto de um chefe de oficina Hyundai a uma cliente, que carro automatico o correto é colocar em "N" para ligar que quando se liga em "Park" você força o conversor de torque e quamdo estiver em um sinal parado sempre por "N" para não ficar forçando o cambio. Isto procede?
ResponderExcluirAbraço
Ótimo texto Bob!. Tenho uma pergunta a fazer,um tanto quanto offtopic, mas gostaria de aproveitar a oportunidade para sanar a dúvida existente. Bob, em carros com câmbio automático ou manual, realizar operações de frenagem utilizando o pé-esquerdo, tem algum benefício?. Em termos de comportamento dinâmico, há alguma mudança nas reações do veículo?. Quando ela pode ser usada? É um tema que se possível gostaria de saber mais detalhes.
ResponderExcluirObrigado!
Henrique
Bob;
ResponderExcluirTenho uma foto em um livro desse Neiva 56 novinho em folha na fabrica da Neiva em Botucatu!
Abraços!
Adoro posts assim, "instrtutivos" (ja que como ja dito por aqui,auto escolas ensinam a tirar cnh, e ñ a dirigir),gostaria que fizessem um post bacana tbm,sobre punta-taco..
ResponderExcluirparabéns BS
Colattelo
ResponderExcluirInformação errada. Deve-se ligar em Park, por questão de segurança, pois alavanca só se move desbloqueando-a pelo botão e com pé no pedal de freio. Não há esforço anormal no conversor de torque procedendo dessa maneira. Quanto a ficar em Drive num semáforo, o que ocorre é maior consumo de combustível do que se o câmbio ficasse em neutro, o carro quer andar mas está freado. Todavia, aumenta o número de câmbios automáticos em que, acionado o freio de pé, o câmbio entra em modo neutro. Astra, Vectra e Zafira têm isso, por exemplo.
Isaac
ResponderExcluirBoa sugestão, oportunamente falarei sobre o punta-tacco.
Anônimo 7/6 07:18
ResponderExcluirPOde frear com o pé esquerdo à vontade, não nenhum prejuízo e tampouco ganho em comportamente dinâmico. Há pilotos de rali que freiam com o pé esquerdo e até pilotos de F-1, como o Schumacher. Eu particularmente não gosto, a sensibilidada de perna/pé esquerdo é menor.
Concordo com o Lucas. O acelerador eletrônico está atrapalhando o prazer de dirigir por causa de calibragem equivocada. Dizem que tem a ver com o controle de emissões. Tenho minhas dúvidas.
ResponderExcluirNo Clube do Focus descobri que existe um dispositivo chamado "sprint booster" que se instala para minimizar o delay desses aceleradores http://novofocus.livreforum.com/t513-sprint-booster-tutorial-de-instalacao-dicas-e-impressoes.
Bob, já testou?
Bob
ResponderExcluirBelo texto e que venham mais desse tipo.
Sempre, o mais que pude, procurei administrar o pedal da direita da maneira como você descreve. O chato, porém, é quando o sistema de injeção, sei lá eu porque, não ajuda muito. É o caso de um Celta 1,4L que tive em que os trancos eram certeza não importando a maneira como se pisava no acelerador. E, mesmo sem pisar, como quando da parada num semáforo, o tranco era inevitável, e muito tempo depois de se soltar o pedal. Vale lembrar que esse modelo ainda não possuia acelerador eletrônico. Embora eu gostasse muito daquele carrinho esse era um sintoma que me incomodava e sinto até uma ponta de frustração por tê-lo vendido sem saber a real causa do problema e, sobretudo, sua eliminação.
Quanto mais eletrônica , menos temos contato com a Máquina .Tudo culpa dos NÓ-CEGOS que não sabem acelerar, frear , trocar marchas etc.. etc..
ResponderExcluirOs carros estão se tornando
CADEIRAS DE RODAS
Bob, por qual motivo o Civic tem o pedal de acelerador prolongado até o assoalho? Na maioria dos carros ele é suspenso.
ResponderExcluirRenan Veronezzo
Brilhante sempre relembrar isso Bob! E como exemplo da aviação, o assunto fica ainda melhor...
ResponderExcluirMister Fórmula Finesse
Na minha modesta opinião, acelerador no assoalho além de forçar muito menos o pé direito, facilita uma pilotagem mais precisa. Por isso que o Civic ainda é referência no segmento.
ResponderExcluirBob, curti bastante o post. Tenho observado bastante a forma como dirijo em relação à suavidade vs desempenho, porque o percurso que tenho feito diariamente tem muitas lombadas. Já até tentei, mas não consigo perder os tais poucos minutinhos de diferença em pró da economia, o trajeto é muito chato.
ResponderExcluirQuanto à pergunta do Henrique, imagino que seja costume de piloto que veio do kart, não?
Abs
Controle do acelerador é realmente fundamental, é bem comum ver motoristas "quicando" seus carros quando andando em primeira marcha por exemplo, vejo todo dia. Em motos é ainda mais delicado, quem quer se tornar um bom piloto tem que ter total domínio da abertura do acelerador.
ResponderExcluirQuanto a frear com o pé esquerdo, em rally existem até técnicas onde isso é necessário. Quando contornando uma curva rápida de baixa aderencia traseirando, por exemplo, é bem comum a utilização do freio enquanto se acelera pela curva pra controlar a distribuição de peso do carro e mante-lo no rumo.
acredito que hoje em dia a maioria dos pilotos da f1 e outras categorias freiam com pé esquerdo
ResponderExcluirAcredito que o assunto ''left foot Braking'' é mais extenso e complexo... Foi o piloto filândes Rauno Aaltonen quem difundiu a técnica no mundo dos rallyes. Sobre a sua funcionalidade, deve ser variada quanto à configuração dos veículos, de tração dianteira, dianteira ou integral. No meu caso, aprendi a utilizar o pé-esquerdo por ser canhoto, e por conduzir um carro com transmissão automática, para mim é mais cômodo e torna a condução mais confortável e precisa, as reações e controle dos pedais parecem ser mais rápidas, mas quando pego um carro com câmbio manual, há momentos que o pé esquerdo é utilizado ( geralmente na estrada, ou em caminhos de tráfego não muito intenso ). Um outro detalhe me chamou a atenção, acompanhando uma etapa do wtcc, pela câmera on-board, era possível ver o piloto dando ligeiros toques no freio, antes de atingir o ponto exato de frenagem, e contorno de curva, eu me perguntei '' Seria para ativar os freios para depois usa-los com mais intensidade na hora de uma frenagem mais forte ?''. Quanto ao pedal do acelerador, realmente é necesário alivia-lo totalmente para executar as trocas de marchas?, pois parece que em alguns veículos é possível faze-lo! estou eu enganado?..bem, gostaria de me aprofundar mais no tema! e a equipe do site, poderia trazer algo mais sobre o assunto.
ResponderExcluirDesde já obrigado
Henrique.
Sr.Sharp
ResponderExcluirDe fato, a suavidade é fundamental no manejo da máquina,seja qual for.Sem ter em vista apenas o conforto e a segurança dos usuarios,mas tambem a integridade e a durabilidade e , portanto a confiabilidade do veículo
Aprendi a dirigir num caminhãozinho Ford AA 1927;só pra dar partida na coisa,era um ritual quase aeronautico-atrasa a centelha no bigode esquerdo, enriquece a mistura lá na frente do passageiro,acelera no bigode direito...Pois bem; o diferencial era de rosca sem-fim,com uma relação bestial;então,ao aliviar o acelerador de repente,era tranco na certa; depois de uma redução de marcha,(cambio seco!)pior ainda.Não precisei dos cascudos q. o Pai(lemão brabo) me prometia,mas os hábitos criaram raízes e frutificaram-jamais detonei um carro,nunca deixei um passageiro nervoso...
Bob,
ResponderExcluirSua analogia com a aviação fica ainda melhor quando se recorda que a maioria dos carros, atualmente, tem tração dianteira: dependendo do projeto do carro, uma saída mais forte pode redundar em torque steer, exigindo correção ao volante para que o carro não saia da reta ao arrancar.
E, já que tanta gente tocou no assunto, o “AutoEsporte” do último domingo prestou um inestimável desserviço aos usuários de transmissões automáticas. Disse o apresentador da matéria que somente se deve sair da imobilidade em Drive no plano; caso o arranque seja em subida, deve-se usar as posições inferiores do seletor.
Esqueceu-se o nobre ás do volante que alguns câmbios automáticos, mas nem todos, são programados para arrancar normalmente em segunda marcha. Isso ocorre normalmente em carros mais potentes, porque como o conversor de torque tende a multiplicar a força nas rodas: é por isso que os primeiros câmbios automáticos costumavam ter menos relações de marcha que os manuais, quando equipavam os mesmos carros (o PowerGlide usado pela GM na década de 1950, por exemplo, tinha só duas, contra três nos câmbios mecânicos).
Tive um BMW 328i que funcionava exatamente assim. E, mesmo nas ladeiras mais íngremes, jamais precisei tirar o seletor do Drive: era só acelerar mais forte. O motor "sentia" o esforço para vencer o aclive, o câmbio imediatamente "chamava" a primeira e adeus ladeira.
Ótimo texto Bob!
ResponderExcluirTenho uma dúvida. Como deve ser a sequência quando passamos por uma lombada (frear, deixar o câmbio desengatado ou não, pisar na embreagem ou não, reduzir antes ou depois)?
Na escola de direção do Jackie Stewart,os carros dos iniciantes tinham uma bacia presa em cima do capô; dentro dela,uma bola de futebol.A primeira tarefa do aluno era percorrer um circuito simulado(urbano e extra-urbano)sem deixar q.a bola caísse, até dominar o jogo de suavidade e delicadeza no uso de volante,acelerador,freio e embreagem.O Marazzi tambem fazia algo parecido na sua excelente Escola de Pilotagem.(Saudade!)
ResponderExcluirSe os "braços" do pedaço acham isso importante, por que fazer diferente?
abraços pra todos
Super bacana esse assunto Bob. Como você sabe, gosto muito de dirigir suavemente, com o máximo de precisão possível.
ResponderExcluirInteressante lembrar dos ralis, tanto em pisos naturais quanto os de asfalto, onde é necessário perturbar o equilíbrio do carro em várias ocasiões, para fazer pêndulos e facilitar curvas, depois, ir controlando no acelerador, além do volante.
Tudo é questão de objetivo, e aprender a acelerar com suavidade permite aprender muitas outras coisas.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirExcelente texto, Bob!
ResponderExcluirÉ muito útil ter textos que dão subsídios menos abstratos à condução suave e rápida, já que dizer é uma coisa, fazer é outra.
Eu sofro de um mal que é a irregularidade. Tem semanas em que estou conduzindo suave e rápido, e outras em que até eu fico nervoso com minha falta de suavidade. Geralmente é alguma manifestação indireta do estresse...
JJ,
ResponderExcluirVocê foi o primeiro que indicou a razão mais explicitamente. Em outras palavras, a idéia então é provocar a "traseirada" sem perder giro, algo comum em curvas mais fechadas, não? Mas a dúvida persiste, neste caso não seria um punta-taco com uma cutucada mais forte no freio? Pisando no freio e no acelerador ao mesmo tempo não não há um esforço desnecessário na mecânica do carro? Ahhh... O que sempre vejo nos rallys é o uso do freio de mão, que aliás tem outro formato...
http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-182922335-freio-de-mo-hidraulico-drift-e-rally-_JM
Sds
Bob,
ResponderExcluirNão entendi a questão da curva. Como eu faço: ao ver uma curva, procuro reduzir a velocidade antes (se calcular que não vai dar pra fazer), caso contrário, mantenho a velocidade e NÃO reduzo marcha. Reduzir abruptamente não consome mais? Essa redução gera um tranco desagradável, eu acho...ou tô fazendo errado?
Ricardo2
Ricardo2
ResponderExcluirDepende do q. V. está fazendo ali,do carro q. V. está dirigindo, de quanta auto crítica e sensibilidade e V. dispõe para saber do q.V. e seu carro são e do q. NÂO são capazes
Um piloto de competição sabe que está lá para chegar na frente dos outros,conhece cada curva em detalhe,conhece muito bem o seu carro e os macetes para conduzi-lo de maneira ótima.E rápida.
Para nós comuns dos mortais,cujo maior objetivo é chegar em casa inteiro e com carro idem,vale a regra de ouro de sempre reduzir a velocidade ANTES de abordar uma curva q.não conhece;uma vez engajado nela, controle com o acelerador as transferências de peso entre os eixos D e T para garantir aderêncis onde se fizer necessária:no sub-esterço,alivie;no sobre-esterçp,acelere;corrija as fugas de trajetória com o volante e-pelo amor de Deus!-,sempre suavemente.E delicadamente.Recuperar uma escapada de traseira é coisa só para"gourmet" e com o tempo,V. chega lá.E JAMAIS freie no meio da curva!
Há situações em que o Ricardo2, como qualquer um de nós temos que frear durante uma curva, então faça isso suavemente e atento ao volante, caso o carro desequilibre.
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