google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 A EPOPEIA DOS JUROS - AUTOentusiastas Classic (2008-2014)

A EPOPEIA DOS JUROS


Este é um post extremamente longo. Teve de ser assim para ser possível explicar tudo o que de perverso  e ardiloso existe na "indústria" do financiamento, do que infelizmente poucos se dão conta. Recomendo sua leitura  até o final por um motivo óbvio: proteger o seu bolso e melhorar a sua vida.

O dinheiro que evapora
Quem já não ouviu a velha ladainha, "Não sei o que acontece. Ganho bem, mas não sei pra onde vai o dinheiro."?  Sabe qual a mágica que faz todo esse dinheiro "evaporar"? A nova classe média possui diferentes graus de endividamento e enfrenta esse tipo de questão, porém ainda sem entender o porquê desta discrepância. É o que esta matéria pretente explicar, bem como explorar algumas alternativas para que uma boa parte do que se ganha são seja perdida.

Este fenômeno misterioso do "dinheiro evaporante" vem do crescimento exponencial das dívidas causado pelos juros compostos, que no Brasil é agravado por aqui haver uma das taxas de juros mais altas do mundo, combinado com a depreciação do carro usado.

Para comprar uma mercadoria ou precisar do serviço, precisamos ter o dinheiro em mãos. A primeira opção é juntar o dinheiro e comprar, ou seja primeiro trabalhamos e depois usufruimos. A segunda opção é obter um crédito e depois saldá-lo. Usufruimos primeiro e pagamos depois, porém pagamos pelo uso de um dinheiro que não era nosso na forma de juros a quem nos fez o empréstimo. O juros são o preço que pagamos por esta facilidade de usar agora o dinheiro alheio.

Vamos entender esta questão através de um exemplo numérico bem simples. Digamos que vamos financiar um valor de R$ 10.000,00 por 3 meses a uma taxa de 10% ao mês. Escolhemos uma taxa de juros sabidamente muito alta - embora, por incrível que pareça, ainda menor do que a taxa de juros rotativa da esmagadora maioria dos cartões de crédito - para tornar bem evidente o fenômeno, mas não se iluda: O fenômeno existe, ainda que em menor grau, em nada menos que todas as operações que envolvam financiamentos.

Consultando uma tabela de matemática financeira, descobrimos que para saldarmos esta dívida de R$ 10.000 em três parcelas mensais e iguais com juros de 10% ao mês teremos que pagar uma prestação de R$ 4.021,15. Este resultado também pode ser facilmente obtido com uma calculadora financeira, como a famosa HP 12C.

Ao fim do primeiro mês, a dívida cresce 10%, e passa de R$ 10.000,00 para R$ 11.000,00. Quando pagamos a primeira prestação, R$ 1.000,00 foram usados para pagar os juros e R$ 3.021,15 para amortizar a dívida, que passa para R$ 6.978,85.

No segundo mês, com nova aplicação de juros a 10%, a dívida salta para 7.676,74. Desta vez, com o saldo devedor menor, com a prestação pagamos R$ 697,89 de juros e amortizamos R$3 .323,26 da dívida, que passa então para R$ 3.655,59.

No último mês, com nova injeção dos juros, a dívida passa a R$ 4.021,15. Desta vez, a prestação liquida a dívida, sendo pagos R$ 365,56 de juros e R$ 3.655,59 de amortização da dívida.

Vemos o efeito de pagamento de juros e da amortização da dívida no gráfico a seguir.


Neste exemplo vimos como funciona o mecanismo que se aplica na matemática financeira pelo sistema Price, onde os juros de um período antecessor são adicionados ao valor principal da dívida e esta é saldada por prestações mensais de valor constante.

Fica fácil perceber que as prestações neste sistema sempre devem ser superiores ao juros do mês para que a dívida possa ser saldada. Se a prestação for igual aos juros sobre o principal (dívida original), a dívida permanecerá constante indefinidamente (pois apenas os juros serão pagos, não se amortizando o principal), e se for menor, a dívida crescerá a uma taxa exponencial.

Além disso, como sempre devem ser pagos os juros totais do mês e estes juros são proporcionais ao valor que falta do principal a ser saldado, quanto maior o montante de principal que falta para ser saldado, maior será a parte da parcela referente ao pagamento de juros, ou seja, menor será a parte da parcela paga que sobra pra diminuir o principal. Este raciocínio pode não parecer simples ao ser posto em palavras, mas se for acompanhado olhando para o gráfico acima, fica mais fácil de ser entendido.

A conclusão anterior nos conduz a uma outra não tão simples nem evidente. Apesar da dívida ser financiada a uma taxa de juros e de pagamentos constante, o crescimento do número de prestações não divide o valor da prestação na mesma proporção, por causa do pagamento cada vez maior de juros.

Se o prazo cresce mas o valor da prestação não cai na mesma proporção, o que se paga a mais é puro pagamento de juros.

Num caso prático, sabemos que já foram praticados financiamentos de carros a 84 meses. Dependendo das taxas de juros praticadas, se elas não forem significativamente menores com o aumento do número de prestações, as prestações de financiamentos de 60, 72 e 84 meses estarão muito próximas, não compensando o aumento do prazo do financiamento.

Quando se financia um carro, este é um fator importantíssimo a ser observado, pois arrisca-se a pagar um ou dois anos extras apenas por causa do maior de pagamento de juros.

Há alguns anos, as taxas de juros para financiamento eram maiores. Isto, apesar de render grandes retornos às financeiras, impedia que os financiamentos ficassem muito longos por causa das altas taxas cobradas. Apesar do financiamento ser curto, o montante de juros era alto por causa da alta taxa. De uma década para cá as taxas de juros caíram sensivelmente. Se fossem mantidos os prazos iniciais de financiamento, o retorno das financeiras cairia muito.

Já que não mais se podia cobrar taxas tão altas, o que elas fizeram? Compensaram os juros menores com prazos maiores. Sendo o juro uma remuneração sobre o uso do dinheiro por um determinado período de tempo, se a menor taxa de juros faz a remuneração cair, o uso do dinheiro por um maior tempo a faz subir. Daí apareceram, quase que magicamente, os financiamentos em 36 meses ou mais, pois quanto maior o prazo, maior o valor relativo aos juros.

Sutilezas do sistema de financiamento
Agora vamos entender algumas sutilezas do sistema de financiamento. Se tivéssemos poupado R$ 3.333,33 pelos três meses, ao final teríamos os R$ 10.000,00 para o nosso gasto. Em vez disso, através do financiamento tivemos acesso imediato aos R$ 10.000,00, e pelo empréstimo pagamos 3 prestações de R$ 4.021,15, ou R$ 12.063,45 no total, ou um pouco mais de 20% de acréscimo do valor.

Nosso dinheiro vem do nosso esforço de trabalho, que depende da aplicação de um pouco do nosso tempo de vida. Dispendemos 20% a mais do nosso esforço de trabalho e tempo de vida que cedemos para nosso credor, apenas pela facilidade de comprarmos hoje e pagarmos depois.

Enquanto gentilmente ofertamos para o nosso credor 20% para pagamentos de juros, ninguém paga juros pelo nosso trabalho e pela nossa vida.

Daqui tiramos a primeira lição. Quanto vale para você o suor do seu rosto e cada instante da sua vida? Juros, se significam apenas dinheiro e lucro para nosso credor, para nós representa o respeito ao nosso trabalho e à nossa vida. Pagar juros abusivos de boa vontade é desrespeitar a si mesmo.

Vamos expandir o exemplo simples para um prazo maior. Novamente, escolhemos manter a taxa propositalmente muito alta com fins didáticos, para que o fenômeno seja de fácil visualização.

Se fizermos um empréstimo R$ 10.000,00 à mesma taxa de 10% ao mês durante 60 meses, a prestação passa a R$ 1.003,30, aparentemente muito mais leve do que os R$ 4.021,15 do exemplo anterior, porém iremos pagar no final R$ 60.198,00, ou 502% a mais que a dívida original.

Diminuimos o valor da prestação para um quarto do valor anterior, porém estendemos o tempo de pagamento em vinte vezes.

Embora o fenômeno da amortização ocorra ao longo de todas as prestações, neste exemplo pareceria, à primeira vista, ser o mesmo que pagar a dívida nos 10 primeiros meses e pagar outros 50 meses só em juros. Na verdade, o que ocorre é justamente o contrário: Praticamente pagamos primeiro os 50 meses de juros pra só então começarmos a pagar o principal. E esta característica tem um efeito muito perverso que irá ser entendido a seguir.

Vemos no gráfico a seguir o efeito da amortização desta dívida:



Neste gráfico percebemos que a diferença entre o valor da prestação e dos juros mensais da dívida é bem pequena no começo do financiamento (apenas $ 3,30 na primeira prestação), que a amortização só acelera praticamente a partir da 30ª parcela. E, pasmem, após termos pago 50% do prazo do financiamento, amortizamos apenas pouco mais de 5 % do principal. Sim, após pagarmos R$ 1.003,30 todo mês durante  30 meses, totalizando R$ 30.099,00 de uma dívida original de R$ 10.000,00, e ainda devemos R$ 9.457,00.

Este é praticamente o caso de financiarmos nossas dívidas pelo cartão de crédito, já que as taxas de juros praticadas são semelhantes à do exemplo.

Quanto maior a taxa de juros e maior o prazo do financiamento, mais suave é curva de amortização da dívida. Como consequência, a dívida permanece praticamente estável por um prazo maior. Vejam o gráfico abaixo. Ainda há dúvidas sobre os 5% de amortização após 30 meses?


Esta propriedade, quando em financiamento de veículos, acaba tendo mais uma implicação, que mais uma vez é desfavorável ao consumidor.

Muitos financiamentos de automóveis são feitos a prazos longos, de forma a compatibilizar o valor do bem com a capacidade de pagamento da família. É comum que os proprietários destes carros desejem trocar de carro antes do final do financiamento, o que deixa a dívida pendente a ser saldada pelo valor de revenda do automóvel.

No entanto, o comportamento da amortização da dívida é oposta à da de valor do automóvel. Enquanto a dívida permanece com taxa de amortização reduzida, próxima ao seu valor máximo por um longo período, a depreciação do valor do carro é maior nos primeiros anos, desacelerando com o tempo. Então, para um financiamento total do valor de um carro, o bem só será suficiente para saldar a dívida após um período de tempo.

Sendo assim, nos primeiros meses do financiamento, o dono deve mais do que o carro vale. Isto significa que, supondo um veículo segurado, se houver um sinistro com perda total no sétimo mês, por exemplo, a indenização do seguro pelo valor de mercado será insufuciente para saldar a dívida. Neste cenário, se o dono deste carro financiado tiver seu veículo furtado ou roubado, o dinheiro da seguradora irá todo para pagar parte da dívida, restando a ele ainda algum saldo a pagar.

Ou seja, mesmo depois de pagar 7 parcelas, o dono ficou sem carro, sem dinheiro e com o mico de terminar de pagar a dívida.

Exemplos realistas
Vamos ilustrar este processo com um exemplo com valores mais realistas. Primeiro, vamos pegar os valores de revenda de cada ano de fabricação de alguns carros fabricados praticamente idênticos há pelo menos  cinco anos.

Vamos usar dois carros fictícios, um "Hatch" básico e uma "Minivan", porém baseados em carros reais retirados da tabela Fipe.

O Hatch novo tem preço à vista de R$ 30.000,00, porém o modelo 2011 usado vale R$ 28.413,00; o 2010, R$ 27.177,00; o 2009, R$ 25.857,00, o 2008, R$ 23.700,00; e por fim o 2007, R$ 22.265,00.

Já a Minivan novo tem preço à vista de R$ 65.000, porém o modelo 2011 usado vale R$ 58.271,00; o 2010, R$ 51.810,00; o 2009, R$ 45.168,00, o 2008, R$ 39.782,00; e o 2007, R$ 32.443,00.

O valor à vista do Hatch novo representa 46,2% do valor da Minivan.

Depois, escolhemos o modo de financiamento. Nossa opção é por um modelo de financiamento sem entrada, com prazo de 60 meses, a 3% de juros ao mês, tal como muitas famílias de classe média costumam fazer.

Pelas tabelas financeiras, descobrimos que a parcela para este financiamento é de 3,613% do valor financiado.

Como todo o resto dos cálculos, incluindo a amortização da dívida, são proporcionais aos valores financiados, e para termos uma base de comparação direta entre carros de valores diferentes, as curvas de depreciação destes carros serão divididas pelo valor do carro zero a ser financiado.

Estes valores foram colocados em uma planilha, junto com as curvas de amortização de dívida de 0,5% a 3% de juros. Estes dados geraram o gráfico a seguir:


Vemos que o Hatch possui uma taxa de depreciação que é a praticamente a metade da taxa da Minivan. Isto já era esperado.

O Hatch, sendo um veículo de menor valor, possui um público consumidor muito mais amplo, sendo mais fácil de revender. Por isso desvaloriza muito pouco.

O dono de um Minivan não tem a mesma facilidade de venda. Com as facilidades com que o reduzido público interessado pode adquirir um Minivan novo, o dono da Minivan usado precisa depreciar mais severamente o veículo para passá-lo à frente.

É praticamente uma lei de mercado. Quanto mais luxuoso e caro um veículo, maior é sua depreciação. Se esta depreciação já é maior em termos relativos, em termos absolutos ela é ainda mais profunda.

Ambos os carros desvalorizam mais rápido que a curva de amortização da dívida cai nos primeiros meses.

Quando a curva de valor destes carros cruza a curva de valor da dívida, significa que o valor obtido com a venda do carro descontado o pagamento da dívida é zero. A partir dali, se o carro for revendido, haverá um saldo positivo na revenda para dar de entrada em um novo veículo. Antes disso, o proprietário terá de desembolsar um valor adicional na hora de liquidar a dívida, o que obviamente é um mau negócio.

No caso do Hatch, sua curva de valor de revenda cruza a curva de valor da dívida aos 9 meses, voltando a se aproximar bastante dela na desvalorização do primeiro ano. Para estes 9 meses, o carro perdeu algo em torno de 5% do seu valor de revenda, e de 10% após seu primeiro ano. Já a Minivan só irá cruzar as curvas de valor na 32ª prestação (2 anos e 8 meses), quando já perdeu 30% de seu valor.

Assim, o Hatch atinge esse ponto na terça parte do tempo com um terço da perda relativa da Minivan. Considerando que a Minivan novo custa mais do dobro do valor do Hatch novo, o custo de equilíbrio entre revenda e o pagamento de dívida é seis vezes maior e três vezes mais lento na Minivan, o que torna a sua revenda mais demorada e cara em relação ao Hatch.

Reparem que o efeito de decaimento mais lento da dívida ser mais pronunciado nas taxas de juros maiores prejudica muito mais a Minivan do que o Hatch neste aspecto. Quanto mais acelerada a depreciação do bem, sua composição com os juros do financiamento torna mais complexa a revenda futura e aumenta muito as perdas.

Definitivamente, enquanto negócio, é muito melhor investir em dois Hatchs do que em uma Minivan. E esta conclusão nos leva a um outro lado da questão.

Há dois tipos de dívida, em função do uso que damos ao fruto do crédito. Quando uma empresa compra um veículo para sua frota, este veículo irá reduzir custos e aumentar a produtividade, gerando mais lucro. Com este lucro, o veículo paga o próprio financiamento e ainda oferece uma sobra deste lucro. Da mesma forma, quando empresário financia uma máquina para sua fábrica, ele imagina que o retorno em lucro que esta máquina será maior do que o valor que ele paga por este financiamento e que, ao final do prazo de pagamento, todo o lucro gerado pela máquina será dele. Existe todo um método na matemática financeira para calcular isto, que se chama TIR (taxa interna de retorno). Dívidas deste tipo são dívidas auto-liquidantes, elas praticamente se pagam sozinhas, e são importantes para o crescimento econômico.

Isto explica por que os veículos de frota quase sempre são pequenos e baratos como o Hatch, pois quem os compra está preocupado em que eles tenham o menor custo possível para serem utilizados.

Já um veículo particular não pertence a uma empresa e não traz diretamente uma vantagem econômica a seu proprietário. Pode até oferecer vantagens e comodidades, mas não gera direta ou indiretamente algum lucro que o pague. De um ponto de vista puramente financeiro, é apenas um ônus para seu proprietário. E um ônus bastante pesado. E é exatamente por este motivo que a compra de um veículo precisa ser bem avaliada pela família.

Quando se compra um carro, pode-se dividir o investimento em duas partes: a necessidade e o luxo. Necessidade é a escolha mínima que atenda a funcionalidade exigida pela família, enquanto o luxo é qualquer gasto feito acima do patamar de necessidade. Necessidade é ter um meio de transporte eficiente e confiável.

Os custos de comprar o carro de necessidade são o preço que se paga para se ter um utilitário que sirva para levar as pessoas e coisas de um lado para outro. Como o carro de luxo tem depreciação mais severa que o carro de necessidade e custa mais, o custo de sair do carro necessário para o carro de luxo explode a longo prazo com a diferença de preço entre ambos.

Quem compra um carro de luxo deve estar consciente deste fato, e estar satisfeito em pagar este pesado custo extra pela comodidade adicional. E calcular este custo adicional é muito mais complexo do que parece. É o que veremos na continuação do exemplo.

Digamos que uma família com duas crianças pequenas pretenda comprar a Minivan. Entretanto, o grande uso do carro será levar o dono da casa ida e volta do trabalho todos os dias e eventualmente fazer as compras no supermercado. Digamos que para esta família um Hatch seria o mínimo suficiente.

Se a família focar no conforto de um Minivan, logo de cara ela empenhará o dobro do valor da prestação de um Hatch nas mesmas condições de financiamento. A prestação da Minivan é de R$ 2.348,64, contra R$ 1.083,99 do Hatch. Haverá menos dinheiro para passeios, roupas, brinquedos pras crianças, para a reforma da casa, para a troca da geladeira etc.

Ao final de 36 meses, quando a família poderia querer trocar de carro, a dívida acumulada ainda seria de 61,2% do valor financiado, mas com uma prestação de 3,613% do valor financiado, ao final do prazo de 36 meses o proprietário teria desembolsado 130% do valor do bem. Estes valores percentuais valem para qualquer carro financiado nestas condições. Pela Minivan, a família pagou R$ 84.449,89 nas parcelas e ainda deve R$ 39.780,12.

Para o Hatch nas mesmas condições, o valor de revenda é de 86,2% (R$ 25.857,00) do valor original (R$ 30.000,00), sendo que a dívida é de R$ 18.360,77, gerando um saldo positivo de 25% (R$ 7.496,23) ao liquidar a dívida. Porém, após do desembolso de 130% (R$ 39.023,66) em pagamentos de prestações, 105% (R$ 31.526,70) "evaporaram", foi definitivamente perdido em desvalorização (R$ 4.142,76) e pagamento de juros (R$ 27.988,58).

Para a Minivan, estes valores são muito piores. O valor de revenda é de 69,5% (R$ 45.168,00), com saldo positivo de 8,3% (R$ 5.388,00), perdendo por completo 121,8% (R$79.061,41), sendo R$ 19.831,88 em depreciação e R$ 59.229,52 apenas em juros

Caso se queira trocar de carro por outro igual, enquanto no Hatch a troca permite o financiamento de 75% do valor à vista, para a Minivan é necessário refinanciar 91,7%.

E esta diferença continuará crescendo enquanto esta opção pelo conforto da Minivan for mantida nas futuras trocas de carro.

Optar pela Minivan em um financiamento de longo prazo com uma taxa tão elevada é um luxo muito caro, e que poderia ser usufruído de outras formas mais construtivas.

Esses números assustam? Pois são pra assustar mesmo, mas no mundo real, estes números podem ainda ser mais severos. A tabela Fipe é muito otimista sobre os valores praticados nos mercados de usados. Um determinado sedan de luxo, que novo custa em torno de R$ 110.000,00, no modelo 2005 tem valor próximo a R$ 30.000,00 pela tabela FIPE, mas pode ser vendido abaixo dos R$ 20.000,00 no mercado de usados.

Além de ser um modelo de depreciação ainda mais profunda que a Minivan, este carro de luxo tem valor praticado no mercado pelo menos 33% abaixo do indicado na tabela Fipe, e esta diferença pode mascarar muitos resultados.

Observem bem o gráfico. Reparem nas taxas mais baixas de juros, e refaçam os cálculos anteriores para as taxas de 0,5%, 1% e 2%. É nítido como esses números melhoram com uma redução ínfima de 1% ao mês, especialmente para a Minivan. Portanto, uma taxa de 3% de juros ao mês não pode ser considerada como baixa para um prazo tão longo quanto 60 meses, embora ela seja praticada por algumas financeiras.

Em nosso senso comum, parece que algo como 2% ou 3% é algo pequeno, um recurso psicológico largamente usado pelas financeiras para facilitar as vendas. 3% de juro ao mês não é pouco em país nenhum. Eles significam 42,6% ao ano, em juros compostos. Você toparia pegar R$ 10.000 emprestados hoje comprometendo-se a pagar R$ 14.260 daqui a um ano? Pois você faz mais ou menos isso ao aceitar um financiamento com taxa de 3% ao mês.

Se, em vez de comprar um Minivan, a família tivesse optado por comprar o Hatch e a diferença dos financiamentos fosse depositada numa poupança, ao final dos três anos haveria um saldo de R$ 45.200,00. Este dinheiro, que deixou de ser pago na forma de juros e depreciação, pode agora vir a ser usado na compra de outro carro maior na troca com o Hatch, com uma dívida muito menor, e com um crescimento muito mais consistente do patrimômio familiar. É até seja possível comprar agora o sonhada Minivan.

Somando-se os R$ 45.200 economizados aos 7.500 reais do valor do Hatch após a sua venda e quitação da dívida, seria possível comprar a Minivan de R$ 65.000,00 dando-se 52.700 reais de entrada e financiando-se apenas R$ 12.300,00. Ora, se a família continuar a pagar a mesma parcela de até R$ 2.350,00 que vinha pagando, pode financiar estes R$ R$12.300,00 em apenas seis parcelas de R$ 2.270,00 e pronto, dali a 6 meses ela terá um Minivan com 6 meses de uso e, o melhor de tudo, quitado. Isso apenas 42 meses após ter comprado o Hatch.

Caso tivesse optado pela Minivan naquela primeira ocasião, teria hoje uma Minivan de 3 anos e meio de uso e ainda estaria devendo R$ 30.921,54.

Qual a mágica nisso? Simplesmente a família guardou para si o que pagaria em juros e depreciação. Em vez de pagar juros à financeira e perder em depreciação, ela preferiu pagar isso para si mesma. E pagando para si mesma, o dinheiro não "evapora".

Há uma vantagem adicional em começar a comprar o carro por baixo, poupando e planejando aos poucos o crescimento do modelo que se vai adquirir em seguida. Ninguém sabe como será o dia de amanhã, muito menos como serão os anos vindouros. Se após dois anos de começado o financiamento o proprietário do veículo ficar desempregado, se ele optou pela Minivan, acabou de se meter em uma enrascada. Não terá dinheiro pra pagar as prestações do carro, e de nada adiantaria entregar o carro para a financeira, pois a dívida é maior que o valor dele.

Já se ele optou por comprar o Hatch e poupar o resto, terá fôlego para pagar as prestações menores do carro, e ainda terá uma reserva financeira para os demais gastos da casa até conseguir outro emprego.

Brasil, juros e poder aquisitivo
Toda esta lambança de números significaria pouco se estivessemos falando da compra de uma caixa de fósforos, mas não quando falamos de algo tão valioso quanto um carro e ainda mais no Brasil. Para começar, nosso poder aquisitivo está muito aquém em relação aos países desenvolvidos, e nossos carros custam praticamente o dobro em dólares de seus semelhantes lá fora.

Como base de comparação do poder de compra pelo mundo, a agência UBS divulga sua versão do "índice iPod", onde ela avalia o tempo necessário para um trabalhador médio poder comprar um iPod em diversas cidades do mundo. Na sua versão 2010 (http://www.ubs.com/1/ShowMedia/wealthmanagement/wealth_management_research/prices_earnings?contentId=170298&name=PreiseLoehne_2009_e.pdf), usando um iPod Nano de 8 Gb como referência, enquanto um trabalhador de Nova York precisa trabalhar nove horas para comprar o seu, em São Paulo são necessárias 46,5 horas e no Rio de Janeiro, 56 horas.

Em termos de poder aquisitivo, um nova-iorquino médio tem que trabalhar um quinto do que um brasileiro trabalharia para comprar um mesmo bem.

Ao financiar, o aperto é ainda maior por causa dos juros. Pagamos em média por mês o que em países desenvolvidos se paga por ano. Ou se preferir, pagamos por ano o que lá fora se paga em 12 anos. Nossos juros estão entre os piores do mundo - e melhores do mundo para quem financia - e só são comparáveis a de países pequenos com economias falidas.

O resultado desta diferença é notável. Enquanto um americano compromete entre 5% a 8%, em média, do seu rendimento familiar por cada carro grande, no Brasil é comum as famílias usarem o limite de 30% do rendimento familiar bruto para comprar o melhor carro que estiver ao alcance, e este poder de compra aparece no tamanho dos carros que vemos nas ruas.

Mas se nosso poder aquisitivo é tão baixo e os juros tão altos, como explicar o crescimento das vendas de carros em faixas mais altas, como o dos sedãs médios? A resposta é simples. O brasileiro não olha o quanto custa; ele olha apenas se "cabe no bolso".

Então, vender no Brasil significa encantar o consumidor e financiar o produto, por mais caro que seja, de forma a que a carga da prestação seja suportável pelo rendimento familiar. Preço final e taxa de juros são fatores subjetivos que não costumam ser mencionados no processo de venda.

Este apelo de vendas é tão eficiente, que o setor de política econômica vem tentando reduzir o consumo nos últimos meses sem grande sucesso. No começo de dezembro do ano passado, o Banco Central aumentou o IOF nos financiamentos, o que levou os bancos a dobrar as taxas de juros praticadas. O objetivo era frear em até 20% da venda de carros, em especial pelo consumidor de mais baixo poder aquisitivo que faz o financiamento sem entrada e em longos prazos.

Apesar deste aumento, o impacto no mercado foi pequeno, e novo choque com aumento do IOF foi anunciado pelo Banco Central na semana passada. E, se o consumo continuar aquecido, novos aumentos no IOF poderão ser adotados para manter a inflação sob controle.

Com o crescimento da economia e consequente aumento do poder aquisitivo da população, em vez de construir um patrimônio familiar de forma consistente, o brasileiro abusa do acesso ao crédito fácil e caro para o consumo imediato, permitindo que muito do seu esforço de trabalho "evapore" na forma de pagamento dos juros extorsivos, anule o ganho no poder aquisitivo, e comprometa a capacidade de pagamento de outros gastos.

Para piorar mais um pouco a situação, mesmo que o cliente queira pagar a vista, os vendedores são instruídos a empurrar-lhes financiamentos. Por quê? Porque as financeiras repassam à concessionária e ao vendedor uma comissão chamada de "retorno" (adivinhem quem acaba pagando este retorno no final das contas...) por cada financiamento efetuado. E o valor deste retorno depende do valor financiado, do quanto de taxa o cliente está pagando e do prazo do financiamento. Obviamente, quanto maior o ganho da financeira (mais financiamento, mais prazo e mais taxa). Trocando em miúdos, quanto mais caro, mais longo e com maior vulto for o financiamento, mais o vendedor ganha com ele.

Isto explica por que todo mundo oferece financiamentos de 60 vezes, torcendo o nariz para financiamentos curtos. A orientação dada aos vendedores é clara: reverta a venda a vista em venda financiada, pois venda a vista rende menos para a concessionária. Se você chegar com R$ 30.000,00 para comprar seu Hatch à vista, o vendedor está instruído a tentar lhe vender um outro carro mais caro, para que você precise financiar. Isso se ele não argumentar que é melhor aproveitar o financiamento com a menor entrada possível e guardar o dinheiro para eventuais "emergências"... Tudo para não vender só a vista.

Antes de comprar financiado
Há ainda no setor de vendas de automóveis uma série de lendas e fatos obscuros que prejudicam o consumidor na hora de financiar seu carro, especialmente o zero-quilômetro. Daí, seguem algumas dicas pra comprar seu carro zero financiado:

- Não acredite em anúncios de carros vendidos a juro zero. Juro zero, ainda mais aqui, onde temos um dos juros mais caros do planeta, nem Papai Noel dá. Esse truque, muito usado até em propagandas de grandes fabricantes, inclui os juros no preço à vista. Além de faltar com a verdade, não dá margem ao consumidor em negociar as taxas reais de juros. Se for comprar um carro anunciado a juro zero, passe antes em outra concessionária da mesma marca e experimente negociar uma compra à vista. O preço irá cair na hora, e esse valor é que servirá de base para sua negociação do financiamento.

- Todo vendedor tem diferentes tabelas de financiamento, geralmente variando entre 0,5% e 3%, que ele aplica conforme o seu gosto pelo cliente. Seja duro. Negocie a taxa de juros. Mesmo uma redução de 0,5% na taxa pode significar um bom dinheiro agora e no futuro, especialmente nos carros mais caros.

- Espere resistência do vendedor para usar uma tabela mais branda de juros. Por mais amigável que ele seja, lembre-se que ele é comissionado com parte daquilo que ele vender a mais e é treinado para tirar o máximo dos compradores. Seja mais amigo do seu bolso do que do vendedor "amigão". Não tenha vergonha de negociar. É o seu dinheiro futuro que está em jogo.

- Se for comprar um carro mais caro financiado, comece negociando um financiamento do carro mais básico da marca nas mesmas condições ao que planeja fazer, antes de negociar o carro que realmente deseja . Os compradores dos carros mais básicos são os que tem menores condições de consumo pra adquirir o veículo, e o jeito de fazer o carro "caber no bolso" deles é usar as taxas de juros mais baixas. Em compensação, os vendedores usam as taxas mais altas para os carros mais caros porque este consumidor é mais abonado e menos sensível a uma tabela mais cara. Como as tabelas de financiamento são proporcionais, se fizer a mesma proporção entre o valor financiado e da prestação do carro mais caro pelos valores do mais barato, você estará usando a mesma taxa de juros do carro barato. Se o vendedor tentar empurrar um financiamento mais caro, você terá uma poderosa arma de negociação.

-Pelos dois motivos acima, nunca vá em trajes elegantes comprar um carro. Se o vendedor acreditar que seu padrão de vida é superior, ele irá aplicar a tabela mais cara e será menos flexível para negociar.

- Leve papel, caneta e uma calculadora (se for uma financeira como a HP-12C, melhor). Quando estiver negociando, deixe as condições e os valores muito bem anotados e ordenados de forma a serem facilmente localizados. Sempre faça as contas de quanto somam as prestações e quanto isso representa a mais sobre o valor financiado. Isso dá uma idéia de quanto vc está pagando a mais pelo financiamento. Fazer um monte de contas e se perder no meio delas é um recurso que o vendedor pode lançar mão para reverter uma negociação a favor dele.

- Quando realmente for comprar o carro, mostre ao vendedor as pesquisas que fez em outras concessionárias, e mostre que você ou um amigo que for junto sabem fazer estas contas de juros, especialmente a de valor pago no total das parcelas. Faça todas as contas na frente dele. O vendedor sempre tira partido do consumidor despreparado e desinformado, e se sentirá inibido em praticar juros caros diante de um consumidor esclarecido. Para não perder totalmente a venda, o vendedor terá que fazer concessões na comissão da financeira usando uma tabela que é mais favorável a você.

- Se for levar o(a) cônjuge no momento da negociação, tenha uma boa conversa com ele(a) a antes de ir negociar e explique bem o que vai fazer. Nada pior para o seu bolso que uma compra feita por impulso e emoção.

-Não pense que irá fazer grandes negócios em grandes feirões de fim de semana, melhor que dentro das concessionárias durante a semana. A logística de montar um feirão é muito cara, e quem paga a conta é quem compra o carro alí.

-Os feirões se multiplicaram porque passam a impressão que por serem vendas "da fábrica", os preços serem menores. Geralmente são feitos em estacionamentos de supermercados e shopping centers de final de semana, quando o consumidor passa por ali apenas por curiosidade e completamente despreparado para a compra, e leva o carro na base do impulso. O fato de estar acompanhado do cônjuge e dos filhos acentua ainda mais a compra por impulso. Assim, lá é onde se praticam os piores juros. Bom negócio ali, só depois de muita negociação.

- Se a negociação não estiver caminhando como deseja, recomeçar o processo em outra concessionária antes de assinar qualquer coisa é sempre um recurso válido.

- Financie sempre no menor prazo possível. Se possível, financie em 12 meses, ou em 24 em caso de extrema necessidade. Nada além disso. Quanto maior o prazo, mais tempo a dívida demora a ser amortizada e mais juros são pagos. "Financiamento em 84 meses em suaves prestações mensais" são uma boa forma de comprar um carro e pagar por dois ou até três. Não dá pra comprar o carro dos sonhos em 12 meses? Se contenha. Esse é seu real poder aquisitivo, compre um menor e vá evoluindo aos poucos.

- Pague à vista quando possível, apesar de toda a resistência em contrário por parte do vendedor (lembre-se de que ele é comissionado pela financeira). Se não for possível comprar à vista, dê o máximo de entrada possível. Quando for negociar, simule um financiamento sem entrada e outros com diferentes entradas, e compare os juros.

- Se for comprar o primeiro carro e pretende começar por um carro mais caro, pense na possibilidade de começar por um carro básico e poupar a diferença entre prestações. Quando for trocar de carro, sua situação financeira estará sempre melhor daquele ponto em diante. E a economia ao pagar para você mesmo os juros que você pagaria à financeira proporcionará uma compra mais rápida do carro dos sonhos.

- Poupe sempre antes de comprar, nem que seja depositando em caderneta de poupança. Por pior que seja, é sempre preferível receber juros que pagar juros.

- Está com vontade de trocar de carro? Antes de decidir que vai trocar de carro, avalie se a troca é realmente necessária, se o carro atual está dando problemas de uma forma que torne inviável continuar com ele. Caso seja possível continuar com ele, segure seu impulso e "estique-o" por mais algum tempo para poder poupar o suficiente para a sua troca. Simule a troca, defina o quanto estaria disposto a pagar de parcela e guarde mensalmente este valor. Assim se economiza milhares de reais em juros que deixam de ser pagos ao se trocar o financiamento pela compra a vista.

- Juros são o dinheiro mais jogado na lata do lixo que existe. Simplesmente é um dinheiro que é gasto sem gerar retorno nenhum para quem os paga . Apenas aceite pagá-los quando for absolutamente necessário.

 Assim como alguém que deseja emagrecer precisa reaprender a escolher os alimentos que vai comer, quem quiser viver melhor a longo prazo, usufruindo melhor do maior poder aquisitivo que vem sendo proporcionado pela nossa economia, precisa aprender a consumir.

Patrimônio é algo que se constrói aos poucos, ao longo de vários anos. Ter um monte de coisas caras em contrapartida de uma dívida maior do que elas valem não é constituir um patrimônio.

Os números mostrados neste texto evidenciam que "caber no bolso" não significa que aquele bem estaja no seu patamar de consumo. Consumindo conscientemente se compra mais, gastando muito menos e ainda poupando para o futuro.

Crédito é como um doce colorido, bonito de ver e delicioso de provar, mas engorda e a longo prazo leva ao diabetes. Crédito tem indicação precisa, ainda mais quando é tão caro quanto o nosso. Resista à tentação, e use o sistema a seu favor.

Como entusiasta, acredito que meu carro é meu companheiro de aventuras, não um mestre pelo qual me escravizo por um sonho. Prefiro ter tempo de sobra e dinheiro no bolso para aproveitá-lo do que penosamente gastar esse tempo para ganhar dinheiro para pagá-lo. É nisso que eu acredito.

Nada impede que você continue comprando seu carro financiado, porém essa é uma opção que precisa ser tomada com total consciência do que se está fazendo. Se você achar que vale a pena, compre. Se não, respeite-se.

AAD

Obs: Engenheiro fazendo conta de economista pode gerar muita confusão. Grato ao colega entusiasta Carlos Maurício Farjoun, formado em administração pela FEA/USP, pela ajuda na compilação e na revisão técnica deste texto.

67 comentários :

  1. nunca tinha visto uma explicaçao tao clara disso.fico pensando nas pessoas que se preocupam em comprar marca X,cor Y,para revender bem.o verddeiro prejuizo esta na composiçao da divida.maior que marca ou cor.

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  2. Pedro Navalha17/04/2011, 17:08

    André Dantas,

    Esse texto é mais um que salvei, imprimi e guardei numa pasta, assim como muitos outros que você e outros colunistas já escreveram aqui no Autoentusiastas.

    Só com educação e cultura conseguimos uma vida melhor para nós e nossa família. Pena que ensinamentos assim não convém a muita gente, por isso grande parte das pessoas, que às vezes até se gaba do estudo que adquiriram não conseguem ter uma vida autosustentável e ficam se martirizando às vezes sem necessidade.

    Muitas pessoas hoje em dia não se conformam em viver de acordo com suas próprias posses. Sempre almejam algo que está acima do que podem ter...

    As financeiras sabem muito bem disso!

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  3. ótima dissetação, meus parabéns.

    Isso deveria ser ensinado nas escolas.

    Abraço,

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  4. Carlos Mauricio Farjoun17/04/2011, 17:41

    Guilherme, foi exatamente o que eu disse ao André quando ele me falou sobre esta matéria. Que apesar de tanta coisa que aprendemos no ensino médio, não nos é ensinado matemática financeira, instrumento valiosíssimo para gestão do nosso próprio dinheiro.

    E que inclusive este ensino nos previniria de entrar em roubadas como essa, de comprar um carro, pagar por dois, e acabar com meio (devido à depreciação após 5 anos) no final do prazo.

    Mas claro que não interessa às instituições financeiras que este tipo de conhecimento chegue ao conhecimento do grande público.

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  5. Que beleza de explicação. Esse segundo gráfico, exemplo 2, é a cara do meu financiamento de imóvel. Peguei 18 mil em 1997 pelo FGTS com juros de 12% ao ano e só senti que alguma coisa estava amortizando lá pelo sétimo ano, antes o extrato da caixa só mostrava pagto de juros, hahaha. Quando comecei a pagar, eram 3 salários mínimos, hoje pago 1/3 do SM, sendo que faltam ainda um ano e meio para findar os 15 anos. O único alento é que os 18 mil em 1997 compravam exatamente 2 ford KA zeros e hoje minha casa vale 250 mil (ou 10 ford KA)aqui no triângulo mineiro. Nesse período comprei dois carros zero com consórcio, pois não conseguimos poupar sem ter um carnê pendurado na geladeira, hehehe.

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  6. Carlos Bragatto17/04/2011, 18:05

    Meu primeiro e ultimo carro comprado zero quilometro foi um Uno Mille Fire Flex, em 2005, financiado em 48 parcelas, dei meu Santana 95 como entrada.

    1) O Santana entrou por, arredondando, 15000, o Uno custava 25000, eu precisei de 10000 emprestados (que se tornaram 20000)

    2) Quatro anos depois, fui trocar o Uno, que teve custo total de 35000 (15000 da entrada, mais 20000 do credito)

    3) Quanto peguei pelo meu Uno, impecável, quatro anos depois? Some-se a isso a depreciação, e eu recebi R$ 15000.

    Ou seja, eu saí de um VW Santana, puta carro, 2.0, todo conforto, para andar de Uno Mille, desconfortável, pelado (não tinha ar, vidros elétricos, nada), e "perdi" R$ 5000 por ano em quatro anos. Sai de um carro que valia 15000, pra passar 4 anos sofrendo com um inferior, pra depois ter na mão os mesmos 15000 reais !!!

    Eu *GARANTO* que se tivesse feito toda e qualquer manutenção no bom Santana, mesmo gastando mais gasolina, mais seguro, eu teria gasto MENOS do que 5000 reais por ano. Teria sido muito mais negócio ter consertado, mantido e ter usado o Santana por 4 anos. Isso que ninguem entende, que o carro zero tem uma depreciação violenta, e que se voce somar o juro do dinheiro que lhe foi emprestado no financiamento, voce perde MUITO dinheiro.

    E o detalhe mais cruel? Quatro anos depois, o valor de um Santana igual ao que eu tinha continuava sendo praticamente o mesmo, ou seja, ele já tinha desvalorizado o que tinha pra desvalorizar...

    Brasileiro precisa aprender mais sobre seu carro e mantê-lo direito. Veja os hermanos argentinos... E veja os preços dos carros deles. Ninguem fica trocando carro toda hora, e os novos custam bem menos...

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  7. Sábias palavras : "meu carro é um companheiro de aventuras, não meu mestre pelo qual me escravizo por um sonho" Valeu AD, mais uma postagem incrivel. Grato.

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  8. Seus posts não são frequentes mas quando aparecem são espetaculares André.

    Essa mistura de engenharia, economia, política, ciência e matemática ... dos seus textos com explicação simples é maravilhosa. Parabéns.

    Só uma pergunta: você é formado em engenharia mecânica não? Seus conhecimentos de eletrônica foram aprendidos fora da universidade não?

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  9. E te mais uma perversidade: Aqui no BR é muito fácil financiar bens de consumo, e difícil de se financiar bens de produção, principalmente pra quem é da zona rural.
    E tem mais outra coisa que me deixa puto: O total desestímulo pra quem quer poupar dinheiro. Parte dessa farra de financiamento é por causa disso. Poupança rendendo 0,5% a.m. é um tapa na cara de quem dá valor ao dinheiro e é honesto.

    João Paulo

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  10. Obrigado a todos.

    Ary, existem muitas lendas na parte de tentar segurar o preço de revenda.

    Faça as contas e vai ver que o que o carro deixa de desvalorizar porque é prata é muito pouco perto da dinheirama toda que vai embora.

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  11. Carlos Bragatto, conheço essas histórias de trás pra frente.

    Eu tenho uma Ipanema 95. Muita gente pega no meu pé para trocá-la. Não troco.
    Nenhum carro me dá o que ela me oferece pelo valor dela.
    E depois de 10 anos, ela já é parte da família.

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  12. Daniel, meus textos são fruto de muita pesquisa antes de serem postados. Demoram, mas valem a pena.

    Eu tenho uma formação e uma experiência bem amplas.

    Nasci numa família com hábito de construir e consertar as coisas. Tenho formação prática vinda do berço.

    Sou técnico eletrotécnico. Na escola técnica, além de aprender a lidar com equipamentos elétricos, aprendi a mexer com eletrônica.

    Na faculdade fiz engenharia mecânica plena, mas junto fiz uma ênfase em mecatrônica.
    Sou da segunda turma formada em mecatrônica no país, e isso tem 20 anos. Na época, não havia reconhecimento da mecatrônica como engenharia, mas a ênfase teve nível de engenharia plena. Portanto, fiz duas engenharias no tempo de uma.

    Sempre trabalhei com projetos e manutenção de equipamentos eletromecânicos.

    Por incrível que pareça, só atuo profissionalmente no ramo automotivo há 3 anos.
    Ramo automotivo pra mim sempre foi hobbie.

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  13. Fiz como o colega acima, arquivei o texto, pois será fonte de consultas futuras. Nunca financiei automóvel, sempre paguei a vista, pois mesmo sem ter o conhecimento exposto neste post, tinha certeza que a combinação juros + depreciação do bem, não poderia ter resultado favorável a mim.

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  14. Olá André,

    Você poderia me dizer quais os "contras" do Consórcio ??
    Pergunto isso porque já estou fugindo de financiamentos (fui pra ponta do lápis e encontrei as mesmas conclusões que vocÊ), e já "cai de carro" (ia comprar um Focus 1.6 e vi que o Fiesta já me atenderia) agora só falta pesar os "prós e contras" do consórcio.


    Abraços

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  15. André, que excelência! Tinha uma idéia tão vaga da perversidade dos juros que agora estou me sentindo um bobinho completo. Por sorte, tenho 23 anos e nunca entrei num financiamento monstro, e depois de hoje, de agora, tenho menos chances e coragem ainda de entrar. Obrigado por contribuir dessa forma conosco cara! Passarei este post ao maior número e pessoas possível, auto-entusiastas ou não.

    Renan Veronezzi

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  16. Gastão Ferreira17/04/2011, 21:18

    Discordo do Juro Zero.

    Ele existe sim. É expediente utilizado por montadoras nacionais em tempos de concorrêcia acirrada e governo querendo restringir consumo, elevando TX de juros. Momento que estamos passando agora.

    - Qual desconto que voce consegueria à vista? 30 ou 40%? Pois esse seria o desconto valido numa circunstância em que valeria a pena comprar a vista do que com tx zero. Quem acompanha anuncios no jornal já percebeu que os preços não aumentaram. Ao contrário em muitos casos cairam.

    - A conta não tem mistério , pega por exemplo uma montadora nacional como a Ford, que tem bom caixa no EUA, que capta dinheiro a custo quase zero, num pais onde tx ao ano é inferior a 1 %. Paga no Brasil apenas a admistração do capital ao seu Própio Banco. Esse custo de dinherio Baixo ela disconta da boa margem que tem nos produtos, procurando assim manter seu volume comercial. A hora boa de comprar é agora. E se alguém tem dúvida sobre os preços é so fazer uma pesquisa e verificar que o valor cobrado hoje é igual ou inferior á época da ilusão do IPI reduzido, válido para para todas as marcas.

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  17. E ainda arquivarei também para consultas (ou "reconscientização") futuras.

    Renan Veronezzi

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  18. André,

    Parabéns pelo post. Esse é um daqueles textos que guardamos com carinho e usamos de referência para não sermos enganados!

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  19. Uma vez li uma artigo em que um economista dizia que: "Se vc for comprar um carro, e para conseguir pagar precisar financiá-lo em mais do que 12 parcelas mensais, então voce deve escolher um carro menor ou um usado.

    Eu concordo com ele. Mas se a gente vai falar isso por aí, acaba sendo xingado, taxado de "elitista", por "não estar querendo que o pobre tenha acesso a um carro novo"...

    Infelizmente é isso, o brasileiro se acha esperto porque pode comprar seu carrinho em 60 ou 72 parcelas, mas não percebe que quem está sendo muito prejudicado é ele próprio!!!

    Se não me engano, existia uma época nos anos 80 ou 90 em que o governo proibia financiamentos acima de um certo número de parcelas. Eu sou a favor de que financiamentos de automóveis por mais de 36 meses fossem proibidos. Exatamente para proteger esses brasileiros que entram nessas frias, nesses financiamentos a perder de vista...

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  20. É cada vez mais comum vermos na imprensa escrita e falada economistas e especialistas orientando as pessoas sobre um tema importantíssimo: " EDUCAÇÃO FINANCEIRA ". Junto o dinheiro, espere mais um pouco, e compre seu bem A VISTA. sem mistérios. Simplesmente vc consegue mais. quantos brasileiros saem com 1.0 , que com juras , tem preço de corollas? EDUCAÇÃO FINANCEIRA, gente. simples assim.Boa sorte a todos e parabens pelo jornalista que abordou o tema.

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  21. Valeu pela resposta André. Sempre fiquei na dúvida sobre qual área era a no diploma. Sou da elétrica mas também admiro e estudo bastante a mecânica/mecatrônica.

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  22. Gastão Ferreira, não há lógica que faça uma fabricante/concessionária/financeira não cobrar juros como se vê nas campanhas entrada+24 vezes com taxa 0. Ainda mais em períodos de crédito restrito para os bancos e taxa selic aumentando.

    A redução de IPI foi dividida em 3 partes, +1/3 para o fabricante, +1/3 para o vendedor e -1/3 para o consumidor. Não houve diferença significativa a não ser o efeito no consumidor que acreditava nas campanhas. E hoje os preços estão maiores sim.

    Recomendo a você ir numa concessionária perguntar sobre o financiamento com 'taxa zero' e pedir o C.E.T. e o preço final para confirmar.

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  23. Roberto Dallabarba17/04/2011, 23:22

    André,

    Maravilhosa explicação. Como dito, muito didático. Esse post deveria ser disseminado na Intenet como um vírus, pois a maioria dos que caem nessa armadilha tem acesso a ela. Proponho que todos que lerem passem a seus contatos. Afinal o conhecimento deve ser compartilhado, como aqui foi feito com maestria.

    E a isto não chamo apenas de informação, mas de "amor ao próximo"...é isso mesmo! Porque é como impedir que alguém tropece nessas armadilhas.

    Nas escolas perde-se tempo ensinando coisas que nunca iremos fazer uso, e não ensinam coisas como essa. Os brasileiros precisam de mais estudo sim, mas um estudo com mais qualidade também.

    Um outro ponto: já viram o preço que está para tirar a habilitação? Para ensinar o que a mais? ninguém dirige a 40 p/h na cidade como fazem nas autoescolas. E de lá se sai com direito de pegar uma rodovia sem a menor noção de uma ultrapassagem segura, entre outras coisas. Que tal um post sobre isso André.
    Abs, e mais uma vez parabéns e obrigado.

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  24. Belíssimo post, repassarei adiante essa valiosa informação.

    Também sou da opinião que isso deveria ser ensinado na escola.

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  25. Já foi comentado à exaustão, mas não tem como não reforçar que este foi um tremendo de um post sobre dívidas em geral!

    Eu sempre faço a "conta do padeiro" antes de financiar algum bem, justamente para verificar se meu suor será bem empregado ou se tem alguém querendo levar muita vantagem por detrás... Tinha consciência que um juros (pseudo)módico de 2% ao mês torna-se uma "bomba" após alguns anos mas, vendo as coisas passo a passo, em gráficos inclusive, torna tudo ainda mais assustador!

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  26. Eu percebi a safadeza do tal retorno das financeiras quando fui comprar um Palio a vista para minha namorada e na hora do cadastro percebi que o cara estava pedindo informações demais, até o ponto em que perguntou qual prazo, e quando respondi a vista ele disse que não venderia ou que o preço era outro, não lembro, e não me vendeu.

    A mias nova sacanagem que vi, foi coisa de 1 mês atrás, um rapaz do trabalho viu anúncios no WebMotors de carros 0 km, porém do modelo do ano anterior. Viu um carro de R$ 22.000,00, acho que era um Corsa sedan (vulgo Classic) e quando ligou para ver o cara disse que era sem entrada e algo absurdo como 60 parcelas de mais de R$ 700,00. Ele disse que queria dar o dele de entrada e financiar ou dar o restante a vista e o cara falou que não. Que o preço de R$ 22.000,00 era válido só para o financiamento e ainda somente para o financiamento dele em que os juros efetivos dão mais de 2,5% ao mês. Se fosse comprar a vista ou com financiamento de outro banco o preço era de R$ 28.000,00. Ou seja, até o dele é R$ 28.000,00 se for pensar, finge que é R$ 22.000,00 para falar que o resto é culpa de taxa, IOF e TAC.

    Afinal como a maioria compra financiado, os vendedores sempre dão uma de superiores quase querendo dizer que estão lá fazendo um favor para aprovar a ficha do comprador e que é melhor aceitar a taxa sem reclamar, pois senão não vão liberar. Pura ilusão, quem vive de venda são eles, não o cliente.

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  27. E por último, antes de comprar qualquer coisa, pense: Por que motivo não devo comprar. Sempre se acha uma resposta.

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  28. André e demais,

    Todas compras que fiz de carros, seja zero ou usados, comparei as taxas de juros do financiamento com as taxas de juros de empréstimos pessoais, onde em função da empresa onde trabalho, consigo empréstimo compatível com minha margem consignável (~30% do salário básico) e não tenho meu veículo alienado à financeira. Para mim sempre foi um excelente negócio. As taxas de juros se mostraram muito mais amigáveis que as praticadas pelas financeiras.

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  29. Também gostaria de alertar aos donos de empresas e frotistas que lêem o post sobre uma outra forma que arrumaram para passar a perna no empresário brasileiro.

    A uns anos atrás a empresa onde eu trabalhava estava querendo renovar a sua frota de veículos e recebeu uma proposta de alugar a frota. O site da Associação Brasileira das Locadores de Automóveis - ABLA dispõe de um simulador para ver se vale a pena comprar ou alugar um automóvel.

    Para quem faz análises simples, por cima, alugar uma frota é uma vantagem imensa, pois não precisa fazer licenciamento, não precisa fazer manutenção, sempre que o carro enguiça, substituem por outro na hora... tudo por conta da locadora.

    Formamos uma equipe na nossa empresa para ver se vale a pena e constatamos que, independente da categoria de veículo (hatch, pick-up leve, pick-up 4x4, sedan executivo...) não vale a pena alugar. Vale mais a pena comprar e manter um contrato de manutenção em uma oficina especializada. Foi percebido com isto que veículos comprados e mantidos com caixa da empresa custam em média 10% a menos que os veículos alugados.

    Portanto, antes de comprar ou alugar um veículo, coloque tudo na ponta do lápis. Se a empresa contar com um Contador ou Tributarista, melhor ainda!

    Olho vivo, minha gente!!

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  30. André, parabéns pelo texto!
    Foi muito esclarecedor para mim. Eu sabia que comprar a prazo era algo ruim, mas não imaginava que o veneno era tão mortal.

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  31. AD
    Meus parabéns! Aplaudo de pé. Esse texto é leitura obrigatória para qualquer um. Pode até não parecer, mas uma compra mal feita, sobretudo financeiramente, pode representar a ruína de uma família. Para sempre.

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  32. AD, excelente! Muito obrigado por postar! Ótima explicação! Clara e objetiva! Grande abraço!

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  33. Esses gráficos relativos ao sistema Price me são muito familiares, pois as aplico diariamente em uma das minhas atividades. Por causa dessa particularidade do sistema Price, de pouca amortização inicial, eu sempre sugiro aos clientes uma faixa de número de parcelas razoável, sempre procurando manter uma taxa de amortização inicial maior que 1/3 da parcela.

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  34. Excelente artigo pelo que li até agora (estou na metade), mas gostaria que o André informasse qual o modelo de 110 mil que caiu a 20 mil em 6 anos. Acho muito difícil isso acontecer.

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  35. AD parabéns pelo texto, mas infelizmente sabemos que quem mais compra carros com juros abusivos, em prazos longos e de modelo que não conseguirá sequer pagar o IPVA à vista, são pessoas que não tem paciência de ler um texto desse - e por isso mesmo estão endividadas, porém mostram pose aos vizinhos e familiares.

    No Brasil falta educação financeira, desde a escola de base, o que é compreensível, afinal de contas, como alienar a população senão pela falta de educação para a vida?

    Abraço.

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  36. Gastão Ferreira18/04/2011, 12:17

    Anonimo, O CET com TX ZERO hoje que inclui TC, IOF e Registro de contrato negociável não chega a R$1.400,00, diluido nas parcelas. voce consegue isso de desconto ainda na compra . Dê um exemplo de carro que subiu de preço do fim do IPI para cá, e se subiu , quanto? 10.000,00, 20.000,00, um valor esse que justifique. Outra, voce não entendeu, montadora que se preze (que tem caixa) não precisa captar dinheiro caro no Brasil, ela tem quase de graça lá fora na matriz e banco própio.

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  37. Por isso nunca comprei carro financiado. Como não tenho condição de comprar 0 Km, os meus carros sempre foram usados.
    A única coisa que comprei financiado, mesmo sabendo que irei pagar um bocado de juros, foi meu apartamento, pois entre escolher jogar fora dinheiro com juros ou com aluguel preferí o primeiro.

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  38. André, neste parágrafo, acho que você quis dizer 0,5 ponto percentual. Uma redução de 0,5% na taxa é quase desprezível. Seria, por exemplo, uma taxa de 3% cair para 2,985%. Certo?

    "Todo vendedor tem diferentes tabelas de financiamento, geralmente variando entre 0,5% e 3%, que ele aplica conforme o seu gosto pelo cliente."

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  39. Olha, esse post merece uma reedição no próximo sábado, dia em que o blog tem mais acessos.

    Fantástico! Utilidade Pública!

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  40. Confesso que ainda não terminei de ler tudo, mas fantástico post! Dá para entender bem como que o pagamento de juros sobre juros atinge proporções assustadoras.

    Interessante: Em concessionárias, às vezes tem alguns vendedores que parecem não gostar muito quando vc fala que vai pagar um carro à vista... será que é por causa das comissões que eles ganham das financeiras?

    Falta à maioria dos brasileiros a educação financeira. Sim, mas não apenas no sentido de "conhecimento financeiro", mas também no sentido de "disciplina", ou "responsabilidade" financeira!

    Enquanto nós fazemos as contas e percebemos que um financiamento longo é uma "roubada", tem revendedoras de carro por aí que anunciam na TV oferecendo "re-financiamento"!!!
    (Suponho que seja um empréstimo mediante alienação do carro). E se anunciam é porque tem público para isso...

    E nas conversas por aí, tem gente que fala mesmo que prefere fazer financiamento porque "se fosse guardar dinheiro para depois comprar, ia acabar gastando tudo com bobagens", ou porque "dessa forma tem um motivo para se esforçar para ganhar o dinheiro"... Ou seja, salvo raras exceções, o povo gosta mesmo de viver com a corda no pescoço...

    Financiamento? Passo. Como não tenho condições de pegar um 0km à vista ou em poucas parcelas, prefiro continuar com meu carrinho usado: Preferível gastar um pouco com manutenção do que jogar fora o dinheiro na forma de juros e depreciação. Como diria aquele adesivo brega: "É véio mais tá pago!".

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  41. É o que digo: Se você não pode pagar o financiamento em poucas parcelas e precisa esticá-lo até perder de vista, é porque este bem ainda não é para o seu bolso.

    Conforme-se com isso e escolha algo mais barato por enquanto. Deixar de observar isso é justamente cair na armadilha que o texto aponta.

    Gostei do critério do Jackie Chan: A parcela tem que ter pelo menos 1/3 de amortização. A 3% ao mês, isso significa financiar em no máximo 36 meses. E mesmo assim ainda se paga MUITO de juros.

    Ou seja, se com esta taxa de juros você não consegue pagar a parcela, não caia na tentação de esticar porque é mau negócio para você.

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  42. Acho que o carro que ele fala que custa 110.000 novo e que um 2005 vale 33.000 deve ser é o Citroen C5.

    Pesquisando na fipe, achei uns números bem próximos, 108.000 o 0 km e 32.000 o 2005.

    Mas esses franceses desvalorizam pra caramba, né? Vai tentar vender mesmo um Peugeot 206, se não baixar bem o preço não vende. Já um Gol, Palio ou Celta vende rapidinho.

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  43. Hoje o termo "semi-novo" virou um eufemismo para carro usado.

    Mas, até o início dos anos 2000, realmente existia diferença entre os "usados", e os "semi-novos". Estes últimos, eram carros com cerca de 1 ou 2 anos, pouquíssimo rodados, que (embora ninguem falasse abertamente) em sua maioria eram carros que tinham sido tomados porque o comprador não aguentou pagar as parcelas... Sim, esse é o lado cruel dos financiamentos.

    Em tempo: ainda se faz "leasing" para carro?

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  44. Junior Antonini18/04/2011, 19:27

    Sempre quis entender melhor sobre isso. Só me resta agradeecer pela super aula de didática excelente.
    Muito obrigado.

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  45. Belíssima explicação André!

    Esse é o tipo de coisa que a gente sabe mais ou menos, mas não tem como explicar para os familiares.

    Com este texto ficará mais fácil provar para os amigos e parentes o que eu sempre digo em relação aos financiamentos, ou trocar de carro sem necessidade.

    Uma coisa que acho interessante, seria colocar no texto a maneira de calcular o juros na HP12C.

    Valor do carro (teclas CHS+PV)
    Prazo do financiamento (tecla N)
    Taxa de juros (tecla i)
    Valor da prestação (tecla PMT)

    Detalhando como calcular para descobrir os juros reais.

    Abs e obrigado pelo excelente e didático post.

    Bonini

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  46. Um bom exemplo da falcatrua do juro zero aconteceu comigo quando comprei meu Focus, em 2005. Na época, tentei negociar um desconto pagando o carro à vista, mas a concessionária negou. Como não havia juros, financiei (afinal, o rendimento do meu dinheiro aplicado seria o "desconto" por ter o $ à vista).

    De cara, me cobraram R$ 300 a título de taxa de abertura de crédito (começou mal...). Três meses depois, acabou a promoção do juro zero... e o preço de tabela foi reduzido em nada menos que R$ 2 mil!

    Não acho que eu tenha pago um valor excessivo pelo carro na época (qualquer outro médio custaria mais, à exceção do Astra), mas eu bem que prefereria ter recebido o desconto de 2 mil e ficado livre do carnezinho. Pagando e aprendendo...

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  47. André Dantas,

    Parabéns! É um trabalho de fôlego que mostra como funciona a máquina financeira nos bens de consumo.

    Naqueles "mandamentos" faltou só falar sobre a questão da troca do usado por um novo. Quando vale a pena vender o usado e comprar o novo (ou mais novo)e quando vale entrar direto na troca?

    Digo isso porque, teoricamente é óbvio que se ganha mais vendendo direto o usado. Mas tem outros fatores envolvidos: tempo que leva para encontrar compradores, desgastes dessa "atividade" de venda, desvalorização crescente do carro até concretizar a venda, riscos do negócio etc.

    Por falar nisso, sempre me perguntei como é que as lojas ganham dinheiro vendendo carro usado. Elas passam meses com o carro em estoque, os carros naturalmente se desvalorizam e, muitas vezes, baixam o preço depois de um tempo.

    Mesmo contando com o preço abusivamente baixo que devem ter pago ao dono do carro, me parece que as lojas ganhariam mais se deixassem o dinheiro aplicado em renda fixa, por exemplo. Onde está a mágica?

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  48. Este comentário foi removido pelo autor.

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  49. Eu me livrei disso, ao vender o Stilo (comprado através de leasing) e ficando só com a Parati, já quitada. É incrível como começou a sobrar dinheiro...

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  50. Ótima matéria, bem esclarecedora.

    Eu sempre soube disso tudo, sou muito chato e criteriosos ao comprar meus carros, já a 5 anos que me nego a comprar um carro zero neste país justamente pelos preços absurdo cobrados por todos. Prefiro compra um ótimo usado que pelo menos aqui em Brasília tem aos montes, já desvalorizado e com o preço mais em conta, completos, compro a vista e direto com o dono, já estou com quatro carros na garagem todos ótimos e impecáveis.

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  51. PeTista-LuLista24/04/2011, 03:38

    Isso é tudo culpa do PSDB!!!!

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  52. André, mais um baita post!! Parabéns!

    Lembrei da matéria que você participou, foi no Autoesporte, estou certo? hehehe

    Eu fiz ADM e talvez por isso nunca tenha financiado algo. Estou na dúvida agora sobre a compra de um apartamento, porque assim como no caso do carro, o preço do imóvel também se tornou abusivo, ou você acha que um apto de 100m (não estou falando de bairro nobre) vale 500 paus?
    A diferença é que os imóveis valorizam, mas acho que esta onda já passou também, se as concessionárias não são bobas, imagine as construtoras!
    A questão do financiamento é último caso mesmo, compra de carta de crédito (consórcio) é vendida como algo de outro mundo, mas não caio nessas não, gerentinho de banco percebe logo que a conversa não cola.
    Aquela "vantagem" perigosa de comprar na planta praticamente não existe mais...

    Até hoje só comprei um carro usado (do meu vizinho... kkkkk), o carro estava bom, nada mais que isso, ainda assim ele escondeu algum detalhe, que foi percebido posteriormente e fiz questão de comentar com ele só pra ver a "cara de tacho". Acho que tenho aversão ao risco de embarcar numa roubada e passar nervoso, sei lá...

    Algumas pessoas gostam de regras, tipo só comprar carro 0km e trocar com 4 anos, exemplo que meu pai seguia, cuidava bem para que não desse "maiores manutenções" e passava pra frente. O pessoal aqui segue alguma regra?

    Já tive carro de 10 anos, foi o máximo, estou rodando com um carro que está fazendo seu sexto aniversário e não penso em trocá-lo.

    Falaram acima que o momento está bom para comprar, penso que nos próximos 3 anos vai acontecer com o carro algo parecido com o que está acontecendo com TV de tela grande, novas tecnologias serão lançadas e a desvalorização será muito grande.

    Abs

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  53. Porsche Delforte27/04/2011, 17:44

    Fabio,

    Comprar imóvel na planta vale a pena sim, até mesmo como investimento.

    Obviamente que os preços subiram muito de 3 anos para cá, mas a diferença em relação aos carros é que além deles valorizarem, os terrenos se tornam escassos e cada vez mais caros.

    R$ 500 mil hoje na Barra Funda é barato, espere e verá que em breve teremos aptos na região custando R$ 850 mil nos mesmos 100m².

    Sou corretor, se quiser mais informações ou ajuda na busca do seu imóvel pode me mandar um email no posche.delforte.frema@gmail.com

    Corretor autoentusiasta até no nome!!!

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  54. Corretor Delforte,

    Claro! Você está no seu papel...
    Talvez ainda valha comprar na planta, mas não como era antes. Não se dobra mais o valor investido ao receber as chaves, as construtoras perceberam isso e até mesmo a procura fez o mercado inflacionar. Minha irmã está pegando as chaves do apto agora, minha sogra também está pra receber. Eu ainda estou estudando, mas não tenho pressa, não creio que o preço suba tanto quanto você estimou. "Não vou pagar pra ver" hehehe... Enquanto isso continuo poupando para financiar o mínimo, já que não preciso mudar pra ontem.

    Sds

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  55. "É tão difícil juntar dinheiro?"
    É esta pergunta que não me sai da cabeça quando vejo pessoas dividindo em 10 parcelas "sem juros" (aí você paga as taxas que a operadora do cartão vai criar) para comprar um celular, uma televisão, um par de tênis e etc. Sinceramente, eu acho muito desconfortável ficar pagando assim.

    No caso específico de carros, realmente é difícil juntar dinheiro para comprar um 0km a vista no nosso país, devo ressaltar. Mas por que não juntar um pouco e comprar um chevettinho, fusca, uno velho em bom estado? Aí junta mais um pouco e vende o antigo e pega um semi-novo e assim por diante.

    Fiz isto e deu certo.

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  56. Vai pro karalho André, vc com esse seu post fez minha mulher quase se separar de min...E eu de boa to me sentindo o mais burro da terra...Como é que não tinha percebidos estas armadilhas de vendedores tão toscas, tão simples e tão eficientes em pegar trouxas como eu.Fiz um finan em 72 meses e to cagando para pagar...

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  57. legal este post. Mas quando o assunto é carro, a gente que é apaixonado, toma ferro porque até os preços à vista praticados no Brasil são um absurdo. Chegam a ser o dobro dos preços praticados na Europa, Canadá e USA. Vejam o exemplo do Corolla no site dos USA. Agora para imóveis, você reduz bastante esse tufo, pois o imóvel sempre valoriza, ao contrários dos carros

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  58. Eu tinha um Palio young e trocamos por um punto elx 1.4 09/10 (45000). Entregamos o palio por 11000 + 18000 em dinheiro e financiamos 16000 e no final pagamos em torno de 5000 de juros em 24 meses. Loucura né? Sim, mas tinhamos como pagar e queríamos um carro novo. Hoje o mesmo carro bem chorado sai por 43000. Mas o tufo mesmo veio quando tivemos que trocar o carro por um maior porque a família aumentou. Tive que entregar o carro por 31000 porque simplesmente não consegui vender por fora. Dois meses tentando e Perdi 14000 em 2 anos. Como queria um carro bom, peguei um corolla 2011 8000 km por 66000. Paguei à vista e estou com o carro pago. O zero estava 80000. Bom, fazendo as contas, acho que neste negócio eu quase empatei meus 14000 perdidos na entrega do punto porque o corolla que peguei está como se fosse novo. 8000 km é como novo...rsrsrs. Pelo menos eu tento me enganar que sim...rsrsrs. Acho só vou empatar mesmo na próxima troca. Depois de tudo isso aprendi que comprar carro zero no Brasil é uma piada e que se procurarmos encotramos usados bons por preço baixo e pouco rodado. Já morei na europa e qdo estava lá, minha esposa e eu recebiamos em euros e pude perceber o quanto alto é o poder aquisitivo dos gringos. Eles pagam menos tudo e na realidade, nós sustentamos essa cambada, por isso que sou extremamente contra o Brasil ajudar a salvar os bancos deles. Agora, o Brasil tem que parar de comrpar títulos sujos da dívida americana, porque se eles derem o calote, aí o bixo vai pegar aqui no brasil.

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  59. Fernando, se o carro não apresentou nenhuma surpresa, eu penso que é novo mesmo, ainda mais um Corolla, carro de qualidade indiscutível. Parabéns pelo negócio! E concordo totalmente com o que você diz sobre os títulos americanos, este governo está querendo ajudar a todos para ganhar em imagem no exterior, mas na minha opinião está arriscando demais!

    Sds

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  60. Meu Deus, eu volto aqui e releio de 6 em 6 meses, só assim para manter os pés no chão e não deixar que decisões levianas sejam tomadas por impulsos momentaneos.
    ISM

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  61. Curioso de plantão21/05/2013, 10:06

    ISM, digae qual opção quase te levou a abraçar um financiamento.

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  62. Um belo Civic LXL SE 2011 AT.... mas já passou. E Meu Polo 2008 continua aqui.

    ISM

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  63. Agora ano que vem... vou ter que trocar... já são 3,5 anos com o Polo. Fico entre um City usado ou um Novo Prisma 1.4 (não sei pq, mas gostei desse carrinho!!!???).

    ISM

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    Respostas
    1. A e fico em duvida também no Focus GLX 2.0 já 2011 com o Ford Power....

      ISM

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  64. ISM, vai no Focus! Eu tenho um, peguei 0km em setembro "e ainda estou em lua de mel..." rsrsrs

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    1. Fabio, Já tive dois do modelo antigo, um 2004 1.6 e um 2008 Ghia AT. Os carros em si são maravilhosos mas a FORD...ummmm que raiva que dava... peças carissimas, ninguém resolve nada... fiquei chateado e muidei de marca.. e sou muito feliz com um VW... mas a Volks vai tirar o Polo de linha... logo

      ISM

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  65. Olha Teve Sorte... Já é O Terceiro POlo nA Garagem De CAsa... Já Passei Tanto Nervoso Com A Cc Savol, MelhorAbstrair... mas Sem Dúvida Que O Polo é Um Excelente Carro.

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