Autoridades paulistanas começam a decidir hoje detalhes de possível reforma do autódromo; temporada paulista começa neste domingo em Interlagos
Na F-1, concorrentes da Honda
começam a discutir possíveis compensações pela volta do concorrente japonês em
2015
Marcas e Pilotos é uma das atrações em Interlagos neste fim de semana (Foto VG3) |
Desde o ano passado muita água rolou em torno
das represas que circundam Interlagos e que fazem conhecido locutor tupiniquim
mencioná-las a cada transmissão do GP do Brasil. Se é líquido e certo que a pérola
“eles não sabem, mas a chuva vem da rrrepreesa…” soará novamente em
indefensáveis ouvidos de telespectadores, não se pode dizer o mesmo sobre a
famigerada reforma no mais tradicional autódromo brasileiro. Já anunciada e
garantida pela atual administração municipal, as alterações e atualizações
necessárias para atender aos caprichos da F-1 parecem sofrer de descaso tanto
quanto a população paulistana nesta fase de projetos macro — nas consequências
caóticas que acarretam — e soluções micro, tais quais singelas pinturas de
faixas a determinar espaço exclusivo para o transporte público.
O projeto anunciado pela Prefeitura e pela SPTuris em meados do ano passado anunciava a construção de novos boxes e paddock ao longo da antiga reta oposta e atual retão, pouco antes da curva Chico Landi; informações oficiosas indicavam investimentos de aproximadamente R$ 400 milhões. A proposta agradou Bernie Ecclestone e um novo contrato para realizar o GP do Brasil por mais alguns anos, mas no País da Copa Padrão Fifa o valor foi reduzido à metade, o projeto alterado para uma reforma completa no paddock atual e parte desse dinheiro já teria sido usado para as reformas necessárias à realzação do GP de 2013.
Enquanto isso dirigentes paulistas tentam decifrar nas entrelinhas dos bastidores políticos detalhes de um cenário famigerado. Como a SPTuris é tacitamente entregue ao PSD (partido do antigo prefeito Gilberto Kassab), o rompimento deste com o sucessor Fernando Haddad (PT), criou uma situação onde todo o processo ficou parado. Consta que a SPTuris deverá ser encampada e substituída por uma nova secretaria municipal, provavelmente uma manobra onde o novo cargo criado garantirá apoio em palanques vindouros.
Entra recesso, acaba recesso, ninguém
conseguiu se entender sobre a reforma e sobre os rumos da edilidade paulistana;
somente hoje as autoridades municipais recomeçam a tratar do assunto. Quem
conhece os secretos e, portanto talvez intrincados, meandros da política
arrisca-se a dizer que uma definição sobre o início e abrangência das obras
somente será conhecido só depois que o carnaval chegar… e partir. O máximo que
se permite nesta segunda semana do ano é saber que até junho o automobilismo
paulista terá seu principal autódromo disponível, fato corroborado pelo
calendário de pista publicado no site da Federação de Automobilismo de São Paulo
(www.faspnet.com.br): cinco etapas dias
19/1, 16/2. 16/3, 27/4 22/6. Depois
disso apenas o GP do Brasil de F-1 (em novembro) e a final do certame
brasileiro de Stock Car (dezembro). Para o presidente da Fasp, José Aloísio
Bastos, “esta situação impede qualquer planejamento mais detalhado”.
Apesar de tudo, o programa deste fim de
semana mostra o potencial do esporte em Sâo Paulo e vai reunir provas das
categorias Classic Cup, Força-Livre, F-3, F-Vee/F-1600, Históricos V-8, Marcas e
Pilotos, Speed 1600 e Turismo N. O maior grid é o que reúne os pequenos sedãs
da Marcas e Pilotos. Por outro lado, a F-Vee passa por um momento de
reestruturação: um racha entre seus participantes levou os dirigentes paulistas
a aceitar uma divisão na classe, que atende por F-1600. Mais detalhes sobre a
programação do fim de semana em Interlagos você encontra clicando aqui.
Entrada tardia da Honda já faz marola
Já faz algum tempo que a FIA homologou as mudanças para o regulamento da F-1 para 2014 e já faz quase tanto tempo que a Honda anunciou que retornaria à categoria em 2015. Arrancadas algumas páginas dos calendários, as marcas que vão disputar a temporada deste ano — Ferrari, Mercedes e Renault — já reclamam de possíveis vantagens que a marca nipônica poderá desfrutar graças ao seu desembarque tardio. Entre os que já deram conhecimento dessa causa está o italiano Stefano Domenicali, da Ferrari, que declarou ao jornalista belga Steven De Groote:
“Já conversamos com outros fabricantes de
motores a respeito do assunto, porém não há nada que possamos fazer. A Honda
ainda não está inscrita oficialmente no Mundial de F-1 e alguma atitude
restritiva poderia afetar outras marcar interessadas em entrar na categoria.”
O Renault RS 01: o primeiro turbo da era moderna (foto Renault Sport) |
A preocupação de Domenicali tem fundamento e
não seria a primeira vez que os pioneiros pagariam um preço alto. Quando, em
1977, a Renault pôs a cara para explorar a causa dos motores turbo do
regulamento estabelecido em 1966 — motores aspirados de 3 litros ou superalimentados de 1,5 litro — certamente os franceses foram surpreendidos
pelos obstáculos encontrados no desenvolvimento da tecnologia que pudesse
explorar com sucesso essa causa. Como os materiais eram submetidos a esforços e
cargas muito acima das especificações que os fornecedores poderiam atender, as
quebras aconteceram em quantidade e em tempo muito além do esperado. Até mesmo
a primeira vitória do “Yellow Tea Pot” (Chaleira Amarela, numa tradução liberal,
apelido dado pelos ingleses ao modelo RS 01) passou despercebida frente ao
épico duelo entre Gilles Villeneuve e René Arnoux pelo segundo lugar no GP da
França de 1979, em Dijon Prenois. Após inúmeras trocas de posições (que você pode recordar
clicando aqui) o canadense acabou como a mostarda do sanduíche: Jean-Pierre
Jabouille venceu e Arnoux ficou em terceiro.
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tarde e muita gente que remou contra a Renault naquela época agora renega o que
fez frente à Honda. Só que desta vez terão que engolir seco uma situação nada
interessante e motivos nada saborosos: a partir de 28 de fevereiro a
especificação dos atuais motores será congelada até a temporada do ano que vem.
Isso permitirá que a Honda poderá desenvolver seus motores com base em
informações adquiridas durante as corridas e nos encontros de fabricantes de
motores com a FIA. Desta forma será possível resolver problemas que os rivais
enfrentarão e, finalmente, começar 2015 com um motor já desenvolvido para os
coletores de admissão de comprimento variável, certamente uma das poucas
alterações a serem permitidas aos motores usados este ano. À praticidade de
desenvolver o motor sem a mesma pressão que seus concorrentes os nipônicos
também economizarão bastante ao desenvolver, de cara, a segunda geração dos
novos motores turbo da F-1.
Ferrari 375 Plus usado por Froilán González será leiloado em Goodwood (foto Bonhams) |
Quem teve a chance de passear pela Itália nos
idos de 1954 e passou pelos arredores de Modena teve boas chances de ver de
perto um carro vermelho com a “matricola” (como os italianos chamam aquilo que
nós nos referimos como “placa” ou, aqui em São Paulo, “chapa”) com a inscrição “Prova
0348 AM” — Prova quer dizer "Experiência", no Brasil placas de fundo verde com caracteres brancos usadas por fabricantes de veículos e oficinas. Este tipo de placa, típica dos carros de corrida de Enzo Ferrari, foi
usada para identificar o chassi do carro usado por José Froilán González para
vencer, em dupla com Maurice Trintignant, a 24 Horas de Le Mans daquele ano. O
mesmo carro também foi usado por Umberto Maglioli para vencer a última edição
da série clássica da Carrera Panamericana.
Pois bem, se você viu esse carro tem duas
chances de vê-lo novamente e bem pertinho: uma por alguns minutos e outra até
que a morte os separe. A casa Bohnam anunciou que vai oferecer esse carro ao
melhor lance no leilão programado para o Festival de Goodwood deste ano, evento a se realizar entre 26 e 29 de junho; a sessão do martelo está marcada para o dia
27. Se você realmente pensa em fazer aquela loucura que sempre teve vontade e
comprar uma importante peça da história do automobilismo mundial, é bom preparar
bolso, coração e dois talões de cheques: um para pagar garantir o lance mínimo
estimado em US$ 15 milhões e outro para cobrir as ofertas de outros possíveis
interessados. E é bom guardar uns trocados para fazer o seguro…
Depois do rali e de Pikes Peak, Loeb vai à pista (foto Repco von Brabham) |
Falando no “Touro dos Pampas” — apelido que
Froilán González ganhou pelo estilo agressivo de pilotagem e por sua compleição
física —, vale lembrar que o francês Sébastien Loeb passou os últimos dias
treinando no circuito de Termas del Rio Hondo. Na melhor de suas voltas com um
carro da categoria Top Race (algo semelhante aos carros usados na seunda
divisão da Stock Car brasileira), Loeb marcou 2min3seg; posteriormente sentou-se no
Peugeot 308 de Facundo Chapur, da equipe oficial da marca na classe C da categoria
Turismo Nacional, e a bordo deste veículo, cujo motor produz 273 cv, melhorou seu
tempo em quatro segundos neste traçado de 4.806 metros. Isto teria colocado Sébastien outros quatro segundos atrás do tempo da pole position de 2013 na rodada deste
circuito, posição obtida por Juan Pipkin. O treino do francês nesta pista justifica-se porque o autódromo localizado na província de Santiago del Estero,
cerca de 1.000 km a noroeste de Buenos Aires, receberá dia 3 de agosto uma
etapa do Campeonato Mundial de Carros de Turismo, o WTCC. Ontem, Loeb seguiu
para Sonoma, na Califórnia, onde continua com sua preparação para do programa que
marca a estréia da Citroën na categoria.
WG
A coluna "Conversa de pista" é de total responsabilidade do seu autor e não reflete necessariamente a opinião do AUTOentusiastas.
Wagner,
ResponderExcluirespero do fundo do coração que os políticos de São Paulo não estraguem nosso autódromo, e que continuemos tendo corridas de várias categorias.
Mas a minha esperança nessa gente é tão fundamentada quanto a existência de um saci-pererê.
Juvenal Jorge,
ResponderExcluirNão é de hoje que nosso autódromo está ameaçado. Diante da inoperância e leniência de quem deveria zelar pelo esporte só nos resta tomar atitudes práticas e trabalhar para evitar o pior.
Abraço,
Wagner
Mais uma vez cargos que deviam ser técnicos nas mãos de gente que não tem nem conhecimento, nem dedicação nem atenção à área. Mais um costas-quentes encostado lá decidindo coisas sobre as quais não entende nada.
ResponderExcluirCorsário Viajante,
ExcluirVamos esperar, torcer e fazer despacho para que alguma luz seja lançada sobre as mentes que tem poder de decisão nesse processo. Caso contrário...
Abraços,
Wagner
Ao menos uma coisa me tranquiliza: irão manter os boxes de Interlagos onde eles sempre ficaram. Até hoje não consigo entender por que raios queriam criar novos boxes na Reta Oposta.
ResponderExcluirOntem eu vi alguns vídeos do youtube sobre o automobilismo brasileiro. Entre eles , um trecho de uma entrevista recente em que Piquet fala da situação do automobilismo no Brasil : http://www.youtube.com/watch?v=Gzas6MxvVAc
ResponderExcluirQuanto a Honda: Foram espertos, não sei de alguma proibição ao que estão fazendo então não me parece haver nenhuma injustiça. Fico até feliz pois já que eles terão mais tempo para desenvolver o carro é esperado que ele seja competitivo e assim a F1 pode ficar mais acirrada com mais uma equipe competitiva.
Quanto a Ferrari, me interessou o fato de ser leiloado em Goodwood.Me dar muita alegria ver eventos como o Goodwood Revival.
Quanto a Loeb, fico empolgado em vê-lo no WTCC, coisa bem diferente do que ele está acostumado. No WTCC não vai ser só questão de se adequar ao asfalto e ao carro ainda tem o elemento da competitividade entre os pilotos dentro da pista, diferente do Rally onde se corre sozinho "contra o relógio". Quero ver como ele vai se adaptar , um piloto que passou a maior parte da vida em Rally agora em uma categoria tão competitiva e com tanto contato.
Duas coisas que são certeza todo ano: especial do Roberto Carlos e reforma em Interlagos.
ResponderExcluirFico imaginando se é assim no redor do mundo, especialmente no Autoramão do Príncipe, também conhecido como Diorama Gigante...
Enquanto a politicalha faz as suas manobras criminosas, nós os amantes do automobilismo ficamos aqui lutando para que o nosso autódromo não tenha o mesmo fim triste de outros circuitos brasileiros, como o do RJ, por exemplo. Acho que já aplicaram um "passa moleque" no Tio Bernie (pensam que não, mas os nossos políticos, conseguem). Se comprometeram a reformar, fizeram promessas e agora que o ingles assinou o novo contrato, vão fazer aquelas pinturinhas genéricas, reforminhas meia boca, com instalações mequetrefes a preço de primeiro mundo. E no ano que vem, com mais R$ 400 milhões disponíveis, farão outra reforma...
ResponderExcluirRomeu,
ExcluirAnda não consegui checar o resultado de reunião desta terça-feira, mas nem por isso estou menos preocupado: o André de David, gerente operacional do Velopark (Nova Santa Rita, RS), anunciou hoje seu desligamento deste autódromo "devido ao novo posicionamento de mercado" da empresa. O ano promete...
Abraço,
Wagner
A situação do autódromo de Brasília não é dos melhores também. Por causa de uma etapa do mundial de MotoGP, irão mutilar o circuito, algo parecido com o que aconteceu em Interlagos nos anos 80. Eu achava que não, mas o projeto que foi aprovado - inclusive pela FIA, com interesse na F1 - transforma o circuito, que é bastante técnico e de difícil acerto dos carros, em uma pistinha genérica de média velocidade. E se realmente inverterem o sentido de giro, termina de ferrar tudo: duas das curvas mais desafiadoras perderão o sentido de existir, virando um trecho de subida após um cotovelo.
ResponderExcluirE assim como Interlagos, sem previsão de salvar o traçado original...
Marcos,
ExcluirSerá que você consegue umas fotos da situação atual do Autódromo de Brasília? Você está a par do andamento das obras que anunciavam a conclusão da reforma para o primeiro semestre deste ano?
Agradeço sua colaboração.
Abraço,
Wagner
Esperta a Honda. Embora que tenham vantagem, ela não é ilegal. Como eu quero ver cada vez mais equipes competitivas, vou torcer para que eles façam um bom carro.
ResponderExcluirGoodwood, onde a Ferrari do post será vendida, é um verdadeiro templo do automobilismo. Lá há vários evenos interessantes. O Goodwood Hillclimb só não é melhor pois muitos dos carros que lá correm são verdadeiras jóias e apenas desfilam, mas vários pilotos vão para aquele trecho com a faca nos dentes, como o Heidfeld fez com um F1 .Já o Goodwood Revival reune vários tipos de carros clássicos, de Minis até 250GTOs e E-Types em corridas emocionantes.
Quanto a situação política do automobilismo brasileiro eu não sei opinar pois desconheço de sua situação. Mas coincidentemente ontem achei uma entrevista em que Piquet fava que a coisa está muito ruim. E Procurando em outras entrevistas ele fala mais sobre a situação do automobilismo brasileiro. Não faço dele minhas palavras mas se o que ele diz for verdade as coisas estão muito ruins : http://www.youtube.com/watch?v=Gzas6MxvVAc . Ps: Essa é uma entrevista com o Piquet e o Mansell que foi feita recentemente, ela se encontra completa no youtube e é muito interessante. Aliás , entrevista com o Piquet não tem como não ser interessante rsrsrs.
Quanto ao Loeb. Acredito um dos maiores desafios que vai enfrentar , além de se acostumar com o asfalto é o fato da competitividade entre os carros ser dentro da pista, ainda mais no WTCC que é uma categoria de muito contato Ele passou maior parte da vida correndo de Rally, onde se corre sozinho,em tomadas de tempo. Correr com vários carros dentro da pista em baterias alucinantes e cheias de contato vai ser loucura rsrsrsr Torço por ele, vai ser legal acompanhar a WTCC.
O que podemos esperar do Nelson?
ExcluirEle tentou tirar a carteira de piloto aqui no BR mas sempre colocaram um monte de coisas na frente e cobravam muito alto, aí ele foi para as categorias de base da Inglaterra onde conseguiu facilmente a tal carteira e foi subindo até chegar a F1 e de uma hora para outra ele recebeu a licença sem pagar um tostão.
John Button, descanse em paz. Sua agradável imagem e presença na corridas de F1 fará falta.
ResponderExcluirAndré Castan,
ExcluirSem dúvida a agradável imagem e presença do Button Senior será sentida das corridas vindouras.
Abraço.
Wagner
Wagner,quanto à questão do autódromo,sempre me pareceu haver um viés ideológico nisso,no sentido de classificar o automobilismo como "esporte de burguês",incentivando tantos mortes por rachas por aí,uma imagem à qual políticos não querem se ver associados,haja vista o extermínio do Autódromo de Jacarepaguá,sem a menor perspectiva de seu substituto estar sequer com as obras iniciadas.
ResponderExcluirEm tempo:Bem que podiam restaurar o anel externo de Interlagos,não?
Daniel San,
ExcluirComo toda atividade humana, a política e a politicagem sempre marcam presença. Com relação à recuperação do anel externo seria algo interessante e é algo viável, ainda que seja apenas simbólico pois as exigências de segurança atuais e as áreas livres ao redor do asfalto não atenderiam estas demandas.
Abraço,
Wagner