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Interlagos Berlinette com motor Simca Tufão V-8 de Ricardo Achcar (Ilustração de Maurício Moraes/forum-Simca.2308807.n4.nabble.com) |
“Vá atrás
de toda informação sobre carros antigos. Em 99% das iniciativas você
apenas fará novos conhecimentos e amigos. Em 1%, mais amigos – e achará o
automóvel.”
Conversa com Roberto Lee, 1969.
Parece
maluquice ou despropósito, pois todos sabemos e vivenciamos ouvir enorme
quantidade de histórias que, espremidas, não produzem o sumo da verdade.
Usualmente, dão em pouca objetividade, reduzida veracidade e, pior, porque às
vezes verdadeiras, enormes erros em datas e prazos – uma vez fui atrás de
um Alfa 2500 no Rio de Janeiro, indicação de amigo comum, especializado, com
autorização de usar seu nome com o proprietário. Tudo certo, exceto pelo fato
de, descortês, precipitado, o alfista ter morrido quase 20 anos antes da informação,
a viúva idem, a casa se tornara um edifício, ninguém sabia de nada...Mas faz
parte da Arqueologia Antigomobilística, e tenho seguido a orientação
absorvida do Lee, um dos pais do antigomobilismo nacional.
Entre 1971 e 1972,
para constatar a existência do meu futuro primeiro antigo, um Ford Modelo T de
1926, mal descrito em inventário de 1928, fiz 52 – cinqüenta e duas! – viagens
em estrada de terra, para desespero do meu negro JK – a uma cidade do interior,
em poeirenta estrada de terra até ver, negociar e comprar. Idem, searas longas,
ouvindo desincentivos, a pecha de maluco simpático e articulado, nos anos 1990
para localizar o FNM Onça – com fundamental ajuda do Mingo Jr –; descobrir o
IBAP Democrata, empreendedor, história, resgatar a essência desta lenda; e,
neste século, para desencavar a documentação do Capeta para, junto com outros
Willys exumá-los em estado de abandono e saque no pilhado Museu do citado Lee,
dar base a um projeto de resgate e impedir sumiço certo.
Energia
Curiosidade e interesse sem fim, o ânimo antigomobilista é uma pilha bem carregada. Por isto, conto a mais recente história, como o fiz à minha mulher, quando avisei voaria a São Paulo para tentar fazer resgate de automóvel perdido na bruma do tempo. “Ok," – comentou ela, com insuportável prática feminina – que seja, pelo menos exemplar único para valer seu tempo em meio à sua única semana de férias.“ Era o caso.
Curiosidade e interesse sem fim, o ânimo antigomobilista é uma pilha bem carregada. Por isto, conto a mais recente história, como o fiz à minha mulher, quando avisei voaria a São Paulo para tentar fazer resgate de automóvel perdido na bruma do tempo. “Ok," – comentou ela, com insuportável prática feminina – que seja, pelo menos exemplar único para valer seu tempo em meio à sua única semana de férias.“ Era o caso.
Lembra-se
do Santa Fúria, mistura de Willys Interlagos Berlinette, tracionado por motor
Simca colocado entre eixos? Correu poucas vezes entre 1964 e 1965,
projeto do Ricardo Achcar, construção dos lusitanos irmãos Antônio e Herculano Ferreirinha. Era
rápido, muito rápido, mas tinha um problema nunca resolvido de
superaquecimento. Vi-o correndo, dando pau em Ferrari GTO no ex-ex-autódromo
do Rio, escrevi um capítulo para infindável livro-karma que cometo sobre Simca,
mandei-o a briminho Achcar para corrigir as impropriedades. Ricardo o
fez, e após bem fez, resumiu e distribuiu-o pela internet.
De tudo,
repetia sempre a informação buscada desde nosso reencontro: não se lembrava do
fim do automóvel, um carro de corrida que não deu certo, e sem outra aplicação.
Canse
– e ganhe
Como em
tudo, na vida, você deve deixar claros seus interesses, daí, no caso, vivo
perguntando sobre alguns carros de corrida de nossa época áurea.
No Encontro de Araxá, junho 2012, o Sérgio Ambrogi, cavalheiro versado em
carros antigos e recuperador de volantes de direção, me falou: “Acho,
localizei o tal Interlagos com motor Simca. Venha a São Paulo. Te levo a
ele.“
Informação
importante, programei-me ao negócio, o gentil Sérgio acertou sua agenda,
pegou-me no Aeroporto de Congonhas e fomos em direção a Santos, SP. Na Via
Anchieta, ligando o Planalto ao mar, passamos pelo km 23, em frente ao local
onde foi a fábrica da Simca, e nos surpreendemos em lamento comum sobre o
desaparecimento da construção pioneira; da falta de sensibilidade do pessoal da
Volkswagen, então donos das antigas instalações industriais, fazendo terra
arrasada, e das Casas Bahia, compradora do terreno, em não preservar o pórtico
de entrada para seu mega e insosso galpão que nunca terá história. Quase
perdemos a entrada para o Riacho Grande, onde, num galpão fechado a público,
descansaria o automóvel.
Como toda
história hipotética, o otimismo supera a realidade; um filminho do vivido à
época, até tirei de insuspeitada gavetinha o inconfundível rugir do motor V-8
de competição, o Ford V-8 Flathead com o mais belo ronco desta turma. Lembrava
do Ricardo acelerando à frente do Ferrari GTO do Paulo César Newlands no antigo
– o primeiro circuito na Barra da Tijuca e não o atual criminosamente mutilado
pela administração (?) da cidade do Rio de Janeiro. Vou repetir para não restar
dúvidas: a Berlinette Simca, criada no Rio de Janeiro, andava mais que
o carro de corrida feito em Maranello!
Caminho
Ia
formulando possibilidades no meio ambiente úmido, chão molhado, em semana de
frio. Estaria a poucos metros da mais importante descoberta do
antigomobilismo brasileiro neste ano? O que sobrara? Em que estado?
Quantas intervenções criativas...ou interpretações pessoais teriam sido
aplicadas a este marco criativo do automobilismo brasileiro dos anos
1960? Qual o tamanho e cu$to de uma recomposição nestas?
O lado do
cérebro ligado à objetividade avisava – a fila das restaurações está mais
longa que sua passagem por aqui; o galpão não absorve nada mais; as moças do
escritório não suportam mais pesquisar peças e histórias de automóveis, coisas
estranhas a um advogado fazendo consultoria – mas não conseguia abafar o
entusiasmo. O outro lado contrapunha: isto é parte da nossa história; já
imaginou a felicidade de briminho Achcar, do Ferreirinha – Antônio, o Herculano passou faz muito tempo – e do Manuel
Truviso, formulador de soluções durante a construção, ao saber da sobrevivência
do carro?
Fórmula de
contemporizar, decidi: se puder e não houver desvario em valores, tento comprar
o carro. Se não, pelo menos tento adquirir o motor. O Sérgio disse, vira-o
removido do chassi e substituído por outro, importado, de carro recente. A
composição original não empregava o Emi-Sul com válvulas no cabeçote, mas o
Aquilon de válvulas no bloco, aumentado ao limite de próximos 2.600 cm³,
produzindo 145 cv aferidos em dinamômetro, preparado e fornecido pelo
departamento de competições da Simca, – e resistente, segundo o Ricardo. Não
existe remanescente destes motores feitos na área de desenvolvimento/corridas
da fábrica desta época.
Tê-lo exposto no Museu Nacional do Automóvel, em
Brasília, seria uma referência importante a quem conheceu, ouviu falar, e às
novas gerações. Antes disto, desmontá-lo, seria descobrir a fórmula da
preparação, aprender mais com as soluções aplicadas 30 anos após o projeto do
motor, num estágio de desenvolvimento cujo topo não se deu na França, origem da
marca, mas no Brasil.
Muitos
raciocínios, teorias, possibilidades, tudo matéria de sonho. Mas, como dizia
minha macróbia avó, com sabedoria de mineira casada com mercador libanês: “Do
saco, a embira. E da embira, um pedaço.” Na prática, se não puder ter
tudo, tenha uma pequena parte.
Havia pequena dificuldade meramente
circunstancial – ninguém dissera se o antigo automóvel de corrida estava à
venda e, se estivesse, o quantum. Questões menores...Aguardo
O Carlão,
dono do negócio, marcara, mas não estava. O galpão, privado, fechado,
dispensava campainha à porta. Dentro da realidade nacional, onde os anúncios e
as ações de marketing substituem o objeto, a essência, o funcionamento, a
realidade, e os fins, os celulares não tinham sinal. O frio incomodava, os pés
gelavam, para não ficar no carro sujeito às violências urbanas hoje tratadas
como normalidade, resolvemos deixar o emprego de bobos e preencher o tempo num
estaleiro, vendo barcos e lanchas em terra.
Nada específico, mas ali havia sol
morno e piso seco. O sol chegara ao cimo e iniciara descer. Meu estômago deu sinal
de existência, e do lanchinho no avião às 8h00, não restaram lembranças.
Dono
simpático, curiosidades como uma operacional lancha cabinada Zemar, construída
em madeira no distante 1947, movida por motor Volvo marinizado do meio da
década de 1950; um velho trator, construído com chassis, trocara o motor diesel
original por um de Jeep Willys em sua faina de puxar embarcações; lanchas
Carbras-Mar ainda em madeira com casco trincado; e um solzinho agradável.
Lancha cabinada Zemar, 1947. De madeira e em uso! |
Citado Carlão chegou,
fomos ao galpão.
Grande
portão aberto, olhar em amplo ângulo, tentativamente focado para encontrar os
restos do Simca-Achcar-Esab-OK em meio à enorme variedade de atrações mecânicas
acumuladas pelo Carlão. Desvio de um picape Dodge D-100 em processo de
troca da insuportável e inexplicável suspensão dianteira com eixo rígido por
outra independente.
Picape Dodge D-100 – feita aqui porém vendida na Venezuela |
Tangencio
sua caçamba, retirada para reparos, da fila de motores V-8 de grande
cilindrada, incluindo dois GM 8.200-cm³!
Motores GM V-8, 8.200 cm³ – mais de 1 litro por cilindro! |
O Carlão é
destes camaradas que inspiram e faz o que todo apreciador de automóveis e
mecânica gostaria: localiza e compra tudo o de porcas, parafusos que podem
mover e dar prazer, mesmo se não forem para mover rodas, classificação onde se
enquadra raro, original, nunca restaurado dos anos 1930, construído para
embarcações.
Marítimo |
Um Dodge
Dart; um hot a meio caminho; a preciosidade de um motor Chrysler 300
Hemi – a designação é por conta das câmaras hemisféricas nos cabeçotes,
refinamento inexplicável em coisas norte-americanas, onde o volume substitui o
apuro.
Cabeçotes de motores Chrysler 300 Hemi |
O Sérgio
indica: “Ali.”
O filme do
arquivo mental passa rapidamente, o olhar tocado pelo entusiasmo quer descobrir
a preciosidade buscada segundos antes das pernas. No chassi, apoiado em
triângulos formando de mesa de trabalho para dar conforto ao executor, o motor,
em posição superior, chama a atenção. Colocado entre eixos traseiro, em “V”,
bloco de ferro, cabeçotes em alumínio. Dúvida fugaz, pode ser de Emi-Sul – não
seria original, mas pode ter sido substituído. Não vejo o chassi de maneira
clara e identificativa. Procuro pelas rodas, mas posição e ângulo não permitem
ver se são fixadas por três parafusos – como eram os Renault e
as Berlinettes à época.
À distância o chassi mostra balanças inferiores,
mas há peças em cima e não enxergo o restante ou o amplo tubo horizontal da
caixa de direção com pinhão e cremalheira, como era a estrutura mecânica
original.
Mais uns
desvios cuidadosos para não borrar, enganchar a roupa ou sujá-la, chegamos ao
chassi, construção sólida marcada por viga central. Procuro a outra suspensão e
vejo a repetição da dianteira – balanças inferiores, feixe transversal de molas
semi-elípticas. Passo à caixa de marchas. Não é a Colotti original do projeto,
mas coisa de tecnologia mais recente.
O chassi com motor entre eixos do Carlão |
Para quem
não se lembra, a plataforma criada por Jean Rédélé, da Alpine, para o A108, que
no Brasil se chamou Willys Interlagos, era basicamente uma viga central ligando
as suspensões. Uma peça de arte em engenharia, feita por pequenos pedaços de
ferro cortados, arrumados, soldados, formando etérea e vazada viga. Para dar
capacidade estrutural, resistência torcional, revestida por camada de compósito
de fibra de vidro. Leve, resistente, à prova de corrosão.
Diferia do
que estava à minha frente.
Carlão contou, modificou o chassi recebido
em antigo negócio, repetindo a fórmula do jipe Candango Vemag: suspensões
iguais na dianteira e traseira à base dos descritos triângulos inferiores e
feixes de molas semi-elípticas colocados transversalmente. O motor recebido era
de Simca Emi-Sul, retirado e vendido junto com outros cinco...O atual é V-6,
bloco em ferro, cabeçotes em alumínio, – de longe suporia o Emi-Sul, mas é um
4.000-cm³ de Ford Ranger. Câmbio de Mazda.
Um
pedaço...
Vamos
combinar, razão e emoção só se encontram quando você quer se auto-convencer, ou
tentar explicar aos outros. Assim, acima de qualquer sonho, é reduzida a
possibilidade de um protótipo de corrida, arranhando os 50 anos, ter
sobrevivido, passando de mão em mão, de sonho em sonho, de plano em plano, de
intervenção em intervenção, e ainda se encontre com a morfologia, as peças e o
jeito original. Entretanto, neste negócio de busca há que se resolver o caso. É
preciso uma prova cabal do ser ou não ser.
— Carlão,
e a carroceria? Como era?
— De
Interlagos, modificada para caber o motor entre eixos, nas costas do banco, com
mudança no vidro traseiro.”
Conceitualmente
era assim, o Simca-Achcar-Santa Fúria-Esab-OK era assim, a carroceria
internamente e o vidro traseiro foram mudados para abrigar o motor, com maior
volume e em posição. Em linhas gerais coincidia.
— E
existe?
— Sim, na
oficina de um amigo para acertar a fibra e vestir o chassi.
Dispõe-se
a nos levar lá – o educado Sérgio e eu. Convoca o Carlinhos, seu filho,
esperto, 12, e nos guia por intrincada rede de pequenas ruas, em bairro que não
consigo localizar na enorme São Paulo. Sorte não ter ligado meu GPS levado
adredemente para inconveniências. Boa cautela, a intrincada rede de pequenas
ruas teria dado um nó em seu programa, entupido os satélites..Do saco
a embira, e da embira um pedaço, me lembro da minha avó falando enquanto servia
ao seu pequeno neto bananas assadas na chapa do fogão a lenha que reinava em
sua cozinha no período de criar uma invejável família e aderentes.
Se não
cheguei à base mecânica do carrinho do Achcar, se o motor Simca Aquilon de
competição foi junto no caminho do escondido, há a possibilidade de a
carroceria existir, devo passar o traço nesta conta e saber se a carroceria
ainda remanesce.
A oficina
funciona em casa. Não é doméstica dividindo convívio residencial e laboral.
Não, são casas transformadas em oficinas no térreo, garagem, jardim, ocupadas
por veículos, e no restante com peças, partes, pedaços de carro. Na garagem bem
cheia da primeira casa, mais uma réplica de Ford Cobra em construção e duas
intervenções interessantes: uma Rural com quatro portas, com as duas adicionais
aplicadas pelo esticamento do chassi, piso e teto, e um picape, também Willys,
e também 4-portas pela construção de dupla cabine.
Rural 4-portas em execução |
A
carroceria de Berlinette, indicam, está numa terceira casa, atrás de
antigo e volumoso gerador elétrico tocado por motor Ford V-8 Power King, e de
caminhão Chevrolet, espaço restrito e vigiado por cachorra aparentemente
simpática porém consistentemente portentosa.
Como
lembrança, o protótipo feito pelo Achcar nasceu após a capotada de
sua Berlinette cor de prata no Autódromo de Interlagos. Sujeito
educado e de berço esplêndido, o filho de libaneses comprou outro carro de uso
e resolveu transformar os destroços em verdadeiro carro de corrida. Dizia,
criara a Trolinetta – mistura de Trolha, prosaica gíria carioca
dos anos 1960, cujo significado não me atrevo a explicar neste espaço,
e Berlinetta. Lembrava claramente o perfil do mítico automóvel francês, mas a
parte interna, as colunas “C” e o vidro posterior foram modificados para
absorver o maior volume do motor e sua posição invertida, funcionando dentro da
cabine, colado ao fundo do assento. Era pintada de branco.
"Trolinetta" Achcar |
Após as
operações Segura a Cã, Pula-Chassi, Cuidado para não se machucar, surge a
carroceria de uma antiga Berlinette...Está azul, com o lado direito
encostado no piso da garagem e o lado esquerdo apoiado na parede. Só a
carroceria, pobre, gasta, sem detalhes, sem vidros, porém modificada para
vestir no novo volume mecânico. Mas é parte de um outro projeto, nada a ver com
a Trolinetta Achcar.
A carroceria de Berlinette para o carro do Carlão |
Quatro da
tarde, frio e umidade crescentes, Carlão e Carlinhos se vão a
endereço de menino em férias, o McDonald’s. Sérgio e eu, pós-garotões, a uma
padaria para lanche mais saudável – sanduíche de Polenghinho.
Gentil, o
Sérgio me leva à oficina do Roberto Gozzo, que gere o melhor serviço de
salvamento de carros de enchente, limpeza e polimentos e me dá enorme mão
recebendo e cuidando da
minha porcariataantigomobilista paulistana.
Ainda não
foi desta vez, mas o olho de Allah, que tudo vê e tudo sabe, vai me mostrar o
caminho. O percentual da Regra de Lee funcionou mais uma vez. Não
achei o carro, mas fiz novos amigos, a essência e acervo maior da vida
antigomobilista.
RN
Nasser,
ResponderExcluirsaborosa estória.
Obrigado por dividí-la conosco, e concordo com a linha mestra da conversa. O mínimo que se ganha é amigos. Os inimigos que ás vezes vêm anexados é gente que não vale a pena mesmo.
Abraço.
Você ainda tem o "T"?
ResponderExcluirSe tiver, que tal um post completo sobre ele?
O post de hoje valeu à tarde.
Parabéns!
E um post sobre o "P3" também!
ExcluirHistória interessantíssima, final frustrante. Dói ver tantos carros de valor histórico que ao longo das décadas foram mutilados, inutilizados em modificações mal sucedidas, ou simplesmente picotados...
ResponderExcluirHistória muito bacana, verdadeiro relato de arqueologia antigomobilista. Não foi dessa vez, mas quem sabe ainda se possa encontrar o verdadeiro Santa Fúria em algum lugar.
ResponderExcluirEsse negócio de ir atrás de resgatar algum exemplar que já era raro ou único em sua época, além de amigos, rende grandes sagas, e belas estórias. No meu caso, mesmo não sendo raros muito menos únicos exemplares em suas épocas, sempre me pego imaginando se por algum milagre, ainda existem o Simca Chambord, o Galaxie 500, e a Veraneio que foram de meu avô materno nos anos 60 e 70, bem como o Simca Esplanada, o LTD, o e Charger R/T de um tio-avô nas mesmas décadas. Ou mesmo os Monza que foram de meu pai na década de 80. Se existem, onde estarão, como estarão? Seria possível restaurar?
ResponderExcluirBem, eu faço um negócio meio doentio, mas às vezes pego a placa e RENAVAM de meus ex-carros e jogo no site da Controlar.
ExcluirDaí consigo saber se o carro ainda está rodando, e que dia vai estar no posto. Às vezes dá vontade de aparecer só para ver como está.
Para carros muito antigos não sei se daria certo, e seria só com os paulistanos mesmo...
Bela história, embora com um final "triste", mas é assim mesmo, tem que ir fuçando, deixando as pessoas saberem que está interessado, quanto mais gente ficar sabendo mais chance de algo aparecer, ainda que não apareça nada...
ExcluirMr.Car
ExcluirTambem tenho muita curiosidade em saber dos carros que meu pai teve na epoca que eu era crianca.
Alguns me marcaram bastante e foram parte da construcao da minha paixao por automoveis.
Viva o saudosismo!
Corsário: faço algo parecido. Os carros que foram meus mesmo, acompanho através do renavan no site do Detran. Todos ainda rodando, he, he. Dois já foram transferidos para outros municípios: o Monza e o Gol.
ExcluirAnônimo: infelizmente não sobrou nenhum documento aqui em casa, dos carros que foram do meu pai. Caso contrário, poderia tentar ao menos saber se ainda estão na ativa. Alguns devem estar, outros já acho bem difícil que estejam.
Conselho de amigo: insistam. Às vezes, quando menos se espera, dá certo.
ExcluirEm 1980, meu pai comprou um Opala 250-S cupê, com dois anos e 22000 km de uso, que me deixou simplesmente doido. Não tive chance de pôr as mãos nele à época - eu tinha só 13 anos de idade, e o carro foi vendido um ano e meio depois. Mas fiz um desenho dele para guardar de lembrança e anotei o número do chassi atrás da folha.
Numa noite de março de 2009, eu sonhei com o carro. Três dias depois, digitei o VIN no Google... e encontrei-o nos cafundós do Rio Grande do Sul, em um pátio do Detran, prestes a ser leiloado como sucata!
E aí? Comprou?
ExcluirCorsário,
ExcluirNão apenas o comprei (por telefone!), como restaurei-o de cima abaixo, seguindo rigorosamente o padrão original. Ainda há detalhes de acabamento a completar, mas, sem falsa modéstia, já andamos torcendo alguns pescoços...
Muito bom! Muito bom! Preciso fazer amigos, assim, como vocês! Um abraço,
ResponderExcluirBela história barbudo!!! Parabéns
ResponderExcluirO Ricardo Achcar teve, durante mais de 25 anos, um MP Lafer, que segundo suas próprias palavras, foi levado pela mulher no divórcio. Seu projeto mais recente é um carro esportivo de linhas nostálgicas, inspirado numa Alfa Romeo dos anos 30. Mais informações sobre este projeto estão no link que acompanha a minha assinatura de comentário.
ResponderExcluirNasser, simplesmente um mestre a ser seguido.
ResponderExcluirSou honrado por ter amizade e conhecer pessoalmente esse cara que é referência no setor.
obrigado por nos brindar com mais este show de conhecimento de arqueologia automobilística.
Abraços do seu amigo e fã,
Portuga
Portuga
ExcluirTemos que aproveitar muito "do saber" de pessoas como o Nasser , o Trevisan o Pozzoli entre varios outros.
Sinto que o conhecimento e essa cultura antigomobilista esta cada vez mais se dispersando. Ficará cada vez mais dificil passa-la para as novas geracoes. Muita gente boa se foi e com eles conhecimento e historias. Cito muitos nomes com Barao Fittipaldi, Milton Masteguim, Jorge Letry, Luis Pereira Bueno , Fabio Steibruch, Paolo entre varios outros.
Parabens a voce , um jovem antigomobilista e que difunde todo seu conhecimento com nos leitores.
Abracos
Mr. Car, eu tinha certeza que não era o único que dava essas viajadas... Consegui ver, dois anos depois de vender, meu primeiro carro, Monza S/R, à época (1996) em estado diverso do excelente que estava quando me desfiz dele. Hoje colecionável, onde andará e em que estado?
ResponderExcluirNasser, sempre tinha ouvido falar em sua pessoa e que bom que nos brinda com textos como esse. Sua coluna das sextas é ótima. Como está o Museu Nacional do Automóvel em Brasília, fechou? Tenho irmãos lá e pretendo visitá-los em novembro, alguma chance de ver o acervo? Onde estão o Onça, o Democrata e o Capeta?
Mauro
Mauro, esta não é a minha única "viagem". Não consigo, por exemplo, ver um carro em um ferro-velho, sem imaginar toda sua trajetória de "vida" até chegar ali: ele sendo feito na linha de montagem, exposto "zerinho" na concessionária, a satisfação do primeiro comprador, quem teria sido esta pessoa, quantos donos teria tido, quantos passeios felizes famílias fizeram com ele, os lugares por onde terá rodado... "Viajo" mesmo, coisa de maluco, he, he!
ExcluirEm tempo, Mauro: morei em Brasília, onde estive inúmeras vezes no Museu, e onde tive oportunidade de conhecer e bater um ou dois papos rápidos com o Nasser. Lamentei profundamente o fechamento do Museu. Tanto espaço em Brasília e os cretinos vão querer justamente o galpão do Museu!!!
ExcluirAqui está uma tradução em vídeo para a "viagem" do Mr. Car: http://vimeo.com/72814032
ExcluirAnônimo 06/09/13 01:31,
ExcluirNão ocorre somente com ele. Isso faz parte da vida de todo auto entusiasta.
Sobre ferros-velhos, um dos motivos de eu não gostar de "mutilar" os carros ainda razoáveis ali presentes é justamente pelo lado emocional da coisa. Tudo bem que existem muitos carros que não têm mais como serem reparados, mas no caso de antigos, é freqüente pegar um modelo mais comum e não tão ruim assim para virar doador de peças para outro mais raro.
ExcluirCada carro que chegou a um ferro-velho tem muita história para contar. Vejo a coisa mais ou menos como o Portuga Tavares escreveu algum tempo atrás, mostrando a vida contada pelo próprio carro, apresentando os altos e baixos ao longo do tempo. Como eu gostaria que aqui fosse como lá na terra do Tio Sam, onde é possível encontrar peças de acabamento e lataria para os modelos antigos que hoje já são clássicos ou nem tanto assim...
Não adianta, essa propaganda da mercedes sempre me faz chorar. E olha que nem sou fã da marca. Mas é raro conseguirem captar tão bem a essência do que é gostar de carros, e principalmente gostar de fazer carros.
ExcluirNasser
ResponderExcluirE um prazer e um privilegio poder ler historias de um antigomobilista do seu nipe! Devem haver inumeras! E varias com final feliz.
Alem, desse belo trabalho de arqueologia, voces contribuem, para a preservacao da historia do nosso automobilismo e da industria automotiva no Brasil como um todo.
Trabalho heroico num pais , carente ao extremo, de cultura e tradicao automotiva. Um pais que deixou seu rico automobilismo agonizar e morrer lentamente. O que impera e a fome e o consumismo pelo novo , facil e de producao em massa.
Por curiosidade quantos JK Timb foram produzidos? Quantos ainda exixtem? Conheco o seu (por fotografia) e pessoalmente o dourado do saudoso Fabio Steibruch.
Traga-nos mais historias como essa! Os leitores do AE vao gostar.
Tenho algumas sugestoes:
Alfazoni,
GT Malzoni,
Furia BMW/ Furia Lamborghini,
Alfas GTAs e GTAm ,
KG Porsche,
GT 40 (irmaos Cardoso),
Wilys Capeta, etc, etc.
Obrigado por dividir seu conhecimento conosco.
Abracos
O cabeçote virado para cima, com as velas apontando todas para a mesma direção, é provavelmente de um motor Ford. Os motores Ford tem as câmaras de combustão todas iguais (Chrysler e GM têm câmaras "esquerdas" e "direitas"). Inclusive, a área de "esmagamento" da mistura ar-combustível é uma tecnologia mais recente, usada a partir da metade dos anos 60. A pessoa que disse ao Roberto que o cabeçote era de um motor Hemi de um Chrysler 300 não sabia o que estava falando. Aliás, o último motor Hemi de primeira geração (392) foi fabricado em 1959, e o 426 só saiu em 1965; portanto, muitos Chrysler 300 (F, G) nem saíram com motor Hemi.
ResponderExcluirEm casos assim, este resgatar da história, ao confrontar razão e emoção, toma-me de aflição; coisa de quem não está acostumado com este ambiente de "hospital e pacientes sem alguma esperança", certamente.
ResponderExcluirDe um automóvel deste que morre, por vezes outro renasce e tem-se nova história, e complemento da anterior. O importante é documentar tudo, pois com tempo e dinheiro, pode-se reconstruir ou criar fiel cópia.
Certamente, creio, que com o incentivo do olhar sobre o passado de certos automóveis históricos - e falo principalmente destes bólidos que tiveram papel importante em competições e semelhantes eventos - é que, cada vez mais, veremos o passado no presente, ou seja, os tais automóveis nas respectivas condições originais de suas épocas. Muitos destes automóveis não merecem serem desmantelados com propósito de melhoramentos à base de troca de sua tecnologia. Para isto, que sejam construídos outros automóveis com base no modelo desejado, e, sendo assim, novo e com integridade conhecida para os mais diversos esforços.
Tal como um modelo a posar para que o pintor à sua característica de pincel o retrate da maneira que lhe convém, assim um antigo pode servir de modelo para novo projeto, sem ter que ser esquartejado e ter suas partes substituídas; um Frankenstein automobilístico. Não, não é o que queremos. Não para automóveis deste tipo, criações únicas - um pecado a ser evitado. Que seja feito em automóveis de grande volume de produção, ou nas tais projeções com referência ao projeto que lhe serviu de base, seja tecnológica ou puramente estética. Tal como as reproduções das grandes obras de arte, que, se não possuem o rigor técnico de execução da obra-prima, a sua essência lá esta, viva, em sua reprodução; que assim seja feito.
Obrigado por este texto extra à semanal Coluna.
Texto extraordinário, Nasser. Mantendo seu estilo tinhoso de escrever, e fugindo dos moldes da Coluna, deixando conhecer um pouco mais as convicções do autor. Volte sempre para escrever. E se possível, para comentar também.
ResponderExcluirAbraço,
Preclaro brimo, a sua verve continua limpa e afiada,nos transportamos ao local das escavações com o seu relato,embarak!
ResponderExcluirNasser.
ResponderExcluirIl ana abuck acrut!!
Onde stá meu baratinha.
Vuce vende tudo abrestaçon! galcinha, sutiaini, arabie(carro em arabe) da Achcar.
Beijinhos seu mineiro libanisado!
Ricardo Achcar
Não posso deixar de sugerir uma matéria sobre Roberto Lee e o triste fim que ele teve, o que resultou no fato de uma coleção incrível ter praticamente virado sucata. Eu tinha 13 anos e me lembro bem. Crime passional não pega nada no Brasil... ontem mesmo comentei no artigo "Espionagem. Espionagem?" do Bob o fato de o jornalista Pimenta Neves ter obtido a progressão para o semi-aberto depois de apenas dois anos e meio preso, sendo que até conseguirem botar o cara em cana levaram um total de onze anos. É lamentável.
ResponderExcluirSoberbo texto, prosa cativante que nos prende a atenção e até suspiramos quando o texto acaba, tal a vontade de continuar lendo o relato !
ResponderExcluirSão coisas assim que continuam fazendo a vida valer a pena, a curiosidade em saber o que cada dia trará de novo em nossa vida, em nosso caminhar.
Bela história, Roberto. Não conheci o Sr. Lee mas tive a honra de visitar sua propriedade antes do desaparecimento do Tucker Torpedo. Só estando presente em corpo para sentir o trabalho e dedicação do Sr. Roberto Lee à memória do automóvel, tão importante quanto à sua pela memória do transporte. Parabéns e estando em SP novamente avise aos autoentusiastas!
ResponderExcluir