Ghia Supersonic, o mais famoso dos "Otto Vu" |
Um carro com motor
V-8 batizado pela fábrica de 8V é algo curioso. Engraçado na verdade, se soubermos que isso aconteceu devido ao suposto
registro de designação "V-8" que haveria por parte da Ford, mas que nunca existiu na
verdade. Problemas de informação dos tempos de antanho, provando que o mundo era
mesmo muito mais simples do que hoje, quando haveria uns trinta e cinco advogados especializados em marcas e patentes dentro de uma empresa do tamanho da Fiat buscando esse tipo informação.
Esse carro foi
fabricado apenas durante dois anos, mas deveria, precisaria, tinha que ter durado mais tempo para regozijo dos
autoentusiastas. Infelizmente, a produção total passou pouco das duzentas unidades, uma miséria para um carro tão belo.
Apesar da baixíssima
produção, a compensação pela pouca quantidade veio na forma de várias
carrocerias exclusivas, feitas por grandes estúdios de estilo, por duas marcas na verdade, a Fiat e a Siata. Qualidade de
desenho ao invés de quantidade, ótimo para colecionadores de raridades, menos
ótimo para quem aprecia um mundo bonito com vários belos carros a cada esquina.
O 8V, Otto Vu em italiano, tem muito de Siata, marca italiana especializada em produção artesanal desaparecida em 1975, que fazia carros pequenos, esportivos e leves.
Carroceria Fiat original, o mais produzido |
O desenho do carro original dentro da Fiat é atribuído ao diretor da área de estilo de veículos especiais, Fabio Luigi Rapi, que tem poucos produtos atribuídos a ele, mas belíssimos mesmo assim. Um exemplo é o Fiat 1200 Spider. O projeto mecânico e estrutural geral é de um dos grandes engenheiros criadores de automóveis, Dante Giacosa, sobre o qual já publicamos alguns textos:
O motor de oito cilindros em "V" com 70° entre as bancadas foi planejado com a intenção de ser aplicado em um sedã de luxo para vender no mercado americano, cujo programa foi cancelado já em fase adiantada. Sem utilização definida, falou mais alto o entusiasmo de ter um carro que pudesse levar a Fiat a disputar o campeonato italiano de carros de turismo, e para isso seria necessário produzir e vender ao público, sendo homologado para as ruas. Até hoje é o único V-8 da marca italiana.
Só poderia então ser um carro pequeno e leve, para aproveitar a potência que não era excepcional, já que o motor tinha apenas 1.996 cm³ de cilindrada (diâmetro 72 mm x curso 61,3 mm), com 117 cv a 5.600 rpm e 15 m·kgf a 4.600 rpm, acelerando de 0 a 100 km/h em cerca de 12 segundos, cobrindo o quarto de milha (402 metros) em 21 segundos e chegando ao redor de 200 km/h de velocidade final. Notem que esses números são variáveis, servindo apenas como referências de ordem de grandeza, já que pelas várias carrocerias e acabamentos, o coeficiente de arrasto e a massa, bem como área frontal, variavam de modelo a modelo, e nunca um seria igual a outro nessas medições.
O câmbio tem quatro marchas, com a primeira não sincronizada e a quarta direta, de "relação" 1:1. Na tração traseira, diferencial com redução de 2,2:1, longa, necessária para uma boa velocidade máxima, já que o motor não girava a rotações muito além das de um carro de rua normal.
Nesse motor, o bloco era de ferro fundido, mas o cabeçote de liga de alumínio alojando as válvulas, comandadas por varetas que se movimentavam obedecendo à árvore de comando de válvulas no bloco, entre as duas bancadas. Dois carburadores duplos Weber 36 DCS alimentavam os oito cilindros, para uma potência máxima de 130 cv nos últimos a serem construídos.
Mesmo tendo apenas três mancais para o virabrequim forjado, número insuficiente quando se quer resistência elevada, a taxa de compressão é de 8,5 :1, alta para esse tempo de gasolinas de baixa octanagem. Um belo cárter de alumínio com aletas auxiliava na refrigeração do óleo, e trazia de presente um visual muito bonito, assim como os coletores de escapamento saindo para cima.
O 8V não é grande, tem
apenas 4.040 mm de comprimento, 1.570 mm de largura e 1.290 mm de altura. Pesa em ordem de marcha aproximados 910 kg.
O carro apareceu
pela primeira vez publicamente em Genebra, 1952. A Fiat precisava fazer 200 carros para homologá-los para
competição, e para não atrapalhar a produção normal de sua fábrica ou mesmo da oficina
de montagem de protótipos, foram contatados vários encarroçadores, mais
habituados ao oposto do trabalho normal da Fiat, a alta produção de veículos de
custo e preço baixo. Sim, caro leitor, existiam carros de preço baixo antigamente. Hoje, não
mais, ao menos para quem mora no Brasil.
O primeiro carro utilizado em corrida chegou em quinto lugar na Mille Miglia já no mesmo ano, 1952, com Franco Auricchio,
mesmo tendo freios a tambor nas quatro rodas, normal para aquela época, sem
assistência a vácuo, mas com suspensões de braço triangular inferior, braços
superiores ligados a molas imersas em alojamento com óleo, amortecedores
telescópicos e barras estabilizadoras. Isso tudo era igual na dianteira e
traseira, nos quatro cantos.
Carroceria Zagato, emblema V8 enorme na grade |
Duas imagens de participações na Mille Miglia |
O fato de ser um
modelo de produção pequena não fez muita gente imaginar que poderia vir se
tornar um raro clássico, e vários foram utilizados sem dó em corridas, com o
campeonato italiano para carros até 2 litros sendo vencido pelos Otto Vu até
1959, cinco anos depois que o último foi construído.
Dos 114 carros, a própria Fiat se incumbiu de fazer uma carroceria especial para 34 deles, pelo departamento Carrozzerie Speciali, num movimento interessante, já que historicamente tanto a Nardi como a Siata e a Abarth eram as encarregadas em fabricar Fiats de baixa produção e alto preço. As fotos abaixo mostram um desses exemplares, em condição de vencedor de troféus, após extensa restauração.
Dos 114 carros, a própria Fiat se incumbiu de fazer uma carroceria especial para 34 deles, pelo departamento Carrozzerie Speciali, num movimento interessante, já que historicamente tanto a Nardi como a Siata e a Abarth eram as encarregadas em fabricar Fiats de baixa produção e alto preço. As fotos abaixo mostram um desses exemplares, em condição de vencedor de troféus, após extensa restauração.
No caso do Otto Vu, muitas atividades de desenvolvimento foram confiadas
diretamente à Siata (Societá Italiana Auto
Transformazioni Accessori), com comando de Rudolf Hruska, austríaco
que trabalhou com Ferdinand Porsche na época do KdF-Wagen (Fusca) e que depois, na Alfa
Romeo, seria o líder das idéias de engenharia do Alfasud, com estilo de Giugiaro. Mas essa é outra longa e bela estória.
A produção das estruturas e carrocerias, inclusive, foi da Siata, que também teve seu carro igual em quase tudo, exceto em estilo externo, o 208S, dos quais um número não confirmado de 96 unidades foram fabricadas.
A produção das estruturas e carrocerias, inclusive, foi da Siata, que também teve seu carro igual em quase tudo, exceto em estilo externo, o 208S, dos quais um número não confirmado de 96 unidades foram fabricadas.
Siata 208S em competição nos anos 1950 |
Mesmo exemplar da foto acima, restaurado |
Perseguido por um XK120 |
O carro da Siata era quase igual ao Fiat, sendo que
a estrutura de assoalho foi desenvolvimento desta empresa, usando tubos de aço
com seção oval para a estrutura principal, mais tubos de seção quadrada para a
sustentação do assoalho, ligação das soleiras com a área das caixas de roda e
reforços onde fosse necessário, e chapas de alumínio para parede corta-fogo e
assoalho, na forma geral de garrafa de Coca-Cola, mais largo na traseira e mais
estreito na região onde os bancos eram fixados. O assoalho era mais baixo que
os tubos principais, o que permitiu bancos fixados bastante baixos, resultando
em teto também baixo, e essa aparência de carro de corrida liso e de pequena
resistência aerodinâmica ao avanço.
Para estrutura superior, perfis perfurados para menor massa, dando a armação da forma do teto e quadro de pára-brisa.
Os painéis que davam a forma externa ao carro foram soldados e esta estrutura inferior, formando o que se chama de semi-monocoque, ou quase um monobloco, já que monobloco só pode ser dito quando todas a estrutura é feita de peças estampadas em prensas e unidas por pontos ou cordões de solda. Essas formas iniciais dos modelos feitos pela própria Fiat foram refinadas no túnel de vento da Universidade Politécnica de Turin, cidade-sede do fabricante.
A carroceria ficava assim, bastante rígida, sempre se considerando a idade do projeto, e as avaliações de época mostravam um carro que fazia o motorista ou piloto sentirem a velocidade mais pelos instrumentos do que pela movimentação do carro, pois o comportamento era muito bom, corroborando a intenção de criar mesmo um carro de corrida, sem os desconfortos destes. Viajar com um Otto Vu era agradável, e mesmo com os vidros aparentemente pequenos, uma boa visibilidade era permitida de dentro para fora, ao menos em estradas. Vidro, só no pára-brisa, com os demais sendo de Plexiglas (acrílico), para baixo peso.
Para estrutura superior, perfis perfurados para menor massa, dando a armação da forma do teto e quadro de pára-brisa.
Os painéis que davam a forma externa ao carro foram soldados e esta estrutura inferior, formando o que se chama de semi-monocoque, ou quase um monobloco, já que monobloco só pode ser dito quando todas a estrutura é feita de peças estampadas em prensas e unidas por pontos ou cordões de solda. Essas formas iniciais dos modelos feitos pela própria Fiat foram refinadas no túnel de vento da Universidade Politécnica de Turin, cidade-sede do fabricante.
A carroceria ficava assim, bastante rígida, sempre se considerando a idade do projeto, e as avaliações de época mostravam um carro que fazia o motorista ou piloto sentirem a velocidade mais pelos instrumentos do que pela movimentação do carro, pois o comportamento era muito bom, corroborando a intenção de criar mesmo um carro de corrida, sem os desconfortos destes. Viajar com um Otto Vu era agradável, e mesmo com os vidros aparentemente pequenos, uma boa visibilidade era permitida de dentro para fora, ao menos em estradas.
Somado aos estúdios
de estilo e encarroçadores que fizeram suas alterações, o Otto Vu representa um
grupo de carros bastante diverso, cheia de modelos e configurações diferentes,
e não há dois idênticos. Mesmo a Ghia, que fez o mais famoso de todos os estilos,
teve um outro modelo em exemplar único.
Zagato, como sempre, fez das suas, com um carro lindíssimo e as duas embossagens no teto, como característico dessa casa de estilo, em trinta unidades apenas, chamado Elaborata Zagato. Vignale também, bem como Boano. Alguns desses famosos criadores de estilo removeram o teto e fizeram seus spiders, já que há gosto para tudo, inclusive arrancar o teto de um belo carro e empobrecer seu estilo.
Zagato, como sempre, fez das suas, com um carro lindíssimo e as duas embossagens no teto, como característico dessa casa de estilo, em trinta unidades apenas, chamado Elaborata Zagato. Vignale também, bem como Boano. Alguns desses famosos criadores de estilo removeram o teto e fizeram seus spiders, já que há gosto para tudo, inclusive arrancar o teto de um belo carro e empobrecer seu estilo.
Um Zagato, no evento milionário de Villa D'Este |
Um dos mais famosos
desses sem teto teve também a dianteira muito diferente, mais parecendo um
Cobra. Não era um Fiat, mas um Siata, e foi de propriedade do ator e piloto
Steve McQueen. O famoso e destemido americano certa vez removeu os emblemas Siata e colocou o cavalo empinado da Ferrari, chamando o carro de Little Ferrari (pequeno
Ferrari). Brincadeira de gosto duvidoso.
O carro que foi de Steve McQueen, Siata 208S |
A Carrozzeria Ghia fez uma carroceria lisa, claramente aerodinâmica, que na onda da quebra da barreira do som em 1947 foi batizada de Supersonic (supersônico), palavra mágica durante décadas, e que mesmo hoje, na era dos iPads, Facebooks e afins, que parecem ser o “resumo do mundo” para muita gente, ainda desperta emoções dos mais tecnicamente inclinados.
Esse modelo é o mais famoso dos estilos do Otto Vu, e provavelmente até aqui o de maior valor confirmado. Há apenas oito construídos, sendo que alguns que foram exportados para os Estados Unidos e com o uso e desgaste, acabaram por ter seus motores e caixas de câmbio trocados por elementos locais. O tempo irá, porém, fazê-los retornar à condição original, mesmo que para isso tenha-se que reconstruir motores iguais aos Fiat de origem, já que como ficou claro em 2011, manter um original por meio século tem suas vantagens. Um carro dessa forma foi vendido em leilão por 1,7 milhão de dólares.
Como já dissemos anteriormente, a década de 1950 foi muito influenciada por uma novidade fabulosa que mudou o mundo e as pessoas, o avião a jato. Dentre esse universo distante da maior parte dos habitantes da Terra, o que mais fazia sonhar eram os supersônicos. Viajar mais rápido que o som parecia algo impossível até pouquíssimo tempo antes, e a realidade que se iniciou em 14 de outubro de 1947 com o Bell X-1, pilotado por Chuck Yeager, foi a glória máxima.
Na Ghia, Giovanni Savonuzzi era como qualquer outro estilista consciente. Ligado nas novidades e com um pensamento vanguardista, traçou as linhas para envolver o Fiat com motor V-8 de forma a lembrar veículos muito rápidos. Se o carro não seria supersônico, claro, seu desenho deveria fazer quem o olhasse imaginar apenas uma coisa: velocidade. O termo não nasceu com o Fiat, já que o primeiro assim batizado foi um Alfa Romeo 1900 de corrida, freqüentador da Mille Miglia. Houve também o Jaguar XK120 Supersonic, bem como Aston Martin.
Esse modelo é o mais famoso dos estilos do Otto Vu, e provavelmente até aqui o de maior valor confirmado. Há apenas oito construídos, sendo que alguns que foram exportados para os Estados Unidos e com o uso e desgaste, acabaram por ter seus motores e caixas de câmbio trocados por elementos locais. O tempo irá, porém, fazê-los retornar à condição original, mesmo que para isso tenha-se que reconstruir motores iguais aos Fiat de origem, já que como ficou claro em 2011, manter um original por meio século tem suas vantagens. Um carro dessa forma foi vendido em leilão por 1,7 milhão de dólares.
Como já dissemos anteriormente, a década de 1950 foi muito influenciada por uma novidade fabulosa que mudou o mundo e as pessoas, o avião a jato. Dentre esse universo distante da maior parte dos habitantes da Terra, o que mais fazia sonhar eram os supersônicos. Viajar mais rápido que o som parecia algo impossível até pouquíssimo tempo antes, e a realidade que se iniciou em 14 de outubro de 1947 com o Bell X-1, pilotado por Chuck Yeager, foi a glória máxima.
Na Ghia, Giovanni Savonuzzi era como qualquer outro estilista consciente. Ligado nas novidades e com um pensamento vanguardista, traçou as linhas para envolver o Fiat com motor V-8 de forma a lembrar veículos muito rápidos. Se o carro não seria supersônico, claro, seu desenho deveria fazer quem o olhasse imaginar apenas uma coisa: velocidade. O termo não nasceu com o Fiat, já que o primeiro assim batizado foi um Alfa Romeo 1900 de corrida, freqüentador da Mille Miglia. Houve também o Jaguar XK120 Supersonic, bem como Aston Martin.
Melhor ainda sem pára-choques! |
Esse é, aparentemente, o mais celebrado de todos os
desenhos de carroceria do Otto Vu, mas como sabemos, o belo de um pode ser não tão belo para outros, e o meu preferido é esse abaixo, de Vignale, o Demon Rouge
(demônio vermelho), fabricado em 1952. Muito mais não convencional, com vidro vigia coberto por um defletor, faróis na grade, sem pára-choques e com vários outros detalhes magníficos.
Fotos: Supercars.net; Coachbuild.com; Fiatistas.com; Alfabb.com; Carstyling.ru; Louwman
museum; Leblogauto.com; Hemmings.com; historyofcars.com; ultimatecarpage.com
museum; Leblogauto.com; Hemmings.com; historyofcars.com; ultimatecarpage.com
JJ,
ResponderExcluirTexto sensacional, assim como as imagens. Eu não conhecia o modelo, muito menos sua história. Achei a versão da Ghia muito parecida com os Mercedes Gullwing, da mesma época.
Que belezinha esse FIAT.
ResponderExcluirUm carro bem interessante!
ResponderExcluirÉ off-topic, mas super relevante e urgente:
ResponderExcluir"Prefeitura de SP vai fechar o centro da cidade aos carros no domingo, 22/09"
http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,prefeitura-de-sp-vai-fechar-o-centro-da-cidade-aos-carros-no-domingo,1075349,0.htm
Como assim?!?! Mais uma medida para "demonizar" o automóvel em São Paulo.
Eu MORO NO CENTRO, quero ver como vou fazer para me fazer supermercado e depois viajar no domingo.
Não tem jeito, acho que tínhamos que promover um quebra-quebra na prefeitura neste dia (que fica na mesma região central "banida de carros"). Não vejo outra solução, a não ser depredação e faixas "FORA HADDAD, FORA TATTO, FORA NOSSA SP" em resposta a esta afronta aos cidadãos. Imagine se alguém precisar circular de carro na região para levar um parente que passe mal neste dia para um hospital.
ExcluirMarcelo.
Fenomenal, JJ! E não sei se o post sobre o 8V foi motivado por isso, mas de qualquer forma muito obrigado por ter atendido ao pedido que fiz num outro post há alguns dias atrás. Para desenhar o Supersonic, certamente Ghia bebeu da fonte do Mercedes 300 SL (ou teria sido o oposto?). Abraços.
ResponderExcluirEsse Siata 208 é maravilhoso,Steve McQueen tinha bom gosto.
ResponderExcluirOFF-TOPIC - ótima oportunidade para nos organizarmos em um protesto:
ResponderExcluirVamos organizar uma manifestação????????
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2013/09/16/prefeitura-de-sp-vai-fechar-centro-aos-carros-no-domingo.htm#comentarios
Mao
ResponderExcluirExistem quantos desses fiat`s ainda originais?Belíssimos.
Lauro
ExcluirPelo baixo volume produzido e sua utilizacao em pista , certamente sobraram poucos.
Esse carro deve ter um bom valor internacional e e disputado por colecionadores mundo afora.
A Ghia também fez vários modelos para a Chrysler e para a Lincoln.
ResponderExcluirEsse 8V Ghiia se parece com a Alfa Giulia SS
ResponderExcluirLindíssimos esses Fiats 8V
Parabéns pela matéria, com certeza a melhor de todas que você ja fez
Abraços
E quase o Otto Vu equipou a Simca cá no Brasil! Assim o Roberto Nasser conta a história:
ResponderExcluirCom o motor 326 Otto Vu Fiat, a história seria outra
Quando, em 1976, a Fiat veio para o Brasil, tecnologicamente o fez em grande estilo: seu produto, o 147, era o mais avançado, com invejável administração de espaços, inteligente como o estepe no compartimento do motor e este, moderno, pioneiramente colocado em posição transversal.
Entretanto, pouca gente sabe, tentou vir antes e em idêntico avanço técnico com motor de 8 cilindros dispostos em V. Era o Otto Vu, coração do Projeto 326, de autoria do brilhante Dante Giacosa, construído na Fiat Carrozzeria Speciale, suspensões independentes nas 4 rodas, linhas por Luigi Rappi, um dos designers do Simca Vedette III – o nosso Simca Chambord.
Um automóvel dez anos à frente do mercado – daí seu insucesso comercial. Como Fiat o motor, V8, 2.000 cm3, comando no “V” central, acionando duas válvulas por cilindro, dois carburadores Weber 36DCF produzia 110 hp a 5.600 rpm. Como Siata, 127 hp a 6.600 rpm. Superava os 200 km/h. Falamos do princípio da década de ’50 e esta potência e velocidades só foram atingidas no Brasil na década de 90.
Em 1956 a Simca, francesa porém meio Fiat, resolveu vir ao Brasil fazer o Vedette II – em fim de linha. A Fiat aderiu: planejaria o empreendimento e forneceria o motor Otto Vu. Fariam um misto quente.
Desistiu. A Simca resolveu vir só, com a versão mais moderna de automóvel, e a mais antiga de motor, também V8, origem Ford, 2.400 cm3, modestos 84 hp, fraco para o conjunto.
Mantido o motor Fiat Otto Vu talvez a história de nossa indústria automobilística fosse outra. Um motor novo e performático instigaria os demais concorrentes a atualizar-se, substituindo o cenário de então, quando nossos veículos eram movidos por engenhos muito antigos e superados.
A FIAT sempre teve participação acionária importante na SIMCA e os automóveis desta marca eram baseados em projetos da italiana. Desta forma, a companhia turinesa garantia uma boa entrada no mercado francês, superando as barreiras aduaneiras. Quando se estabeleceu o Mercado Comum Europeu em 1958, esses obstáculos desapareceram e a FIAT preferiu vender seus próprios autos, fabricados na Itália. Assim as duas empresas seguiram caminhos diferentes. Provavelmente foi nesta circunstância que o motor Otto Vù veio a ser descartado. Outro fator importante a considerar é o financeiro. O desenho de Giacosa era muito especial e portanto de custo elevado; dificilmente seria viável no Brasil, sem falar no baixo nível do operário nacional. E finalmente era um motor esportivo: sua adaptação para uso em nossas condições seria difícil, talvez decepcionante. O velho V8-60 de cabeça chata já tinha seu quarto de século de estrada, era barato para produzir e fácil de manter. Foi a opção mais sensata. E ainda foi capaz de receber os cabeçotes Ardun como EmiSul. Mas isto já é outra e longa história... AGB
ResponderExcluirJJ
ResponderExcluirGrande post... quando comecei a ler pensei que fosse um texto do Arnaldo (por ele gostar de carros italianos)..
Fiat 8V , realmente um legitimo sangue azul da Fiat!
Para mim esse carro fica no mesmo nivel dos Ferraris e Alfa Romeo da época.
Que primor essas carrocerias da Ghia e Zagato! Interessante tambem a carroceria especial desenvolvida pela Fiat/Lingotto.
Concordo com o anonimo acima que comparou o 8V Ghia com a Giulia SS, se parecem mesmo.
A Italia foi e continua sendo referencia em estilo automotivo....É aquela historia.... carro que nasce belo nao envelhece nunca!