O futuro do autorama pode estar no futuro dos jovens engenheirandos |
Nas três primeiras partes deste artigo, comentei duas grandes experiências não convencionais envolvendo alta tecnologia e autorama. Elas chegaram, passaram, mas deixaram frutos que, semeados, formam muito da minha base como profissional e como pessoa.
Mas será que essa experiência não poderia ser aproveitada? E se fosse multiplicada entre os jovens?
Novas aventuras
Hoje, eu diria que já atingimos um ponto onde boa parte dessa brincadeira com autorama perdeu a graça. Os
smartphones que levamos nos bolsos tem potência computacional superior
aos maiores supercomputadores daquela época. Acelerômetros,
magnetômetros, GPS que naquela época eram sensores enormes, hoje estão
dentro dos chips dos celulares.
Um microcontrolador
desses dentro de um carrinho ou de um acelerador e um pouco de treino
para a eletrônica embarcada, e o principiante vai brigar de igual para
igual com o melhor piloto do campeonato regional, isso se ele não se
mostrar ainda melhor.
Como diz o velho ditado, se macumba ganhasse jogo, o campeonato baiano terminaria empatado. Se
houver a introdução em larga escala de sistemas de controle eletrônico
avançados cada vez mais baratos sobre carrinhos de autorama tecnicamente
perfeitos, somente a aleatoriedade nas corridas será capaz de definir
um campeão. Em vez de um esporte de capacidade e habilidade, ele se
torna um jogo de azar.
Vejam este controlador eletrônico moderno:
Controlador com recursos que facilitam a condução dos carrinhos |
É um controlador cheio de recursos e aparentemente moderno. Vejam bem, eu disse “aparentemente”. O
tipo de eletrônica presente neste controle poderia incluir um
microcontrolador capaz de aprender progressivamente os limites de uma
pista, podendo dispensar o piloto, que, a partir de então, passa apenas a
fazer figuração, enquanto os demais concorrentes tem de suar bastante a
camisa para acompanhar seu desempenho elevado e constante. Até os
vistosos botões de funções auxiliares perdem a função.
Essa tecnologia já existe, e já está barata e abundante, e se esse controlador não a tiver, então está ultrapassado.
Mas, e se a máquina é capaz de brincar sozinha, onde está a graça desse brinquedo?A graça está em fazê-lo funcionar no limite da física, e não em competir contra ele. Depois de pronto, perde a graça.
O
computador, se bem programado, é capaz de controlar esses carrinhos com
capacidade sobre-humana, e piloto humano algum será capaz de rivalizar
com a máquina em igualdade de condições, tanto em velocidade como em regularidade.
Meu colega e eu já
tínhamos concluído isso há 23 anos, no relatório final da matéria da faculdade, mas
pelo jeito, tem muita gente que ainda não pensa assim. Isso mantém a
corrida tecnológica ativa até hoje.
Competição
divertida com autorama, humano contra humano, sem margem para dúvidas
sobre trapaças, só sem eletrônica mesmo, como era há 30 anos. Mas divertir-se com essa tecnologia até seu limite abre muitas outras portas para o futuro. Minhas
aventuras tecnológicas com o autorama terminaram na faculdade, e nunca
mais retornei a ele. Mas isso não significa que elas não existam mais,
que não existem mais desafios.
Experiências como esta
estavam além do escopo das escolas e das faculdades dos meus tempos,
sequer eram imaginados e muito pouca gente percebia a importância deles
para a boa formação de novos profissionais.
Anos depois
de formado vi surgir uma iniciativa que se assemelhava: a do projeto
Baja SAE Brasil, depois estendido para os projetos Fórmula SAE Brasil e SAE
Aerodesign. Outros projetos, como o Robocup (www.robocup.com) também
seguem a mesma linha.
A SAE Brasil (www.saebrasil.org.br), sociedade de engenheiros da mobilidade, foi fundada em 1991 e é afiliada à SAE International.
A idéia em si é excelente, porém elas possuem
um fator limitante grave. São projetos complexos e que são caros. Não
há espaço para todos, e a complexidade dos projetos pode assustar e
afugentar muitos alunos com grande potencial. É aqui que acredito que uma competição no estilo “SAE Slot Car” teria tudo para ser um grande sucesso.
Baja SAE Brasil: excelente alternativa, mas custo alto limita o número de participantes |
Minhas duas aventuras tiveram focos
diferentes, uma voltada a criar um equipamento com o máximo de
desempenho possível dentro dos parcos recursos que dispúnhamos, enquanto
a outra foi focada no desenvolvimento de um sistema capaz de operar com
autonomia esse conjunto com confiabilidade e desempenho acima do
humanamente possível. Apesar de tudo que estudamos e de tudo que
fizemos, nunca escrevemos a palavra final sobre o que seria um
equipamento com máximo de desempenho.
É aí que estão as
oportunidades para que as mentes jovens e ainda livres do vício e do
condicionamento que o profissional veterano normalmente se acomoda
poderão exercer toda sua criatividade. E o futuro pertence a mentes livres para explorar o inexplorado.
Hoje
o gargalo do desenvolvimento de um carrinho de autorama inteligente
está na parte mecânica, no motor, na instrumentação utilizada e na
inteligência empregada na construção do software. Dificilmente melhorias
de poder computacional poderão representar ganhos significativos de
desempenho, permitindo obter o máximo desempenho com hardware de
controle barato.
A seguir, ilustro várias opções de
configurações construtivas de carrinhos, que podem ser exploradas nos
projetos de cada equipe. Cada uma delas possui vantagens e desvantagens
que irão se juntar às vantagens e desvantagens dos demais detalhes do
projeto, que pode se mostrar ruim ou extremamente competitivo.
Não
existe uma resposta certa. A questão é cada um encontrar o seu melhor
conjunto de características. É aí que está a graça da brincadeira.
Motor deslocado para a dianteira |
Tração nas quatro rodas com motor único e árvore do próprio motor |
Tração nas quatro rodas com motor lateral e árvore dedicada |
Tração nas 4 rodas com dois motores independentes |
Tração nas 4 rodas com transmissão por correia |
Rodas dianteiras direcionais |
Chassi regulável |
Adoção de múltiplos materiais |
Da mesma forma como há opções construtivas para os carrinhos, o mesmo pode ser dito dos controladores de velocidade. Há
espaço para dois tipos de controlador: o controlador para um piloto
humano e o controlador autônomo, que podem ser fundidos num controlador
único, de forma que a parte autônoma vá aprendendo sobre a pista através
do controle humano.
Como o desempenho do hardware
eletrônico de controle não é mais um fator limitante, há boas
iniciativas na internet que resultaram em controladores genéricos potentes , mas baratos, acessíveis e fáceis de aprender e programar,
como o Arduino e o Raspberry Pi.
Placas Arduino (esq.) e Raspeberry Pi (dir.): hardware barato com grande potencial de automação |
Eu expus na terceira parte deste trabalho um modelo de automação que funcionou. Existem outras, talvez milhares de outras. E aqui se formam novos desafios. Cada equipe deverá criar a sua própria.
As
competições podem ser as mais variadas para selecionar o melhor
carrinho, o melhor controlador manual, o melhor controlador autônomo e o
melhor conjunto.
Provas de carrinhos podem envolver provas de
velocidade e de durabilidade, com controladores de reostato ou com
controladores autônomos com programação padrão (numa prova de
durabilidade). As provas exclusivas de controladores manuais, de
velocidade, e as provas exclusivas de controladores autônomos, de
estabilidade em longa duração, usariam carrinhos padronizados da
organização. Já as provas de conjunto, também de longa duração, seriam livres.
Os
custos de um projeto destes é muito inferior ao de projetos como o Baja SAE Brasil, tornando-o acessível a muitos grupos. Pela quantidade de detalhes
tecnológicos serem menores e mais focados, a iniciativa poderia ser
oferecida nos cursos técnicos e/ou nos primeiros anos de faculdade, e
nesta última opção, servir de pré-requisito para projetos maiores como o Baja SAE Brasil.
Um projeto destes, bem organizado, permitiria que minhas aventuras se multiplicassem por milhares de outras mentes curiosas.
Conclusão
Tecnologia
é um conceito com prazo de validade. Talvez para muitos que pratiquem o
esporte do autorama de forma avançada, o que eu disse aqui possa ser
até óbvio, coisa do passado, mas quando foram estudados e feitos pela
minha turma, podem acreditar, era tecnologia de ponta mesmo para
fabricantes estrangeiros.
Arrisco a dizer que o autorama possui duas faces bastante distintas. Numa, conservando ao máximo a sua simplicidade, temos um brinquedo divertidíssimo e um esporte do mais alto nível. Os
carrinhos mais rápidos chegam a até 160 km/h em pistas de poucos
metros, e o reflexo exigido neste esporte só é comparável ao da esgrima.
Na
outra face, temos uma aplicação tecnológica das mais sofisticadas,
partindo do projeto mecânico do carrinho e chegando até o refinamento da
programação inteligente do controlador.
Entretanto, misturar as coisas, colocando a tecnologia de ponta no brinquedo ou no esporte faz tudo perder a graça.
Se
respeitados esses limites, o autorama pode ser uma brincadeira ou
esporte que atraia as jovens mentes para a engenharia. E depois, quando
algumas delas despertarem sua curiosidade, poderão achar nele uma escola
que os prepararão para os grandes projetos que farão depois de
formados.
Sabemos que o futuro do automóvel passa pelo
motor elétrico de tração e por muita eletrônica embarcada com softwares
sofisticados de controle. Talvez haja um dia onde o engenheiro que
entenda de bobinas, transístores e bits seja tão ou mais valorizado
dentro da indústria automobilística quanto aquele que entende de
pistões, bielas e válvulas.
Esse futuro começa agora, e projetos de autorama formariam com excelência o alicerce inicial desses profissionais.
AAD
Obs:
A terceira parte do artigo “As falsas sensações de risco e segurança”
não foi esquecida. Ela está em elaboração e em breve estará disponível.
Origem das imagens:
- http://www.ebay.com/bhp/russkit
- http://sociedadeautomotiva.wordpress.com/category/hobbys/
- http://www.avantslot.com/
- http://www.flickr.com/photos/haymrk/4171292505/
- http://www.raspberrypi.org/archives/tag/arduino
- http://ml12453.br.kchpool.com/a/Pista-De-Autorama-Estrela-Completa---Imperdivel-P-O-Natal-2b6liz.html
- http://home.fuse.net/SCJ/Track/2cents/Jiada.html
- http://www.slotforum.com/forums/index.php?showtopic=44744&st=60
- http://blog.ghatasheh.com/2012_01_01_archive.html
Eu brincava sem tecnologia mesmo: Matchbox. He, he, he!
ResponderExcluirExcelente série! Se eu estudasse e tivesse essa proposta pela frente ficaria muito feliuz em desenvolver algo.
ResponderExcluirAAD, uma das melhores, senão a melhor, série de artigos do Autoentusiastas! Fenomenal! É para "imprimir e encadernar"!
ResponderExcluirUm abraço.
Concordo.
Excluir_____
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Relembrando o passado, lá pelos anos 1930/40, um brinquedo altamente tecnológico para a época era o Mecano, onde chapas e tiras metálicas perfuradas eram parafusadas entre si, criando qualquer produto que a imaginação da criança inventasse.
ResponderExcluirE ainda poderia ser motorizado.
Os primeiros brinquedos tinham uma pequena caldeira (isto mesmo, caldeira!)que movimentava, por correias, o que o inventor-mirim criasse.
Esta caldeirinha, alemã, era uma verdadeira obra de arte.
Tenho uma enfeitando meu escritório.
(Parece que naquela época as crianças eram mais responsáveis por possíveis riscos à sua integridade física - ou então os adultos é que eram mais irresponsáveis...)
Posteriormente a caldeira foi substituída por um robusto mecanismo com corda.
É interessante comparar um brinquedo antigo como o Mecano com o que se faz hoje.
Fico então só imaginando quais serão os interesses dos adolescentes dentro de 50 anos.
BlueGopher, uma definição que eu sempre ouço de colegas já bem crescidos: quando ganhavam aqueles carrinhos bate-volta, a pilha, a graça do brinquedo durava uma ou duas cargas de pilhas e não muito mais que isso. Aquele era um brinquedo que brincava sozinho.
ExcluirOs brinquedos antigos realmente faziam as crianças brincarem.
BlueGopher
ExcluirNão precisamos ir tão longe. Em 1992 comprei numa loja de brinquedos em Londres um Mecano, com que tanto brinquei quando menino.Trouxe-a para meu filho, ele tinha 8 anos. Abrimos a caixa, comecei a mostrar as coisas a ele, quando tocou a campainha, um amiguinho dele chamando para ir jogar bola no térreo, na área de recreação. Ele largou tudo e foi com o amiguinho. Nunca mais tocou ou perguntou pelo Mecano — que está guardado esperando o neto chegar aos 10 anos. No mesmo dia e na mesma loja comprei uma usina a vapor, brinquedo alemão, este sim, os filhos adoraram. Tenho-a até hoje e o neto há a viu funcionar. Numa feira de ciências os filhos exibiram a usina, em funcionamento, roubou a cena. Mecano hoje é Lego.
Também eu quando criança brinquei muito com o Mecano e com a caldeirinha ("Dampfmachine" da Märklin), até que seu reservatório de pressão furou.
ExcluirBrinquedos antigos que eram geniais, mas que meus filhos também não se interessaram.
Aliás, aposto que você também brincou com o Polyopticon, Forte Apache, Trens elétricos, Revolver de espoleta do Roy Rogers, lancha Pop-Pop, etc, etc.
Hoje as brincadeiras passaram a ser quase que totalmente virtuais, para o bem ou para o mal.
O futuro dirá.
BlueGopher
ExcluirBrinquei com tudo isso, na mosca! Trem elétrico Lionel. Tive até um pequeno motor elétrico para acionar as engenhocas do Mecano, sem esquecer os motores de aeromodelo, a álcool metílico misturado com óleo de rícino a 25%.
Boa tarde , eu ainda tenho um original com a Lotus 72d JPS Do Emerson Fittipaldi .
ResponderExcluirNão sei até que ponto, mas existe um certo controle das equipes de Fórmula 1 sobre os carros durante as corridas, o que não é muito diferente disso.
ResponderExcluirEsses "diferenciais", pelo visto, de diferenciais não tem nada. Quem sabe, hoje, seja possível fabricar diferenciais autênticos por impressão 3D.
Lorenzo, até onde eu sei, a Fórmula 1 desenvolveu uma eletrônica padrão desenvolvida em conjunto entre a Microsoft e a MacLaren, e essa eletrônica é padronizada para todas as equipes. Além de baixar custos, é uma forma de evitar gracinhas das equipes, tentando burlar regulamentos.
ExcluirQuando criança, disputávamos divertidas "corridas de tampinha" cheias de vela derretida, pra fazer peso, em pistas desenhadas com giz na calçada. Na base do peteleco.
ResponderExcluirDepois passamos a customizar nossos carrinhos de plástico oco, com rodas fixadas num eixo. Recortávamos as caixa de roda de forma que ainda ficassem presas e a traseira desse eixo, de forma que pudessem ser levantados, como um "big foot".
Quando os carrinhos à fricção começaram a chegar em nossas mãos, o brinquedo começou a perder a graça, pois para mexer nele era necessário desenvolver habilidades que crianças de 7,8,9 anos não possuíam.
Nossos velhos brinquedos, simples e baratos, permitiam criar o interesse em melhorá-los ou simplesmente modificá-los com toda a simplicidade e sem maiores consequências que um superbonder não pudesse resolver.
Esse curiosidade em entender como funciona, construção, etc, trago comigo até hoje.
Aléssio, pena que isso não é valorizado no Brasil. No mundo todo são cientistas e engenheiros revolucionando a ciência e a tecnologia que estão construindo a riqueza de seus países, e aqui debochamos e achamos que esse negócio de Professor Pardal é engraçado quando lido nos quadrinhos...
ExcluirE um diferencial, porque nunca foi implementado? Sera que pela largura do eixo ser pequena não gera ganhos direcionais expressivos, e por isso não é usado ou só para manter a simplicidade mesmo?
ResponderExcluirAnonimo, essa seria a graça da brincadeira num projeto "SAE Slot Car". Deixe os estudantes tentarem.
ExcluirToda solução tem vantagens e desvantagens. Diferencial num carro de rua é mandatório, mas e num carrinho de autorama?
As vantagens todos conhecemos, mas e as desvantagens?
Pense nas diminutas engrenagens. Veja o que eu disse sobre esses carrinhos chegarem a 160 km/h em retas de alguns metros. Qual a relação peso-potência desses carrinhos? Que pressão de contato vai existir entre dentes dessas engrenagens? Será que suportariam por muito tempo? Que lubrificante usar? Qual o custo dessa solução?
Podemos submeter os estudantes a horas sem fim, confinados dentro de uma sala de aula, e eles nunca se tornarão grandes profissionais. Jogue sobre os ombros deles dificuldades práticas que dependem daquilo que aprendem em sala de aula, e formaremos profissionais de primeira linha.
Caramba, 160 km/h, se um carrinho desse sai da pista, pode matar alguém com a pancada.
ResponderExcluirAh vá!!
ExcluirEstava aqui pensando no projeto do seu amigo.
ResponderExcluirHoje, usando um notebook e peças que encontramos na padaria da esquina seria possível captar o ruido do negativo dos carrinhos, nao?
Imagine, ao invés de ter pontos de checagem, saber exatamente o momento que o carrinho saiu da pista identificando que não houve mais retorno elétrico.
Um sistema só precisaria monitorar e testar as velocidades até o ponto de queda e fazendo sua melhoria a partir dali, sem um ponto fixo específico.
Já imaginei um código em C# pra isso aqui.
Seria divertido ir nas pistas de autorama, esperar o controle ligado no notebook e ver o recorde da pista ser quebrado horas depois.
Agora fica a dúvida: Esses controles possuem retorno do negativo? Se não possuírem, retiro tudo o que disse.
Aproveito para dar os parabéns pelo artigo. Foi pura poesia, amigo.
ótico Bumba! No padrão do autorama, negativo é potencial de referência, mas tem alternativas modernas para isso. Hoje qualquer fan de computador tem um sensor hall que pode perceber a corrente do motor por campo magnético na saída para o motor. Não tem a perda de tensão dos resistores que normalmente são usados pra isso. Outra coisa que pude ser usada é eletrônica embarcada no carrinho com um sensor ótico como o usado em mouses mais acelerömetros integrados no processador. Eu consigo pensar numa automação dependente apenas do carrinho, dando autonomia total pra ele, sem interferência do piloto ou precisando de referências internas. Hoje, o céu é o limite.
ExcluirCurioso isso. Uma vez, em uma reunião de nerds, nos propomos um joguinho:
ExcluirUm servidor que exibiria uma arena de tiros vista de cima e forneceria apenas os seguintes dados a cada ciclo de clock:
Sua posição e ângulo no mapa
Posição de cada artefato no mapa (Inimigos e projéteis)
A partir disso cada um teria que desenvolver seu código para analisar, segundo a segundo, esses dados e entender a trajetória de cada artefato e tomar decisões até o momento de disparar o projétil. Seria uma batalha de robôs, onde o melhor código fonte venceria o duelo.
Como não estávamos na vida acadêmica, a idéia não vingou, mas minha paixão por automação e sistemas especialistas não diminuiu.
Divido isso contigo só pra mostrar que nos falta tempo e dinheiro para fazer um mundo melhor, pois somos pagos para deixá-lo do jeito que está. Irônico, não?
Que estranho, às vezes envio comentários que não são publicados, e eles não têm nada de polêmicos. Será que o site "vira abóbora" em determinados horários?
ResponderExcluirLorenzo,
ExcluirVocê é um dos nossos leitores-amigos, sempre com ótimos comentários. Em razão do que você diz, verifiquei que dois posts seus de ontem (20), às 23:26 e 23:40, não estão no post realmente, não foram excluídos e deveriam estar publicados.
Todos os comentários, até os excluídos, me chegam do blogger por e-mail.
São eles:
23:26
Quando eu era garoto, no fim dos anos 60 e começo dos anos 70, tinha um kit chamado "Monte-Brás". Era uma série de varões de madeira perfurados e roldanas, para montar engenhocas. O kit vinha em vários tamanhos. Similarmente, também tive "O Pequeno Químico" e seus desdobramentos maiores, e o máximo dos máximos, o "Engenheiro Eletrônico", da Philips.
23:40
Abstraindo um pouco, existe um filme chamado "Dirty Harry na Lista Negra" ("The Dead Pool"). Pois bem, a maior atração do filme é um carrinho. Não de autorama, mas de controle remoto e movido a gasolina, um verdadeiro canhão (se bem me lembro, uma Corvette 65 de vidro partido), carregando uma bomba. A função do carrinho era entrar embaixo do carro do Clint Eastwood e explodir, e ele tinha que fugir tanto do carrinho como dos bandidos que o controlavam, do carro de trás. É impagável! Deve ter no YouTube.
Não sei reamente o que aconteceu, se algum problema do blogger ou o quê, mas peço-lhe desculpas. E foi bom você ter feito esse comentário-aviso.
Abraço, Bob
AD,fiquei na dúvida: Não existe autorama com motor transversal e tração dianteira? Para carros "grandes", eu vejo problemas desse sistema, que são contornados pelos departamentos de engenharia das fábricas, mas estão lá, mas há efeitos que seriam benéficos nos carrinhos menores (há mais pressão sobre o slot, mais capacidade de frenagem, o que reverte em manter velocidade máxima por mais tempo, sem tração e com menos normal, o carrinho poderia ser acertado para sair de traseira, o que é corrigido adiantando-se a acelerada...)O que impede fazer um carrinho assim?
ResponderExcluirBrauliostafora, não vejo impedimento nenhum nisso. Aliás, esse seria uma linha de investigação a ser dada aos estudantes do "SAE Slot Car".
ExcluirEntretanto, você deve pensar no que eu escrevi na primeira parte, onde as rodas de tração precisam ficar para trás da guia, ou o carrinho não faz a curva.
Tração dianteira tem uma vantagem sobre a traseira. Quando a tração fica à frente do centro de gravidade, a composição de forças tente a estabilizar o carrinho em linha reta, enquanto a tração traseira é desestabilizante.
Misturando as duas coisas, mais o efeito do pêndulo físico, é preciso encontrar o ponto ideal de equilíbrio, mas seria uma opção que poderia oferecer vantagens ainda não pensadas.
É essa oportunidade de criação livre que eu gostaria de dar aos estudantes. É essa liberdade que diferencia profissionais criativos dos profissionais bitolados.
Caro André Dantas,
ResponderExcluirMuito boa esta sua séria de matérias acerca do autorama. E eu, quando garoto, achava que tirava onda com o TCR, cujos carrinhos mudavam de faixa na pista.
Eu deixava o meu irmão colar na traseira do meu carrinho e, de repente, acionava o comando de mudar de pista e retornar a de origem, muito rápido, assim, quando meu irmão estava me passando, ao retornar à pista inicial eu abalroava o carrinho dele de lado e o jogava para fora da pista... muito rápido. Como mais velho (e maior), ele me dava uns cascudos...
Guardei o TCR até os anos 90, quando me desfiz dele.
Caro Bob,
Essa usina à vapor deve ser incrível!! Quando der (se for o caso, claro), comente mais sobre ela e poste fotos para babarmos... rs.
Abraços!!
Leo-RJ
André,
ResponderExcluirFiquei com dúvidas: O efeito asa nessa escala dos carrinhos era significativo? As rodas dianteiras direcionais melhoravam a estabilidade? Achei sensacional os 4x4, mas resultava em mais desempenho? E o com motor dianteiro e tração traseira, resolvia ou atenuava as "rabeadas" dos carrinhos?
Talles
TallWang, o efeito asa é significativo sim. Não deve gerar os 6 ou 7 g's sentidos na F1, mas que seja 0,5 g's, já aumenta a carga sobre os pneus e o carrinho fica mais estável.
ExcluirQuanto aos 4x4, eu simplesmente adorei a possiblidade. Talvez não aumente o desempenho como esperado por muitos, mas gera problemas que seriam interessantes de ver como os estudantes resolveriam.
Existe a questão do equilíbrio entre tração dianteira x tração traseira x centro de gravidade x pêndulo físico.
Mas tem outra briga aí. Carros de tração integral precisam de três diferenciais, e aí temos carrinhos com tração nas 4 rodas sem diferencial algum. Qual o comportamento do carrinho nessa configuração? Existe algum equilíbrio onde essa tração sem diferenciais possa ser superior às demais configurações?
São questões como essas que os alunos precisariam responder.
Oi André. Só hoje li essa 4ª parte da série.
ResponderExcluirA tal loja em Santo Amaro que você se referiu, eu sei que até 2001 existia ainda, pois passei lá.
Ainda hoje tenho na caixa, novo, um Autorama do Senna da época da Toleman do início da década de 80. É uma pista em "8" simétrica, pois antes do meu lembro de uma versão de um "8" assimétrico que era maior e era do Emerson Fittipaldi com pista preta, mas era da Estrela também. E essa minha pista tem uma particularidade que não deixaria um sistema autônomo "perfeito" ser mais rápido do que um ser humano, caso aja 2 pessoa correndo simultaneamente. E essa particularidade é que em um lado da pista a distância entre as guias se estreitam, pois é a parte do circuito onde não se pode ultrapassar, senão um carrinho bate no outro. Então num sistema autônomo, seria necessário não só saber a posição do carrinho na pista, mas saber também saber a posição do oponente.