Um Maserati fora de controle? Ou trata-se de uma derrapagem de potência, um power slide? Acertou quem escolheu a segunda possibilidade. Só que foi uma derrapagem provocada, destinada a saudar um pequeno grupo de adolescentes que haviam ido assistir uma corrida na Quinta da Boa Vista, no Rio de Jameiro. Eles estavam naquela curva, mas poderia ser qualquer outra do belo parque do tempo do Império.
Estavam todos maravilhados com aquele carro vermelho, um Maserati 300 S, mais ainda com a precisão e arte de quem o pilotava: El Chueco, "o manco" em espanhol, apelido da Juan Manuel Fangio. Que aquela altura acabara de se sagrar campeão mundial de Fórmula 1 pela quinta vez após uma épica corrida em Nürburgring, em que com seu Maserati 250 S derrotou os dois pilotos da Ferrari, Peter Collins e Mike Hawthorne, com seus Tipo 625.
Manco em razão de sequela de acidente numa prova da estrada na sua Argentina, modalidade com a qual iniciou sua fantástica carreira no automobilismo, que o levaria à Fórmula 1 quando já contava 39 anos.
Pois El Chueco, ao passar por aquele ponto e ver que os garotos lhe saudavam a cada volta, retribuiu o cumprimento da maneira mais apropriada para um pentacampeão mundial: dar potência na saída da curva para acenar com seu carro por meio de um inesquecível power slide.
Fangio se prepara para a largada |
Um belo momento para cada um deles em algum ponto do último trimestre de 1957.
BS
Show!
ResponderExcluirMuito legal!
ResponderExcluirTécnica de campeão, postura de campeão... Ele poderia simplesmente seguir ignorando a ovação dos garotos, mas não: foi cortês e retribuiu o carinho. Um gesto cada vez mais raro por parte dos desportistas que vêm a cada dia se importando menos em ser agradável (e até mesmo educado) com o público, vimos muitos destes exemplos negativos ultimamente, sobretudo no futebol, onde atletas após alcançarem certa fama e algum dinheiro acham que se tornaram deuses.
Talvez, intimamente, o Fangio sabia que com aquele simples gesto mudaria para sempre a vida e as perspectivas daqueles jovens...
BAAHH!
ResponderExcluirEsse sim, Bob!
Esse sim!
Esse piloto, sim! Esse carro, sim!!
Esse momento, sim!
A essência.
Ein bob!?
ResponderExcluirSerá que o brasil daquela época era mais parelho com os outros lugares em questão de automobilismo do que agora ?
Inevitável ler seu texto e não voltar no tempo para lembrar da primeira corrida que vi na vida. Foi em Pirajuí, interior de São Paulo, na primeira metade dos anos 50.
ResponderExcluirTinha 7 ou 8 anos de idade e lembro apenas de um MG, possivelmente um TC, bege com números vermelhos, que numa das curvas do circuito de rua (paralelepípedos) estampou os sacos de areia, deixando a tinta dos números ali.
De lá pra cá, vi muitas corridas, desde o tempo dos acampamentos no Pinheirinho, incluindo as primeiras da F1, até a que não valeu nada.
Vc tirou as fotos? Bons tempos, em que se via tudo bem de perto. Hoje, só com super credenciais.
Marlos Dantas
ResponderExcluirTenho certeza de que Fangio tinha essa consciência.
Arnaldo
ResponderExcluirVocê disse tudo: a essência!
nrporto,
ResponderExcluirEssas lembranças ficam mesmo para sempre, como a primeira Gávea que assisti em 1949, quando tinha cinco anos. Pinheirinho? Vim do Rio para assistir a primeira Mil Milhas, em 1956. Não, as fotos foram feitas pelo meu irmão Ronald (Rony). Sim, tudo era mais fácil, ficava-se mais perto da ação.
Amaral
ResponderExcluirNos anos 50 e 60 havia realmente um pouco mais de participação estrangeira aqui, como a Copa Brasil em 1970.
É nesses pequenos gestos que se descobre a diferença do grande campeão daqueles que foram campeões por falta de adversários, sem necessariamente o merecerem.
ResponderExcluirFangio, com essa postura, com certeza angariou mais fãs para o esporte, tanto em sua terra natal como em outros países, do que o fazem hoje em dia pilotos que até andam rápido e vencem corridas mas não tem empatia com o público. Garanto que o espanhol lota os autódromos devido à boa fase do Alonso, mas saindo ele da categoria e não deixando um substituto à altura voltarão suas atenções para a paixão nacional, o motociclismo.
A total fusão do homem/máquina, coisa que vemos em pouquissímos pilotos atualmente.
ResponderExcluirConfesso que não sendo um fã dele, considero Schumacher um dos últimos dessa linhagem. O problema dele é que a trapaça é um de seus temperinhos também.
Muito bom!
ResponderExcluirBacana, Bob. Sem querer comparar a grandeza de todo o ambiente relatado por voce, nas trilhas de final de semana podemos ver algo que remete a isso. É impressionante a festa que alguns vilarejos fazem com a passagem das motos. Parece que a aura de competição, que não há naquele momento, deixa as pessoas elétricas. As crianças ficam eufóricas, esticando o braço para cumprimentá-las com uma batida de mãos. Não só crianças, mas adultos também fazem sinal para empinarmos e outras coisas do tipo e, quando a situação permite, vão ao delírio.
ResponderExcluirNão nos custa nada e um ótimo momento da trilha.
Porém, a travessia de vilarejos deve ser feita com especial cuidado atenção mais que redobrada, justamente em respeito pelas pessoas que ali moram.
Abraço
Lucas crf
FANTÁSTICO!!!
ResponderExcluirUM PILOTO DA ESTIRPE DOS "GENTLEMAN'S DRIVERS" ...
CINCO VEZES GRANDE FANGIO.
ABRAÇO BS!!!
O melhor piloto de todos os tempos. Simples.
ResponderExcluirSensacional!
ResponderExcluirabs,
O menino que alí esteve observando a gênialidade do Mestre Fangio, tempos mais tarde, tambem estaria executando ''power slides'' ou controlando um forte sobreesterço ao volante de Maverick!
ResponderExcluirDêem uma olhadinha aqui!! ( créditos ao Mestre Joca )
http://3.bp.blogspot.com/_vGpcbuf7flQ/TE4F4RgZ-rI/AAAAAAAAGu0/cAsxeJKHyZk/s1600/Ptebaldi3.jpg
Henrique
Boa, Lucas!
ResponderExcluirIsso mesmo, deixe a molecada arrepiada!
Lucius,
que foto!
E aí, Bob? carca o pé no acelerador aí pra consertar esse Maverick! Que beleza!!
Ufa! Hoje fiz a cabeça no blog!
Adalberto,
ResponderExcluirSem querer puxar a sardinha, mas Senna ainda acho o melhor.
Mas cada um a seu tempo.
Lindas as duas fotos,
ResponderExcluirDe ficar admirando minutos a fio.
A segunda, do Ford Meverick lá no blog, é no saudoso " Sargento " , Bob?
Marcio Musciacchio, considero Fangio por ter sido campeao com 4 marcas diferentes, inclusive com a Maserati que nao era o melhor carro na epoca.
ResponderExcluirE tem o melhor aproveitamento de vitorias e poles da Formula 1 ate hoje.
Mas isso eh um discussao eterna...
Bob, me sinto seu neto quando você faz esses posts... Simples e incríveis. Parabéns.
ResponderExcluirValeu, Arnado!
ResponderExcluirEspetacular a foto do Bob no maveco!
Abraço
Lucas
Alexei
ResponderExcluirMe parece mais a segunda perna do S. Sobre a foto do power slide, meu irmão e autor dela me contou ontem - eu havia esquecido - que estava deitado para pegar o carro num plano mais baixo e tomou um baita susto com a derrapada que ele não entendeu no momento ter sido provocada.
Arnaldo,
ResponderExcluirSim, pé no acelerador, mas sem usar toda aceleração, senão a traseira vai embora. E cuidado também para nunca tirar o pé no meio da curva, pois equivale a frear as rodas traseiras apenas. Só nos carros bem modernos é que existe controle na borboleta de aceleração para impedir que ela feche totalmente ao levantar o pé, o chamado MSR (Motor Schleppmoment Regelung, controle do torque de freio-motor). Nesse momento a borboleta abre-se ligeiramente, o suficiente para não haver freio-motor.
Anônimo,
ResponderExcluirMal veja hora do meu neto chegar aos 11~12 anos...Agradeço a gentileza!
Bela evocação, Bob. Mesmo se o seu irmão não tivesse feito a foto, uma imagem como a desse power slide é daquelas que ficam registradas na memória para sempre.
ResponderExcluirEu também tive a felicidade de ver o Fangio correr, no caso em Interlagos, mas não saberia dizer em que prova foi. Quem me levou foi o meu irmão mais velho. Lembro que só se falava em Fangio, antes, durante e depois da corrida. Não me surpreenderia se o ano também tiver sido 1957.
Putz,bons tempos eiw Bob
ResponderExcluirPaulo Levi
ResponderExcluirDeve ter sido em 1957 também. Acho que o Fangio só esteve aqui nesse ano.
Que post, que aula, heim Bob!
ResponderExcluirAgradecido!
Abs
Fabio
Li somente agora este post. Fantástico. Com certeza, antes ficava-se mais próximo da ação e se conseguia distinguir o estilo de pilotagem com mais facilidade. Hoje em dia todos fazem tudo igual, ou o carro faz por eles. Mas, é por essas e outras q o automobilismo é uma paixão. Lembro de uma prova de stock em tarumã, 1985, eu e meus amigos q só sobrou eu e outro, assistindo a corrida na descida pro tala após a curva do laço, beira de pista, e tinha um maluco q passava por nós e levantava a mão após jogar a quarta marcha. Sensacional, ñ lembro quem era o loko mas era um opala vermelho com a cara preta. Altos pegas no mais alto estilo.O Paulão deu problema, mas esperou o Ingo q estava na ponta, e para aparecer na televisão, esperto ele, deu várias voltas na frente. Bons tempos.
ResponderExcluirTazio Nuvolari