google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 SUSPENSÃO TRASEIRA DE DION - AUTOentusiastas Classic (2008-2014)

SUSPENSÃO TRASEIRA DE DION

Fotos: Autor e divulgação


Andei recentemente com um smart fortwo da frota de imprensa da fábrica, carro que eu tinha curiosidade de dirigir por dois motivos. Um, é a foto acima, experimentar pela primeira vez na vida a suspensão traseira De Dion, creio caso único no mundo hoje. Outro, ver/ouvir/sentir o motor 999-cm³ de três cilindros com turbocompressor.

O carro era o Passion coupé de 84 cv a apenas 5.250 rpm, com torque de 12,2 m·kgf a 3.250 rpm. Para o microcarro de 770 kg o resultado só poderia ser excelente. Aceleração 0-100 km/h em 10,9 segundos e velocidade máxima de 145 km/h, que é limitada. A desenvoltura na estrada é convincente. Acelera como gente grande na faixa 120-130 km/h, mesmo que seu melhor uso seja nos deslocamentos urbanos.

O Paulo Keller escreveu sobre o smart há alguns dias, de modo que este análise complementa o que ele disse.

A suspensão tem tudo para satisfazer os mais exigentes, mas para rodar no Brasil seria bem-vinda uma "fisioterapia" pelos excelentes engenheiros brasileiros de suspensão que a necessidade criou. O curso da suspensão é pequeno demais e chega fácil ao batente em ruas com as do bairro onde moro, Moema. A sensação é muito ruim.

Esta sensação é ajudada pelo entre-eixos de apenas 1.867 mm e pela grande altura de 1.542 mm.  O smart só está em casa nos bons pisos europeus, como Paris, onde aliás se vê Smart para todo lado (quase sempre dirigido por mulheres lindas). Foi lançado em 1997 no Salão de Frankfurt e vendido a partir de julho de 1998. Foi astro do filme "O Código Da Vinci",  de 2006, em que a bela Sophie Neveu (Audrey Tatou) esbanja seu charme ao volante de um.
Para rodar em locais apertados, perfeito, o Smart está no elemento dele

É um carro de dois lugares espaçoso, com posição de dirigir perfeita e um pequeno volante, de 355 mm de diâmetro, na medida. Para andar por aí numa cidade de riuas estreitas e congestionadas como São Paulo e entrar e manobrar nos shoppings centers, nada melhor. Seu diâmetro mínimo de curva é de apenas 8,75 metros, menor que o de um Gurgel BR-800 (8,8 m) mas maior que o do britânico táxi Austin (7,6 m). Comprimento? Só 2.695 mm. O Gurgel, que já era pequeno, media 3.195 mm de comprimento com 1.900 mm entre eixos, pouco mais que no smart.

Suspensão De Dion

Essa suspensão se caracteriza por combinar eixo motriz rígido mas com o diferencial fixado ao chassi, portanto suspenso. Evita-se desse modo que o eixo motriz fique pesado demais, de difícil controle ao trafegar sobre superfícies irregulares. Na foto vê-se claramente o "eixo", no caso um arco na horizontal voltado para a dianteira (parte inferior da foto) e dois os tensores de locação transversal  tipo paralelogramo de Watt (parte superior da foto). Vê-se também a extensão do transeixo onde fica o par final, com as saídas para as semi-árvores —sim,  o motor e a tração do smart são traseiros.

A suspensão De Dion apareceu pela primeira vez no carro De Dion-Boutton de...1899! Não é erro de digitacão, é final do século 19 mesmo. Foi muito usada em competição, como no  monoposto Auto Union D de 1938, em substituição à problemática suspensão de semi-eixo oscilante, em certos Ferrari esporte de corrida nos anos 1960 e no Alfa Romeo Alfetta de 1972, que tinha motor dianteiro e transeixo traseiro. Quem também usa De Dion é o Chamonix 550 S, com motor VW AP2000, mas a fábrica encerrou atividade há poucos dias.

No smart funciona bem, o eixo é bem controlado quando o piso é irregular, mas há os problemas citados de curso de suspensão pequeno demais, que põe tudo a perder.

O motor transversal, que é de quatro válvulas e duplo comando, com montagem inclinada para trás em 45°, é brilhante e acabou com minha cisma com motores de três cilindros a quatro tempos. É suave, incita acelerar.  Até parece que tem árvore contra-rotativa de balanceamento, mas não tem. E um dos pontos altos do fortwo. Está acoplado a um câmbio robotizado de cinco marchas que funciona bem, é apenas um pouco lento nas trocas automáticas. Nas manuais, que contam com borboletas no volante além da alavanca para isso, tudo bem.

O comportamento em curva é no mínimo curioso, pois são feitas com enorme facilidade devido ao entre-eixos de 1.867 mm, mas sempre mostrando ligeira tendência a sair de frente. Curiosamente, bitola, rodas e  pneus traseiros são bem mais largos atrás que na frente: 1.385 mm/5,5Jx15/175/55R15 contra 1.283 mm/4,5Jx15/155/60R15, respectivamente. Freio, discos dianteiros e tambores traseiros.

Notável também a dotação, de série, de itens de segurança: controle de estabilidade e de tração, ABS com distribuição eletônica das forças de frenagem e auxílio à frenagem. Traz ainda auxílio de arrancada em subidas. E, claro, bolsas infláveis frontais e cintos com pré-tensionadores e limitadores de força.

O tanque é pequeno, 33 litros, mas em compensação os consumos pelo novo ciclo europeu de condução (NEDC) são contidos: 15,6 km/l na cidade, 24,4 km/l na estrada, média ponderada 45% cidade/55% estrada 20,4 km/l. Tomando o consumo médio, o smart roda até 673 km com um tanque. Claro, esses valores são para gasolina super européia de 95 octanas RON sem álcool.

Há um pequeno espaço para bolsas e mochilas atrás dos bancos e o compartimento de bagagem  é de razoáveis de 220 litros, que chega a 340 litros até o teto. O acesso é pelo vidro somente ou abrindo a metade inferior para baixo.
Acesso ao compartimento de bagagem é bem fácil; note a bitola traseira mais larga

O acesso ao motor é pelo compartimento de bagagem, removendo-se uma tampa no seu assoalho, exatamente como era nos VW Variant, TL e SP2

Difícil de se ver hoje, as rodas são fixadas por três parafusos

Preço do fortwo avaliado: R$ 61.200,00. Caro? Um pouco, mas tem conteúdo para isso, é completo com todos os itens de conforto e comodidade conhecidos. Como boa parte da população pode pagar esse preço, quem estiver procurando um meio de locomoção urbana, com algumas esticadas não muito longe, e tendo outro carro "normal", tem no smart a opção ideal. O incômodo da suspensão tem jeito, e fácil. É só a dona da fábrica do smart, a Mercedes-Benz, querer.

BS

(Atualizado com mais informação às 00h30 de 12/9)

18 comentários :

  1. Como será o seguro da criatura? :-)
    Já dirigi um em Portugal por apenas um dia e gostei. Achei "espaçoso" para o motorista. O que dirigi tinha start/stop e era automático. Carrinho divertido! Se custasse 30/40 mil comprava um fácil.
    60K? HUmmm.. aí já não sei não...

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  2. Marcelo Augusto11/09/2010, 21:02

    Pelo que paga de tributos, e sendo um Mercedes, até que não está caro. Mas aqui compra-se carro por metro, se custasse 40 mil iriam achar caro também. Com esse comprimento dá pra estacionar como motocicleta...

    Bob, já imaginou se o incentivo aos "mil" tivesse continuado? Um motor como este, e ainda gastando pouco, poderia estar rodando nos nacionais.

    Lembra dos Smarts Roadster? Eles também usam De Dion. Esses eram carros para diversão baratos, deu pena sairem de linha...

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  3. Para um microcarr é caro demais, mesmo sendo de griffe.

    Um carrinho desses vindo da VW ou Opel (para ficar nas alemâs) seria mais palpável.

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  4. Os textos de avaliação da 4 patas são amadores perto dos textos do Bob. E os textos do Bob são prazerosíssimos de ler para quem realmente gosta e conhece carro.

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  5. Carlos Eduardo12/09/2010, 00:04

    Eu acho um carro muito interessante. Se custasse no máximo 40 mil reais eu até pensaria em ter um, mas 50/60 mil já é muito.

    Não existe mais incentivo aos carros de menos de 1000cc? Então por que ainda vendem carros 1.0 cujo motor tem o mesmo custo de produção de um 1.4 ou 1.6 por preços mais baratos?

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  6. Carlos Eduardo
    Continua o alíquota do IPI de 7% para os carros até 1.000 cm³, não importa se a gasolina ou flex. A próxima alíquota é 13% para carros flex de 1.000 a 2.000 cm³, 15% a gasolina.

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  7. Marcelo Augusto
    Como eu disse acima para o Carlos Eduardo, os carros de motor até 1.000 cm³ continuam com a alíquota do IPI mais baixa de todos. O que houve foi que em agosto de 2002 o Ministério da Fazenda criou a faixa de cilindrada intermediária de 1.000 a 2.000 cm³, com alíquota de 15%, que depois caiu para 13% quando os flex surgiram em março de 2003. Com isso os preços dos "populares" ficaram mais perto dos 1.000-2.000 cm³. Antes a alíquota do IPI era 10% até 1.000 cm³ e acima disso era 25%. Foi esse mudança na legislação tributária que matou o Gol/Parati 1,0 turbo e o Fiesta/Ecosport 1,0 Supercharger. E que matou também o Polo 1,0 16V hatch, um canhão de 79 cv. O anúncio das mudanças foi no dia em que o modelo era apresentado à imprensa. Morreu antes de ser comercializado.

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  8. Bob, não é caso único no mundo o DeDion do smart, uma vez que basicamente o que a Daimler AG fez foi pegar o conjunto motriz completo do Mitsubishi i e montá-lo em um carro 80 cm menor, apenas mudando a transmissão de automática de quatro marchas para semiautomática de cinco. Sim, o i também tem DeDion, que é uma das coisas que permitem ao kei-jidosha do fabricante japonês ser surpreendentemente bom de curva para seus 1,60 m de altura.
    Ainda falando de Japão, usa DeDion a versão de tração integral do Fit.

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  9. Bob,
    Você comenta sobre adaptação da suspensão para a pavimentação no Brasil. Existe alguma maneira de se fazer essa adaptação sem a necessidade de elevar o carro 15, 20mm ou mais em relação ao solo, comparado com outros mercados?

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  10. Anônimo,
    Certo, o Mitsubishi i também tem De Dion, por isso tive o cuidado de dizer que cria ser o Smart o único, pois poderia haver um ou outro caso mais, caso também do Fit AWD, como você disse. Mas o "i" é de 2006, apresentado nove anos depois do francês. Tipo de suspensão não tem a ver com a altura do veículo.

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  11. Rodrigo Ciossani
    Um pouco de cada coisa. Talvez elevar 10 mm, mas é importante também analisar os cursos de compressão, o comprimento fechado dos amortecedores e sua carga de compressão e os batentes de borracha ou eventualmente celasto.

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  12. Bob, gostaria de fazer algumas observações.

    Não sabia que a Chamonix tinha fechado as portas. uma pena, pois seus carros era referencia em termos de qualidade.

    Já vi algumas unidades do Polo 1.0 16v rodando, inclusive uma do modelo Classic (antigo). Se não me engano, li em algum lugar que essa última foi feita só para frota interna, mas depois foram vendidas nos leilões esporádicos da fábrica.

    Não deixa de ser notório que em 2002 já eram arrancados 80 cv de um motor mil. Mas a ignorancia de nosso mercado praticamente aboliu os 1.0 16v. Se considerarmos que os multiválvulas rendiam em média 15% a mais de potencia, teríamos hoje os milzinhos com potencia em torno de 90 cv. Espetacular.

    Já li que a caixa do Smart provoca muitos balanços, com acelerações nem um pouco lineares. Confirma essa impressão (interrogação).


    Abraço

    Lucas crf

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  13. Deve ser ótimo para o mecânico fazer a manuntenção deste motor com este "uótemo" acesso.

    O preço da mão de obra vai às alturas!

    Ah esqueci, é um Mercedes...

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  14. Bob,

    Mesmo tendo quem tenha como pagar por este carro, 60 paus por um carro que mal dá 145km/h não rola mesmo.

    Com 60 paus dá pra comprar coisa MUUUUUITO melhor. Comece pelas versões básicas de Corolla, Civic, Astrão G3, e por aí vai.

    Para quem critica quem compra carro por metro, poxa, deve ser legal pagar mais e ter menos né? Alfa 145 que o diga.

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  15. Bussoranga

    Com 60K também se pega um Focus.

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  16. Por 61k esse Smart não é um pouco caro... é MUITO caro, isso sim, mesmo com todos esses equipamentos, é limitado demais pra custar tudo isso. Por 33k dá pra pegar um Kia Picanto 0km, que também é compacto, vem muito bem equipado, é econômico e ainda por cima tem mais espaço interno e 4 portas. Quase 30k de diferença, não é pouca coisa não.

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  17. O que me entristece nessa história toda é que o smart fortwo é hoje a opção mais em conta de nosso mercado cuja tração esteja nas rodas traseiras. E isso porque já tivemos carros nacionais de tração traseira a bom preço.
    Disse a BMW que só se justifica uma fábrica no Brasil se forem vendidos 70 mil exemplares/ano no Mercosul. Será que chegaremos a essa marca e, com isso, voltando à possibilidade de ter um carro nacional de tração traseira, com tamanho racional, bom espaço interno e preço comedido, tudo isso feito no Brasil?

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  18. O único jeito de achar que o Smart é barato é comparar com o City EXL de 70 paus. Mas assim é fácil...

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