google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 Love hurts - AUTOentusiastas Classic (2008-2014)

Love hurts


Como diz a famosa música do quarteto escocês Nazareth que dá título a este post, a vida dos amantes da Porsche sempre teve espinhos. A empresa de Zuffenhausen continua testando os limites possíveis do amor de seus seguidores, mas sempre consegue escapar para tentar de novo.
Para que os menos versados na história da companhia, explica-se:

Na verdade, a Porsche, em seus primeiros anos de vida como fabricante, fazia uns carros que, à primeira vista, seriam dificílimos de vender.

Eram pequenos, estranhos, parecendo uma nave extraterrestre na qual foram adicionadas rodinhas para rodar no solo. Além disso, eram obviamente baseados no VW, mas custavam uma fortuna. Eram velozes em termos relativos (para motores de menos de 1,5 litro) mas em termos absolutos, lentos pelo preço que era cobrado por eles.

Por meio de um inteligente programa de competições, da fama do nome Porsche e da exclusividade advinda da pequena quantidade de carros produzidos, a empresa conseguiu um status invejável em pouco tempo. Quem tinha um Porsche acreditava fazer parte de um clube seleto, que entendia porque aquelas banheirinhas invertidas eram especiais. Acreditava ser um motorista melhor, por causa da notória propensão a sair de traseira subitamente. Acreditava dirigir um carro do futuro, pequeno, mas veloz , aerodinâmico e eficiente. Se imaginava diferente, e sabedor de segredos que os menos iniciados na arte de dirigir não conheciam.

Desta forma, desde cedo a espécie que hoje conhecemos com o nome geral de "Porschéfilo" começou a proliferar e diversificar. Abaixo segue o resultado do último estudo científico feito para classificá-los, já atualizado com as espécies mais recentes que apareceram no lançamento do Panamera. Classificados por ordem de nível de Porschefilia crônica, sendo 10 os mais doentes e 1 os mais "normais".

Nível 10:

Tipo inicial de Porschéfilo. Este indivíduo acredita que a Porsche traiu seus princípios quando lançou o 356A em 1955. Para ele, a terrível instabilidade dos Porsches era uma virtude, porque separava os homens das crianças, os pilotos dos meros motoristas. O 356A era muito melhor (com uma ajudinha de Zora), mas esse tipo de Porschéfilo doente achou que a Porsche ficou molenga, que fez o 356A benigno para americanos gordos e abandonou seus seguidores fiéis. Prova de que tudo é relativo nesse mundo.

A maioria desse tipo de Porschéfilo já morreu. Alguns poucos ainda podem ser vistos indo pra lá e prá cá em umas estranhas banheirinhas invertidas feitas em alumínio num celeiro no interior da Áustria, com pequenos motores de 1,1 litro e 40 cv, e ainda se acham superiores a tudo mais que existe. A maioria deles, obviamente se concentra na Inglaterra, ilha para onde foram banidos todos os realmente estranhos.

Nível 9:

Variação pequena em relação ao anterior; aceitou resignado o 356A e o B. Mas o C foi muito! Tinha até aquecedor (movido a gasolina) que funcionava, e era pesado demais e ágil de menos. Obviamente, uma traição aos princípios que fundaram aquela empresa!

Nível 8:

O mais famoso Porschéfilo nível 8 que se tem notícia foi o conhecidíssimo jornalista (e co-piloto de Moss na lendária Mille Miglia de 55) Denis "Jenks" Jenkinson. Jenks era famoso por acompanhar por anos o circo de F-1 a bordo de seu fiel 356 de 1955, e era um conhecido e devotado membro da irmandade Porschéfila. Mas tudo isso mudou quando o 911 foi lançado.

Jenks ficou chateadíssimo com o seis-cilindros lá atrás. Muito pesado, iria sacrificar o delicado e perfeito balanceamento do 356 no altar da maior potência. Ficou muito grande, gordo, pesado, un-Porsche.

Nosso amigo abandonou a irmandade: trocou o 55 por um Jaguar E-Type ("seis cilindros por seis cilindros, melhor 4,2 litros do que 2") e pasmem: se recusou, mesmo tendo acesso total a carros de imprensa da Porsche, a mesmo experimentar o 911!! Meu tipo de sujeito...

O irônico é que quando finalmente o experimentou, em 1967, adorou o carro. Não há lógica na paixão.

Nível 7:

A maioria dos nível 7 conheceu a Porsche já no 911, mas ainda era ligado às suas raízes do 356. Esses acharam que a Porsche morreu quando lançou, em 1976, o 924. Tudo bem, era feito de componentes VW como os 356, mas motor DIANTEIRO? E refrigerado a água? Inaceitável.

Quando veio o 928, então, com um V8 lá na frente, o nível 7 vendeu seu 911 e se mudou para o Tibet para aprender a controlar a raiva num mosteiro budista.

Nível 6 e 5:

Tolerou os refrigerados a água, mas não suportou o 911 Turbo ganhar a 5a. marcha em 1986.
Explica-se: esses doentes achavam que a esta época, o Turbo, que se mantinha inalterado desde 1978, era o exemplo da perfeição. Mexer nele era sacrilégio.

Esse tipo de entusiasta da marca usava o turbo como bandeira: a Porsche tentava substituir os 911 pelo 928, mas eles continuavam comprando o velho carro, que por seu comportamento assassino (turbo-lag abundante, sobresterço maligno) era como os primeiros Porsche, separadores de homens e moçoilas. Na verdade, o problema não foi só a quinta overdrive; em 86 deram uma civilizada geral no comportamento do carro. De novo, a Porsche fazia concessões a “pessoas normais”, segundo o nível 6.

O nível 5 é quase o mesmo. Esses se incomodaram, mas relevaram a ligeira civilização do Turbo, mas ficaram ofendidíssimos quando o carro foi descontinuado logo em seguida.

Nível 4:

Porsche 911 refrigerado a água. Precisa dizer mais?

Nível 3:

Aceitou o 911 refrigerado a água, achou o Boxster genial, mas não pode pactuar com uma perua Porsche de 325 toneladas, tração total e V8 dianteiro refrigerado a água, por mais rápida, veloz e ágil que ela fosse.

Nível 2:

Tinha relevado a Cayenne meio a contragosto, mas com o lançamento do Panamera decidiu que nada é mesmo sagrado, e voltou a achar que o último Porsche de verdade foi o último refrigerado a ar, o 911 Turbo de 1998.

O colunista que vos fala é acometido de Porschefilia crônica neste estágio. Quando acusam-no de purismo, ele aponta que é purista sim, mas num nível bem baixinho...

Nível 1:

Nivel de pessoa normal. O Bob Sharp é o mais conhecido representante. Para ele, não importa como são os Porsches, e sim o resultado. Se é Porsche, foi bem projetado, então ele gosta. Mesmo sem experimentá-los, dirigi-los só irá confirmar o que era esperado.

Lógica perfeita, mas um pouco pragmático demais para este que vos fala...

Quem nunca sentiu a dor de amar e ser traído?

MAO

4 comentários :

  1. Apesar de nunca ter guiado um Porsche (espero um dia ter essa oportunidade), acho que me incluo no nível 3, com certo resquício de nível 4, um nível, talvez, 3,5.
    Por ponto de vista mais minucioso, ultimamente até o 911 (inclusive a versão turboalimentada) vem tomando rumos (exceto pela configuração da carroceria e motor) que parecem distancia-lo cada vez mais de um esportivo cru, restando o GT2 e GT3 como tal.
    Sob uma visão mais utópica, o ideal mesmo seria que a Porsche criasse uma marca a parte só para lançar seus carros modernosos.

    ResponderExcluir
  2. Como não tenho dinheiro para comprar um Porsche, talvez as melhorias técnicas cheguem no meu "pois é" vinte anos depois...

    ResponderExcluir
  3. Acho que fiquei lá no mnivel 5/6 , mas tenho umas recaidas e admiro um Boxter.
    Acho também que a Porsche poderia apagar os 928, 944, Cayenne e esse horror chamado Panamera, da sua história.

    ResponderExcluir

Pedimos desculpas mas os comentários deste site estão desativados.
Por favor consulte www.autoentusiastas.com.br ou clique na aba contato da barra superior deste site.
Atenciosamente,
Autoentusiastas.

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.