google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 Como a Chevrolet ensinou a Porsche a fazer curva direito. - AUTOentusiastas Classic (2008-2014)

Como a Chevrolet ensinou a Porsche a fazer curva direito.


Em 1954, Zora Arkus-Duntov, que ficaria famoso depois como “Mr. Corvette”, estava em seu segundo ano como engenheiro na Divisão Chevrolet e ainda sonhava com a sua carreira como piloto de competição. Nos dois anos anteriores tinha participado da 24 Horas de Le Mans dirigindo Allards de seu velho empregador, Sidney.

Nesse ano, acabou sendo convidado pela Porsche para dirigir um 550 Spyder de 1,1 litro e 72 cv na famosa corrida. Como a GM andava em negociações com a Porsche a respeito de patentes de sincronizadores e suspensões independentes traseiras (a serem usadas no futuro Corvair), Zora acabou indo correr com permissão de Ed Cole, com os custos pagos pela Chevrolet e ainda recebendo os dias como trabalho. O plano era que após a corrida Zora passasse algum tempo na Porsche em Stuttgart-Zuffenhausen.

Pois bem, Zora acabou ganhando a corrida na classe 701-1.100 cm³ (talk about bragging rights), para total alegria sua e da Porsche. Como o russo era extremamente carismático e falava bem alemão, acabou desenvolvendo sólida amizade com o bigodudo e divertido Barão Huschke von Hanstein (gerente de competições da Porsche) e com Ferry Porsche Himself.

Durante a corrida, Zora tinha percebido que o comportamento em curvas do Spyder deteriorava sobremaneira quando o tanque de combustível esvaziava. Lógico, a distribuição de peso se alterava com o tanque dianteiro e motor entreeixos traseiro daquele carro levíssimo.

Zora sugeriu a Helmuth Bott (engenheiro de suspensão) alguns desenhos de barra estabilizadora dianteira para resolver o problema. Nesta época, a Porsche testava carros na rua. Já a GM usava o vasto campo de provas de Milford, que contava inclusive com “skidpad” (para quem não sabe, um círculo de concreto imenso, 200 pés (61 metros) de diâmetro onde se faz curva até o limite de aderência), e tinha zilhões de procedimentos, experiência, e principalmente, métodos de medição e comparações objetivas, vindos na maior parte de Maurice Olley, segundo Zora o homem que mais entendia de suspensão na face da Terra.

Zora apresentou tudo isso a Bott e à Porsche; arrumaram uma pista de aeroporto vazia para simular o skidpad e Zora ajustou barras estabilizadoras dianteiras de vários Porsches lá. Ensinou método, trocou experiências.

Carros transformados da água pro vinho, Zora para sempre no círculo de amizades dos cabeças da Porsche. Zora deu a Bott uma cópia do livro de seu chefe Maurice Olley, "Road Manners", e traduzido, este livro virou bíblia na Porsche. Por anos, Zora se correspondeu e trocou experiências com Bott, Barão e Ferry Porsche.

E todo Porsche, a partir do ano-modelo 1955, teve uma barra estabilizadora lá na frente....

MAO

Para saber mais:

Zora Arkus-Duntov: The Legend Behind Corvette – Jerry Burton

3 comentários :

  1. Excelente história! A Chevrolet era realmente apegada ao desenvolvimento automotivo agregado ao automobilismo. No livro dos Milliken (Race Car Dynamics) tem um capítulo que conta algumas passagens interessantes...

    []s!

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  2. MAO, todos sabemos, Duntov era um genio e ao mesmo tempo um gentleman. Lembrando dos kits ArDun que ele fez, e que eram anteriores aos Hemi motors, algum dia alguém insinuou na prensença dele que o trabalho dele nos ArDun havia sido compiado pela Chrysler nos Hemis e ele respondeu de pronto que não só não houve cópia alguma, ele apenas tinha feito cabeçotes com um sistema e forma de camara de combustão tecnicamente melhor e que nem era uma invenção dele, lembrando que mesmo a época era algo de dominio publico, ainda se sentia honrado com o fato de uma industria com engenharia tão brilhante como a Chrysler pudesse usar a mesma solução que ele havia usado em outros tempos. As cartas dele escritas a direção da GM com vistas a promover o uso e a fabricação de peças de performance para o small block chevy foram algo que somente um genio poderia conceber.

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  3. Pois é, os eurokids sempre têm na ponta da língua o velho discurso que americanos não sabem fazer carros. Na verdade, durante anos as três grandes fizeram carros para o average Joe, obedecendo ordens superiores, corporativas. Os engenheiros coçavam de ansiedade, querendo usar os enormes recursos tecnológicos e econômicos para fazer coisas interessantes. Como Zora, que lutava contra os beans counters e medíocres em geral. No fim, ele foi paulatinamente lançando as bases para a produção do que é hoje um carro esporte world class: o Chevrolet Corvette.
    Cheers, Luiz Tinoco

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