google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014): história
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Uma das afirmações sobre o motor flexível em combustível (conhecido como "flex") é que ele é um "pato". Por que a associação do motor com nosso simpático amigo emplumado, que já inspirou toda uma família de personagens do Walt Disney, além do esquentado Patolino da Warner Bros.? É porque a ave em questão consegue transitar pelos três ambientes: terrestre, aquático e aéreo. O pato anda, nada e voa, embora não consiga fazer nenhum dos três com excelência. Ele simplesmente funciona nas três modalidades, sem ser excelente em nenhuma.

Este termo, "pato", é usado para vários objetos que se propõem a ser multi-uso, mas que não conseguem fazer muito bem cada um destes usos separadamente. A culpa disso, em grande parte, é ter que abrir mão da otimização em nome do compromisso: se o pato fosse otimizado para voar (como uma águia), não nadaria. Se fosse otimizado para nadar (como um peixe), não voaria. E por aí vai. Do jeito que é, justamente por não ser otimizado para nada é que ele consegue fazer as três coisas. Foi a melhor solução que a natureza encontrou para fazer um bicho "multi-uso".



O coração dos automóveis é seu motor. Desde o primeiro veículo autopropelido, ou seja, capaz de se mover sozinho por meio de potência gerada por componentes fixos à sua estrutura, o motor para a propulsão a combustão interna vem sendo aprimorado. Muitas das soluções que acreditamos serem modernas, surpreendentemente são quase tão antigas quanto o próprio motor. Passaremos brevemente pela história da criação e os principais fatos e invenções que tornaram nossos motores atuais o que são.

Os motores atuais de aplicação automobilística estão em desenvolvimento há mais de 100 anos. A grande maioria das inovações tecnológicas, estudos termodinâmicos e aperfeiçoamento da eficiência global dos motores de combustão interna ocorreram ao longo da história do transporte viário motorizado. Vamos fazer uma breve passagem sobre os primeiros motores e suas aplicações iniciais.

No ano de 1854, o primeiro projeto de um motor de combustão interna foi patenteado na Itália pelos engenheiros Eugenio Barsanti e Felice Matteucci. O projeto consistia na utilização da energia de expansão de gases liberada pela combustão de uma mistura explosiva de ar e hidrogênio para movimentar um pistão e transformar este movimento linear em um movimento rotativo, com o uso de uma árvore de manivela. Este motor nunca foi produzido em quantidade.

Réplica do modelo de motor Baranti-Matteucci


Nos anos 1970, estava em moda na indústria automobilística o conceito de “carro mundial”. Era um conceito perseguido por todos os fabricantes naqueles tempos de primórdios da globalização.

A idéia do carro mundial era ter um mesmo modelo sendo vendido em vários países, de forma que cada um deles fabricasse um “pedaço” do carro e assim aproveitar a economia de escala para diminuir os custos de fabricação. Por exemplo, se um mesmo carro fosse vendido em cinco regiões do mundo (América do Norte, Japão, Europa, América do Sul e Austrália), sairia mais barato ter apenas uma fábrica que produzisse motores para todas as regiões do que ter uma fábrica de motores em cada região. E o mesmo ocorrendo com transmissões, suspensões etc.

A primeira tentativa da GM de ter seu carro mundial foi o projeto T, que aqui no Brasil ficou conhecido como Chevette. Na Alemanha, era o Opel Kadett C, na Inglaterra, Vauxhall Chevette, na Argentina, Opel K180, na Austrália, Holden Gemini, nos EUA houve três versões: Chevrolet Chevette, Pontiac T1000 e Isuzu I-Mark. Uma curiosidade é que o primeiro T-Car a ser lançado foi o nosso Chevette, em março de 1973.


Cadillac Eldorado 1978

Sempre que se fala sobre alternativas para o petróleo, muito assunto é gerado, e imaginamos se o mundo seria diferente sem os nossos adorados motores a pistão.

No passado recente, últimas quatro décadas, várias empresas e instituições tentaram fazer a turbina funcionar em automóveis de uso normal, já que uma das soluções para não depender de petróleo é a turbina a gás, ou como a maioria conhece, a turbina de avião. Uma delas tentou usar o carvão mineral, para não depender de petróleo. Foi a General Motors.

Fonte
Hoje os motores de ciclo Otto estão largamente desenvolvidos, bem como seus subsistemas. Um dos mais importantes é o de ignição por centelha elétrica. Embora hajam outras alternativas, o sistema de ignição por centelha elétrica se firmou ao longo dos anos pela praticidade e conveniência aliadas à precisão, à eficiência e ao baixo custo deste sistema. Entretanto, este não é um sistema elementar.

O princípio ocorreu meio que por acaso. Iniciava-se o século 19.. A Europa fervilhava em novas descobertas científicas. Entretanto, nenhuma chamava mais a atenção do que os fenômenos da eletricidade. Muitos cientistas daquela época, além de experimentadores, eram verdadeiros apresentadores de espetáculos, exibindo experimentos com a eletricidade para um público nobre nas principais cidades européias. Eram a versão da época para os documentários científicos de hoje.

Estas experiências-show, além de angariar fundos para os pesquisadores-apresentadores, também motivavam jovens mentes curiosas a experimentarem por conta própria. Hans Christian Oersted, então um jovem estudante dinamarquês, recebera uma bolsa de estudos que lhe permitiria viajar e estudar pela Europa, sendo atraído pela ciência por influência de seu pai farmacêutico.


Seguindo com o que achei interessante no Tampa Bay Museum, vêm os Tatras exibidos lá. Eles estão representando uma outra forte vertente no desenvolvimento do automóvel, o motor traseiro com tração traseira. Essa vertente se contrapõe a vertente abordada no post anterior, motor dianteiro com tração dianteira. E o mais interessante é a abordagem do dono do museu sobre essas duas vertentes. Ele faz uma analogia delas e seus maiores representantes com a dualidade do yin-yang da filosofia chinesa. Ou seja, se complementam.

Esses Tatras streamlined, com seus motores traseiros, sempre me intrigaram. Já estive na extinta Checoslováquia, terra de onde saíam essas maravilhas, mas infelizmente não me lembro de ter visto nenhum desses pelas ruas. E fica até difícil de imaginar como um carro tão avançado para a época poderia ter saído de lá. Na realidade passei no país apenas uma noite, no inverno europeu de 1990, com alguns amigos. E nas ruas só havia militares empunhando rifles.

Troquei algo como 30 dólares na moeda local (sei lá qual era) e dormimos num quarto de um apartamento de família em um prédio centenário. Zero de comunicação com a dona. Tudo muito simples, velho, mas funcionando, como num “bom” regime comunista. A TV devia ser preto e branco ainda. Lembro-me que na escuridão do “toque de recolher” e da total falta do que fazer até o sono vir, a diversão foi ficar esfregando o cobertor no lençol e fazer faíscas devido a estática e a secura do ar.

No dia seguinte acordamos, raspamos o gelo dos vidros do Renault 21 alugado, tomamos um café e tentamos gastar “todo aquele” dinheiro. Simplesmente não havia o que comprar ou como gastá-lo. Então resolvemos o problema comprando muitas cervejas Urkel. Acabamos tomando-as na Áustria, geladas na neve da varanda do hotel em que ficamos. Se eu voltasse lá hoje com certeza procuraria alguns Tatras e Skodas interessantes.

Mas voltando aos carros, o museu possui 6 Tatras diferentes, sendo um veículo comercial, um carro com carroceria convencional e quatro modelos streamlined.

Entre muitas coisas interessantes em termos amigos interessantes é poder aprender com eles. Aprender de tudo, desde simplesmente fatos até novas abordagens sobre velhos assuntos, incluindo novos jeitos de sentir o mundo.

Antes de conhecer o MAO eu me atentava praticamente aos objetos e as emoções causadas por eles. Mas com o MAO eu tenho aprendido a admirar as pessoas por trás dos carros-arte que tanto amamos. Como já revelei em outro post, com o Arnaldo Keller passei a admirar e me encantar com carros pré-guerra. E foi com esses novos aprendizados na bagagem que eu visitei o Tampa Bay Automobile Museum, na Flórida, a pouco mais de uma hora de Orlando. Trajeto feito com o Camaro que tive por dois dias.

Antes mesmo de pensar nos construtores dos maravilhosos carros que estão expostos, eu me impressionei foi com o dono do museu. Não o conheci pessoalmente, mas pelo que está no site e no livro/catálogo do museu escrito por ele dá pra perceber claramente que ele é um apaixonado não só pelas máquinas, mas também pelos seus criadores. Além disso, é um colecionador que não é egoísta, pois decidiu, para nossa sorte, compartilhar sua seleta e especial coleção com o público geral.

O Sr. Alain A. Cerf é um francês dono de uma empresa que projeta e fabrica máquinas de embalagens (empacotamento) que se desenvolve através de pesquisa e inovações. Logo no segundo parágrafo da introdução do livro/catálogo do museu ele escreve:

"Por trás de qualquer máquina, robô, computador ou automóvel está um ser humano. Sua habilidade em criar e dar vida - ainda que uma vida artificial e limitada - a úteis equipamentos irá nos conduzir ao desenvolvimento e progresso material."

É nos visionários dos primórdios da indústria automobilística, nos homens que desenvolviam, faziam protótipos e construíam carros na raça, que consagraram suas ideias revolucionárias na base da tentativa e sem medo de errar, que passaram a vida realizando seus sonhos, que o Sr. Cerf se inspira para manter sua empresa.

A coleção do museu, apesar de não muito grande – com 44 carros – é composta na sua grande maioria por modelos significativos na evolução do automóvel entre as décadas de 1920 e 1930. Esse período, onde a tecnologia disponível para o projeto dos automóveis era muito limitada, foi muito fértil nas ideias e direções que se tornariam os padrões da indústria, ou não.

O museu tenta mostrar um pouco dessas tentativas e diferentes direções tomadas. É tanta informação, história de carros e pessoas que se cruzam e formam uma árvore cheia de ramos em que alguns frutificaram e outros morreram. Estou há dias pensando em como resumir tudo. Concluí que não é possível contar tudo em um único post como eu pretendia. Então para não ficar segurando o post vou dividir essa experiência em algumas partes e focar em alguns pontos que julguei mais interessantes.

Acho que vale a pena começar com um filminho feito às pressas, pois bem no dia em que visitei o museu resolveram fechá-lo uma hora mais cedo. Saí de lá com a sensação de coito interrompido! Desculpem-me a expressão, mas não achei nada melhor para ilustrar o desapontamento. Para compensar comprei o tal livro/catálogo recheado de informações e me arrependo de não ter trazido um para o MAO. Ah, acabei de assistir o filme para verificar se não falei nenhuma bobagem durante o improviso e descobri que troquei barbatana por espinha ao descrever o desenho das tampas traseiras dos Tatras. Acontece. Fiquei meio atônito ao ver seis Tatras juntos.



Uma parte dos carros exibidos conta a história do desenvolvimento da tração dianteira. Isso antes do Citroën Traction Avant (tração dianteira) lançado em 1934 e que massificou a configuração motor dianteiro, tração dianteira com suspensão independente e monobloco. O museu tem um 7CV e um 15CV que o MAO conta um pouco da história no rico post As leis de Voisin e a morte da Citroën.

Hoje em dia parece a coisa mais normal do mundo carros com motor dianteiro, tração dianteira e suspensões independentes. O motor na frente até que sempre foi uma solução lógica considerando que os cavalos sempre ficam a frente das carruagens. No entanto a tração traseira não parecia ser tão lógica até se constatar as dificuldades em fazer o motor e a tração à frente. A distribuição de peso e fazer um transeixo confiável, incluindo as juntas homocinéticas, eram as maiores dificuldades. A distribuição de peso concentrada atrás do eixo dianteiro dificultava muito a tração em rampas, onde há transferência de peso para o eixo traseiro. E as limitações das juntas universais, necessárias para o esterçamento da direção e curso da suspensão, não estavam bem desenvolvidas. A tração dianteira só se popularizou com o aperfeiçoamento das juntas universais que se desenvolveram nas juntas de velocidade constante (homocinéticas) no final dos anos 1920.

Nos Estados Unidos, no final dos anos 1920 e início dos anos 1930, surgiram dois modelos mais significativos com tração dianteira. O Cord L29 e o Ruxton. Ambos com motores V-8 e com problemas de durabilidade relacionados à tração dianteira. Logo após o Cord L29 surgiu o famoso Cord 810 (nariz de caixão) e o Cord 812, com motor superalimentado. Também tiveram problemas relacionados à tração dianteira, considerada uma inovação na época.

No museu há um Cord 810, já bem conhecido no meio dos antigomobilistas e figura carimbada nos enventos aqui no Brasil, e um Ruxton, totalmente desconhecido por mim até então.

A história é interessante, daquelas que o MAO gosta de contar. O engenheiro William J. Muller, funcionário da Budd Corporation, empresa pioneira na manufatura de peças de aço estampadas para carrocerias de carros, aviões e vagões de trem, convenceu a Budd a deixá-lo projetar e fabricar um carro completo e com tração dianteira. A ideia era que a Budd desse (sem cobrar nada) o projeto para alguma empresa que o fabricasse desde que esta comprasse a carroceria da própria Budd. Um jeito interessante de vender mais e investir pouco.

O engenheiro Muller projetou o chassi e a carroceria foi adaptada de um Wolseley, inglês. Durante seu desenvolvimento o motor L-6 foi trocado por um L-8, mais pesado e potente, o que piorou a distribuição de peso atrás do eixo dianteiro. Então foi desenvolvida uma nova caixa de câmbio situada acima do eixo dianteiro que deixou o Ruxton melhor que o concorrente Cord L29.

O Ruxton foi produzido em 1930 por uma empresa chamada New Era, conduzida por um dos diretores da própria Budd – ah, esses americanos. Apenas 300 unidades foram produzidas até que a recessão econômica da época levasse a empresa à falência. Infelizmente não foi uma boa época para o lançamento de um produto revolucionário.

A escolha do nome também é curiosa. Ruxton é o nome de um dos acionistas minoritários da New Era. Acredita-se que talvez na esperança de se obter mais fundos do Sr. Ruxton, os dirigentes da New Era deram o seu nome ao novo carro. No entanto esse dinheiro nunca apareceu.

Além do porte e das cores achei que o detalhe dos faróis chama a atenção. Me fez lembrar o carro da família Adams, mas sem que isso seja negativo, pois o carro é muito elegante.
Na Europa, um pouco antes, em meados de 1920, um passo importante foi dado para a viabilidade técnica da tração dianteira. Jean-Albert Grégoire ("Senhor Tração Dianteira") e Pierre Fenaille acreditavam que a tração dianteira era o caminho certo a ser perseguido. Juntos desenvolveram uma nova junta universal mais robusta, silenciosa e fácil de ser fabricada.

E para provar sua durabilidade superior aproveitaram e fizeram um carro esporte de tração dianteira chamado Gephy (Grégoire-Fenaille). A nova junta foi patenteada com o nome Tracta, que mais tarde seria licenciada para a DKW e Adler entre outras além de ser usada em Jeeps e veículos militares fabricados pela Ford e Dodge. O Huxton e o Cord usavam juntas diferentes, do tipo Rzeepa.

Não tão conhecido como André Lefebvre, o Senhor Tração Dianteira também trabalhou para a Citroën no desenvolvimento do Traction Avant. No entanto, suas juntas Tracta não deram certo quando aplicadas junto com a caixa automática e falharam pela primeira vez. As juntas Rzeppa também não se saíram bem. Aí surgiu um novo tipo de junta que usava rolamentos de agulha que contribuíram para consagrar o novo Citroën como um dos carros mais importantes da história.

Logo depois do Gephy a dupla Grégoire-Fenaille iniciou a fabricação de um carro menor, agora chamado Tracta. Vejam que além da tração dianteira o Tracta A tinha freios in-board e suspensão dianteira independente (que também foi patenteada). Para provar a durabilidade do conjunto colocaram o Tracta A nas pistas para competir no máximo de corridas possível. E em 1929 seu carro chegou em nono e décimo lugares na classificação geral de Le Mans e em primeiro na sua classe. Interessante é que checando o resultado da prova descobri que depois dos Tracta ninguém mais terminou a prova. Então acho que a colocação é menos importante do que o fato dos carros terminarem a prova inteiros.

O carro exposto no museu é o número 27 e assim que olhei para ele lembrei do Arnaldo Keller ao volante de um MG. O Tracta de competição tem um motor 1-litro de 46 cv, câmbio de 4 marchas e atinge 140 km/h .
Bem, achei que esses dois davam um bom começo. Logo volto com mais posts sobre esse museu.

PK

Veja também: TAMPA BAY MUSEUM - PARTE 2
Nessa época de problemas de difícil solução financeira para quase todas as fábricas de carros, interessante lembrarmos o que a Saab, sob ameaça de desaparecimento, já realizou.

Um breve histórico.

Após o final de Segunda Guerra Mundial, a Saab (Svenska Aeroplan Aktiebolaget) enfrentou uma mudança, de complexo industrial militar que fazia aviões, para um mercado baseado no consumidor. Foi criada então uma divisão automotiva, cujo departamento de engenharia foi formado por 16 engenheiros aeronáuticos. O UrSaab, o modelo original, também conhecido por 92.001, teve como responsável pela carroceria,um especialista em asas. Baixo peso e resistência estavam incutidos na cultura desse grupo. O carro, modelo designado 92 para o mercado, iniciou as vendas em 1949 e a essa carroceria foi utilizada até 1979, com a mesma forma básica e estrutura. A data de fundação oficial da empresa é 10 de junho de 1947.



UrSaab, o primeiro protótipo, 1947

Motores, um campo de exploração.

Ainda com o modelo 96 em produção, foi apresentado o modelo 99, que viria a ser o primeiro Saab a adotar o turbocompressor. Inicialmente em 1977, 100 carros foram produzidos e utilizados por pessoal da fábrica e alguns clientes selecionados, escolhidos entre os que poderiam contribuir com informações importantes no final do desenvolvimento. No ano seguinte, chegou para venda normal, com motor 2-litros e 145 cv. O conceito de turbo para a Saab sempre foi diferente do habitual para automóveis, de incrementar o desempenho. A filosofia era ter disponível potência adicional a ser utilizada no máximo em 10 a 15% do tempo em que o carro é usado, basicamente em ultrapassagens em pista simples, a maioria na Suécia. Motivo básico: ficar o mínimo de tempo possível na contramão. Durante o restante da utilização, o consumo é o mesmo de um motor sem turbo.

O conceito do turbo se propagou rapidamente após a Saab adotá-lo. Em 1979 eram 5 modelos no mundo, 66 em 1984, 90 em 1987 e 93, em 1990. Mas a Saab não foi a pioneira nessa aplicação. Houve o Chevrolet Corvair Monza, O Oldsmobile Jetfire, o BMW 2002 Turbo e o Porsche 911 Turbo antes dos suecos, mas nenhum com produção em massa. A diferença foi a adoção da válvula de alívio (wastegate), que permitiu ao motor ter comportamento mais linear, sem aumento abrupto da potência, tornando o carro mais controlável e dócil, e sem o atraso no enchimento da turbina, que gera uma demora de resposta ao movimento do acelerador, conhecida como turbo lag. Já vimos uma frase que dizia ser a Saab a empresa que possuia carros turbinados sem turbo lag, quando outros ainda estavam iniciando as vendas de seus modelos turbo.

No começo dos anos 80 foi adotado o APC (automatic performance control), visando evitar a detonação, pré-ignição, knocking ou, popularmente, batida de pino. O APC inclui um sensor de detonação, que é um microfone fixado no motor, capaz de escutar as mínimas detonações e de enviar um sinal para um módulo eletrônico modificar a pressão máxima do turbo, de forma a evitar a detonação mais forte, que pode danificar o motor. O turbocompressor também colabora na melhor eficiência da combustão, pois aumenta a quantidade de ar nos cilindros, colaborando para reduzir a emissão de poluentes. Em 1983 chegaram as 4 válvulas por cilindro para o motor com turbo, com desenho de câmara de combustão favorável ao fluxo de gases. Em 1985, a DI (Direct Ignition) inovava ao reunir num cartucho montado sobre o cabeçote, todos os elementos da ignição, inclusive com computador de gerenciamento.

Em meados dos anos 90 chegou ao mercado o Trionic, um módulo que controlava a injeção de combustível, a ignição, os ajustes de acelerador (borboleta) na fase de aquecimento e as funções do APC. Uma integração de funções de mesmo conceito utilizado hoje em todos os carros com injeção e ignição eletrônicas, condensados em uma ECM ou "centralina".

Em março de 2000, um protótipo de motor de taxa de compressão variável foi apresentado. Essa pesquisa havia sido iniciada em 1981. O SVC (Saab Variable Compression) altera sua taxa de compressão inclinando o cabeçote e os cilindros, que são unidos e pivotados em um eixo ao lado do virabrequim. Esse ângulo, de apenas 4 graus, permite variar a taxa de 8:1 até 14:1, Chegando a uma potência de até 225 cv, e torque máximo de 305 Nm (31,1 mkgf) com apenas 1,6 litro de deslocamento volumétrico e cinco cilindros, com compressor mecânico, não turbo nesse caso. Devido a essa característica de taxa variável, o motor SVC é capaz de funcionar com álcool ou gasolina, numa situação muito mais próxima do ideal do que nos motores flex comuns, que são projetados com uma taxa de compressão meio-termo. O sistema é absolutamente simples: a parte superior do motor, cabeçote e cilindros, integrados no que se chama monohead, se inclina em relação a parte inferior, bloco, pistões/bielas e virabrequim. O movimento é controlado pela ECM, e efetuado por um eixo que gira poucos graus e empurra alavancas fixas ao monohead. Esse projeto foi engavetado após a compra de 100% da Saab pela GM.

O SVC em corte, na posição de alta compressão. O monohead está na posição inferior. O comando mecânico do sistema está em amarelo, ao lado direito das bielas.

Abaixo, a posição de baixa compressão.



Bloco de cilindros inclináveis do motor SVC. A árvore em primeiro plano está ligada a alavancas similares a bielas, que empurram ou puxam os cilindros. A área em vermelho mostra o curso total. Este bloco, somado ao cabeçote, compõe o monohead.


Outras inovações SAAB, não relacionadas a motores.

1949: modelo 92 com carroceria monobloco de assoalho plano, notadamente aerodinâmica, motor transversal de dois cilindros, 2-tempos, tração dianteira e suspensão independente. Uma combinação de características nunca antes reunidas em um só carro. Após alguns anos, esse conceito se provou muito bom para competições, com vitórias em ralis do campeonato mundial.

Erik Carlsson vence o Rali de Monte Carlo de 1963 com um modelo 96.

1953: cintos de segurança instalados de fábrica.

1957: Saab 93, motor passa a três cilindros 2-tempos, 750 cm³, longitudinal.

1960: sistema de ventilação interna com exaustão de ar projetados para eficiência e segurança.

1961: primeiro uso de defletor de ar em tampa traseira de perua, para evitar acúmulo de sujeira no vidro do vigia.

1963: freios com circuitos em diagonal.

1967: coluna de direção colapsível; chave de ignição no assoalho, entre os bancos, para eliminar ponto de ferimento no joelho em caso de acidente.

1969: apoios de cabeça com função de segurança, ao invés de apenas conforto ou estilo.

1971: para-choques deformáveis e com memória, se desamassando em batidas de até 8 km/h; limpadores e lavadores de farol básicos para toda a linha; assentos com aquecimento.

1976: conversor catalítico no escapamento nos carros para mercado americano.

1977: filtro de ar de ventilação interna, ou filtro de pólen.

1982: material de atrito dos freios sem amianto.

1985: pré-tensionadores automáticos de cinto de segurança.

1986: primeiro tração dianteira com ABS, modelo 9000.

1991: primeiro ar-condicionado sem gás CFC; sistema de gerenciamento de ignição e injeção de combustível Trionic, onde é verificada a ionização da mistura na câmara, buscando sempre o melhor funcionamento e economia, bem como emissões de poluentes reduzidas.

1993: sistema Sensonic, uma transmissão manual automatizada sem embreagem; Saab Night Panel, painel de instrumentos de visão noturna, onde se pode escolher os instrumentos a serem visualizados.

1996: encosto de cabeça ativo, SAHR (Saab Active Head Restraint) que se desloca em direção à cabeça do ocupante quando o tronco afunda para trás no encosto, como ocorre em batidas traseiras.

1997: ventiladores nos bancos dianteiros integrados aos assentos.

1998: piso do porta-malas móvel, na perua 9-5, permite carga e descarga com mais facilidade ergonômica, evitando que o usuário curve as costas ou bata o joelho no para-choque.

2003: Cargowing. Um rack de teto que funciona também como aerofólio quando não está segurando cargas.

2004: Saab Alcokey: um bafômetro na chave de contato, impede que o veículo seja ligado caso o motorista esteja embriagado; comunicação via transponder, o mesmo que funciona como anti-furto.

2007: XWD - cross-wheel-drive, a mais avançada tração nas 4 rodas para veículo de alta velocidade, pode enviar até 100% de torque para as rodas dianteiras ou traseiras, e possui diferencial com bloqueio mediante comando eletrônico. Apresentado no modelo Turbo-X de 2007, comemorativo aos 30 anos do primeiro Turbo.

O Museu Saab, junto à fábrica, em Trollhattan, Suécia.

JJ