google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014): saab
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Fotos: revistas European Car e Road & Track
Parece um 900 comum

A Califórnia é o estado americano mais difícil para se destacar em meio a uma enormidade de coisas esquisitas de qualquer categoria da cultura humana. Tudo de mais diferente, novo ou exclusivo aparece primeiro por lá. Um carro para ser diferente nesse lugar precisa ser diferente mesmo.

Sueco que fugiu do frio, Ove Hasselberg resolveu à sua maneira essa questão, mas não na área visual, já que  seu carro era até relativamente comum quando ficou pronto, em 1994. Nada muito especial, apenas as rodas não originais e a suspensão bem baixa, um pouco mais que o normal do 900 Turbo.

O seu Saab 900 ano 1979 tem o motor central-traseiro, e a tração é nas rodas traseiras. Aqui muitos puristas já poderiam parar de ler e dizer que era uma decisão óbvia, já que um carro de verdade tem que ter tração traseira, assim como muitos outros poderiam dizer que isso tudo é um crime, pois um bom carro foi alterado de forma radical e sua originalidade, destruída.

Como nesse assunto de rodas de tração estou completamente à vontade, pois não tenho preferências, sei que, sem dúvida gosto dos dois, e que há carros bons e ruins das duas formas. Assim como os de tração em todas as rodas também podem ser ótimos ou péssimos.
CX à frente com o irmão EX ao fundo

Há alguns anos, o norueguês de Oslo, Per Ekstrom, criou dois carros interessantes. No primeiro, ele partiu de um Saab 99 e adicionou elementos do mais moderno 900, porém diminuindo o entreeixos, bem como a altura das colunas, fazendo os vidros mais baixos, além de outras alterações interessantes. 

Atormentado pelas maiores dimensões do 900 em relação ao seu antecessor, tanto no entreeixos quanto nos balanços dianteiro e traseiro que o tornou um pouco desproporcional em relação ao 99, Ekstrom radicalizou na sua criação, e fez um mini Saab para ele mesmo, algo que muitos entusiastas da marca acreditavam ser uma saída para a empresa. 

Como nunca houve um modelo verdadeiramente barato dessa empresa sueca, uma das soluções para aumentar as vendas seria algo desse tipo. Na verdade, chegou-se por diversas vezes a divulgar para os meios de comunicação que a Saab planejava alguns carros menores ao longo de seus anos de crises financeiras – quase todos os de sua existência, para dizer uma triste verdade. Vários conceitos foram até mesmo apresentados em exposições internacionais, mas nenhum nunca saiu da fábrica como carro normal de produção.

O modelo 9-5 Combi. (foto: Saab Media)

Que não seria fácil, todos sabíamos. Desde que Victor Muller comprou a Saab com ajuda de bancos, era esperada uma recuperação complicada. Há cerca de dois meses, a Saab voltava às notícias, por atrasar pagamentos a fornecedores, e em seguida, ficar sem peças para produzir seus carros.

Muito má situação para quem começara a vender o 9-5 novo, e precisava encher concessionários pelo mundo todo. Não dá para vender carros sem tê-los nas lojas.

No recente post sobre o Saab 900, muitos leitores pediram mais fotos do carro. O AE não costuma deixar seus leitores a ver navios, então, com ajuda do dono do carro, aqui estão mais algumas. Todas bem interessantes, que mostram mais alguns detalhes que ficaram de fora daquele post. Seguem aqui, comentadas.



Quantas vezes você já teve a oportunidade de dirigir um carro único aqui no Brasil?

Quase um ano atrás, finalmente consegui passar um dia com o meu amigo Valter e seu Saab 900 Turbo S 16 Aero, o carro preto nas fotos deste post. O Valter é um velho colega de faculdade, e o seu carro, por sair pouco da garagem, chega a ser piada entre a turma aqui do Blog. Costumamos dizer que o Valter já deixou de pagar IPVA para pagar IPTU. Mas na verdade, estamos apenas sendo maldosos com o amigo, pois o carro se exercita mais do que a maioria dos carros antigos ou de interesse especial que conheço.



Mas o interessante aqui é que o carro é simplesmente único no país. Não se tem notícia de nenhum outro 900 deste tipo importado, e mesmo de outros tipos, só sabemos de mais dois, um conversível vermelho do mesmo ano (importado junto com o do Valter), e um outro fechado de 1983, vermelho. O carro do Valter foi importado pela GM, para avaliação, naqueles tempos de recente liberação de importações. O conversível, vermelho, importado junto, tem paradeiro desconhecido. Depois da GM, a história do carro se torna nebulosa, até que nossos amigos FM e B o encontraram à venda em uma lojinha de carros usados em São Paulo, em 2004. O Valter, que desde as reportagens da Motor3 nos anos 80 era vidrado no modelo, imediatamente aproveitou a chance e comprou ele. Desde então, tem cuidado carinhosamente do carro, e mantido esse pedaço da história com o cuidado que ele merece.

Nota do AUTOentusiastas:

Hans Jartoft é nosso colaborador sueco e postou algumas fotos de partes de seu Audi A2 há algumas semanas, para que algum leitor descobrisse qual carro era. Não durou nem 15 minutos a charada, provando que temos seguidores de ótimo conhecimento.


UM CARRO NOVO
Por Hans Jartoft

Era hora de comprar um "novo" carro para usar no dia a dia. O meu Saab 900 Turbo tinha 21 anos e uns 220.000 km. Andava muito bem mas tinha vários defeitos pequenos.

Meu Saab 900, no dia em que foi embora.
O problema maior poderia ser que, com mais um inverno aqui com sal nas estradas, a corrosão que era pouca, poderia aumentar bastante. Era a hora do 900 Turbo virar carro de hobby. Mas comigo não. Já tenho o TVR.



O recente post do JJ sobre o Saab 9000 causou algumas discussões aqui no blog. Segundo a maioria dos meus amigos, dados de retomada na última marcha seriam totalmente irrelevantes, pois não dizem nada sobre o desempenho do carro trocando as marchas.
O argumento é bem válido, exemplificado pela visão do AG: "... não tem como comparar aceleração a 80 na última marcha, nem ter isso como parametro definitivo de nada não. E o cara que quer vir a 80 em quinta e acelerar para ultrapassar sem reduzir não merece dirigir nada de muito legal mesmo. " Outros disseram, com razão, que as relações de câmbio tem muito a ver com isso, o que é totalmente verdade. E todo mundo imagina que o 9000 toma uma bucha de um M5, se o sujeito se dignar a reduzir uma marcha...Mas eu entendi o que o amigo JJ quis dizer. Principalmente olhando a história da Saab.

A primeira coisa que a gente tem que entender, é que todo Saab, desde antiquíssimos ovos de dois tempos (92,93,96), primavam pela flexibilidade do motor, e por ter acelerações ainda boas mesmo em última marcha. Todos eles foram desenvolvidos para fazer provas de aceleração em última marcha bem, e portanto, o 9000, sendo o último Saab desenvolvido pela Saab independente (ainda que sua plataforma fosse compartilhada, papo para outro dia), e o mais potente deles, naturalmente era exepcionalmente bom nisso. Os números publicados pelo JJ são um efeito colateral disso apenas, mas são reais.
A Saab tem um enfoque mais interessante em segurança que a sua famosa vizinha Volvo. Ela é bem mais interessada em segurança ativa, apesar de ser ótima também em passiva. A Volvo demorou para se igualar a rival em segurança ativa, preferindo fazer carros para quem quer ter acidentes e não evitá-los, por muito tempo. Sendo assim, para a Saab, o carro deve ultrapassar bem, mesmo que o motorista não queira tocar na alavanca de câmbio, ou mesmo não entenda os benefícios disso. E o carro deve ter reserva de força para fazer ultrapassagens corriqueiras sem necessitar a troca. Um efeito colateral desta filosofia é que os carros são lineares em seu desempenho, e mesmo quandio turbos nunca falham em acelerar decididamente, mesmo a partir de rotações baixas do motor. Quem acelera bem em última marcha é sempre um veículo agradabilíssimo, mesmo que muita gente boa repute este dado como desprezível. O que nos faz lembrar de uma coisa sensacional sobre a Saab: a independência intelectual.
A Saab tinha pouca informação de como desenvolver um carro quando começou a fazê-lo, na Suécia de 1946. Sem ter como copiar ninguém, ou se balizar no que faz a concorrência, como TODO MUNDO faz hoje, ela resolveu decidir por si mesma o que fazer. Seus carros são deliciosamente idiossincráticos, diferentes, malucos até, mas sensacionais se olhados com inteligência e isenção. A Saab fazia algo porque acreditava naquilo, e não porque era a prática aceitada pela turba. Me deixa triste que nem mais a própria empresa faça isto, e antes que alguém diga que é por isso que faliu, veja o que aconteceu com ela depois de ser absorvida pela GM... O General achou que para preservar a identidade da marca, bastava voltar a chave de ignição para o chão. Não entendeu lhufas, e acabou com a marca.
Por que hoje todos os carros tem que ser iguais? Porque um Saab não pode ser um Saab? Esta semana, ouvi muita gente aplaudindo o novo Buick Regal, que na verdade é um Opel. Porque o mundo não tem lugar para um Buick grande, e totalmente isolado do exterior como deve ser? Molega de suspensão, um iate terrestre? Que coisa chata isso! Onde está a diversidade? Ponho a culpa na imprensa automobilística, principalmente a influente imprensa inglesa, que desde os anos 80 iguala carros deste tipo a algo ruim, a ser evitado, coisa de velho. Ah, e ninguém mais quer ser velho...ser velho é ruim! Francamente...
E vejam por exemplo este consenso sobre a inutilidade da aceleração em última marcha: se o ABS é válido para as pessoas que não sabem frear, então, no mínimo, um carro deve acelerar bem em última marcha também. Para os que não sabem trocar marcha, lógico! Como já disse aqui, acho isso tudo uma grande bobagem, mas acho engraçado que este argumento não tenha passado pela cabeça de meus colegas, alguns deles ferrenhos defensores do ABS.
Mas não é por isso que gosto deste fato sobre o 9000. É porque deve ser sensacional para guiar, com uma faixa gorda de saborosa de torque sempre disponível, uma linearidade incrível, desde baixas rotações. E porque é um exemplo de que pode-se ser moderno e diferente de todos, ao mesmo tempo.
Mas essa história fica ainda melhor, porque dá para aprender muito sim olhando somente os números de aceleração em última marcha. O Hans Jartof, nosso companheiro sueco, comentou que teve um 9000, e em Nürburgring andava junto com 911. O Mollazano achou que o M5 trocando as marchas trucidaria o Saab. Pensei: olhando o tamanho da diferença na aceleração em última marcha entre o M5 e o 9000, a diferença absoluta de desempenho entre os dois carros não pode ser tão grande assim. E adivinhe só, pessoal: não é. Deixo aqui os números de aceleração de 0-60 mph, e da imobilidade ao quarto de milha, dos dois carros, para fechar o post. Tirem as conclusões que quiserem:
1991 BMW M5 6,5 14,9
1994 Saab 9000 Aero 5 spd 6,2 14,8
In God we trust. Others, bring data, please.
MAO


Ao que parece, dia 7 de janeiro é o novo deadline da GM para resolver o assunto Saab.
Como discutimos nos bastidores anteriormente, a Spyker remeteu uma nova oferta. Porém, de acordo com amigos na GM, Merbanco é a favorita.
Merbanco é um grupo de investidores baseados em Wyoming nos Estados Unidos. Merbanco já estava envolvida antes apoiando a Koenigsegg que era considerada a principal potencial compradora.
O problema com a Saab é simples: A GM quer uma garantia de 600 milhões de dólares do novo comprador a ser investido em desenvolvimento da marca. Porém há também uma condição especial nessa quantia de garantia: O governo sueco precisa garantir esse empréstimo.
Christopher Johnston é o executivo-chefe da Merbanco Inc Merchant Banking, cuja sede se encontra em Wilson Wyoming. Johnston tem se manifestado com relação à necessidade do governo sueco apoiar o futuro comprador da Saab dizendo o quão importante a Saab é para a Suécia.
Ao que parece Johnston não está sozinho: do seu lado há um grupo investidor sueco além dos altoa executivos da Saab com interesse em salvar a empresa.
A briga agora é Spyker versus Merbanco porém o segundo grupo parece estar mais forte.
A conclusão está próxima mas eu acredito que a empresa será salva. Os únicos empecilhos no momento são políticos e tenho a certeza que um acordo será fechado.


O Saab 9-5 modelo 2010 aguarda decisão política para chegar ao mercado.




Quem acompanha este blog vai se lembrar de quando contei sobre a ligação entre o Pontiac Tempest original e o Porsche 924.
Pois bem, além da idêntica árvore dentro de um tubo que levava o movimento do motor dianteiro para a transmissão lá atrás, existe uma outra grande similaridade entre o Pontiac e o sucessor do 924, o Porsche 944.
Lembrem-se que o Pontiac, como já contei aqui, tinha como propulsor original um quatro cilindros em linha deitado (slant) , ou seja, inclinado como uma das bancadas de um V-8. No caso do índio em questão, esse quatro em linha era realmente assim, exatamente a metade direita do V-8 389 (6,4 litros) da empresa. Esse V-8 viria depois se tornar famoso e tema de canções quando montado no Tempest de segunda geração, que assim equipado receberia o mítico nome de GTO.
Quando a Porsche resolveu criar um novo motor para o 924 para substituir o VW/Audi de 2 litros que o equipava, acabou por fazer exatamente o mesmo que a Pontiac: cortou o V-8 de seu 928 pela metade.
O V-8 do 928 deslocava naquele tempo 4,5 litros e tinha comando único no cabeçote, sendo a posição das válvulas e a forma da câmara de combustão (um triangulo em seção) muito parecida a dos V-8 americanos, mas simetricamente oposta. Explico: no V-8 americano as válvulas estão inclinadas para o centro do motor, de forma que suas hastes ficam mais próximas do comando (no vale do "V"), e das varetas e balancins de acionamento. No V-8 Porsche, as válvulas (e acima delas, os comandos, neste caso localizados nos cabeçotes) estão inclinadas para o lado oposto, mais para fora do centro do motor (veja nas fotos abaixo). Desta forma, o 928 é um motor mais largo que, por exemplo, um Chevrolet V-8 de bloco pequeno. A ideia inicial da Porsche para o 944 era usar o V-8 do 928 em menor deslocamento, mas por este motivo ela se tornou inviável (motor fica muito largo para o cofre). E é também por isso que existem alguns ogros (inclusive no Planalto Central do Brasil) que conseguem colocar um Chevrolet V-8 nos 924/944/968 sem maiores problemas.





Metade de 4,5 litros eram 2,25, mas todos sabemos que o 944 nasceu com 2, 5 litros, para manter a potência no objetivo do projeto (mais de 150 cv). Os alemães sendo quem são, isto determinou que o 4 em linha tivesse pouquíssimas peças em comum com o V-8, apesar do desenho praticamente idêntico. Até tamanho de válvulas, perfis de comando, pistões, bielas, juntas, cabeçotes eram distintos. No caso do Tempest, o 4 em linha era internamente idêntico ao V-8, usava o mesmo cabeçote, tinha exatamente a metade do deslocamento do V-8 (3,2 litros) e era montado na mesma linha que montava seu irmão maior.
Mas os alemães criaram um quatro em linha grande tão suave e liso quanto um seis em linha BMW, e a Pontiac ficou famosa por criar um dos motores mais vibradores da história. Nada vem de graça mesmo em engenharia.

A história de como a Porsche conseguiu tamanha suavidade por si só já é interessantíssima. Desde cedo a empresa sabia que teria que usar as árvores contra-rotativas criados pelo inglês Lanchaster no início daquele século, mas o que não esperava ter que pagar licença para a Mitsubishi, que patenteara as melhores formas de instalar e acionar as tais árvores. Principalmente porque a Porsche descobriu que os motores Mitsubishi (com árvores contra-rotativas) eram mais vibradores do que o do 944 SEM as árvores... A Porsche tentou achar uma maneira de circunavegar as patentes japonesas, mas por fim acabou comprando licenças, e amargando anos de propagandas da empresa nipônica alardeando o fato.
Por sua vez, o motor do 924, membro que era da familia estendida de 4 cil "AP" da VW (na verdade, apenas a arquitetura básica era a dos nossos AP's), que também era slant de nascimento, acabou por tomar um caminho inverso e ganhar uma versão duplicada nos V-8 Audi nos anos 90. Talk about coming full circle...
É interessantíssimo também notar que em 1961, quando a GM lançou o Tempest e o Corvair, a Porsche ainda fazia carros derivados da configuração básica do Fusca. Entre os dois compactos GM, poderia se ver todas as futuras configurações de Porsches dos anos 70, 80 e 90: um slant 4 dianteiro de deslocamento alto e com transmissão traseira, um V-8 de alumínio dianteiro com transmissão traseira (o Tempest com o V-8 Buick opcional) e motor de seis cilindros contrapostos refrigerado a ar pendurado atrás do eixo traseiro, no Corvair. E o Corvair até tinha uma versão turbocomprimida, a partir de 1962, que só apareceria nos 911 treze anos depois.
Existem vários outros "meio V-8" em competições, mas só consigo me lembrar de mais um que atingiu produção seriada. E que, por caminhos para lá de tortuosos, acaba por ter relação com a GM também.
Trata-se do motor da inglesa Triumph, que usou metade do V-8 OHC de seu Stag para criar um slant 4 OHC. Por um acaso do destino, acabou por ser lançado não num carro inglês, mas sim num Saab, em 1967.


Um surrado Saab 99 (abaixo), onde vemos o motor derivado do Stag (acima) montado na posição Saab, o inverso do tradicional, com a embreagem para a frente do carro:


A adorável, idiossincrática, fantástica e completamente indecifrável marca sueca lançou o motor no seu novo 99, montado à frente do eixo dianteiro, invertido, de trás para frente, com a embreagem voltada para a frente do carro e a transmissão embaixo dele, e usando suspensão double-wishbone, triângulos superpostos, na dianteira. Não me perguntem o por quê de tão esquizofrênica configuração, mas com esse primeiro 99 estava selada a configuração básica amada por uma geração inteira de Saabistas juramentados, entre eles o nosso JJ (um amante platônico) e o meu amigo Valter, dono do magnífico 900 Turbo 2 portas preto de 1991 abaixo, raríssimo no Brasil.

A Saab chegou a montar alguns 99 com o V-8 do Stag, mas acabou por seguir o caminho turbocomprimido que a tornou famosa. Em 1972, os suecos traziam a produção do motor para sua casa, redesenhando muita coisa. O motor do carro do Valter não tem nenhuma peça em comum com aquele meio V-8 original, mas com certeza vem de uma linhagem direta dele.
Quando a GM comprou a Saab, encontrou um 9000 equipado com o motor abaixo (foto tirada do site "Tommi's SAAB"):
Um V-8 de quatro litros derivado do quatro em linha DOHC de 16 válvulas da Saab. De novo, o círculo se fechava. Mas a GM matou esta brincadeira, e em breve acabaria com os motores e toda a personalidade da empresa.
Quem sabe agora, com os malucos suecos de novo assumindo a Saab, ela volte à vida, e a sua lógica incompreensível mais divertidíssima.


MAO
Nessa época de problemas de difícil solução financeira para quase todas as fábricas de carros, interessante lembrarmos o que a Saab, sob ameaça de desaparecimento, já realizou.

Um breve histórico.

Após o final de Segunda Guerra Mundial, a Saab (Svenska Aeroplan Aktiebolaget) enfrentou uma mudança, de complexo industrial militar que fazia aviões, para um mercado baseado no consumidor. Foi criada então uma divisão automotiva, cujo departamento de engenharia foi formado por 16 engenheiros aeronáuticos. O UrSaab, o modelo original, também conhecido por 92.001, teve como responsável pela carroceria,um especialista em asas. Baixo peso e resistência estavam incutidos na cultura desse grupo. O carro, modelo designado 92 para o mercado, iniciou as vendas em 1949 e a essa carroceria foi utilizada até 1979, com a mesma forma básica e estrutura. A data de fundação oficial da empresa é 10 de junho de 1947.



UrSaab, o primeiro protótipo, 1947

Motores, um campo de exploração.

Ainda com o modelo 96 em produção, foi apresentado o modelo 99, que viria a ser o primeiro Saab a adotar o turbocompressor. Inicialmente em 1977, 100 carros foram produzidos e utilizados por pessoal da fábrica e alguns clientes selecionados, escolhidos entre os que poderiam contribuir com informações importantes no final do desenvolvimento. No ano seguinte, chegou para venda normal, com motor 2-litros e 145 cv. O conceito de turbo para a Saab sempre foi diferente do habitual para automóveis, de incrementar o desempenho. A filosofia era ter disponível potência adicional a ser utilizada no máximo em 10 a 15% do tempo em que o carro é usado, basicamente em ultrapassagens em pista simples, a maioria na Suécia. Motivo básico: ficar o mínimo de tempo possível na contramão. Durante o restante da utilização, o consumo é o mesmo de um motor sem turbo.

O conceito do turbo se propagou rapidamente após a Saab adotá-lo. Em 1979 eram 5 modelos no mundo, 66 em 1984, 90 em 1987 e 93, em 1990. Mas a Saab não foi a pioneira nessa aplicação. Houve o Chevrolet Corvair Monza, O Oldsmobile Jetfire, o BMW 2002 Turbo e o Porsche 911 Turbo antes dos suecos, mas nenhum com produção em massa. A diferença foi a adoção da válvula de alívio (wastegate), que permitiu ao motor ter comportamento mais linear, sem aumento abrupto da potência, tornando o carro mais controlável e dócil, e sem o atraso no enchimento da turbina, que gera uma demora de resposta ao movimento do acelerador, conhecida como turbo lag. Já vimos uma frase que dizia ser a Saab a empresa que possuia carros turbinados sem turbo lag, quando outros ainda estavam iniciando as vendas de seus modelos turbo.

No começo dos anos 80 foi adotado o APC (automatic performance control), visando evitar a detonação, pré-ignição, knocking ou, popularmente, batida de pino. O APC inclui um sensor de detonação, que é um microfone fixado no motor, capaz de escutar as mínimas detonações e de enviar um sinal para um módulo eletrônico modificar a pressão máxima do turbo, de forma a evitar a detonação mais forte, que pode danificar o motor. O turbocompressor também colabora na melhor eficiência da combustão, pois aumenta a quantidade de ar nos cilindros, colaborando para reduzir a emissão de poluentes. Em 1983 chegaram as 4 válvulas por cilindro para o motor com turbo, com desenho de câmara de combustão favorável ao fluxo de gases. Em 1985, a DI (Direct Ignition) inovava ao reunir num cartucho montado sobre o cabeçote, todos os elementos da ignição, inclusive com computador de gerenciamento.

Em meados dos anos 90 chegou ao mercado o Trionic, um módulo que controlava a injeção de combustível, a ignição, os ajustes de acelerador (borboleta) na fase de aquecimento e as funções do APC. Uma integração de funções de mesmo conceito utilizado hoje em todos os carros com injeção e ignição eletrônicas, condensados em uma ECM ou "centralina".

Em março de 2000, um protótipo de motor de taxa de compressão variável foi apresentado. Essa pesquisa havia sido iniciada em 1981. O SVC (Saab Variable Compression) altera sua taxa de compressão inclinando o cabeçote e os cilindros, que são unidos e pivotados em um eixo ao lado do virabrequim. Esse ângulo, de apenas 4 graus, permite variar a taxa de 8:1 até 14:1, Chegando a uma potência de até 225 cv, e torque máximo de 305 Nm (31,1 mkgf) com apenas 1,6 litro de deslocamento volumétrico e cinco cilindros, com compressor mecânico, não turbo nesse caso. Devido a essa característica de taxa variável, o motor SVC é capaz de funcionar com álcool ou gasolina, numa situação muito mais próxima do ideal do que nos motores flex comuns, que são projetados com uma taxa de compressão meio-termo. O sistema é absolutamente simples: a parte superior do motor, cabeçote e cilindros, integrados no que se chama monohead, se inclina em relação a parte inferior, bloco, pistões/bielas e virabrequim. O movimento é controlado pela ECM, e efetuado por um eixo que gira poucos graus e empurra alavancas fixas ao monohead. Esse projeto foi engavetado após a compra de 100% da Saab pela GM.

O SVC em corte, na posição de alta compressão. O monohead está na posição inferior. O comando mecânico do sistema está em amarelo, ao lado direito das bielas.

Abaixo, a posição de baixa compressão.



Bloco de cilindros inclináveis do motor SVC. A árvore em primeiro plano está ligada a alavancas similares a bielas, que empurram ou puxam os cilindros. A área em vermelho mostra o curso total. Este bloco, somado ao cabeçote, compõe o monohead.


Outras inovações SAAB, não relacionadas a motores.

1949: modelo 92 com carroceria monobloco de assoalho plano, notadamente aerodinâmica, motor transversal de dois cilindros, 2-tempos, tração dianteira e suspensão independente. Uma combinação de características nunca antes reunidas em um só carro. Após alguns anos, esse conceito se provou muito bom para competições, com vitórias em ralis do campeonato mundial.

Erik Carlsson vence o Rali de Monte Carlo de 1963 com um modelo 96.

1953: cintos de segurança instalados de fábrica.

1957: Saab 93, motor passa a três cilindros 2-tempos, 750 cm³, longitudinal.

1960: sistema de ventilação interna com exaustão de ar projetados para eficiência e segurança.

1961: primeiro uso de defletor de ar em tampa traseira de perua, para evitar acúmulo de sujeira no vidro do vigia.

1963: freios com circuitos em diagonal.

1967: coluna de direção colapsível; chave de ignição no assoalho, entre os bancos, para eliminar ponto de ferimento no joelho em caso de acidente.

1969: apoios de cabeça com função de segurança, ao invés de apenas conforto ou estilo.

1971: para-choques deformáveis e com memória, se desamassando em batidas de até 8 km/h; limpadores e lavadores de farol básicos para toda a linha; assentos com aquecimento.

1976: conversor catalítico no escapamento nos carros para mercado americano.

1977: filtro de ar de ventilação interna, ou filtro de pólen.

1982: material de atrito dos freios sem amianto.

1985: pré-tensionadores automáticos de cinto de segurança.

1986: primeiro tração dianteira com ABS, modelo 9000.

1991: primeiro ar-condicionado sem gás CFC; sistema de gerenciamento de ignição e injeção de combustível Trionic, onde é verificada a ionização da mistura na câmara, buscando sempre o melhor funcionamento e economia, bem como emissões de poluentes reduzidas.

1993: sistema Sensonic, uma transmissão manual automatizada sem embreagem; Saab Night Panel, painel de instrumentos de visão noturna, onde se pode escolher os instrumentos a serem visualizados.

1996: encosto de cabeça ativo, SAHR (Saab Active Head Restraint) que se desloca em direção à cabeça do ocupante quando o tronco afunda para trás no encosto, como ocorre em batidas traseiras.

1997: ventiladores nos bancos dianteiros integrados aos assentos.

1998: piso do porta-malas móvel, na perua 9-5, permite carga e descarga com mais facilidade ergonômica, evitando que o usuário curve as costas ou bata o joelho no para-choque.

2003: Cargowing. Um rack de teto que funciona também como aerofólio quando não está segurando cargas.

2004: Saab Alcokey: um bafômetro na chave de contato, impede que o veículo seja ligado caso o motorista esteja embriagado; comunicação via transponder, o mesmo que funciona como anti-furto.

2007: XWD - cross-wheel-drive, a mais avançada tração nas 4 rodas para veículo de alta velocidade, pode enviar até 100% de torque para as rodas dianteiras ou traseiras, e possui diferencial com bloqueio mediante comando eletrônico. Apresentado no modelo Turbo-X de 2007, comemorativo aos 30 anos do primeiro Turbo.

O Museu Saab, junto à fábrica, em Trollhattan, Suécia.

JJ