google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014): saab 900
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Fotos: revistas European Car e Road & Track
Parece um 900 comum

A Califórnia é o estado americano mais difícil para se destacar em meio a uma enormidade de coisas esquisitas de qualquer categoria da cultura humana. Tudo de mais diferente, novo ou exclusivo aparece primeiro por lá. Um carro para ser diferente nesse lugar precisa ser diferente mesmo.

Sueco que fugiu do frio, Ove Hasselberg resolveu à sua maneira essa questão, mas não na área visual, já que  seu carro era até relativamente comum quando ficou pronto, em 1994. Nada muito especial, apenas as rodas não originais e a suspensão bem baixa, um pouco mais que o normal do 900 Turbo.

O seu Saab 900 ano 1979 tem o motor central-traseiro, e a tração é nas rodas traseiras. Aqui muitos puristas já poderiam parar de ler e dizer que era uma decisão óbvia, já que um carro de verdade tem que ter tração traseira, assim como muitos outros poderiam dizer que isso tudo é um crime, pois um bom carro foi alterado de forma radical e sua originalidade, destruída.

Como nesse assunto de rodas de tração estou completamente à vontade, pois não tenho preferências, sei que, sem dúvida gosto dos dois, e que há carros bons e ruins das duas formas. Assim como os de tração em todas as rodas também podem ser ótimos ou péssimos.
CX à frente com o irmão EX ao fundo

Há alguns anos, o norueguês de Oslo, Per Ekstrom, criou dois carros interessantes. No primeiro, ele partiu de um Saab 99 e adicionou elementos do mais moderno 900, porém diminuindo o entreeixos, bem como a altura das colunas, fazendo os vidros mais baixos, além de outras alterações interessantes. 

Atormentado pelas maiores dimensões do 900 em relação ao seu antecessor, tanto no entreeixos quanto nos balanços dianteiro e traseiro que o tornou um pouco desproporcional em relação ao 99, Ekstrom radicalizou na sua criação, e fez um mini Saab para ele mesmo, algo que muitos entusiastas da marca acreditavam ser uma saída para a empresa. 

Como nunca houve um modelo verdadeiramente barato dessa empresa sueca, uma das soluções para aumentar as vendas seria algo desse tipo. Na verdade, chegou-se por diversas vezes a divulgar para os meios de comunicação que a Saab planejava alguns carros menores ao longo de seus anos de crises financeiras – quase todos os de sua existência, para dizer uma triste verdade. Vários conceitos foram até mesmo apresentados em exposições internacionais, mas nenhum nunca saiu da fábrica como carro normal de produção.

No recente post sobre o Saab 900, muitos leitores pediram mais fotos do carro. O AE não costuma deixar seus leitores a ver navios, então, com ajuda do dono do carro, aqui estão mais algumas. Todas bem interessantes, que mostram mais alguns detalhes que ficaram de fora daquele post. Seguem aqui, comentadas.



Quantas vezes você já teve a oportunidade de dirigir um carro único aqui no Brasil?

Quase um ano atrás, finalmente consegui passar um dia com o meu amigo Valter e seu Saab 900 Turbo S 16 Aero, o carro preto nas fotos deste post. O Valter é um velho colega de faculdade, e o seu carro, por sair pouco da garagem, chega a ser piada entre a turma aqui do Blog. Costumamos dizer que o Valter já deixou de pagar IPVA para pagar IPTU. Mas na verdade, estamos apenas sendo maldosos com o amigo, pois o carro se exercita mais do que a maioria dos carros antigos ou de interesse especial que conheço.



Mas o interessante aqui é que o carro é simplesmente único no país. Não se tem notícia de nenhum outro 900 deste tipo importado, e mesmo de outros tipos, só sabemos de mais dois, um conversível vermelho do mesmo ano (importado junto com o do Valter), e um outro fechado de 1983, vermelho. O carro do Valter foi importado pela GM, para avaliação, naqueles tempos de recente liberação de importações. O conversível, vermelho, importado junto, tem paradeiro desconhecido. Depois da GM, a história do carro se torna nebulosa, até que nossos amigos FM e B o encontraram à venda em uma lojinha de carros usados em São Paulo, em 2004. O Valter, que desde as reportagens da Motor3 nos anos 80 era vidrado no modelo, imediatamente aproveitou a chance e comprou ele. Desde então, tem cuidado carinhosamente do carro, e mantido esse pedaço da história com o cuidado que ele merece.



Quem acompanha este blog vai se lembrar de quando contei sobre a ligação entre o Pontiac Tempest original e o Porsche 924.
Pois bem, além da idêntica árvore dentro de um tubo que levava o movimento do motor dianteiro para a transmissão lá atrás, existe uma outra grande similaridade entre o Pontiac e o sucessor do 924, o Porsche 944.
Lembrem-se que o Pontiac, como já contei aqui, tinha como propulsor original um quatro cilindros em linha deitado (slant) , ou seja, inclinado como uma das bancadas de um V-8. No caso do índio em questão, esse quatro em linha era realmente assim, exatamente a metade direita do V-8 389 (6,4 litros) da empresa. Esse V-8 viria depois se tornar famoso e tema de canções quando montado no Tempest de segunda geração, que assim equipado receberia o mítico nome de GTO.
Quando a Porsche resolveu criar um novo motor para o 924 para substituir o VW/Audi de 2 litros que o equipava, acabou por fazer exatamente o mesmo que a Pontiac: cortou o V-8 de seu 928 pela metade.
O V-8 do 928 deslocava naquele tempo 4,5 litros e tinha comando único no cabeçote, sendo a posição das válvulas e a forma da câmara de combustão (um triangulo em seção) muito parecida a dos V-8 americanos, mas simetricamente oposta. Explico: no V-8 americano as válvulas estão inclinadas para o centro do motor, de forma que suas hastes ficam mais próximas do comando (no vale do "V"), e das varetas e balancins de acionamento. No V-8 Porsche, as válvulas (e acima delas, os comandos, neste caso localizados nos cabeçotes) estão inclinadas para o lado oposto, mais para fora do centro do motor (veja nas fotos abaixo). Desta forma, o 928 é um motor mais largo que, por exemplo, um Chevrolet V-8 de bloco pequeno. A ideia inicial da Porsche para o 944 era usar o V-8 do 928 em menor deslocamento, mas por este motivo ela se tornou inviável (motor fica muito largo para o cofre). E é também por isso que existem alguns ogros (inclusive no Planalto Central do Brasil) que conseguem colocar um Chevrolet V-8 nos 924/944/968 sem maiores problemas.





Metade de 4,5 litros eram 2,25, mas todos sabemos que o 944 nasceu com 2, 5 litros, para manter a potência no objetivo do projeto (mais de 150 cv). Os alemães sendo quem são, isto determinou que o 4 em linha tivesse pouquíssimas peças em comum com o V-8, apesar do desenho praticamente idêntico. Até tamanho de válvulas, perfis de comando, pistões, bielas, juntas, cabeçotes eram distintos. No caso do Tempest, o 4 em linha era internamente idêntico ao V-8, usava o mesmo cabeçote, tinha exatamente a metade do deslocamento do V-8 (3,2 litros) e era montado na mesma linha que montava seu irmão maior.
Mas os alemães criaram um quatro em linha grande tão suave e liso quanto um seis em linha BMW, e a Pontiac ficou famosa por criar um dos motores mais vibradores da história. Nada vem de graça mesmo em engenharia.

A história de como a Porsche conseguiu tamanha suavidade por si só já é interessantíssima. Desde cedo a empresa sabia que teria que usar as árvores contra-rotativas criados pelo inglês Lanchaster no início daquele século, mas o que não esperava ter que pagar licença para a Mitsubishi, que patenteara as melhores formas de instalar e acionar as tais árvores. Principalmente porque a Porsche descobriu que os motores Mitsubishi (com árvores contra-rotativas) eram mais vibradores do que o do 944 SEM as árvores... A Porsche tentou achar uma maneira de circunavegar as patentes japonesas, mas por fim acabou comprando licenças, e amargando anos de propagandas da empresa nipônica alardeando o fato.
Por sua vez, o motor do 924, membro que era da familia estendida de 4 cil "AP" da VW (na verdade, apenas a arquitetura básica era a dos nossos AP's), que também era slant de nascimento, acabou por tomar um caminho inverso e ganhar uma versão duplicada nos V-8 Audi nos anos 90. Talk about coming full circle...
É interessantíssimo também notar que em 1961, quando a GM lançou o Tempest e o Corvair, a Porsche ainda fazia carros derivados da configuração básica do Fusca. Entre os dois compactos GM, poderia se ver todas as futuras configurações de Porsches dos anos 70, 80 e 90: um slant 4 dianteiro de deslocamento alto e com transmissão traseira, um V-8 de alumínio dianteiro com transmissão traseira (o Tempest com o V-8 Buick opcional) e motor de seis cilindros contrapostos refrigerado a ar pendurado atrás do eixo traseiro, no Corvair. E o Corvair até tinha uma versão turbocomprimida, a partir de 1962, que só apareceria nos 911 treze anos depois.
Existem vários outros "meio V-8" em competições, mas só consigo me lembrar de mais um que atingiu produção seriada. E que, por caminhos para lá de tortuosos, acaba por ter relação com a GM também.
Trata-se do motor da inglesa Triumph, que usou metade do V-8 OHC de seu Stag para criar um slant 4 OHC. Por um acaso do destino, acabou por ser lançado não num carro inglês, mas sim num Saab, em 1967.


Um surrado Saab 99 (abaixo), onde vemos o motor derivado do Stag (acima) montado na posição Saab, o inverso do tradicional, com a embreagem para a frente do carro:


A adorável, idiossincrática, fantástica e completamente indecifrável marca sueca lançou o motor no seu novo 99, montado à frente do eixo dianteiro, invertido, de trás para frente, com a embreagem voltada para a frente do carro e a transmissão embaixo dele, e usando suspensão double-wishbone, triângulos superpostos, na dianteira. Não me perguntem o por quê de tão esquizofrênica configuração, mas com esse primeiro 99 estava selada a configuração básica amada por uma geração inteira de Saabistas juramentados, entre eles o nosso JJ (um amante platônico) e o meu amigo Valter, dono do magnífico 900 Turbo 2 portas preto de 1991 abaixo, raríssimo no Brasil.

A Saab chegou a montar alguns 99 com o V-8 do Stag, mas acabou por seguir o caminho turbocomprimido que a tornou famosa. Em 1972, os suecos traziam a produção do motor para sua casa, redesenhando muita coisa. O motor do carro do Valter não tem nenhuma peça em comum com aquele meio V-8 original, mas com certeza vem de uma linhagem direta dele.
Quando a GM comprou a Saab, encontrou um 9000 equipado com o motor abaixo (foto tirada do site "Tommi's SAAB"):
Um V-8 de quatro litros derivado do quatro em linha DOHC de 16 válvulas da Saab. De novo, o círculo se fechava. Mas a GM matou esta brincadeira, e em breve acabaria com os motores e toda a personalidade da empresa.
Quem sabe agora, com os malucos suecos de novo assumindo a Saab, ela volte à vida, e a sua lógica incompreensível mais divertidíssima.


MAO






Este Saab 900 foi exposto no Salão do Automóvel de São Paulo em 1990, no estande da General Motors.

Prosseguimos perguntando a nossos amigos leitores sobre o paradeiro desse carro, do qual guardamos muitas perguntas a serem feitas ao proprietário.

A única dica boa que tive a respeito é que foi visto no bairro paulistano de Moema há cerca de 3 anos.

Um de nossos amigos possui um carro idêntico, na versão hatch 3 portas, e tem muito o que conversar com o dono dessa maravilha vermelha.

Contatos via Juvenal Jorge ou Autoentusiastas.
Muito obrigado.
AUTO entusiastas: Suecos no Brasil

Com data de 10 de novembro de 2008, o texto de uma bela brincadeira. Cliquem no link acima.
Desculpem pelo atraso.