google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014): AAD
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Yin e Yang do automóvel

Na quarta parte desta série, aprendemos de forma genérica sobre comportamentos emergentes, enquanto nesta e na próxima aprenderemos mais alguns outros e como eles se relacionam com o automóvel. Como é de se esperar, nem todas as conclusões que tiraremos daqui satisfazem nosso senso comum. Também serão discutidos problemas e soluções para o trânsito, onde os comportamentos emergentes são mais visíveis.

Um pouco mais sobre o Yin e Yang

Podemos dizer que Yin e Yang são a visão filosófica das oposições das partes que mantêm o mundo finito unido e equilibrado, e que, diferente das visões românticas, otimistas ou pessimistas, é a visão integrada que tudo que é positivo por um lado possui outro igualmente negativo (apesar de muitas vezes oculto) e vice-versa, que se aproxima mais da realidade.

Vivemos em um mundo completamente interconectado, onde tudo se relaciona com tudo. Uma nova matemática e uma nova física começam a compreender a dimensão desta complexa realidade. Não é possível mexer com uma coisa e não afetar as outras. Graças ao Efeito Borboleta, não há ações inconsequentes, por menores que sejam.

Em 1936, o personagem "Fantasma" foi criado por Lee Falk (o mesmo criador de "Mandrake"). Como um Batman sem “bat-abilidades", o "Fantasma" era um combatente do crime sem superpoderes nas profundas florestas do fictício país Bengala, que dependia das suas habilidades físicas e da lida com armas para realizar seus feitos heróicos.

O "Fantasma" era na verdade o herdeiro de uma família que havia há gerações encarnado o herói mascarado. Os aborígenes de Bengala, testemunhando a incansável ação do herói, geração após geração, e desconhecendo sua verdadeira identidade, acreditavam ser ele um espírito, o "espírito-que-anda".

Diferentes gerações encarnando o Fantasma (Phantom), o espírito-que-anda

"Encounter" de M. C. Escher: emergência e dualidade complementar

Antes de explorarmos a inteligência das máquinas propriamente dita, há uma série de fenômenos, que divergem do senso comum, e que vêm chamando a atenção de técnicos e cientistas. Assim como a eletricidade nos seus primórdios, estes fenômenos surgiram como curiosidade, passaram de repente a ser um problema técnico, para finalmente começarem a oferecer aplicações práticas.

Estes fenômenos estão por toda parte e apenas não os reconhecíamos. Agora eles estão se mostrando um novo campo para a ciência e a tecnologia, e o campo da inteligência artificial é bastante dependente deles.

Imponderável simetria

Vivemos num país tropical, e estamos pouco habituados com a neve. Então há várias coisas sobre ela que desconhecemos, mas é habitual para países frios.

A neve possui uma peculiaridade muito curiosa. Cada floco de neve é único. Nunca foram registrados dois flocos absolutamente iguais. Apesar disso, todos os flocos de neve possuem uma característica em comum. Todos possuem uma simetria radial de 6 eixos, sendo que cada eixo exibe uma simetria bilateral, totalizando 12 sub-estruturas geometricamente idênticas.

Neste design, os ângulos de 60 e 120 graus são abundantes e estão ligados à geometria da molécula da água. Isso era de se esperar. O inesperado é uma outra coisa.

Flocos de neve: diferentes, mas com simetria radial
Suspensão: mecanismo físico x modelo matemático

Não existe uma definição precisa de inteligência. Entretanto, inteligência está ligada à capacidade do organismo ou sistema se adaptar e responder adequadamente aos desafios de um mundo imprevisível. Sob estas condições, podemos dizer que um sistema com uma dinâmica bem-ajustada é um passo na direção de um sistema inteligente.

Também é importante conhecer a dinâmica dos sistemas quando a inteligência da máquina atua no mundo real, porque ela será o primeiro elemento deste mundo real com o qual essa inteligência terá de lidar.

É isso que veremos a seguir.

Noções de dinâmica dos sistemas

Vamos imaginar uma suspensão automobilística bem simplificada. O conjunto seria um  sistema mecânico elementar, com uma massa, uma mola e um amortecedor, e o conjunto é animado pela aplicação de uma força externa.

O conjunto teria este modelo básico:

Modelo simples de uma suspensão



Não há entusiasta que não tenha lido sobre carros autônomos, dos testes que vem sendo feitos por grandes companhias e nem das promessas sobre quando eles se tornarão realidade. Quando são referidos, muitas vezes os chamam de "carros inteligentes", sem que se explique ao público leigo que tecnologias são aplicadas e que desafios terão de ser vencidos até chegarmos lá.

Esta é uma série de artigos que trata desta questão e, como veremos, a inteligência dos automóveis nasceu desde que o primeiro automóvel foi criado, e várias tecnologias presentes no automóvel são comuns a outros tipos de máquinas.

Então, iremos começar pela parte mais visível do processo, a parte dos controladores e reguladores.

A evolução dos controladores

A invenção da máquina a vapor por James Watt desencadeou uma série de revoluções tecnológicas que mudaram o mundo. Mas, apesar da sua importância, não foi ela que virou o símbolo iconográfico de seu tempo, mas sim um pequeno acessório, que geralmente era posto a girar sobre a máquina.
Mostrando que não é de hoje que conteúdo não vale nada, mas imagem é tudo, aquele mecanismo povoou as obras artísticas da Art Nouveau, a mente das pessoas na Belle Époque, e depois, todos os filmes de cientistas malucos. As pessoas não sabiam para que aquela peça de plasticidade artística girando em alta velocidade poderia servir, mas ela simbolizava em suas cabeças a força da máquina, o que era também o símbolo do domínio e da força do homem civilizado sobre o mundo selvagem. Esta peça era o regulador centrífugo.

Regulador centrífugo

O futuro do autorama pode estar no futuro dos jovens engenheirandos
Nas três primeiras partes deste artigo, comentei duas grandes experiências não convencionais envolvendo alta tecnologia e autorama. Elas chegaram, passaram, mas deixaram frutos que, semeados, formam muito da minha base como profissional e como pessoa.

Mas será que essa experiência não poderia ser aproveitada? E se fosse multiplicada entre os jovens?

Novas aventuras

Hoje, eu diria que já atingimos um ponto onde boa parte dessa brincadeira com autorama perdeu a graça. Os smartphones que levamos nos bolsos tem potência computacional superior aos maiores supercomputadores daquela época. Acelerômetros, magnetômetros, GPS que naquela época eram sensores enormes, hoje estão dentro dos chips dos celulares.

Um microcontrolador desses dentro de um carrinho ou de um acelerador e um pouco de treino para a eletrônica embarcada, e o principiante vai brigar de igual para igual com o melhor piloto do campeonato regional, isso se ele não se mostrar ainda melhor.

Como diz o velho ditado, se macumba ganhasse jogo, o campeonato baiano terminaria empatado. Se houver a introdução em larga escala de sistemas de controle eletrônico avançados cada vez mais baratos sobre carrinhos de autorama tecnicamente perfeitos, somente a aleatoriedade nas corridas será capaz de definir um campeão. Em vez de um esporte de capacidade e habilidade, ele se torna um jogo de azar.

Vejam este controlador eletrônico moderno:

Controlador com recursos que facilitam a condução dos carrinhos


Próximo passo: o autorama autônomo

Vimos na primeira e segunda partes deste artigo como me envolvi com uma corrida tecnológica do autorama, realizada por estudantes entusiastas. Cerca de sete anos após essa experiência tive outro contato não convencional com o autorama.

Segunda aventura: a automação do autorama

Era 1990, oitavo semestre da faculdade, curso de mecatrônica. Havia uma matéria onde tínhamos que pensar num problema e solucioná-lo através do projeto de automação de uma máquina. Era uma matéria puramente especulativa, sem necessidade de se criar o projeto real.

A maioria dos colegas partiu para resolver problemas práticos, quase todos industriais. Um colega partiu para algo bem diferente. Mais ousado, ele partiu para automatizar realmente uma velha máquina de tricô Lanofix, muito conhecida nos anos 1970 pelos comerciais de TV. Essa máquina geralmente tricotava blusas com padrões a partir de cartelas perfuradas (como os cartões perfurados dos computadores antigos), e ele automatizou esta parte também, permitindo recriar qualquer padrão de qualquer tamanho, sem ficar preso às cartelas perfuradas que se desgastavam.

Antes que alguém pergunte, meu projeto foi de uma máquina que produzia cortinas com contas de acrílico colorido, partindo de fotos para criar o padrão gráfico da cortina. Nada a ver com automóvel, mas saía bastante do arroz-com-feijão que todos faziam nessa matéria. Isso contava bons pontos no final. Cheguei num ponto  bem próximo de fabricar um protótipo funcional.

Outro colega, entretanto, partiu para o projeto de automatizar um carrinho de autorama, e fazê-lo realmente funcionar com o máximo desempenho possível.

Eu sei que se vocês pesquisarem na internet acharão projetos de automação de autorama às pencas, mas um projeto desses há 23 anos era inovador. Mas não é isso que o tornou relevante. É a idéia que tem por trás dele que é revolucionária, porque era um projeto poderosíssimo feito a partir do máximo de minimalismo. Automatizar o autorama em si era o menos importante. O importante era criar um experimento de prova de conceito.

A idéia original desse sistema tinha surgido na cabeça desse meu colega no meio das conversas com outros da mecatrônica, e ele não conseguia tirá-la da cabeça até experimentar. Ele passava horas rabiscando papéis tentando achar falhas nas idéias e conversamos muito durante essa fase embrionária. Aí veio a matéria e ele decidiu implementá-la.

Autorama: diversão e alta tecnologia

Na minha vida como estudante e como profissional, já passei por muitas experiências, e boa parte delas são extraordinárias perto de muitos colegas que vivem da tecnologia.

Duas destas experiências importantes vieram de um brinquedo. Mas não é um brinquedo qualquer. É um brinquedo que muitos classificariam até como simples, mas é de uma riqueza e de uma beleza  de ordem técnica enormes. Refiro-me ao bom e velho autorama (o slot car para os americanos).

De todos os tipos de carros elétricos de brinquedo, é o mais acessível para ser entendido, mexido, reparado, modificado e preparado, mesmo pelos menos experientes, tanto na parte mecânica como na parte elétrica. É essa facilidade que engana a maior parte daqueles que lidaram com ele. É um brinquedo extremamente sofisticado, se o objetivo for levar o desempenho ao limite.

Nunca fui muito bom como piloto, mas mexer para fazer funcionar melhor, estender limites, alcançar o que poucos antes alcançaram, e para isso ter de entender os problemas e as barreiras, estudar ciência e a tecnologia relacionadas, pensar e encontrar soluções, esse é o meu tipo de entusiasmo.

E este é o ponto de partida para minhas duas grandes aventuras no mundo desses carros elétricos em miniatura.

Seriam os testes de impacto tão assustadores assim?

Sob um teto estrelado

Esta e a próxima parte deste artigo vão de encontro a uma histeria paranóica relativamente recente: a segurança.

Eu já perdi as contas de quantas pessoas falaram ao pé do do meu ouvido “Só compro carro com ABS e airbag.”, “Eu escolho meu carro pelo número de airbags. Quanto mais, melhor...”, “Andar de carro velho sem ABS e airbag? Tá maluco?”, “Você viu? O carro x teve só 1 estrela no último Latin NCAP. Aquilo é uma armadilha sobre rodas!...”, e por aí vai.

Mas enfim, o que há por trás da sopa de letrinhas e das estrelinhas dos testes de impacto? Será que um carro sem isso é tão mais letal que um todo equipado? Será que o carro absolutamente seguro é real ou somente um mito? E quando compramos um mito, e a realidade ocorre da pior forma para desmascarar o mito? São perguntas como estas que as duas  partes se propõem a responder.

Uma observação importante sobre segurança

Lembrem-se dos carros que seus pais, avós, tios e conhecidos dirigiam 30 ou 40 anos atrás. Estes carros não possuíam o refinamento dos projetos de carroceria feitos por computador, nem a grande sopa de letrinhas eletrônicas de auxílio. Entretanto, do ponto de vista puramente mecânico, estes carros já eram muito parecidos com os carros modernos.

Ao dirigirem estes carros com segurança, nossos pais precisavam manter uma certa margem de manobra e de erro. É bom lembrarmos dessa referência quando falamos de carros mais seguros.

Mas o que significa exatamente um carro mais seguro? Significa que, se dirigido com a mesma margem de segurança com que os carros do passado eram dirigidos, as novas tecnologias oferecerão uma margem adicional de segurança para os imprevistos.

Cada nova tecnologia ativa trabalhará para oferecer uma margem maior que evite que o acidente ocorra, mas caso ele não possa ser evitado, cada nova tecnologia de segurança passiva age no sentido de minimizar os danos sofridos.


Primacy 3: lançamento da Michelin para carros médios

Conquistar a preferência do consumidor é a premissa básica de qualquer fabricante de produto de consumo, mas com pneus existe uma diferença, há que se conquistar os consumidores e os fabricantes de veículos, uma tarefa nada fácil. Principalmente a segunda, pois uma marca de pneu num carro zero-quilômetro muito provavelmente será a escolhida quando chegar a hora da troca, numa espécie de reserva de mercado.

A esse fator se juntam alguns dados altamente preocupantes. Segundo a organização não governamental Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), o Brasil ocupa hoje a terceira posição mundial em acidentes automobilísticos, perdendo apenas para  a China e Índia, primeiro e segundos lugares, respectivamente. Nossa frota circulante é equivalente à da França, mas temos dez vezes mais acidentes, com suas vítimas ocupando dois de cada três leitos hospitalares, a um astronômico custo anual de R$ 80 bilhões. 

Carro autônomo: robô sujeito às leis das máquinas
Talvez muitos dos leitores não saibam, mas além de engenheiro mecânico, também sou engenheiro mecatrônico, da segunda turma formada no país, no já longínquo ano de 1991. Mas parece que foi ontem...

Das memórias que tenho dessa época, ainda guardo a primeira aula da matéria sobre dinâmica e controle de sistemas robóticos, onde focamos as leis da robótica de Isaac Asimov. Vimos que, apesar de Asimov tê-las escrito como alicerce para dar substância a muitas das situações conflitantes em seus livros, elas possuem profundo impacto na nossa relação com máquinas inteligentes.

Participei de muitas outras discussões sobre esse assunto ao longo dos anos e percebi que existe todo um mundo filosófico por trás delas.

Mas não adianta falarmos das leis da robótica se não soubermos o que é um robô.

Há muitas definições para robôs, mas, de todas, a melhor que encontrei diz que um robô é uma máquina que sente o mundo à sua volta, de alguma forma “pensa” qual a melhor forma de agir, e age. Essa capacidade de reagir inteligentemente ao ambiente que o cerca é que torna uma máquina um robô.

O robô é uma máquina especial, diferente das outras, porque é altamente adaptativa e reage inteligentemente a um ambiente mutável, não previsto previamente pelo projetista ou pelo programador.

Reparem que a definição de robô não inclui seu formato físico, então vários tipos de máquinas podem ser classificados de robôs por essa definição. Mais que isso, ela praticamente engloba boa parte dos sistemas automatizados avançados. Até mesmo softwares autônomos puros, sem hardware, podem ser classificados como robôs, segundo essa classificação.

Vamos a um pequeno teste. Quando falamos em robôs, e excluímos as temíveis ou amáveis máquinas da ficção científica, pensamos nestes robôs, certo? Errado!

Robôs? Não. Manipuladores.
Acionamento eletromagnético de válvulas: décadas de tentativas infrutíferas


Bem, estamos chegando ao final da nossa jornada ao rico e maluco mundo das válvulas.

Vimos ao longo desta série que as válvulas convencionais, hoje amplamente dominantes, estão longe da perfeição, e que são um dos grandes fatores limitantes para o aperfeiçoamento tecnológico dos motores a pistão.

Vimos também que existem outras importantes famílias de válvulas, como as de camisas móveis, as de válvula rotativa axial e as de válvula rotativa transversal.

Neste artigo veremos soluções únicas, que não possuem uma classificação clara. Veremos não só válvulas não convencionais, mas formas não convencionais de aplicação e de acionamento das válvulas convencionais, com projetos tomados entusiasticamente como promissores e depois abandonados. Enfim, esta parte é dedicada aos tipos mais bizarros de válvulas e de formas de aplicá-las.

Loucura total

Vamos começar com algo leve para não assustar.
Da lenda de Teseu e o Minotauro: Rei Egeu de Atenas e então futuro pai do herói, consulta a pitonisa no Oráculo de Delfos
Há poucos dias o mundo passou pelo fiasco de seu anunciado fim por uma dita profecia do calendário maia. Daqui mais alguns dias estaremos entrando no ano novo, e faremos todo tipo de ritual para termos um ano próspero e buscamos sempre saber quais as previsões para o ano que está por se iniciar.

Não tem jeito. Tentar adivinhar o futuro faz parte da humanidade desde tempos imemoriais. Está em nossa essência, e muitos de nós não consegue evitar essa curiosidade, e várias crendices se espalham pela nossa cultura em função dessa necessidade arraigada. Muitos chegam a emparelhar estas crendices a ciências verdadeiras. Astrologia é um bom exemplo.


Sistema Cross, o sistema de válvula rotativa transversal mais desenvolvido


As válvulas rotativas transversais

No post anterior vimos os sistemas de válvulas axiais, em especial o sistema Aspin que convergiu boa parte da tendência tecnológica para aquele tipo de válvula.

Neste post iremos dar uma leve pincelada nas válvulas transversais, já que a família destas válvulas é ainda maior que a das válvulas axiais. Muitos inventores de válvulas importantes em sua época não serão citados aqui para manter uma linha do tempo direta e clara para o leitor, mas nem por isso perdem sua importância na história.

Uma das razões para a maior diversidade das válvulas transversais é que, por não estarem localizadas dentro da câmara de combustão, podem apresentar maior variedade de formatos e de opções de montagem. Isso também as tornam  mais fáceis de fabricar, o que estimulou muita gente a pensar e testar alternativas.

No entanto, nem tudo é miraculosamente simples nelas.

Aspin: principal tipo de válvula rotativa axial


As válvulas rotativas axiais

 A partir de 1911, e praticamente por todos os anos 1920, uma série de experimentos com os mais variados sistemas de válvulas rotativas surgiram e a grande maioria desapareceu e caiu no esquecimento. Porém, alguns abnegados inventores e engenheiros se esforçaram para torná-las úteis.

Há duas grandes famílias de válvulas rotativas, as axiais (de eixo paralelo ou concêntrico ao do cilindro), e as transversais. Nesta parte veremos as válvulas rotativas axiais, e na próxima parte veremos as válvulas rotativas transversais.

Curiosamente, veremos que os dois tipos de válvulas estão fortemente associados ao desenvolvimento das motocicletas, em especial as de competição.

A maior parte da família das válvulas rotativas axiais se caracteriza por conformar parcial ou totalmente a câmara de combustão em um componente móvel, o que auxilia na formação da turbulência necessária para uma boa queima. Além disso, estas válvulas, por estarem posicionadas dentro da cavidade da câmara de combustão, ao receberem o pulso de alta pressão da combustão da mistura, são pressionadas a vedar ainda mais as passagens de gases, obtendo um rendimento de vedação comparável ao das válvulas circulares convencionais, porém sem oferecer a restrição de corpos invasivos à câmara.

Estas válvulas apresentam certo grau de parentesco com os motores de dois tempos na medida em que o rotor tem o papel duplo de válvula e de câmara de combustão, assemelhado ao pistão do motor de dois tempos.

Recordando a segunda parte deste artigo, vimos o motor da RCV, que possuía uma camisa rotativa que funcionava como válvula. Embora eu tenha colocado esse motor na parte referente aos sistemas de camisas móveis, sob uma outra ótica, o sistema da RCV também pode ser classificado como um sistema de válvula rotativa axial completo. Ele é portanto, um sistema de transição, que fica na fronteira entre dois sistemas bastante diversos.

Sistema RCV: um sistema de transição



Todos os que vivem nas grandes cidades brasileiras já perceberam que dia após dia o tráfego está piorando. A malha urbana está praticamente estática há décadas mas a frota não pára de crescer. Uma simples conta de divisão mostra que o espaço disponível para cada carro está se reduzindo rapidamente. E quanto mais carros, pior o trânsito.

É um "efeito Tostines" ao contrário: compramos carros como solução de mobilidade, mas quanto mais carros são comprados, pior a mobilidade de todos. E quanto pior a mobilidade, mais compramos carros com a ilusão de nos movermos mais rápido. Não há quem, em alguma medida, não se estresse com a perda de tempo no trânsito.

Em resposta a essa exigência, vêm surgindo serviços de orientação ao motorista para desviar dos pontos de congestionamento. Alguns são pagos, enquanto outros são gratuitos. Os primeiros serviços que surgiram foram as rádios especializadas em noticiar o estado de trânsito.

Mais recentemente, com a popularização dos aparelhos de GPS, da internet móvel, e dos smartphones, vêm surgindo uma série de programas que propõem pegar o posicionamento e a velocidade de cada usuário, enviar estes dados para uma central que irá processar estes dados junto com os dados de milhares de outros usuários para determinar as rotas congestionadas e as livres, compará-las com a origem e o destino de cada usuário e oferecer a ele a rota mais livre e rápida para chegar ao seu destino.





A história do Alfa Romeo 158, do projeto ao ápice da marca nos primórdios da Fórmula 1 e à sua sucessão pelo Ferrari.

Observação inicial:
Em meu último post sobre o FW-15C, vários leitores e amigos pediram artigos sobre a Fórmula 1 antiga, a memorável, a entusiástica. Este post é uma resposta a este pedido.

Ele não é novo. Foi escrito em 1999 para um grupo pequeno de amigos do extinto newsgroups de carros do UOL, e posteriormente reeditado no fórum da Car Audio Brasil em 2004.

Entretanto, nenhum destes meios tinha a capacidade de difusão que o blog AUTOentusiastas tem hoje, e espero que muitos que não o conhecem tenham a oportunidade de apreciá-lo pela primeira vez.

Vamos a ele.


Década de 1920: Um jovem de nome Enzo Ferrari, apaixonado por velocidade, começa a trabalhar para um fabricante de automóveis ainda obscuro na Itália, chamado Alfa Romeo.Vindo de outra empresa concorrente, a Costruzioni Meccaniche Nazionali (CMN), vem para desempenhar a mesma função: trabalhar nos carros de competição, onde seria o responsável pelos testes e, algumas vezes, o piloto nas provas. Suas habilidades na condução eram pouco acima dos níveis adequados.

Ao final de uma prova que vencera, Enzo foi presenteado pelo pai de um ás da aviação italiana, Franco Barraca (morto em batalha na Primeira Guerra Mundial), com o escudo da cidade de Modena enfeitado com o símbolo que ornava seu avião, o cavalo empinado. Enzo adotaria este estandarte como seu símbolo pessoal, e mais adiante como logotipo de sua futura empresa.


Em 1993 surgia um carro especial na história da Fórmula 1.

Para esta temporada da Fórmula 1, a Williams trouxe Alain Prost para o lugar de Nigel Mansell, e deu a ele o FW-15C, evolução do FW-14 do ano anterior. Este carro era nada menos que o mais avançado carro de Fórmula 1 de todos os tempos, uma vez que toda evolução tecnológica presente neste carro foi posteriormente banida pelo regulamento da Fórmula 1.

Este carro era equipado com suspensão ativa, câmbio semi-automático, controle de tração, ABS, diferencial e equilíbrio de freios eletronicamente ajustáveis, telemetria completa bidirecional em tempo real. E, de quebra, a Williams ainda estava desenvolvendo um câmbio CVT que iria otimizar o uso do motor ao longo de todo circuito.

Câmbio CVT: proibido pelo regulamento antes de ser usado

E o pior de tudo para a concorrência é que todo este pacote tecnológico não só funcionava perfeitamente, como cada subsistema funcionava completamente integrado aos demais, em perfeita harmonia, enquanto os concorrentes ainda tentavam fazer suas suspensões ativas funcionarem ao menos razoavelmente.


R.M.S. Titanic

Hoje faz exatos 100 anos que o R.M.S. Titanic afundou nas águas geladas do Atlântico Norte quando em sua viagem inaugural entre Southampton, na Inglaterra, e Nova York. Este post atípico do AE fala sobre este lamentável fato e das lições que podermos tomar dele, aplicáveis também aos automóveis.

Nêmesis, na mitologia grega, era a deusa da vingança divina. Foi criada e educada junto com Méthis, a deusa da ética e da justiça, dando a ambas grande respeito a tudo que é correto e justo. Seu papel, dentro do panteão grego, era o de punir as ofensas feitas aos deuses pelos mortais e todas as desmedidas humanas, como a arrogância e o orgulho extremos, capazes de afetar o equilíbrio do Universo, e por isso mesmo, passível de punição exemplar.

A Nêmesis da ciência e da engenharia começa a se manifestar a partir da publicação dos trabalhos de Isaac Newton.

Newton revolucionou a ciência, pois além de abrir novos campos da matemática e descrever novas leis da física, ainda os usou para provar outros grandes mistérios da ciência da sua época.

A matemática e a física que Newton criara eram capazes de prever o estado futuro de um determinado sistema a partir de uma descrição precisa da sua condição presente. Um discípulo de Newton, o matemático francês Pierre Simon Laplace, avançou ainda mais os trabalhos de Newton. Mas ele foi além.


No mês de agosto recebi um convite por e-mail para participar de um evento promovido pela Audi e pela concessionária Caraigá, de São Paulo, com o apoio da empresa de blindagens GBR. O convite foi feito através da agência Rae,MP.

O contato foi feito por eu ser um dos colunistas do AUTOentusiastas. Para ser bem sincero, fiquei um tanto surpreso com o convite. 

Escrevo sobre tecnologia automobilística na internet há anos e nunca me chamaram nem para tomar um cafezinho. Mas aceitei o convite.

O evento foi remarcado algumas vezes, mas sempre foi confirmado que aconteceria. Finalmente, a data definitiva foi marcada: 19/11, sábado passado.

Fui para lá pensando no tradicional: o velho e sempre agradável "comes e bebes", algumas palestras e coisas do tipo. Eu não poderia estar mais enganado.