Toyota Camry 2007: envolvido no recall gigante |
Foi
anunciado quarta-feira passada (26/12) um acordo entre a Toyota Motor e os proponentes de uma ação legal
coletiva, na corte federal do estado da Califórnia, que o fabricante japonês assumirá
mais de US$ 1,1 bilhão de indenização aos proprietários de veículos da marca
que tenham se sentido atingidos pelos seguidos recall dos tapetes de borracha e aceleradores de 2008 a 2010, quanto à desvalorização de seus veículos. Estão envolvidos nessa ação cerca de 3,2
milhões de pessoas.
Li
e reli essa notícia, vinculada nos principais periódicos do meio
automobilístico, além de outros de grande circulação nos EUA, como The New York
Times etc. Me levantei e fui tomar um copo d’água, três vezes seguidos, para
conferir se eu não estava sonhando ou tendo pesadelos. Voltava à tela do
computador, pressionava a tecla F5 (atualiza a página do navegador), mas
confesso, segue-me sendo inacreditável. Para registrar que não se trata de nada
surreal ou de outro mundo, decidi postar algo a respeito.
Ajuste dos pedais (foto: The NYT) |
A ação legal busca o seguinte: caso você seja proprietário de um veículo Toyota, que porventura tenha sofrido esses recalls e em virtude das más notícias vinculadas pela mídia ele perca valor de revenda, a Toyota lhe paga à vista determinada quantia para compensar essa suposta desvalorização. O fabricante também instalará em alguns veículos nova lógica eletrônica no pedal do acelerador, chamado de brake override, que consiste em comandar a interrupção total da aceleração assim que o pedal de freio é acionado, independente se há um ou mais tapetes, mais o pé do motorista acelerando. O custo total da indenização mais os serviços na rede pode ultrapassar US$ 1,4 bilhão.
Vários são os fatores independentes ou distantes do alcance do fabricante, a veiculação na mídia, por exemplo, os excessos e informações veiculadas que se confirmaram errôneas após testes e simulações variadas, pressuposições veiculadas pela NHTSA (sigla, em inglês, de Administração Nacional de Segurança do Transporte Rodoviário, dos EUA), veiculação de ações legais que se provaram infundadas etc. A justiça determinar que tudo isso é responsabilidade do fabricante soa surreal, não?
A história do recall dos pedais do acelerador de Toyotas começou em 2009, temos alguns posts que abordaram o tema na época (Bob Sharp, Felipe Bitu, Waldemar Colucci), mas basicamente ocorreu por que houve alguns registros de aceleração não intencional ou involuntária do veículo, presumidamente por que o tapete de borracha se enroscava no pedal do acelerador, levando o condutor a uma situação de perigo ou até um acidente. Foram vários casos.
Uma análise mais aprofundada revelara não serem os tapetes originais da marca japonesa, pois estes possuem pontos que se fixam a ganchos de plástico nos carpetes que impossibilitam o seu deslocamento para qualquer lado, mesmo se ativados pela força dos pés do motorista. Mas estes tapetes não originais estavam disponíveis em alguns concessionários, ou quando não estavam o fabricante Toyota foi responsabilizado do mesmo jeito.
A histeria
anti-pedais subiu e atingiu tal nível que se iniciaram suspeitas de haverem bugs
eletrônicos nos pedais dos aceleradores, o total de veículos envolvidos saltou
de 3,8 milhões para mais de oito milhões e vários modelos. A situação somente
voltaria ao controle após o fabricante assumir a troca gratuita de todos pedais
de acelerador e mais, revisarem os tapetes de borracha, substituindo-os
caso não tivessem os tais locais para fixação nos ganchos.
Tapetes Toyota, cuidados na fixação não vistos no Brasil |
Quem acompanhou o desfecho do tema, pode notar que a Toyota provou às autoridades americanas e à NHTSA que seus pedais estavam isentos de problemas, não foram poucos os testes e todos demonstraram que absolutamente nada de errado havia, mas o estrago já estava feito. Aquele ano, coincidentemente foi o que a Toyota alçou ao posto de maior produtor de automóveis do mundo, tirando a liderança da General Motors depois de mais de setenta anos.
De nada adiantaram os apelos racionais, um veículo de qualquer marca jamais poderia atingir aceleração incontrolável, a potência de frenagem é sempre maior que a de aceleração, isso é fisicamente impossível, o motorista sempre teria mais de uma ou mais de duas alternativas para controlar a situação, bastando posicionar a alavanca de câmbio em neutro, freando, os dois combinados, mas no país da indústria de ações legais e de indenizações milionárias essa chamada racional não teve qualquer efeito, pelo contrário.
Os Estados Unidos têm um sistema legal bastante mais desenvolvido que o brasileiro, é fato, o princípio por trás dele está em proteger o cidadão, o pagador de impostos, de danos econômicos ou morais causados a ele por entidades, empresas ou governo, com poderio econômico muitas vezes maior que o de um indivíduo.
O cidadão americano, para se sentir bem protegido, pode contar com as mais variadas assistências legais para fazer valer os seus direitos, justo e correto. Fato também é que se formou uma verdadeira indústria para sua proteção, a chamada indústria da ação legal ou indenização, uma vasta cadeia composta por advogados, promotores, juízes etc. que lidam quase que exclusivamente com casos dessa natureza, e o excesso passou a servir como regra.
Essa indústria de liabilities (responsabilidade civil) já teve lances bizarros, afundou a indústria de pequenos aviões, a Cessna e a Piper literalmente deixaram de existir, assim como muitos setores industriais foram atingidos. Quem não lembra da velhinha que queimou suas pernas com café do McDonalds, alegando não sabia que café quente queimava... no fim, todo produto passou a carregar em seu custo o potencial de ações legais envolvidas e tudo se tornou mais caro, inclusive os automóveis.
Muitos
tomam que nos EUA houve uma crise de responsabilidade civil, ou seja,
atingiu-se o efeito contrário. Pelo princípio exposto acima, o cidadão deixa de
ser responsável por seus atos ou conseqüências deles se o juiz entender que
uma empresa, entidade, clube, governo poderia evitar o dano, com informação a
respeito dos perigos, seja porque deixou de avisar que caso você não
freie poderá bater no veículo adiante, os objetos vistos através dos espelhos convexos não estão a distâncias reais (isto está em 100% dos espelhos do lado direito dos veículos
vendidos naquele mercado) e outros avisos.
Nessa indústria há advogados que se tornaram milionários e juízes insuspeitos, obrigando as empresas a indenizarem os pobres cidadãos...Casos de excessos, vários diariamente, nem tomaremos tempo especificando aqui.
Nessa indústria há advogados que se tornaram milionários e juízes insuspeitos, obrigando as empresas a indenizarem os pobres cidadãos...Casos de excessos, vários diariamente, nem tomaremos tempo especificando aqui.
Fazendo uma comparação com o estado de direito no Brasil, podemos encontrar um paralelo com a justiça trabalhista. Aqui o cidadão, se achasse que foi prejudicado por seu antigo empregador, facilmente encontraria advogados trabalhistas no sindicato da categoria ou junto aos tribunais trabalhistas, todos a postos para defendê-lo, e os juízes, que confundiam justiça social com a do trabalho, davam ganho de causa aos trabalhadores na grande maioria das vezes, mesmo que houvesse documentos e provas suficientes que evidenciassem o contrário. Era mais fácil a composição de um acordo, tanto à empresa como ao trabalhador, e ele passou a conseguir a indenização adicional de qualquer forma, bastava reclamar. Ou seja, o cidadão comum pode estar desprotegido de várias coisas, mas o trabalhador de baixa classe de renda encontrava à sua disposição uma superproteção trabalhista.
Chevrolet Corvair: onde começou a onda da indenização milionária |
Presumo que muitos dos leitores do AE conheçam a história de Ralph Nader, que é tido como o sujeito que deu início a essa indústria da indenização nos EUA com o caso Chevrolet Corvair, em 1965. Há 47 anos, portanto, ele trouxe à tona que os fabricantes de veículos eram os grandes responsáveis pelos acidentes que vitimavam motoristas e ocupantes.
Ralph optara por uma mudança em sua carreira. Aos trinta e um anos de idade, trocou o salário do departamento de relações trabalhistas para se tornar conselheiro não remunerado do subcomitê do senado americano de reorganização executiva, encabeçado pelo senador Democrata Abraham Ribicoff. Paralelamente, Nader escrevia artigos sobre segurança veicular na revista New Republic, além de outras publicações. Era um tema que o atraía, apesar de ele não poder ser considerado um motorista, sequer possuía automóvel na época.
Isso pode soar estranho a muitos, uma pessoa que mal sabe dirigir, desinteressada em ter um automóvel, dedicar-se exclusivamente a escrever sobre segurança veicular. Estranho para muitos de nós, não para a profissão de advogado, que acolhe uma causa para defender sem necessariamente ser um profundo conhecedor do tema em toda a sua extensão.
No
início da década de 1960, ações legais de vítimas de acidentes automobilísticos começaram a proliferar. Nader atentou que alguns vinham de usuários do
Chevrolet Corvair, um veículo com poucos anos de mercado. A segurança veicular
entrou na pauta das agências governamentais e o subcomitê do senador Ribicoff
passou a liderar o tema. Nader lhes propôs que custeassem a publicação de seu livro a respeito. Uma editora buscava algum escritor que discorresse sobre o
mesmo assunto, a revista New Republic
indicou Nader, foi juntar a fome... o livro foi o “Inseguro a qualquer
velocidade" (Unsafe at Any Speed).
O Chevrolet Corvair era mencionado apenas no primeiro capítulo, mas a maneira de abordar alarmista e espalhafatosa começava já no prefácio: “Por mais de meio século o automóvel tem trazido morte, ferimentos e a mais inestimável tristeza e privação para milhões de pessoas”. O livro culpava os fabricantes pela falta de segurança nos veículos. Bom lembrar, dito por alguém que mal sabia dirigir um...
A GM, Ford ou qualquer outra, à rápida publicidade negativa, preferiam compor acordos judiciais, na lógica dos números muitas vezes mais baratos, mal sabendo eles que a justiça consideraria essas ações como culpa presumida, mais adiante.
Para quem conhecia um pouco de automóvel, a barra estabilizadora era entendida como permitir dirigir mais rápido em curvas, sua ausência exigiria imprimir velocidades menores. No alarmismo e histeria que tomaram conta da mídia naquela época, passar a oferecer a tal barra era outra presunção de culpa, que o mau fabricante tinha a obrigação de fazê-la peça standard, normal de produção. À medida que a GM desenvolvia componentes para aprimorar a estabilidade do Corvair, mais combustível para Nader apontar culpa e mais culpa.
Para complicar as coisas ainda mais, a GM encarregou alguns detetives para investigar a vida pessoal de Nader e isso foi descoberto e levado à mídia com grande estardalhaço, como a manchete no The New York Times, “Crítico da indústria automobilística sobre padrões de segurança alega ter sido perseguido e coagido”. O Corvair, automóvel que representava a resposta técnica e mercadológica da GM ao Volkswagen Fusca, amargou o destino da aposentadoria precoce e o livro “Inseguro a qualquer velocidade” foi para a lista dos mais vendidos nos EUA, seu autor tornando-se uma celebridade e reconhecido como uma autoridade no assunto – não canso de repetir, desconhecia automóvel, dirigir, engenharia veicular, dinâmica de um veículo. Às vezes pensamos que essas coisas só acontecem por aqui...
Picape Chevrolet Corvair, um dos derivados |
No ano seguinte, 1966, o congresso aprovou o Ato de Segurança de Veículos a Motor, posteriormente sancionado e transformado em lei pela sanção presidencial. Essa lei obrigava os fabricantes a tornar públicos os recalls, e ela não se limitava aos automóveis. Estendeu-se rapidamente, através de outros atos governamentais, a embaladores de carne bovina, a vigilância contra fabricantes se alastrara a todos os setores de produção e serviços em um par de anos.
A absolvição técnica do Corvair veio em 1972, três anos depois de encerrada sua produção. Uma agência do governo federal americano testou diversos modelos, fabricados entre 1960 e 1963 (lembrem que depois foram introduzidas várias melhorias, portanto os modelos avaliados eram anteriores a elas) e decretou o Corvair nada tinha de mais inseguro que outros veículos contemporâneos seus. O estrago já estava feito desde 1965. Quem pagou por ele?
Ralph Nader perdia sua batalha judicial contra o modelo que condenara publicamente, mas a condenação veio bem antes, através da mídia e a resposta do mercado. E o que os EUA se tornaram a partir desse episódio nós estamos vendo hoje no caso dos pedais e tapetes que envolveram alguns veículos da Toyota.
Temos acompanhado a paciência nipônica para cuidar de todas essas acusações e alardes, sua obstinação em provar que tecnicamente seus produtos estão absolutamente corretos, mas infelizmente o estardalhaço e advogados com vontade de se tornarem ricos ainda conseguem aparecer.
MAS
Livro "Engines of Change" - Paul Ingrassia
http://www.nytimes.com/2012/12/27/business/toyota-settles-lawsuit-over-accelerator-recalls-impact.html
Os EUA são o 80, nós somos o 8...
ResponderExcluirHS
Quer dizer: um bando de gente afobada mancha a imagem do carro de maneira irresponsável, o que causa a sua desvalorização. Aí, como o carro desvalorizou, a culpa é do fabricante? Pronto, fechou-se o ciclo da insensatez!
ResponderExcluirRealmente não é de hoje que os fabricantes sofrem com isso.
Tive um Corolla durante esse período em que surgiram as acusações. Sempre me perguntei o que o Corolla tinha de errado, no que se diferia dos demais carros quanto ao problema de se colocar tapetes inadequados. Ele era como todos os outros carros nesse aspecto...
ResponderExcluirFeliz 2013!
ResponderExcluirDuas observações:
"Vários são os fatores independentes ou distantes do alcance do fabricante, a veiculação na mídia, por exemplo, os excessos e informações veiculadas que se confirmaram errôneas após testes e simulações variadas, pressuposições veiculadas pela NHTSA (sigla, em inglês, de Administração Nacional de Segurança do Transporte Rodoviário, dos EUA), veiculação de ações legais que se provaram infundadas etc. A justiça determinar que tudo isso é responsabilidade do fabricante soa surreal, não?"
Quando setores organizados da sociedade clamam por uma regulação da midia(para que assassinatos de reputações como esse não aconteçam,os barões da midia gritam que isso é censura e atentado contra a "liberdade de expressão".
Observação 2:
"Aqui o cidadão, se achasse que foi prejudicado por seu antigo empregador, facilmente encontraria advogados trabalhistas no sindicato da categoria ou junto aos tribunais trabalhistas, todos a postos para defendê-lo, e os juízes, que confundiam justiça social com a do trabalho, davam ganho de causa aos trabalhadores na grande maioria das vezes, mesmo que houvesse documentos e provas suficientes que evidenciassem o contrário."
Nesse país repleto de desrespeito aos cidadãos(trabalhadores, comerciantes, esmpresários,enfim...)deveria louvar a iniciativa de quem se une e organiza-se em sindicatos para reivindicar seus interesses onde quer que seja,inclusive na justiça,algo recente aconteceu com o sindicato das fabricas(ANFAVEA)que conseguiu ,via poderoso trabalho de loby,que fossem criadas sobretaxas aos concorrentes que não possuiam planta produtiva aqui,outro exemplo é o do sindicato dos banqueiros(FEBRABAN)que agora reclamam e pedem a cabeça do ministro que baixou os juros e contrariou o interesse da classe,enfim que mal há se organizar com demais pessoas com interesses comuns e brigar pelos seus direitos?
Toty
ExcluirHá interesses e interesses. A justiça é notoriamente dura com o empregador e superprotetora do empregado, você deve conhecer exemplos, como eu conheço. Já a pressão da Anfavea pode ser considerada legítima, já que se as associadas têm produção aqui, quem quisesse vir para cá deveria fazer o mesmo, sendo exatamente o que está acontecendo, com as fábricas da Nissan em Resende, a da JAC em Camaçari e a da Chery em Jacareí.
A única coisa que estava ruim era o prazo de 65% de nacionalização ser curto, mas acho que já resolveram isso, pois a JAC estava para desistir se não tivesse um prazo.
ExcluirBob, você mesmo reclamou da mudança das regras "com o jogo em andamento", agora você acha que a medida foi acertada?
ExcluirSe a pressão da Anfavea é legítima, a pressão das classes sindicalizadas também é, não existe diferença de legitimidade entre elas.
Raphael
ExcluirClaro que reclamei das mudanças repentinas, "com o jogo em andamento", e vou reclamar sempre. Esse é o mérito, não os motivos. Que houvesse um prazo para a mudança das regras, seria o correto. Afinal, nenhuma regra é eterna.
Bob,
ExcluirEu quero saber de você é se hoje sua opinião é que a medida alcançou o resultado esperado, que em minha opinião, era justamente de fortalecer a indústria local, inclusive atraindo novos fabricantes.
A justiça do trabalho já não é tão à favor do empregado quanto já foi outrora. Conheço vários casos onde o trabalhador perdeu para o empregador, pois este estava claramente dentro da lei. Se for funcionário ou empregado publico então, é dificílimo de ganhar um causa trabalhista, mesmo que o empregador, no caso o poder público, esteja totalmente em desacordo com a legislação trabalhista.
ExcluirEsta questão de pedais e tapetes só tomou este vulto todo porque o fabricante não é norte—americano ou europeu. Mais um caso de xenofobia norte—americana.
ResponderExcluirRenato
Por certo o ânimo geral causado pela recessão acirrou o preconceito a empresas estrangeiras, especialmente aquela líder em vendas de carros de passeio. Mas, não tenha dúvidas, americano pode ser xenófobo, mas a parte mais sensível de seu ser é o bolso, e ele vai continuar comprando Toyota seja o que ele proferir. Afinal de contas, ele é prático ao extremo de preferir a hipocrisia à coerência.
ExcluirMuito triste ver que não é o interesse em melhoria dos produtos ou segurança das pessoas, e sim o enriquecimento de espertalhões às custas de um prejuízo bilionário que poderá causar desemprego e até a ruína de uma das maiores empresas do mundo!
ResponderExcluirSe eu já me irritava com avisos em espelhos e parassóis, agora fico indignado, pois um sujeito que dirige um veículo como eu dirigia (Kia Sportage de 1ª geração) e não sabe de suas limitações dinâmicas quanto à manobras em alta velocidade e distâncias de objetos no espelho convexo, este não deveria ao menos ter permissão para dirigir!
Uma pessoa que não sabe pressionar o pedal de freio (para controlar o terrível carro com aceleração involuntária...) não deveria sequer poder portar habilitação para dirigir automóveis...
ResponderExcluirFeliz 2013 para todos!
Quem não sabe pressionar o pedal do freio para parar o carro não devia ser permitido nem mesmo que responda por seus atos.
ExcluirA industria da responsabilidade civil nos EUA pode ser considerada análoga a justiça trabalhista brasileira em termos de ser nefasta a economia.
ResponderExcluirComo bem lembrou o post, a pujante industria de aviões leves nos Estados Unidos das decadas de 40/50/60 e 70 foi simplesmente destruida (para não dizer extinta) por conta dessa industria do "liabilities" da justiça americana. A Cessa que produzia mais de 2000 aviões monomotores/ano em 1979 atualmente não chega a 10% disso quando o ano é excelente.
A mesma industria aeronautica leve não consegue introduzir melhorias nos motores aeronauticos como o gerenciamento eletronico ou novos materiais justamente por conta do passivo em caso de falhas e dos altissimos custos de homologação, bem como a pequena demanda. Os custos de se manter uma aeronave leve, que outrora era pouco superior ao de um automóvel hoje tornou-se proibitivo (ignorando o fato da AVGAS estar em preços estratosféricos).
Figuras como Ralph Nader e seus pares nos diversos paises (incluindo Brasil) prestam um enorme desserviço a industria e a economia como um todo a troco de que? Ter seus 5 minutos de fama? A inconsequencia de atos de pessoas como Ralph Nader só serviram para destruir e alimentar uma industria (a da responsabilidade civil nos EUA) que em um primeiro momento, aumenta os direitos do consumidor, mas numa etapa posterior, acaba se tornando nefasta por conta dos exageros nas indenizações.
São as consequências imprevistas de toda regulamentação governamental. Todo político quer posar de salvador da pátria, que se não fosse por sua leizinha, estaríamos perdendo um membro ao usar um ventilador. O duro é ver gente acreditando nesta farsa e ignorando a ossificação tecnológica e a oneração do consumidor com os custos de tais regulamentações.
ExcluirAugustine;
ExcluirNeste caso não tem absolutamente nada de governamental. Tem de Juridico, a ignorância do judiciario em causas que desconhecem.
Ralph Nader não é nenhum bicho-papão, e a meu ver fez o que deveria ter feito. A Indústria conhece a Lei de Murphy muito bem: se um carro for construído de forma que que possa ser dirigido de duas formas, uma certa e uma errada, o público o fará da maneira errada. É por isso que os americanos são tão obcecados por advertências de segurança, que chegam ao Brasil com algum atraso, mas chegam.
ExcluirÉ claro que existe toda uma sub-raça de pessoas que ganha muito dinheiro com isso, a se começar pelos adEvogados que dão nó em pingo d' água para arrancar dinheiro de fabricantes que vacilam ou mesmo que não vacilam, mas cujo sucesso (financeiro) incomoda a muitas partes. Todos acham que têm o direito de tirar uma casquinha. Essa indústria da indenização não chegou ao Brasil, mas nos Estados Unidos certamente forma um componente nos preços dos carros de lá, ou seja, é um risco calculado para eles.
O MAS deixou de mencionar outro caso célebre, o do tanque de gasolina do Ford Pinto, em que esse conceito de "risco calculado" surgiu num cínico documento interno da Ford, que evidenciava a economia no projeto como compensando largamente os possíveis gastos em indenizações resultantes de sinistros, inclusive em casos de vítimas fatais.
Em outras palavras, por acertos ou erros, acho que Ralph Nader foi uma boa coisa não só para os compradores de automóveis, como para a sociedade de consumo em geral. O mundo corporativo americano é, em larga parte, auto-regulado como consequência da interação dessas várias partes, com base numa constituição democrática que está acima de tudo.
No mais, o dinheiro, dentro da lei, tem um papel importantíssimo na evolução e desenlace desses casos.
Não é à toa que dizem por ali... "Money TALKS where bullshit walks".
Daniel,
ExcluirMuitas decisões como esta levam ao juiz a determinar que todos fabricantes façam isto ou aquilo. Uma ordem judicial pode ter o efeito prático de lei. De fato, é um abuso do poder judiciário, mas que só deixa de ter efeito se o legislativo agir. Sem falar que muitas regulamentações são propostas baseados em resultados de class-action suits, especialmente se gerou polêmica, garantindo aos políticos aparecerem na TV como salvadores da pátria.
Lorenzo,
ExcluirAcontece que o problema do Corvair era o mesmo do Fusca, da Kombi e do Porsche: qualquer carro de motor traseiro com esta suspensão vai ser um fazedor de viúvas. Se o Nader estivesse realmente interessado em segurança, teria ido atrás da VW que vendia mais Fuscas que a GM Corvairs.
Porquê o Nader implicou com a GM só pode ser explicado por implicância com a ela. Nada objetivo, mas pessoal. Depois, é uma excelente maneira de se lançar politicamente como salvador da pátria, por enfrentar a grande indústria, etc. Afinal, na cabecinha dos americanos, se ele tivesse mirado a Porsche, o povinho daria de ombros, pois é carro de rico; se tivesse mirado a VW, também daria de ombros, pois é carro importado e "rouba" emprego de americano. Ou seja, só mirar a GM atrairia a atenção desejada.
Lorenzo,
ExcluirCada caso foi um caso, o do Corvair foi o mais célebre, mais tarde provou-se infundado tecnicamente, mas aí o Nader jáesava rico e reconhecido como uma autoridade em segurança veicular, até hoje inacreditável.
Augustine,
ExcluirO Nader também tentou condenar os VW, mas o fabricante alemão foi mais hábil e sortudo em se defender e não houve maiores consequências.
MAS
Lorenzo
ExcluirCom todo respeito, Ralph Nader não é um bicho papão: Apenas um advogado oportunista analogo a tantos outros (inclusive a um bacharel em direito paulista).
A lei existe sim, os fabricantes abusam da sorte mas dai sair difamando produtos e servicos com o intuito de autopromoção...
E vamos e voltamos, tudo que este senhor coloca as mãos dá errado: Sua candidatura a presidente em 1998 levou a derrota dos Democratas, uma vez que os votos de Nader roubaram os votos de Al Gore. No final das contas ele acabou fazendo um favor a Gerge W Bush
________________________
Augustine;
Com todo respeito falou uma besteira muito grande: Nunca soube que Fusca e Kombi fossem "fabricantes de viuva" por conta dos semi-eixos oscilantes. Não é a melhor das configurações mas ai acusar os VW de fabricante de viuvas....que isso....Tá parecendo descendencia do Ralph Nader!
Daniel,
ExcluirO Fusca e a Kombi não são menos fabricantes de viúva que o Corvair. Daí dá para se ter uma idéia da falácia que foi o alarde do Nader.
Daniel: "bacharel em direito paulista"? Do que se trata?
ExcluirPaulo;
Excluir"bacharel em direito paulista refere-se a uma pessoa que tenta ser a versão brasileira do Ralph Nader.
A medicina lá funciona da mesma forma, à base do medo de processos. Médicos não têm coragem de atender sem fazer um seguro-indenização, e pedem exames exageradamente para se defender de questionamentos. Resultado: medicina mais cara do mundo, e a menos eficiente entre os países desenvolvidos.
ResponderExcluirJá que voltaram ao tema e não mencionaram o caso do 5000, passo pra cá o comentário que fiz no post do dia 26/12/2012.
ResponderExcluir"Interessante essa questão do Punta-taco logo hoje que a Toyota anunciou um plano de recompensa para, por exemplo, quem teve prejuízo ao vender seu carro no momento em que se investigavam os casos de aceleração involuntária. Explico, no final dos anos 80 o AUDI 5000 sofreu com alguns casos, ao lembrar da TOYOTA fui procurar o vídeo do 60 MINUTES onde um modelo acelerava "sozinho", acontece que para "simular as condições reais" os canalhas da CBS modificaram a transmissão, mas isso é outra história...
Depois de uma investigação da AUDI e da NHTSA se descobriu que os americanos escorregavam o pé do pedais e acabavam acelerando ao sair de PARK, a causa disso eram os "pedais europeus" mais próximos que os americanos justamente para facilitar o punta taco. No final das contas a AUDI colocou uma trava no câmbio que só permitia o mesmo sair de PARK se o freio tivesse acionado. Óbvio que trava logo foi batizada de 'trava anti idiota'".
Agora em relação ao texto de hoje... É como eu li numa matéria num jornal americano alguns anos depois, e que fazia uma critica bem ácida ao assunto. Nós EUA não se pode culpar nada ou ninguém que não termine com INC. O que era falha grave da AUDI acabou virando "pedal misapplication" exatamente o mesmo termo que li ao falarem da Toyota... Mas questionar os motoristas que "travaram" no momento de desespero e esqueceram de acionar os freios(sempre mais fortes que o acelerador, mesmo em aceleração total) é proibido. O artigo também criticava fortemente a mídia por não prestar esclarecimentos mostrando que a AUDI não tinha culpa alguma, o caso da CBS então... Esse pelo menos foi um fator que evoluiu já que o caso também teve ampla cobertura quando os dados isentaram a Toyota.
E mais, a trava anti-idiota é equipamento obrigatório por lei.
ExcluirQuem fez uma boa cobertura e explicação do caso foi o site americano Autoblog. http://www.autoblog.com/2012/12/31/why-everyone-loses-but-the-lawyers-in-toyotas-unintended-accele/ esse artigo explica bem como foi a divisão do dinheiro no acordo PROPOSTO pela Toyota e quem deverá ganhar e quanto ganhará.
ResponderExcluir3.25M sistemas de Override(me pergunto se esses carros terão um override duplo, já que o freio já é um override natural ao acelerador, mas enfim...).
250M para os que não podem receber o sistema de override...
250M para quem vendeu seus carros durante esse tempo e perdeu dinheiro
30M para fundos de pesquisa em segurança automobilística
Todos os 16M de donos tem direito à garantia nas peças envolvidas no sistema de aceleração e frenagem, durante 10 anos
A conclusão final é que o grosso do dinheiro irá para os advogados(como acontece em quase todas as "class action") e que para quem terá direito ou será muito difícil receber ou a quantia será beeeem pequena.
Luís,
ExcluirObrigado por suas informações, este post do Autoblog deu novas e interessantes informações a respeito, as quais nós não tínhamos disponíveis quando o escrevi, no último dia 28/12. As conclusões se aproximam, quem ganhou com isso foram somente uns poucos advogados.
Abs,
MAS
O caso dos aceleradores tomou vulto após um acidente em que um Camry com uma família dentro, tomado emprestado de um amigo, travou o acelerador em uma estrada. A família ligou para a polícia e a conversa foi registrada, com o motorista tentando resolver a questão até que o carro bateu a 160 km/h e matou todos. O carro tinha botão de partida, e o que o motorista não sabia é que se pressionasse esse botão por mais de seis segundos o motor desligaria. Não era possível desligar na chave porque todos os carros automáticos só permitem que se retire a chave com o câmbio na posição P.
ResponderExcluirMauro
O meu é at e a chave sai no neutro tb.
ExcluirNão, era um Lexus com botão de partida. O cara, um policial, levou sua família à morte porque ignorava que basta se pressionar o botão de partida por 5s para se desligar o motor MESMO EM MOVIMENTO, sem falar na manobra mais simples de se colocar em neutro, coisa que meus filhos levaram menos de 5s para responder corretamente. E isto porque eles são novatos de direção.
ExcluirO simples fato de empurrar a alavanca para "neutral" resolveria isso facilmente! Mas há motoristas e Motoristas por aí...
ExcluirMauro, permita-me discordar.
ExcluirVoce pode sim desligar um carro automático em movimento, com a alavanca em qualquer posição. Somente a retirada da chave que não é possível fora do P. Mas uma vez desligado numa situação de acelerador travado, pra que tirar a chave?
Uma observação é alguns caros também permitem a retirada da chave em N.
De qualquer modo, vários carros automáticos que só liberam a chave em P podem, sim, ser deixados em neutro e ter a chave liberada, bastando destravar o cambio, procedimento que varia conforme o modelo. Basta dar uma olhada no manual.
Abraço
Lucas CRF
Mauro,
ExcluirO motorista do carro acidentado teve tempo de fazer uma chamada telefônica, mas não de pensar em resolver a situação, ou seja de pisar no freio ou mesmo posicionar a alavanca de câmbio em neutro, não consigo acreditar nessa história...
MAS
Não acredito.Bastava pisar no freio. Isto é lenda urbana. O que mais tem aqui é Camry. Muito Lexus também. Cara burro e tonto de monte, a ponto de consegur bater em vias como estas daqui em Orlando. Mas ninguêm é tão burro assim e mesmo que fosse não daria tempo da tal ligação. Que isto.....Abs.MAC.
ExcluirMarco,
ExcluirO tal motorista ligou para a emergência enquanto seu carro ia desembestado pela estrada e ficou na conversa por mais de CINCO MINUTOS antes de pegar uma rampa de acesso para sair da auto-estrada de acesso controlado e alta velocidade e pegar uma via de serviço com semáforos e se esborrachar nos carros parados num semáforo.
Detalhe, o tal motorista era um policial rodoviário e o atendente da emergência foi incapaz de ajudar o mentecapto que condenou sua família à morte. Ninguém foi capaz de colocar o câmbio em neutro. Seria um capítulo tragicômico do prêmio Darwin, não tivessem sua mulher e filhos sido vítimas de sua inacreditável estupidez.
Mesmo caso do Audi, interessante não? Donos novos no veículo... É por isso que quando eu entro em contato com um carro novo procuro me sentar nele com o manual (ou mesmo aquele encarte de instruções básicas) e testar algumas funções e ver como cada conjunto funciona. Parece bobo, alguns dirão até que é idiota, mas é uma tranquilidade extra e teria evitado esses casos...
ExcluirE outra, acredito que o cara tenha ligado para polícia mas não tenha pisado no freio ou colocado em N. Infelizmente as pessoas travam, hoje em dia todo mundo esta acostumado em ser ajudado e paparicado. Em vez de parar e pensar sobre a situação o primeiro movimento é procurar ajuda e tentar se isentar das consequências, triste mas real...
Prezados Mauro e Augustine.. a memória é algo complicado que às vezes nos trai. Ouçam aqui a gravação do acidente:
Excluirhttp://youtu.be/03m7fmnhO0I
Aparentemente o coroa sobreaqueceu os freios tentando frear - bem provável se ao invés de "carimbar" o freio, ele tenha tentado apenas controlar a velocidade, como numa descida de serra... Os freios sempre serão mais fortes que o motor, mas é bem difícil fazê-los resistir a mais de um minuto de acionamento ininterrupto.
O cara quando ligou pra 911 estava a ~120mph, a velocidade máxima (limitada eletronicamente) do veículo. A duração da ligação é de 50 segundos, e o telefonista/atendente não tem a mínima noção do que sugerir: poderia ter feito um passo-a-passo verificando a alavanca de câmbio, sugerir o cara levantar o pedal do acelerador com o pé, puxar o tapete, desligar a ignição enfim.
No caso de retirar a chave da ignição para desligar o motor, trata-se de manobra perigosíssima aliás, não se esqueçam: na 1a. posição do contato a chave causa o travamento da direção!
Permita-me discordar num ponto, Lúcio: pelo menos os carros que conheço, não travam a direção com a chave no contato, independente da posição que ela esteja. Fora do contato, aí sim, ocorre o travamento.
ExcluirAbraço
Lucas CRF
Este é apenas mais um exemplo do protecionismo norte-americano. Quando o governo dos EUA comprou ações da General Motors para a montadora não quebrar, sentiu-se ameaçada pelo avanço da Toyota, e aprontou tudo isso.
ResponderExcluirO mesmo se aplica para o caso Apple vs. Samsung. A corte norte-americana puniu a sul-coreana, pelo fato de superar a empresa "da casa", enquanto que, na Coreia do Sul, foi decidido que os dois tinham culpa no cartório.
Sobre o sistema brake override, citado no texto, não sei se é aplicado em veículos com câmbio manual. Se for, isso não impede o punta-tacco?
ResponderExcluirGood question.
ExcluirEu uso o punta-taco com câmbio automático para que o câmbio reduza a marcha antes da saída da curva. Portanto, apesar de namorar um Lexus GS usado, se eles tiverem isto, ele está fora de minha lista.
ExcluirAugustine
ExcluirEssa eu não entendi e deve haver mais gente curiosa. Pode explicar todo o procedimento?
Paulo R. e Mr. Stuart
ExcluirImpede, sem dúvida.
Bob,
ExcluirSe você vem se aproximando de uma curva, possivelmente alivia, senão tira o pé do acelerador, quando o câmbio automático geralmente passa a marcha. De qualquer maneira, na saída da curva é desejável uma marcha mais curta, que o câmbio vai engatar, mas não depois de um momento após a reduzida ser pedida com o pé direito para a velocidade então.
Pois, a fim de evitar esta pequena hesitação, pouco antes de entrar na curva, ainda freando, eu uso do punta-tacco para enganar o câmbio a reduzir a marcha com uma leve pressão do acelerador. Assim, eu faço a curva com a marcha mais baixa (ajudado também pelo uso agressivo do bloqueio do conversor de torque) e ao sair dela a marcha já está certa.
PS: veja a configuração dos pedais, mas em borracha, em http://bit.ly/U6Q9bN
Augustine
ExcluirVocê não acha que seria muito mais simples e eficaz usar os dois pés, já que o câmbio é automático? Tipo embicar na curva freando e já dar acelerador para o câmbio efetuar a redução? / O link não abre.
Augustine,
ExcluirNão sei se entendi corretamente... Você faz uma espécia de "Kick Down" pra reduzir a marcha numa freada que antecede curva? Em relação a tirar o pé para frear eu faço o movimento rapidamente, pois assim meu câmbio entende que é necessário manter a marcha e não soltar o carro engatando uma mais alta. Vou tentar usar esse artifício para testar como meu carro se comporta, mas tenho minhas dúvidas se funciona em qualquer automático, o meu não tem interruptor de redução no fim do curso do acelerador.
Bob,
ExcluirPensei a mesma coisa, já que se pode usar os dois pés ficaria mais do tipo "Kart", não caberia o nome "punta tacco" para os automáticos. Só há um cuidado a se tomar... acostumar a frear com o pé esquerdo, pois a sensibilidade é diferente para quem acostumou-se a pisar com ele somente em pedal de embreagem! Eu me habituei a usar o pé esquerdo para manter o carro parado em aclives, dispensando o uso do freio de estacionamento para "fazer rampa".
Parece mesmo bem estranho fazer punta-tacco em AT antes de curva. Se for pra entrar forte, isso pode causar um desequilibrio, fazendo até a frente desgarrar (se o peso vai pra traseira)...
ExcluirE se não é pra entrar forte, qual o sentido de ganhar os milésimos que o cambio vai levar pra engatar a marcha na saída?
Finalmente, esse tipo de uso (acelerar e frear ao mesmo tempo) não prejudica o conversor de torque a longo prazo?
Bob,
ExcluirDe fato, mas sempre que tentei esta prática, o resultado foi assustador. Frear com o pé esquerdo parece violar muitos neurônios em meu velho cérebro.
PS: tente selecionar o link e com um clique do botão direito do mouse, escolha para abrir o link.
Rafael,
ExcluirAcho que nenhum câmbio automático tem o interruptor, mas usam da rede que conecta o computador do motor ao computador do câmbio. Desta forma, basta uma leve pressão rápida no acelerador para ele interpretar o kick-down; ou seja, tecnicamente, acho que o computador do câmbio faz o kick-down pela derivada do movimento do pedal do acelerador.
HTH
Nos câmbios modernos, depois de certa velocidade vc tira o pé do acelerador e toca no freio na entrada de curva e ele até volta uma marcha, é assim no Civic. Nas caixas mais antigas não faz isso mas não faz diferença, usa-se o freio para matar velocidade (freio motor não serve pra isso) depois a marcha proporcional à aceleração imposta entra ao acelerar novamente na curva.
ExcluirDepois que se aprende a frear com o pé esquerdo, o movimento se torna a coisa mais natural do mundo. Eu fazia isso até nos meus carros de transmissão manual, quando era preciso reduzir a velocidade, mas não a marcha (nas tomadas de curva, por exemplo).
ExcluirMinha bronca com o brake override dos automáticos mais modernos é outra: ele impede que se precarregue o conversor de torque, acelerando com o pé direito e segurando o carro no freio com o esquerdo, para arrancar mais rápido.
Anônimo,
ExcluirÉ uma questão de estilo de se dirigir. Eu prefiro controlar qualquer máquina sob minha direção. Às vezes eu a deixo fazer o que bem entende, às vezes não.
Quanto ao conversor estragar, dificilmente, pois é isso que ele faz o tempo todo. Imagine como ele trabalha numa subida íngrime, que seria talvez o caso mais extremo. O que frita câmbio automático é fluído super-aquecido. Depois, é apenas um toque no acelerador para provocar o kick-down.
Oliveira,
Meu carro é de fabricação Honda e ele também reduz a marcha em certas freadas, mas não em todas. Eu uso o punta-tacco então para controlar quando eu quero a redução, não o câmbio.
Alexandre,
De fato, se impedir de se carregar o conversor numa arrancada seria um porre!
MAS: pode até não acreditar, mas quando li o título do post me veio imediatamente à mente: "Ralph Nader - Unsafe at any speed". Certamente uma teoria completamente infundada, assim como, reservadas as devidas comparações, o banco traseiro arranca-dedos do Fox. Sorte da VW que não vendeu esse modelo nos EUA, pois senão estaria fadada à falência.
ResponderExcluirCSS
ExcluirSorte da Volkswagen e outros fabricantes que ninguém mova processo por esmagar ou arrancar ponta de dedo numa porta...
Acho que há processos em curso contra a VW pelo banco arranca-falange. Aliás, interessante notar que quase ninguém mais falou do assunto...
ExcluirUsava um FOX com o sistema quase que diariamente e meus dedos estão inteiros... Deve ser pq como qualquer pessoa alfabetizada eu consegui ler as instruções tanto no manual como no adesivo presente no banco. Acho que os que foram afetados ou não sabiam ler ou não queriam gastar seu precioso tempo...
ExcluirComo bem disse o Bob, ainda bem que ninguém processa as fábricas por arrancarem seus dedos nas portas...
Como curiosidade há também o caso da senhora, americana, que matou seu gato de estimação colocando o bichano para "secar" no microondas... Ganhou indenização do fabricante pois esse não tinha escrito em lugar nenhum que não se podia colocar animais dentro do aparelho. É mole?
ResponderExcluirAcho esses casos, assim como os citados no excelente texto, tão desanimadores que as vezes eu penso que os cegos e surdos é que são felizes.
Não se deve jamais ler "justiça" em qualquer class-action lawsuit. Esse processos são postos em movimento por imensas corporações legais que levam de 30 a 50% da compensação decidida pela corte. O resto é dividido entre milhões de consumidores, muitas vezes sendo tão ínfimas parcelas de uns US$10. Não há dúvidas: o grande vencedor de tais processos é a firma advocatícia, enquanto que o consumidor paga por regras arbitrárias e custosas, todas extremamente ridículas. Ou alguém acha que não está pagando pelo texto idiota nos espelhos retrovisores?
ResponderExcluirComo isto acontece? Simples, basta se achar um juiz que pegue o caso. Muitas vezes, tal juiz ou foi sócio da empresa advocatícia anteriormente, ou foi colega na prática advocatícia com um dos sócios da empresa advocatícia, ou a tal empresa contribuiu para a campanha de eleição do juiz.
De longe pode parecer que o sistema de justiça americano é honesto, eficiente e justo, mas nada poderia estar mais longe da verdade. Como nos exemplos acima, a corrupção é muito maior que nos Brasil, mas acontece sob a proteção da lei. O que no Brasil e em muitos países europeus seria considerado corrupção, como contribuições de campanha e lobby, nos EUA são atividades legais. O sistema judiciário também deixa desejar quanto à eficiência, já que, ao contrário do Brasil e de boa parte da Europa, a parte que perde a causa é responsável por todos custos legais. Não nos EUA, em que ambas partes arcam com seus respectivos custos legais; ou seja, se você foi injustiçado, mas não pode pagar um bom advogado, não haverá justiça para você.
E, como esta decisão ilustra perfeitamente, a justiça não precisa se basear em fatos para decidir, já que até a NASA inocentou a Toyota quanto a bugs no acelerador eletrônico (v. http://1.usa.gov/VxBHVt ). A Toyota que é trouxa de não apelar da decisão, pois sem dúvida ganharia em instância superior.
PS: por mais trágicas que tenham sido as mortes nestes casos, a culpa recai nos motoristas que não tomaram a ação que é recomendada nos manuais de qualificação para a habilitação: colocar em ponto-morto (v. "Stuck Gas Pedal" em http://bit.ly/VxDERN ).
Augustine,
ExcluirComo o Bob e outros, fiquei bastante curioso sobre o seu procedimento de uso do punta-taco com câmbio auto para que o mesmo reduza a marcha antes da saída da curva.
Pediu-se para você explicar o procedimento, que ninguém entendeu. Diga aí, amigo, como é isso.
Beep-Beep!
A Toyota que propôs o acordo, nesse caso ela quer evitar o desgaste de brigar em 2 áreas ao mesmo tempo, então ela faz um acordo e se livra logo disso e depois resolve as ações de quem morreu. É um caso delicado, se a Toyota perde as ações se saí mal perante ao financeiro e público, mas se ganha ainda assim se saí mal em relação ao público. Como eles dizem é uma impossible situation. Vale mais a pena deixar logo isso pra trás e se focar em limpar o nome da empresa.
ExcluirA princípio parece exagero, mas para quem teve experiências ruins com automóveis e outros bens de consumo e para quem se sentiu lesado e nada poder fazer, aceita o proposto pela corte federal do estado da Califórnia, contra a Toyota.
ResponderExcluirSei que com essa minha atitude, muitos podem pensar que sou favorável em processar empresas e pessoas indiscriminadamente. Mas acreditem, sou justamente o oposto disso.
Não nasci para frequentar tribunais, nem para ter envolvimento com advogados, justiça e afins. Prefiro arcar com o prejuízo, como já fiz em várias oportunidades, do que ter que enfrentar os tribunais. Mas isso não quer dizer que não sou favorável a esses tipos de ações.
Brasileiro sabe que neste país tudo é demorado. E inclusive que nossa justiça, que de tanto demorada, nos humilha.
Casos como esse provavelmente não afloram no Brasil, justamente devido a essa demora e também as complicações advindas de tais processos.
Sei de automóveis problemáticos fabricados no país, mas que na falta de substitutos e também pela falta de reclamações oficiais (judiciais), perduraram por muito tempo, até saírem pela tangente, discretamente e sem alarde.
Certamente se o que ocorreu aqui tivesse ocorrido na terra do Tio Sam, muitos proprietários do que comentei no parágrafo anterior teriam iniciado um processo, ou até uma simples campanha para reaver suas perdas. E certamente as teriam.
É a velha historia da pimenta, que na boca dos outros não arde.
Tudo nos USA toma proporções assustadoras, através da mídia sensacionalista. O lado técnico e racional do assunto é deixado de lado e substituído por opiniões subjetivas (como no caso do Chevrolet Corvair e o pseudo-entendido Nader).
ResponderExcluirMAS, entendo suas colocações detalhadas sobre o caso, só que ainda não me convenci sobre a causa técnica dessas "acelerações involuntárias". Inclusive li numa revista nacional um artigo em que havia até uma ilustração sobre a diferença do acelerador eletrônico americano e o brasileiro, tranquilizando os leitores e atribuindo os incidentes nacionais a problemas com o tapete.
ResponderExcluirSei que existe essa indústria de indenizações nos EUA e acho, também, que os culpados pelos acidentes devem ser punidos. Afinal, são inúmeras vidas postas em perigo por uma falha técnica.
Essa afobação e acusações insensatas é do ser humano. Basta ver os comentários aqui e na internet como é fácil se deixar levar pelo sensacionalismo.
ResponderExcluirUm caso parecido aconteceu vários anos atrás com os Audi 100 e 200. Consumidores culparam o layout dos pedais desses carros por casos em que "pisaram no acelerador ao invés do freio", levando a acidentes.
ResponderExcluirOs carros americanos "tradicionais" em geral tem os pedais mais separados que os europeus. Quem já guiou um Dodjão sabe o que estou falando.
Porém, ainda que os EUA sejam o que são pelas pessoas brilhantes que têm, lembramos que lá também existem muitos, muitos, muitos debilóides.
Não é que lá existam mais "debiloides" que no resto do mundo, é que lá até os mais ignorantes tem condiçõe$ de comprar automóveis...
ExcluirBom, de minha parte, serão dois comentários:
ResponderExcluirPrimeiro, por mais que o senhor Nader não fosse entendido do assunto "automóveis", ele realmente fez um bem pra população. Ele fez com que vale-se mais a pena consertar os erros ainda no projeto do que vender um produto com defeito, e deixar o cidadão arcar com as consequências. Apesar de isso servir para enriquecer alguns advogados, já diziam muito antes que "há males que vem para o bem".
Segundo, mesmo que o motorista da família que morreu fosse um stronzo, como diria minha mãe, ainda assim a Toyota não deixa de ter culpa, pois é um problema que poderia ser evitado simplesmente colocando um aviso, ou mesmo uma informação na concessionária, pois são poucas as pessoas que olham o manual do carro inteiro para identificar alguma particularidade do carro. Ou mesmo simplesmente deixando o pedal de um tamanho que não engata-se no tapete, mesmo sendo genérico. Ou seja, um pedal "anti-idiotas".
No mais, excelente texto, e espero que um dia essa indústria de liabilities chegue ao Brasil, pelo menos por um tempo, para que as empresas façam carros decentes e sem falhas idiotas em projetos.
Mas o stronzo não morreu pq o carro acelerou, morreu pq esqueceu de usar os freios, colocar em N ou desligar a ignição... Acredito ser desnecessário aviso quanto a isso, pois "como parar o carro" já é (supõe-se) ensinado na autoescola...
ExcluirÂngelo,
ExcluirAvisos idiotas contra o óbvio que fazem pirraça contra a raça humana abundam graças a uns mentecaptos que não querem assumir sua idiotice e a advogados gananciosos. Há alguns que mereciam ser expulsos da corte sob gargalhadas ao invés de serem recebidos como criancinhas que foram abusadas por uma empresa.
Anonimo, verdade que ele morreu por não acionar os freios, mas pelo que eu entendi, essa aceleração involuntária, poderia ocorrer mais de uma vez. Por isso reafirmo, foi uma falha tanto da Toyota, quanto do motorista.
ExcluirAugustine, pessoalmente, por mim não haveriam avisos, visto que todos deveriam ler o manual do carro, em busca de alguma característica específica do carro que possa trazer futuros problemas. Mas, como disse antes, precisamos deles pois as pessoas não lêem o manual, pondo em perigo os outros motoristas.
Angelo,
ExcluirAcredite se quiser, mas tais avisos tambem nao sao lidos. Eu mesmo jamais desperdicei tempo em lendo o aviso idiota sobre o air bag no para-sol. Estamos, afinal, falando de carros, nao de ratores nucleares ou de espaconaves.
ResponderExcluirDepois de ler este post, me veio à mente um fusquinha que utilizei no trabalho no início da década de 80.
Por uns três meses eu fiquei com esse carro problemático e seu defeito não era de fabricação e sim de mau uso.
Seu problema era travar o acelerador e quando isso ocorria, era preciso colocar o câmbio rapidamente em ponto morto para destravá-lo. Muitas vezes em estradinhas do interior eu nem parava. Simplesmente me abaixava para arrumar o infeliz, enquanto ficava a espiar a estrada com apenas um olho.
No final das contas era cômico e não sofri nenhum acidente por isso.
Texto preconceituoso com a categoria dos advogados, o que só me faz lamentar. O fato de um advogado não ser especialista em um tema não significa que ele não possa pesquisar um assunto para instruir uma ação. Atuo em processos relativos a erro médico; deveria eu ser médico além de advogado? Pesquiso profundamente meus casos, converso com quantos profissionais da medicina forem necessários, e - importantíssimo que o articulista saiba - existem peritos e assistentes ténicos para auxiliar não apenas os advogados das partes, mas também os juízes, na resolução de qualquer questão.
ResponderExcluirAssim como Ralph Nader nada entendia de carros, nem todo escriba automotivo entende de direito e afins...
Não é um texto preconceituoso, mas pós-conceituoso. É evidente que o Nadaer não pesquisou nada e seu claro interesse era se lançar como político. Muitos políticos usam da mesma tática para se lançarem, veja o caso do Spitzer em NY.
ExcluirAnônimo02/01/13 09:47
ExcluirTanto isso é verdade que até o juíz pode julgar pelo seu convencimento motivado até mesmo contra uma perícia.
Agustine, reitero o que falei antes: se "estranho para muitos de nós, não para a profissão de advogado, que acolhe uma causa para defender sem necessariamente ser um profundo conhecedor do tema em toda a sua extensão", não revela preconceito contra a profissão de advogado, eu não sei o que é preconceito...
ExcluirDe fato, demonstra não saber o que é preconceito. Vamos ver o que o dicionário diz:
Excluir1. Ideia ou conceito formado antecipadamente e sem fundamento sério ou imparcial.
2. Opinião desfavorável que não é baseada em dados objetivos.
Quanto à primeira definição, não se trata de um conceito formado antecipadamente, mas é apenas uma observação dos fatos, os quais você mesmo os confirma. Quanto à segunda, sendo uma observação, é uma afirmação objetiva. Portanto, não é preconceito.
Se você for taxar de preconceito qualquer crítica, quem comete uma injustiça é você.
Ok, Augustine. Então eu não sei o que é preconceito - ou o que eu considero preconceito não se encaixa, na sua interpretação, ao verbete de dicionário que você sacou deus lá sabe de onde. Vai ver eu fiz apenas o ensino médio, comprei um diploma na Usp, minha OAB e estou por aí representando clientes incautos!
ExcluirCá pra nós, já vi carmelitas descalços bem mais modestos, viu!!!
Isso! Quando sua opinião é contrariada, não a defenda com argumentos, mas atacando o caráter de seu detrator. Parabéns!
ExcluirAinda que só quem me conheça vai poder verificar meu caráter, dicionário qualquer um tem para procurar a definição de uma palavra, não?
Augustine,
ExcluirInfelizmente é isso aí. Vivemos em um tempo onde fazer é uma crítica é automaticamente preconceito, graças ao politicamente correto.
Na internet impera o Argumentum ad hominem, as pessoas escrevem qualquer porcaria que vem de suas cabecinhas pequenas e quando alguém as responde com argumentos sólidos, são automaticamente atacadas, pois ora, são do contra!
Parabéns pelos seus posts, embora algumas vezes discorde totalmente do seu ponto de vista, não há como dizer que estes não são embasados em bons argumentos.
Quanto ao nosso amigo aí de cima, é prova trivial que ter um bom ensino médio, fazer uma renomada faculdade e um exame de ordem dificl não é sinônimo de uma pessoa civilizada.
Depois dessa história de travar acelerador por causa de sobretapetes, até o Logan passou a vir com travas no carpete.
ResponderExcluirAugustine e Anônimo que estão trocando farpas: parem. Essa discussão acabou.
ResponderExcluirBoa, Bob, o pessoal tem que entender que não pode ficar divagando por outros temas fora do assunto do post...têm-se que lembrar que na indústria automobilística há um princípio adotado e praticado chamado de "lessons learned" ( lições aprendidas) e a cada novo projeto grupos de trabalho se reúnem (incluem-se os fornecedores) para examinar o novo projeto tendo um outro anterior como referência e a partir daí, discute-se todas as falhas; imperfeições; ajustes; recall etc...
ResponderExcluirEnquanto isso, aqui no Brasil, até hoje desconheço que fim levaram os problemas no cubo das rodas traseiras do Fiat Stilo, que quebravam com o veículo em movimento e fizeram várias vítimas.
ResponderExcluirM.A.L.A
ResponderExcluirConhecerá depois de ler o post de quase três anos atrás:
http://autoentusiastas.blogspot.com.br/2010/03/o-recall-do-stilo.html
E essa então:
ResponderExcluirhttp://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2013/10/justica-condena-bmw-indenizacao-e-pensao-por-morte-de-sertanejo.html
Absurdo!!!
Absurdo completo. Essa nossa Justiça...
Excluir